Mask a Splicer escrita por Coralino


Capítulo 1
Máscara de Coelho


Notas iniciais do capítulo

Minha PRIMEIRA fanfic hahahaha, por que eu só costumo escrever original. Estou trabalhando a um tempo nessa, não prometo mais que 3 capítulos, é uma fanfic curta, apenas para expressar minha visão e opinião de Bioshock, e claro, trazer uma história pra vocês..



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/546256/chapter/1

Meus olhos trovejavam, todo o meu sangue agitou-se quando o Adam percorreu minhas veias.

Mabel olhava para mim com um sorriso orgulhoso, ela havia experimentado aquela sensação bem antes de mim.

–Tome, eu encontrei essa especialmente pra você. – Disse ela entregando um objeto branco nas minhas mãos trêmulas.

Era uma máscara, havia orelhas e rosto de coelho branco, com buracos nos olhos e bochechas volumosas. A máscara cintilava com brilho, um sorriso sarcástico, aquele coelho possuía.

–O que vamos fazer Mabel? – Perguntei, minha voz falhava com a nova experiência.

Estávamos sentados no palco de um dos bares do prédio, em uma das janelas passava-se peixes grandes, em nossa volta havia copos e garrafas quebradas, o cheiro de bebida e sangue impregnava o bar.

–Combinamos esse local com Ford. – Disse ela. Sua voz era doce e gentil quando se referia a seus amigos. Mabel tinha cerca de 18 anos, seu corpo já havia se acostumado com o Adam, e sua mente já flertava com o vício. Movia-se rapidamente quando corríamos perigo, e ela sempre me protegeu.

Sempre me protegeu.

Conheço ela desde pequeno, mesmo que eu fosse mais velho que ela, ela sempre me tratou como mais novo. Nossos pais apaixonaram-se no mundo do teatro, e devido a oportunidade fomos trazidos a Rapture junto a eles. Nós não vemos nossos pais desde da Guerra Civil de Rapture, mas não é como se não soubéssemos como eles estão, recebemos ordens diretas de nossos pais por meio de nosso rádio.

Eles e outros sobreviventes da loucura dessa cidade subaquática estão em um edifício paralelo ao nosso, e não a passagens entre eles.

A última mensagem que recebemos foi a três dias, o pai de Mabel informou um local seguro para que pudéssemos descansar. Segundo ele não havia ninguém no bar, e poderíamos ter uma cama para dormir no andar de cima. Não havíamos experimentado Adam ainda, nossos pais disseram para que não injetasse nada, eles de certa forma sabiam o lado ruim do efeito que causaria em nós.

Mas a droga de certa forma salvou nossas vidas a três dias atrás, estávamos fracos e com fome, no momento em que Mabel injetou a droga recuperou-se e tornou-se mais resistente. A garota não quis dividir comigo, seus olhos tremiam com a nova experiência, mas logo depois achamos outra seringa.

–Somos Splicers agora Trevor. – Disse ela com um sorriso bobo.

–Seu pai vai matar a gente se descobrir. – Respondi com um sorriso nervoso.

Nossos pais eram Splicers, sempre que conversávamos no rádio eles costumavam ter surtos de loucura, repetindo frases com mágoas e violência.

A porta do bar foi aberta brutamente, um garoto de cabelos loiros caiu para frente. Corremos para ajuda-lo, Ford estava com a camisa suja de sangue fresco e gemia com a dor do buraco na barriga. O puxei para dentro enquanto Mabel fechava a porta.

A garota correu rapidamente e sentou ao seu lado, tirando os cabelos loiros dos olhos de Ford. Ele abriu seus olhos pretos e tentou dizer algo.

Mabel entendeu a mensagem, foi até a bancada de bebidas e procurou algo lá rapidamente, de lá tirou a seringa com o líquido azul viscoso. Arregalei os olhos para a droga.

–Você disse que era a última. – Sussurrei.

–Eu guardei essa para uma emergência. – Ela respondeu com a voz trêmula, injetando habilidosamente a agulha no braço de Ford.

–Trevor pega algo para ele beber, sim?

Caminhei sem pressa até a bancada, a preocupação que ela sentia com ele já estava me irritando. Não era a simples questão dos ciúmes, ela havia mudado diante de tudo que aconteceu. Passei a me perguntar até que ponto eu mudei também.

Entreguei a garrafa com uma bebida qualquer para ela, ele bebia qualquer coisa que encontrávamos mesmo, estamos a dias com fome e sede de água, olhando as janelas com baleias e peixes gigantes e correndo para longe dos perigos que Rapture passou a ter.

Sair. Precisávamos sair daquela cidade.

Quando Mabel se certificou que Ford estava bem cuidado sentou-se ao meu lado no bar. Eu embaralhava cartas tediosamente na mesa de tecido verde. Mabel pegou uma taça com dois dedos e o polegar levantado, como sua mãe costumava levantar o vinho. Girou a taça algumas vezes, mesmo não havendo nenhuma bebida nela.

Seus olhos se levantaram para mim e ela sorriu como uma dama sorri em uma noite elegante.

–Acha que vamos vê-los novamente? – Perguntei largando as cartas e apoiando o braço na mesa.

–Pai e mãe não são mais os mesmos. – Ela respondeu desfazendo o sorriso.

–Um dia vão criar um tratamento para eles. – Disse esperançoso, o Adam não podia ser tão viciante ao ponto de não viver sem.

–Sabe a verdade, Trevor. – Disse ela levantando-se.

A verdade, o Adam é algo novo, não havia conhecimento aberto pela droga de líquido azul. E dependendo do futuro de Rapture, a cidade há de desmoronar com a maldita droga. Ou será que ela já desmoronou?

A porta tremeu com força, alguém batia nela sem nenhuma paciência. Mabel deu um passo pra trás e segurou meu pulso. Me levantei e tirei do bolso a faca do papai. Das brechas da porta do bar que trancamos, sentimos o medo percorrer em nossos ouvidos enquanto aquela voz rouca dizia:

–Abram a porta ou queimaremos ela junto a vocês.

Ford pareceu ter ouvido o recado, ficando sentado e imóvel. Mabel olhou para mim e eu fiz sinal com a cabeça para as escadas atrás do balcão. O segundo andar havia um quarto, e nele poderíamos nos esconder até que os outros Splicers fossem embora.

Mabel começou a andar e a porta bateu forte outra vez, fazendo a morena paralisar-se novamente.

Aproximei-me do palco e coloquei o braço de Ford no meu ombro, o loiro respirou o cheiro de álcool no meu rosto e segurou-se com força. Andamos lentamente até a escada, a porta continuava a bater, agora sem cessar. Até que pegou fogo. Explodindo em nossa direção o ar quente e pedaços de madeira. Caí no chão junto a Ford, não consegui ver onde estava minha irmã.

Uma mulher ria. Sua voz era insana dizia algo incompreensível, meus ouvidos doíam, levei minha mão até eles e senti o sangue escorrendo.

–Ford. – Tentei dizer rouco, ele não respondeu.

Algo me empurrou ainda mais para baixo, um sapato em minhas costas, pressionando duramente contra o chão.

–Achou que ia escapar? – Sussurrou ele, para que apenas eu ouvisse. A mulher riu ainda mais alto, entretida.

–E esse loirinho? – Disse ela se aproximando. Seu sotaque era muito forte, ela estava provavelmente bêbada.

Senti o homem tirando o peso de cima do meu braço esquerdo, tentei virar o rosto com calma.

–Ele ainda está vivo. – Disse o homem.

–Incrível! – Cantou a bêbada.

–Por favor, cale a boca mulher. – Respondeu ele, fazendo-a rir novamente.

Tudo foi interrompido com um tiro, alguém atirou. Aproveitei o alto som para tentar levantar, cambaleei pro lado, até a parede. Mabel atirou de novo com a pistola, o cabelo castanho cobria um dos olhos, e seu rosto estava sujo.

O sangue se espalhou na camisa do homem, pintando-a, ele resmungou algo e caiu. A mulher encarava Mabel, os olhos dela eram claros e arregalados, não havia reação previsível vinda de uma Splicer como ela. Mabel não desviou o olhar, com a arma apontada para ela agora.

–Suma daqui. – Minha irmã disse calmamente.

A Splicer soltou uma risada nervosa e saiu correndo e resmungando.

–Nunca vi um deles recuar. – Disse Ford sentando.

–Pode apostar que ela vai voltar. – Eu disse.

Verifiquei meu corpo, havia uma queimadura no meu braço, e minhas costas pareciam estar arranhadas devido a queda.

–Como você está? – Perguntou Mabel subitamente virando-se para mim.

–Só preciso de uma pomada pra essa queimadura. – Disse sorrindo.

–Acho que temos algo similar. – Ela respondeu docemente.

Ford tentou ficar em pé, mancando até um banco e sentando perto do bar.

–Me dê alguns segundos para descansar e podemos ir. – Disse o loiro.

–---x----

Andamos em corredores escuro, onde até as paredes pareciam sussurrar palavras de medo. As vezes conseguia enxergar as máscaras que Mabel e Ford usavam, com feições risonhas do contrário da seriedade por baixo das máscaras.

Usávamos roupas elegantes, o mínimo que achamos para substituir as roupas chamuscadas. E em nossas mãos havia armas. Uma pistola prateada com algumas balas extras, Ford tinha uma faca pontiaguda suja e de cabo curto, e eu segurava uma pesada chave de grifo, por parte de apenas ter sobrado isso para usar como defesa.

Andamos pelos corredores de chão molhado por um tempo, até começarmos a escutar uma música em ritmo steampunk, algo que ouvíamos muito desde que chegamos em Rapture, lembrava as noites de bar que passávamos assistindo nossos pais no palco.

A música ficou mais alta quando entramos na sala. Alguém a ouvia virado para a grande janela, com apenas sua mão exposta atrás de uma cadeira de escritório. O som vinha de um rádio em cima de uma mesa, e de lá havia apenas um CD pois não havia mais sinal na cidade subaquática.

Senti os dedos gelados de Mabel, os segurei e meus dedos abraçaram sua mão.

A cadeira girou aos poucos, com um rangido baixo. E dela vimos um homem com um chapéu elegante de época, seu terno era preto e tinha um rosto enrugado. Ele levantou-se da cadeira e falou embriagado.

–Vocês demoraram seus imprestáveis.

–Trouxemos a bebida. –Disse Ford colocando uma mochila no chão.

O velho de paletó lançou um olhar a mochila e coçou a barba. Passou-se alguns minutos, como se ele houvesse esquecido o que deveria fazer em troca.

–Sim, sim. – Lembrou-se ele. – As informações, é o que vocês querem não é?

Mabel apertou os dedos na minha mão, percebia-se como estava tensa. O velho carregava consigo chances de sobrevivência em Rapture, por mais que os rumores dissessem que ele não é confiável, ele era a única coisa que tínhamos.

–O norte anda muito agitado esses dias. – Começou ele, respirando fundo. – A parte da cidade mais perigosa, mas vocês sabem o porquê. – O velho sorriu amargamente.

–Little Sister’s –Sussurrou Ford com um tom de prazer na voz. De repente o ambiente pareceu escurecer, ficando frio enquanto as sobras desenhavam uma feição medonha em cada rosto da sala.

Little Sister’s era como uma lenda pra mim, não por desacreditar nelas. Apenas por nunca tê-las visto. São garotinhas que foram geneticamente alteradas e mentalmente condicionado para recuperar Adam dos cadáveres cerca de Rapture.

Sendo colhedora da droga foi feita apenas para isso, mas dizem que dentro de cada uma delas ainda mora a alma da garota que teve sua infância roubada. Desde que foi solta na cidade, tornou-se alvo fácil de Splicers, e dos desejos pela droga em grande quantia que cada uma delas carrega.

Logo foram feitos outros experimento, afinal, é assim que o governo de Rapture funciona. Nesses foram criados Big Daddies, são seres humanos geneticamente melhorados que tiveram sua pele e órgãos enxertados em uma enorme roupa de mergulho, podendo assim nadar fora de Rapture. São criados para especificamente proteger Littles Sister’s, tratando elas como filhas, e elas os tratando com sentimento até amigável, como seu melhor amigo na hora do chá.

–Não precisamos delas, precisamos de uma saída. – Mabel disse nervosa.

–Acho que vocês não entenderam! – Disse o velho elevando a voz. – Todos nós precisamos delas, olhe só para você. – Ele sorriu torto. – Você é a mais nova Splicer de Rapture, e cedo ou tarde você vai precisar do querido Adam. – Disse ele sussurrando a última palavra.

Mabel não desviou o olhar, sem soltar a minha mão a garota continuava a encara-lo. Ford olhou para ela, e depois para ele e tentou sorrir.

–Está bem, obrigado tiozinho. Agora temos que ir.

–Não sumam por aí crianças. – Disse o homem virando sua cadeira preta de volta pra janela. Senti uma sensação fraterna em sua voz, junto ao efeito do álcool que ele consumia a anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Qualquer erro, sinto-me honrado em ser avisado para que possa conserta-lo. Gostaram? Deixe seu review aqui em baixo, e até o próximo víde... não pera, vocês entenderam, té o próximo capítulo hahahhaa