Fim dos Tempos escrita por Amanda Flower


Capítulo 2
O começo do fim - Malika


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como prometido mais um capítulo para vocês. Nele está contando o que Malika, a nossa primeira sobrevivente passou com o surto do vírus. Aproveitem e por favor comentem! Agradeço as primeiras leitoras por acompanharem a história: Klariza e Allyne! Muito obrigada!



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Nigéria – África (14/02/14)

Malika vivia na tribo dos Kanuris localizada na Nigéria. Ela morava com sua mãe, seu pai e seus cinco irmãos. Ela era a única menina da família. Seu pai saía todos os dias pela manhã para caçar e encontrar algum alimento. Há muito tempo a seca e a fome assolava a tribo.

A rotina era sempre a mesma. Enquanto seu pai ia caçar, Malika ficava cuidando de seus irmãos menores. A garota era a primogênita da família, ela tinha o dever de cuidar e proteger os seus irmãos. Sua mãe se juntava com o grupo das mulheres na tribo para tentar encontrar água e só voltava à noite. As mulheres eram corajosas e Malika herdou a coragem de sua mãe.

Exatamente no dia catorze de fevereiro, Malika nunca mais se sentiu segura e protegida. Naquela manhã, seu pai já havia ido para a caça. Sua mãe se juntou às outras mulheres, mas logo voltou. A esposa e o filho do líder da tribo estavam mortos. O líder da tribo estava muito doente, em dois dias, ele também morreu.

Em uma semana metade da tribo estava doente. Os Kanuris eram isolados. Ninguém sabia como o vírus se espalhava rapidamente. O pai de Malika estava entre os doentes ou como chamavam “condenados”. Nenhum remédio adiantou. Os anciãos da tribo não sabiam o que fazer.

A mãe da jovem garota também ficou doente e ambos os pais de Malika infelizmente não sobreviveram. Muitos estavam sofrendo com a perda de seus entes queridos e a menina ficou sozinha com seus irmãos. Eles dependiam dela naquele momento. O vírus foi tão rápido que em menos de um mês, setenta e duas pessoas morreram. Noventa e cinco pessoas viviam naquela tribo.

Malika que só tinha dezessete anos foi embora junto de seus irmãos. Na longa jornada que atravessavam, passaram fome e sede. O seu irmão mais novo de dois anos de idade, não resistiu e morreu.

A garota e seus irmãos restantes encontraram um vilarejo nos arredores da cidade de Kano. Chegando lá viu o que não queria ver. Corpos de pessoas já mortas no meio da rua. Eram muitas.

– Aqui também está acontecendo isso Malika. E agora?- Perguntou Milko seu irmão do meio.

– Eu não sei. Temos que ficar aqui. Se continuarmos a seguir em frente, nós morremos. –Respondeu assustada com o que via.

Continuaram a andar pela cidade e apenas viam a desolação de tudo. Pessoas corriam desesperadas em busca de ajuda. Ouviam-se apenas gritos de socorro. Outras choravam e se lamentavam pela morte de seus familiares.

Aqueles corpos já em processo de decomposição tinham um cheiro horrível que se espalhava pelo ar. O uso de máscaras se tornou comum naquela cidade. Continuando a andar, Malika viu muitos homens. Todos estavam com aparelhos e utensílios e também usavam máscaras. Alguns deles falavam um outro idioma, logo a menina entendeu que não eram dali.

Kilko, seu outro irmão que tinha apenas oito anos se aproximou de um dos corpos e o tocou. Ele achava que ainda tinha vida. Um homem viu isso e logo foi até o garoto e Malika ficou assustada com o que ouviu:

– Por que você fez isso? Responda-me! – Disse o chacoalhando rapidamente.

– Eu pensei que estava vivo. Eu só queria ajudar! –Respondeu chorando.

– Você vai para a quarentena. Venha!

Malika apenas observava e tentou impedi-lo de fazer isso.

– Eu não conheço o senhor. Ele é meu irmão, não pode fazer isso. Eu tenho a obrigação de protegê-lo e defendê-lo. Ele vai ficar comigo. –Discutiu abraçando o irmão.

O homem estranho até então percebeu o desespero da garota e se apresentou:

– Eu me chamo Robert Danvers. Sou médico. Qual o seu nome? – Apresentou-se estendendo a sua mão já com luvas brancas.

– Eu me chamo Malika. Esse é Kilko, Milko, Linky e Conko. –Apresentando os irmãos que estavam ao seu lado.

– Você deveria prestar mais atenção neles. E os seus pais?

– Eles morreram. – Disse com os olhos lacrimejando.

O médico se comoveu e convidou ela e os irmãos para entrarem numa tenda.

– Então só restaram vocês. O Que aconteceu com seus pais?

– Eles ficaram doentes. –Disse Milko falando primeiro. Foi um pesadelo que vivemos. Todos ao nosso redor estavam morrendo.

– Eu quero informar algo à vocês. Uma coisa muito grave está acontecendo nesse momento. –Disse dando água para todos eles. Eu sou um médico e faço parte da Organização Mundial da Saúde. Uma epidemia se espalhou em todo o continente africano. O país mais afetado é a Nigéria. As pessoas que contraem o vírus morrem.

– É só dar remédio para elas. –Disse Kilko com seu pensamento infantil.

– Não é tão fácil quanto parece. Não descobrimos uma cura e não há remédios que façam algum efeito. A situação está critica.

Malika ouvia atentamente tudo o que seu novo amigo dizia. O médico ofereceu a ela e a seus irmãos abrigo e alimento. Kilko se separou dela, ele ficou em quarentena, pois tinha tocado no corpo infectado.

Passaram-se alguns dias e mais pessoas morriam. O médico Robert sempre ia ver ela. Eles conversavam bastante. Mas naquele dia não compareceu para a conversa da tarde. A garota estranhou e quebrando as regras foi até a tenda onde Robert atendia as pessoas.

Apenas a equipe da OMS estava lá. Malika foi empurrando todos eles e viu o médico chorando. Ela então se aproximou e viu seu irmão deitado em uma cama de olhos fechados sem se mexer.

– Kilko! –Gritou.

– Você não pode se aproximar dele. É contagioso. Saia daqui! –Falou Robert a afastando rapidamente.

Malika saiu e suas lágrimas a acompanhavam no trajeto de dor e sofrimento. Ela já começava a usar máscara como os outros. Viu caminhões que carregavam os corpos das vitimas serem cheios de mais uma nova carga.

Aos poucos as pessoas que ela mais amava a abandonavam. Tinha medo do que poderia acontecer e era só o começo. Começa aqui o relato de sobrevivência de Malika, a garota que viu tudo começar e que viu a humanidade se acabar em um piscar de olhos.

“A Organização Mundial da Saúde divulgou a imprensa hoje que um novo vírus surgiu. O continente africano está sofrendo a pior desgraça de todos os tempos. O surto do vírus Ebola está se espalhando rapidamente. A Organização das Nações Unidas já manifestou preocupação com a hipótese de ocorrer uma epidemia mundial, mas a OMS descarta essa questão. Já foram confirmadas 2.050 mortes na Nigéria e Libéria. Vamos torcer pelo controle deste surto.” BBC News.

Foi isso o que pensaram, mas estavam errados. Era apenas o começo do fim!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo falarei sobre Asuka que é do Japão. Irá mostrar como o vírus chegou até lá. Comentem por favor. Assim saberei o que vocês estão achando da história. Até breve pessoal!



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