Amor Contratado escrita por Julia


Capítulo 2
Santo Gostosão!


Notas iniciais do capítulo

Olá! Sim, estou postando dois capítulos no mesmo dia porque eu sempre faço isso quando posto uma fic nova. Espero que gostem!

Sentiram saudade dos meus "definitivamente" e "realmente" né? Eu sei que sim!



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  Certo.

Eu morri e fui para o paraíso? Só pode ser isso, porque só nos meus sonhos meus olhos veriam um ser tão perfeitamente gostoso.

Tudo bem, não lembro de ter sido boa nessa vida, mas devo ter ajudado alguma velhinha a atravessar a rua ou algo assim. É, então, valeu aí mundo!

Quando aquele homem me ligou, jurei que era algum geek virgem que vivia com a cara enfiada em videogames, ou até mesmo um senhor velho e barrigudo que trabalhava o dia inteiro. No entanto, olhando para esse deus em minha frente, não consigo entender o porquê de contratar uma namorada.

Fala sério, qualquer uma morreria e mataria por esse cara.

Um sorriso se abriu lentamente em meu rosto quando vi sua expressão de completa surpresa e, para ser sincera, decepção também. Ah sim, eu causava isso nas pessoas com frequência. 

— Hã, eu não estou entendendo.

Segurei um suspiro e tive que encontrar forças para não desfalecer com aquela voz rouca e grossa, que na verdade não me surpreendeu nem um pouco, considerando... bem, todo o resto. 

 Percebendo que ele não ia acordar daquele choque tão cedo, espalmei minha mão sobre a porta e a empurrei, dando espaço para meu corpo entrar no luxuoso apartamento.

Meu cigarro ainda apagado ameaçou cair da boca quando analisei o lugar. Estava tudo perfeitamente arrumado, alinhado e limpo; aquele ambiente gritava testosterona e precisei piscar algumas vezes para me acostumar com aquilo. Esperava um lugar sujo, pequeno, cheio de ratos e sei lá... pacotes de cheetos no chão.

Tudo bem, talvez não isso. Mas com certeza, não o que estava vendo.

Ouvi um suspiro indignado e me virei para o homem alto parado ali, que parecia realmente irritado.

Deus, me dê forças, é muita beleza para uma pessoa só.

—Não. Isso não está acontecendo. Não pode estar – Ele passou as mãos pelo rosto, frustrado e seus músculos se contraíram.

Sorri e o olhei com a sobrancelha arqueada.

—Você tem comida aqui?

Ele enrugou a testa e me encarou desnorteado.

—O que?

—Comida. Eu não comi nada até agora, você tem?

Tive muita vontade de rir de sua cara incrédula mas me limitei a apontar para um cômodo que parecia ser a porta da cozinha em uma pergunta muda que ele não respondeu. Fui adiante mesmo assim. Eu sabia que estava sendo rude mas precisava comer alguma coisa e o cara parecia gente boa o suficiente para não me expulsar de sua casa pelo meu comportamento.

Ele veio atrás e mesmo distante pude sentir uma aura incrivelmente  masculina sobre meu corpo.

Ok Kate, se controle.

Comecei a procurar algo para comer nos armários e ouvi sua voz irritada.

— Está tudo errado. Isso é um engano, só pode ser.

— O que, exatamente, é um engano? – Falei me esticando para abrir uma porta da prateleira acima da bancada.

— Você disse que tinha... quanto? 1,60? Que mentira! Você é uma anã! – Sua voz aumentou algumas oitavas e me virei irritada.

— Anã é o caralho! Você já se mediu alguma vez? Todo mundo perto de você deve ser baixo! Ainda mais com esses músculos! 

Ele me olhou como se eu fosse maluca e bufou.

— Você disse que seu cabelo era castanho! A menos que seja daltônica, eu não vejo a droga do castanho aí – Cruzou os braços e revirei os olhos, tirando o cigarro ainda apagado dos lábios antes de responder.

— Ele é castanho, só está pintado de rosa.

Kyle riu nervoso e olhou para o cigarro em minha boca.

— Me lembro de ter lido “sem envolvimento com drogas”, qual a desculpa que vai dar par isso?

Me virei para procurar comida novamente. Aquele cara só comia coisas saudáveis? Bem, isso explicava o abdome sarado e cheio de gominhos.

— Nenhuma, pode me mandar embora se quiser, quem vai sair perdendo não sou eu – Era mentira. Aquela era a mentira do século, na verdade; eu estava dura e cheia de dividas já que o imbecil do meu síndico mão de vaca não quis me dar um prazo maior que dois meses antes de me jogar na sarjeta – Afinal, foi você quem ligou. E só para constar, isso não é exatamente uma droga.

— É claro que é! – Sua voz irritada e máscula retumbou por todo o apartamento e pensei que estava indo longe demais com o sarcasmo – Argh! Você sempre tem resposta para tudo?

—Quase sempre – Falei ao mesmo tempo em que achava um pacote de salgadinhos socado no fundo do armário.

Provavelmente aquilo estava ali mais tempo que a vida do meu hamster (que não foi muita já que não o alimentei como deveria) mas eu estava com fome e aquilo parecia irritar o tal Kyle, então me sentei na bancada e levei minha mão ao pacote pegando uma quantidade considerável, enfiando tudo em minha boca logo depois.

— Relaxe, hã, Kyle Finnigan não é? Vai dar tudo certo. Afinal, eu estou aqui.

— É exatamente por isso que eu acho que não vai dar nada certo.

O encarei divertida e não pude conter a pergunta que queria sair de minha boca. Movi o cigarro entre os dedos de forma inconsciente e tomei coragem para faze-la.

— Eu tenho que saber. Por que, e olha que essa é uma pergunta bastante compreensível, você contratou uma namorada? Quero dizer, realmente não precisa disso.

Ele ficou vermelho ao perceber que estava sendo avaliado e cruzou os braços sobre o torso, parecendo envergonhado e me fazendo suspirar quando os músculos se contraíram com o movimento.

— A minha ex – A cara que ele fez ao falar da mulher era realmente assustadora – é uma maníaca pervertida ou alguma coisa assim. Não no sentido literal da coisa mas chega perto. O caso é que ela trabalha no mesmo escritório que eu e fica... bem, me provocando, humilhando e jogando na minha cara que não vou namorar tão cedo ou que nenhuma vai chegar perto do que ela é. Coisas do tipo.

Ao falar “coisas do tipo” ele ficou completamente vermelho, porém ignorei a reação e soltei uma risada anasalada.

— Nossa. Ela deve ter ficado magoada mesmo por você ter dado um pé na bunda dela – Falei rindo do motivo estranho para o aquele contrato.

Ele coçou a garganta incomodado e – se possível – corou mais ainda. Nunca tinha visto um cara corar tanto, ainda mais um daquele tamanho.

Arqueei uma sobrancelha interrogativa e o homem bufou antes de responder.

— Não foi... Hm, não fui eu quem chutou ela. Na verdade ela que me chutou – Ele olhava para todos os lados, menos para meu rosto e parei de rir imediatamente, engasgando com a saliva.

Espera.

O que?

Quem em sã consciência chuta um homem daqueles?! Quem pode ser tão sem noção para dar um pé na bunda de um homem daqueles?

— Ok, fale a verdade. Você tem um freezer com os cadáveres das pessoas que você matou e ela descobriu isso – Falei com a boca aberta e ele soltou uma risada, mostrando seus dentes incrivelmente brancos. 

 — Não, é sério, o que você fez de tão péssimo para ela te chutar? Você é... - Apontei para o seu corpo um tanto indignada e ele tentou esconder um rolar de olhos - Além disso, você parece ser um cara bem legal. 

Ele continuou sorrindo sem graça, parecendo muito envergonhado com o rumo que a conversa tomava.

— Hã, ela diz que eu sou muito... ingênuo. E hm, entediante? Sim, foi alguma das palavras que usou enquanto terminava comigo.

Entediante? Entediante?! Se ficar olhando para essa barriga sarada todos os dias é tédio, eu realmente preciso de um tédio maior na minha vida. Seria bem melhor do que ficar presa em um emprego mixuruca todos os dias e comendo as porcarias mais baratas do mercado.

—Espera. O que você quis dizer com ingênuo? – Franzi a testa com aquela parte da história e ele ficou ainda mais vermelho do que já estava. 

— Ah você vê. Eu... bem, parece que sou meio ingênuo com certos tipos de assuntos, você sabe, vulgares – Ele fez uma careta e demorei alguns segundos para processar sua informação, até que arregalei os olhos quando finalmente entendi.

—Você nunca...

— Nunca o qu- É claro que já! – Ele gritou constrangido, seu pescoço e orelhas adquirindo o mesmo tom rubro que o rosto. Achei que poderia explodir a qualquer momento – Mas não entendo porque tocar nesse assunto no dia-a-dia.

Girei o cigarro nos dedos outra vez, minha vontade de acende-lo aumentando e o olhei com um sorriso de canto.

— É o século XXI amor, é óbvio que as pessoas vão falar.

Kyle soltou um suspiro de frustração e passou as mãos nos cabelos, os desarrumando ainda mais. Mas que droga! Ele tinha que parar de fazer isso, se não quisesse que as pessoas não dissessem "coisas desnecessárias".

— Eu sei, é só que... é desconfortável.

— Ok. Deixe-me ver se entendi. Sua namorada terminou com você por isso? – Arqueei a sobrancelha, meio irritada e ele assentiu conformado – Ela é uma otária.

—É, bem, sim.

—Espera. O que você quer que eu faça sobre isso, então? Finja ser sua namorada? Por que?

Ele assentiu.

— Como eu havia dito, ela ainda é possessiva quanto a me ver com mulheres. Não que eu entenda isso. Mas quero mostrar que superei essa droga toda, já que ela alega com todas as letras que nunca vou esquece-la. Quem sabe? Talvez ela pare de me irritar no trabalho. É um tiro no escuro, na verdade.

Fico pensando em algumas maneiras de como essa mulher poderia irrita-lo e me enfureço só de pensar, odiava pessoas como ela.

—Tudo bem, vamos tentar. Quando eu entro em ação? – Balancei meus pés que pendiam da bancada, comendo mais alguns salgadinhos e vi um sorriso tímido e agradecido aparecer em seu rosto. 

Ah. Agora, aquilo eu não causava nas pessoas com tanta frequência. Minha garganta fechou por algum motivo e soltei um pigarro, me remexendo sem graça no mármore gelado.

— Vai ter uma festa daqui à duas semanas de um amigo em comum do trabalho, podemos aparecer lá. Mackenzie nunca perde uma boa festa para se exibir.

Mackenzie, huh. 

— Ok então. Vamos esfregar a cara dessa mulher no asfalto, Finnigan.

Ele soltou uma risada divertida com minha empolgação, parecendo muito mais relaxado do que alguns minutos atrás.

— Trato feito Heed.

Ambos sorrimos cúmplices e confiantes, como se compartilhássemos um segredo de estado. 

E ao olhar para o sorriso perfeito do homem a minha frente, tentei recapitular todos os acontecimentos e informações que recebi desde que tinha batido àquela porta. Eu, Katherine Heed, estou "namorando" com o cara mais gostoso do planeta e aparentemente, o mais ingênuo também. Teria que fazer sua ex-namorada morrer de ciúmes e - em uma pequena regra pessoal - nunca, em hipótese alguma, me apaixonar.

É, já estou até pressentindo a merda que isso vai dar.


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Notas finais do capítulo

Muito bem, ficou pequeno? Ficou. Mas relaxem que são só os primeiros capitulos :)

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