─ Eu queria ter mais tempo... Poder ver você crescer mais um pouco. ─ a voz falhava, como se as forças estivessem se esvaindo. ─ Filho...

─ Mãe! Não precisa falar! Guarde suas energias. ─ dizia o homem alarmado, olhando para a mãe, segurando sua mão. ─ Guarde suas energias...

A senhora sorriu, sua pele morena brilhante e os cabelos brancos caindo lisos. Parecia jovem outra vez, enquanto olhava para o filho, o único no quarto. Não sentia dor, tampouco sofrimento. Sabia que estava chegada a hora.

─ Filho, prometa-me uma coisa... Custe o que custar, não mude quem você é. Seja bom. ─ a mulher tossiu fortemente. ─ Agora preciso ir. Seu pai deve estar me esperando... Raava, espero ter feito o melhor... Espero ter mudado o... mundo.

A mão da mulher caiu sem vida ao lado da cama e os olhos tornaram-se inexpressivos, vagos. O sorriso ainda estava gravado nos lábios secos de Korra, quando a vida lhe deixou. O filho deu um passo para trás, esbarrando na cadeira de rodas da mãe, caindo sentado, enquanto a cadeira deslizava suavemente contra a parede.

A mulher de cabelos negros, que agora estavam grudados em sua face, em decorrência do suor, fazia força, enquanro rangia os dentes. A dor era insuportável, as lágrimas rolavam sobre seu rolo em grossas gotas. O sol forte penetrava pela janela de vidro, e estava sobre o chão. A sala era bem iluminada. Havia um constante som do aparelho ligado à ela. Ela segurava as bordas da cama, os dedos ficando brancos. O médico, vestido de verde, dizia calmamente:

─ Faça força, Ming! Força, ele está vindo!

Uma enfermeira segurava a mão da mulher. Ela gritou alto, quando usou o resto de suas forças para empurrar mais uma vez. O grito foi alto, o choro do bebê cresceu como um rugido e o chão trincou, quase cedendo. O médico agarrou o bebê com todo cuidado e o deixou de ponta cabeça, olhando a criança perfeita. A mulher caiu sem forças, enquanto a enfermeira sorria abertamente.

─ É um menino! ─ o médico o levou para a mãe, colocando o menino sobre o pescoço da mulher. ─ Aqui.

A mulher olhou de lado para o bebê, que esperneava, os olhos negros bem abertos. O choro era alto, potente, a plenos pulmões. A mulher riu maravilhada, boba com o filho e por fim disse:

─ Meu filho... Yan.