Mai Hime: Summer Vacation escrita por Robin-chan


Capítulo 4
4. A manhã seguinte




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Passamos rapidamente da democracia para a ditadura declarada. Midori-chan não nos deixava dar um passo sem autorização, exceto por Keisuke-kun que era “fofinho e inocente”.

- Tão inocente quanto aquela ali. – comentou Nao-san para Mikoto e eu, apontando Fujino-san que naquele instante espiava para dentro da mala de Natsuki. Estávamos no corredor do segundo andar e Midori-chan declarava que iria realizar a distribuição dos quartos.

- Comida, Mai! – reclamou Mikoto como de costume.

- Daqui a pouco, Mikoto. Fique quieta! – respondi distraída.

Midori-chan, achando tudo muito justo, decidiu realizar um sorteio. O fim foi ligeiramente desastroso. Nem todas ficaram satisfeitas; ela e Youko-sensei ficaram com a suíte mais próxima da escada, com Shiho-chan e eu em frente e Akane-chan, que insistiu em ficar com Keisuke-kun, na terceira.

Nos outros três quartos ficaram: Fujino-san com Mikoto (uma combinação perigosa), Suzushiro-san com Yukino-chan (uma combinação conhecida) e Natsuki com Nao-san (uma combinação explosiva).

- E o último quarto de frente para a escada? – indaguei.

- Ah, esse será ocupado em seu devido tempo. – respondeu Midori-chan toda misteriosa.

- Mais gente vai chegar? – perguntou Akane-chan timidamente.

- Se-gre-do! – respondeu Midori-chan.

- Que droga, a gente tem que dividir quartos sendo que um está vazio? – reclamou Nao-san.

- Ei, não reclamem não! EU consegui essas férias maravilhosas para vocês de graça, então sintam-se muito felizes e obedeçam sua líder! A propósito, preciso passar algumas regras de convivência para todas, então guardem tudo e me encontrem em quinze minutos na sala de jantar. – bradou Midori-chan.

- Ah, cala a boca, Midori! – disse Youko-sensei irritada.

- Parece que o poder subiu à cabeça dela. – disse Fujino-san sorrindo, enquanto Midori-chan retomava seu discurso inflamado.

- Tanto faz. – Natsuki deu de ombros e entrou em seu quarto batendo a porta.

- Eu nem queria vir mesmo. – disse Nao-san reabrindo a porta e desaparecendo por ela.

- Venha, vou lhe mostrar a piscina. – disse Keisuke-kun para Akane-chan, puxando-a pela mão.

- Claro, Keisuke-kun! – respondeu ela, ainda encantada.

- Vamos avaliar a propriedade, Yukino. – comandou Suzushiro-san abrindo outra porta.

- S-sim, Haruka-chan. – respondeu Yukino-chan pegando as malas das duas e sumindo por outra porta.

- Maiiii! – entoou Mikoto de novo, segurando a barriga.

- Daqui a pouco, eu vou guardar tudo primeiro. – disse a ela.

- Eu cuidarei dela por enquanto. – garantiu Fujino-san sorrindo para mim e ajudando Mikoto a entrar no quarto.

- É disso que eu tenho medo. – murmurei para mim mesma.

 

Devidamente instaladas, descemos para a sala de jantar. Estacamos à porta, pois encontramos Midori-chan sentada à cabeceira e adesivos retangulares colados nas outras cadeiras.

- Que raios... – começou Youko-sensei. Ela foi interrompida por Natsuki, que correu até a mesa.

- Tem nossos nomes aqui! – gritou ela. – O que é isso????????

- Bem... decidi que vocês precisam de um pouco de disciplina, garotas. – disse Midori-chan faiscando os olhos. – Sentem-se conforme o que foi sorteado por mim.

Tive que impedir Natsuki de pular em cima de Midori-chan, embora a contragosto. Dessa vez era demais! Infelizmente, nem Youko-sensei teve coragem de contestar as loucuras da amiga. Ficou parada, boquiaberta, enquanto as outras obedeciam à ordem automaticamente.

Com Midori-chan à cabeceira, ficamos assim: de seu lado esquerdo Suzushiro-san, Fujino-san, Youko-sensei, Yukino-chan, Shiho-chan e Mikoto. Do direito, Keisuke-kun, Natsuki, Nao-san, eu e Akane-chan.

- Então... – falou Midori-chan olhando a mesa completa. – gostaram?

- Isso não foi um sorteio. – comentou Youko-sensei.

- Não mesmo. – respondeu Natsuki afundando na cadeira totalmente infeliz, com Fujino-san em sua frente e Nao-san ao lado.

- Eu gostei! – disse Fujino-san animada.

- Estou muito longe de Keisuke-kun... – suspirou Akane-chan.

- Comidaaaaaaaaa... – ronronou Mikoto.

- Eu... prefiro não comentar. – falei sem ânimo.

- Tanto faz. É assim que será pelo próximo mês. – Midori-chan deu de ombros. – Aproveito para anunciar que Suzushiro-san será minha assistente, portanto, obedeçam a ela também. E, claro, Youko estará à disposição de todas.

Enquanto digeríamos a informação de que a vice-líder era a maior ditadora que eu conhecia, Midori-chan não perdeu tempo.

- E abro agora a votação para decidir quem será nossa cozinheira oficial, porque eu não sei fazer nem ovo frito.

Todas olharam para mim e Mikoto disse:

- Mai! A Mai!

Natsuki apontou para mim e disse, como se isso resolvesse a questão:

- O ramen dela é bom.

- Muito bem, está decidido. Fim da assembléia. – finalizou Midori-chan se levantando. – Mai, comece a preparar o jantar, sim? Estou morta de fome.

Suspirei, derrotada e dirigi-me à cozinha, com uma alegre Mikoto pulando atrás de mim.

 

O jantar foi relativamente tranqüilo. Ainda estávamos chocadas demais com tudo para brigar por qualquer coisa. Midori-chan falava alto e ria bastante. Fujino-san e Mikoto davam pulos de alegria. Que bom que alguém está se divertindo, pensei. Shiho-chan parecia contente também. Todas elogiaram muito minha comida e isso me fez a quinta pessoa mais feliz do dia. Só terminando de contabilizar, posso dizer com certeza que Natsuki era a primeiríssima mais infeliz... coitada.

- Muito bem, todas vocês! – gritou Suzushiro-san a certa altura, depois que passamos à outra sala e Midori-chan já roncava em um dos pufes e estávamos rindo de uma piada bem interessante de Keisuke-kun (menos Mikoto, que não entendera a piada e lançava uns olhares cobiçosos para os restos do pudim que Fujino-san fizera e alguém esquecera de guardar). – Já está muito tarde, amanhã podemos continuar com isso. Todas pra cama! – ela berrou autoritariamente.  

- Explique porque deveríamos obedecer a você. – disse Natsuki, que estava com cara de quem queria arrumar uma briga.

- Quem você acha que é, hein? – apoiou Nao-san, visivelmente irritada.

Antes que nossa vice-capitã pudesse responder, Fujino-san disse alguma coisa que constrangeu a todas nós que ouvimos, embora fosse direcionada para minha amiga de cabelos azuis.

Natsuki foi a primeira a subir para o quarto.

 

- Boa noite, Mai! – exclamou Shiho-chan sorrindo para mim e apagando a luz do abajur.

Estávamos agora no confortável quarto com duas camas e espaço suficiente para a bagunça de três Mikotos. Entretanto, tudo ainda estava timidamente arrumado. Talvez, pensei olhando para a lua pela janela, nós duas sejamos certinhas demais para dividir um quarto. Sorri, pensando que por um tempo não precisaria cuidar das coisas de uma criança.

Sinceramente, não foi tão ruim para uma primeira noite. Só tivemos que aturar Youko-sensei tentando dar um banho na bêbada Midori-chan, Akane-chan cantando muito desafinadamente uma canção de ninar, Mikoto rindo histericamente (disso eu tive medo) e uma briga de travesseiros nada amistosa com gemidos que eu tinha certeza que eram de Nao-san.

Shiho-chan irritou-se mais ou menos à meia-noite e levantou-se murmurando algo sobre um copo de leite. Assim que ela abriu a porta, descobrimos uma patrulha noturna no corredor, realizada em altos brados por Suzushiro-san e uma Yukino-chan com muito sono.

Devo ter pegado no sono lá pelas duas e meia.

 

Acordei de um sonho estranho. Sentei na cama assustada, ainda ouvindo os gritos agudos. Shiho-chan murmurou:

- Quem é que está gritando a essa hora? – e virou para o outro lado. 

Aí eu percebi que não estivera sonhando. Eu reconheceria aquele grito em qualquer lugar. Desanimada e descabelada, disse:

- Shiho-chan, vou socorrer Natsuki. Não se preocupe com nada. – ela grunhiu algo simpático como “eu não me importo”.

Escancarei a porta no pior dos humores e percebi que a patrulha já não existia mais. Pelo jeito, ninguém se importara com os gritos, porque eu era a única no corredor. Assim que cheguei à porta de Natsuki, Fujino-san a abriu e saiu toda sorrisos, sem dizer uma palavra. Entrei rapidamente e bati a porta, enquanto Natsuki xingava muito alto.

Ela parecia estar no meio do processo de trocar de roupa. Nao-san não estava no aposento.

- Ela é louca! – gritou Natsuki, vermelha da cabeça aos pés. Bem, só o que eu via eram sua cabeça e os pés, pois ela estava coberta com o lençol que transparecia algumas partes, mas achei melhor não mencionar isso a ela.

Suspirei, sentando-me na borda de sua cama. Ela fechou a janela como se temesse uma invasão e ficou lá encolhida. Notei que ambas as camas estavam sem travesseiros.

- Vocês tiveram uma bela briga ontem, pelo jeito. – observei, notando algumas penas espalhadas pelo chão.

Ela sacudiu os ombros.

- Nao é uma boa oponente.

- Parece que sim... mas você arranjou uma inimiga muito pior. – disse eu, numa tentativa de descontrair o ambiente.

Ela ficou vermelha de novo e pegou uma blusa da mala.

- Não é algo contra o qual eu possa lutar. – murmurou insegura.

- Talvez você não queira lutar. – sugeri.

- Não é algo que eu consiga evitar. – disse ela hesitante.

- Então, diga isso para Fujino-san.

- Não é algo que eu consiga fazer. – ela fez uma pausa e me olhou suplicante.

- Puxa vida, como é bom ouvir tantas negativas em um minuto! – exclamei. Natsuki estreitou os olhos verdes e pensou um momento em como parecera repetitiva. E nós duas caímos na risada.

Ouvi um novo grito no corredor. Suspirei novamente.

- Bem, esse eu sei o que significa. – falei olhando para o teto. Natsuki sorriu e disse:

- Mikoto não pode esperar. Vamos, hoje você vai me ensinar a preparar alguma coisa.

- Você sabe ao menos lavar louça? – perguntei. Ela jogou uma meia em mim e arrumou a cama. Olhou desaprovadoramente para a cama bagunçada de Nao-san e, juntas, partimos para um emocionante café da manhã.

 

Nossa segunda refeição na casa foi transtornada. Todo mundo parecia com muita fome e pouca disposição, o que incluía pessoas bem arrumadas, de biquíni, ou simplesmente descabeladas e se arrastando fantasmagoricamente até seu lugar na mesa. Não tive tempo de olhar enquanto preparava comida para um batalhão, mas depois notei que duas pessoas estavam ausentes à mesa: Natsuki e Suzushiro-san. A primeira, eu tinha ajudado a se queimar com alguns ovos (ela praticamente se jogou no fogo para fugir da mesa) e a segunda, aparentemente levara uma porrada na cabeça de uma certa bêbada de madrugada e se encontrava deitada com dor de cabeça.

- Vai passar, Haruka-chan é muito forte! – ouvi Yukino-chan contando para Youko-sensei.

- Sim, ela incrivelmente não desmaiou na hora. Manteve-se bem calma. – respondeu Youko-sensei.

- Calma?! Ela tentou me acertar com uma escumadeira! – replicou Midori-chan.

- D-desculpe, Midori-chan! Haruka-chan é meio impulsiva. – murmurou Yukino-chan.

Midori-chan resmungou alguma coisa e a conversa voltou-se para assuntos mais felizes: o sol, a brisa e as árvores.

Enquanto isso, Mikoto comia alegre e rapidamente, Akane-chan se esticava para servir Keisuke-kun e Fujino-san sorria de uma forma estranha para uma Nao-san de olho roxo (que briga ela tivera!), já que seu alvo favorito estava ausente. Esta tentava ignorar a ex-presidente e comia sem pressa.

Quando finalmente consegui me sentar, 99% da refeição já se fora. Akane-chan era a encarregada do dia de tirar a mesa e Nao-san de lavar a louça, segundo a extensa lista de tarefas fixada na parede do corredor do segundo andar (que, por acaso, não incluía sua autora nas tarefas).

No instante em que levei o garfo à boca, aquele grito agudo soou de novo, dessa vez fora da residência. As outras, que faziam fila à porta dos dois banheiros, paralisaram e depois deram as costas, fingindo não ouvir. Akane-chan, com dois pratos na mão, olhou para Nao-san, com mais dois, que deu de ombros. Suspirei, derrotada.

- Tudo bem, estou indo! – gritei e saí correndo em direção à piscina.

Estaquei, entre encantada e confusa. A piscina era ampla e bem-cuidada, com uma vista maravilhosa das árvores e do sol. O que vi foi Natsuki num gesto de amarrar o biquíni, que pelo jeito se soltara quando ela mergulhou. E quando olhei para onde ela olhava, o que vi foi Takeda, numa estranha combinação de bermuda florida com uma camisa branca, com cara de atordoado e vermelhíssimo. Ele lentamente se voltou para mim e Natsuki submergiu. Esperei que ela conseguisse se ajeitar embaixo d’água.

- Takeda-san... o que faz aqui? – perguntei.

- Hã... eu... bem... – com essa resposta inteligente, ele apontou para um carro que nenhuma de nós ouvira chegar.

Meu coração quase parou. Correndo até nós estavam: Rinji-san, com aquela cara inexpressiva, Reito-san, sorrindo, Akira-kun e...

- Takumi! Yuuichi! – corri até eles e os abracei. Eles sorriram para mim e me senti feliz como nunca. Então, um grito surpreso atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

* Às pessoas que leem: mil e uma desculpas por demorar tanto para postar! Gomen! >.>



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