Todos Gostam Dela escrita por Codinome K
LUCY
Estranhei o jeito terno que Natsu me olhava, era eu quem havia acabado de saber sobre seu passado triste, no final das contas.
— Eu quero ir embora. - diz ele do nada, tentando se levantar.
Aperto o botão que chama a enfermagem antes que ele possa fazer mais alguma coisa, e empurro-o delicadamente de volta.
— Geleia não vai sair daqui até que aquela Senhorinha diga que pode. - digo batendo o pé e cruzando os braços.
Ele faz uma carranca, cruza os braços com uma leve careta de dor e volta a se encostar, esperando algum enfermeiro.
Rio com a cena.
— Qual é a graça? - pergunta ele, o olho ainda muito roxo me dava um pouco de náuseas.
— Você é fofo. - digo, sorrindo.
— Você me chamando de fofo duas vezes num período tão curto me faz questionar se um reptiliano não tomou seu lugar. - responde ele, mas um sorriso quase imperceptível brincava em seus lábios.
Antes que eu pudesse responder, a enfermeira Idosa adentra o local. Assim que a velha mulher vê Natsu acordado, abre um grande sorriso.
— Quanto tempo, Natsuzinho. - diz ela feliz e ele arregala os olhos com horror.
Natsuzinho?
Ponho a mão na boca e reúno todas as forças para não rir na frente da mulher idosa, a careta que Natsu fez diante aquele apelido era ainda mais engraçada.
— Ola, bacchan. - diz ele, a voz muito gentil. - Faz muito tempo mesmo.
— O tempo passa tão rápido, não é? - diz a mulher enquanto examina-o.
Natsu me olha mais uma vez, desconfortável.
— Hã... Podem conversar, vou comprar uma água. - anuncio, fazendo menção de me retirar.
— Não! - exclama Natsu ansioso, e me viro para olhá-lo. - Q-q-quer dizer... Pode ficar, já terei alta, não é, bacchan? - gagueja ele ansioso, olhando para a Idosa.
A mulher estava com ambas sobrancelhas arqueadas em surpresa, olhando de mim para Natsu; um sorriso estampado no rosto com uma emoção que não consegui identificar.
— Só autorizo se a mocinha aí cuidar do Natsuzinho até ele ficar bom. - diz a mulher, e faço uma careta.
— O que? Por que eu? - pergunto.
Natsu pende a cabeça para um lado e olha para a mulher sem entender.
— Han?
A Idosa olha longamente para ele, e Natsu parece entender.
— Ah... Bacchan... - começa ele, com as bochechas tão vermelhas quanto seus cabelos.
A Idosa ri alto.
— Desse jeito ou nada feito! - exclama ela.
Mesmo sem entender, dou de ombros.
— Acho que depois dos ensaios do teatro, posso ir para a casa dele... - começo.
— PERFEITO. - exclama a mulher, com um sorriso de orelha a orelha. Ela assina um papel e me entrega. - Apresentem isso na secretaria e podem sair, mas passem na farmácia primeiro para comprar alguns remédios que vão agilizar a cura desses machucados.
Balanço a cabeça e ajudo Natsu a se levantar, ele apoia um dos braços em meus ombros e testa o peso do corpo nas próprias pernas.
— Acho que consigo ficar de pé sozinho, não vou mais desmaiar. - diz ele, mas noto que ainda estava bastante dolorido dos ferimentos.
Passo o braço por sua cintura e reviro os olhos.
— Não vai doer aceitar um pouco de ajuda, sabia? Não precisa se esforçar tanto, Natsuzinho.
— Eu te odeio. - resmunga ele, reagindo instantaneamente ao apelido. - Se contar isso para alguém eu vou te matar, Luxy.
Dou risada e começamos a andar para fora do quarto, mas a Idosa segura Natsu pelo braço.
— Norma com certeza estaria orgulhosa. - diz ela, olhando nos olhos de Natsu.
Ele ruboriza instantaneamente, então sorri afetado.
— Obrigado, bacchan. - diz, a voz grave. - Vou tentar vir mais para visitar a senhora.
— Não se preocupe, menino. - diz a mulher, passando uma mão enrugada pelo rosto dele. - E você cuide muito bem do Natsuzinho, mocinha. - acrescenta ela para mim, como se fosse me dar um cascudo caso eu descumprisse suas ordens.
— Pode deixar. - sorrio.
NATSU
— Ainda acho que você não precisava ficar me acompanhando, Luxy. - digo, olhando-a de cima.
— Tarde demais, eu prometi a bacchan que cuidaria do Natsuzinho dela. - diz ela, enfatizando aquele maldito apelido.
— Luuuuuuuuxy. - choramingo, me sentindo uma criança. - Só aquela mulher me chama assim, por favor.
Ela revira os olhos e chama um táxi pelo celular, então me olha com aqueles grandes olhos castanhos.
Nossa.
Que olhos.
E então Lucy começa a rir sem parar.
— N A T S U Z I N H O. - grita ela, para quem estivesse perto o suficiente para ouvir.
— Cala a boca, Luxy. - digo, sério, olhando para os dois lados para ter certeza de que não havia nenhum conhecido por perto.
Ela ri mais e abre a boca.
— NAT- - começa, mas tapo sua boca com minha mão livre.
— Shhhhhhhhh. - digo baixinho.
E então ela lambe minha mão.
Tiro a mão rapidamente e a olho chocado.
— Você me lambeu?
Ela sorri e dá uma piscadela.
— Não lambi, foi um beijo de cachorro. - diz ela como se fosse óbvio e o doido fosse eu.
— Hã? Beijo de cachorro? - repito, franzindo as sobrancelhas e esquecendo a dor do inchaço do olho.
— É. - diz ela balançando a cabeça. - Quando eu estava em Verônica, meus pais tinham um enorme jardim para os cachorros, e quando eu era criança, passava horas e horas brincando com eles. Até que um dia fui reclamar que eles ficavam lambendo meu rosto, e meu pai disse que eram beijos de cachorro. - explica ela.
Ouço aquela pequena história fascinado, e surpreso comigo mesmo por achar uma história tão banal como aquela fascinante.
— Entendo... - respondi, recompondo-me.
Ela sorri e volta a acompanhar o táxi pelo celular, aproveito sua distração e apoio um pouco mais do meu peso nos ombros dela, inclinando-me e lambendo sua bochecha.
— Mas que por- - ela se interrompe. - Natsu! - grita ela, esfregando o rosto com uma das mãos.
— Beijos de cachorro! - respondo eu, e nós dois damos risada.
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