Sociedade Devoradora de Cérebros escrita por Silent Lulamoon
Notas iniciais do capítulo
Certa vez ouvi a história de um garoto que queria comer Doritos, ele comeu.
Estávamos de saída, ninguém queria mais ficar aqui nessa casa, o cheiro dos 2 mortos já estava ficando insuportável, o beagle parecia não se importar e continuava deitado em cima do dono. Todos já estávamos do lado de fora da casa, eu fecho a porta e Tracy coloca a mão em meu ombro:
– Não precisava ser assim.
– Precisava, não poderia continuar com uma pessoa daquelas no grupo.
– Mesmo assim, obrigado. Por se importar. - Ela diz, com cara triste, e vai na direção da caminhonete.
– Ahn... Alguém aí sabe dirigir ? - Pergunta Fred, alto.
– Eu sei. - Diz Danny. - Mas não sei fazer ligação direta.
– É bem simples... Eu acho. É só conectar o fio azul e o vermelho, né ? Alguma coisa assim... - Responde Fred, com confiança duvidosa.
– Vou tentar.
Todos entram na caminhonete e eu fico de ir na caçamba, claro. Laura trazia consigo o bebê, balançando-o nos braços, tentando fazer ele dormir.
– Ai ! - Grita Danny , enquanto se ouve o som do carro ligando. - Me deu choque.
– Podemos ir logo, por favor ? Não quero que os zumbis percebam que estamos aqui. - Diz Freud, enquanto Tracy encosta a cabeça em seu ombro. Ela parecia muito triste depois do incidente, ninguém pode culpá-la.
– Tá bom, espera só um pouco. - Diz Danny, mexendo na marcha do carro.
A caminhonete começa a andar pra frente lentamente, depois engata e vai em velocidade normal.
– Pro shopping, certo ? - Pergunta Danny.
– Não! Pra onde mais, idiota ? - Exclama Freud, em tom raivoso.
– Nem ligo. - Responde Danny, sorrindo.
– E aí, como foi a noite de vocês ? Eu dormi bem. - Tento iniciar uma conversa com os 3 no banco de trás.
Um silêncio constrangedor reina enquanto eu me arrependo de cada palavra dita.
– Foi mal. - Digo, de cabeça baixa.
Ninguém fala uma palavra por pelo menos 10 minutos, quando o carro começa a falhar.
– Acabou o combustível. - Comenta Danny, apontando pro painel da caminhonete.
– Bom, pelo menos tem um posto bem ali . - Digo, apontando para um pequeno posto a quase 3 quadras de distância.
– Acho que da pra chegar até ali. - Diz Danny, fazendo manobras e esforços para o carro continuar andando.
Paramos bem na frente de uma bomba de gasolina, aonde a caminhonete trava de vez e não quer mais andar. Danny sai do carro:
– Eu vou abastecer, alguém aí pode ir na conveniência pegar suprimentos ou alguma coisa assim, né ?
– Eu vou, tenho que pegar uma coisa, de qualquer jeito. - Diz Freud, já saindo também pela porta de trás.
– Eu ajudo ele. - Pego a minha escopeta e desço da caçamba, acompanhando Freud.
Nós 2 andamos em direção à loja de conveniência enquanto Danny colocava a mangueira de combustível no tanque do carro. Freud abre a porta de vidro, destrancada. A conveniência estava completamente bagunçada por dentro, parecia que fora assaltada pelo menos 3 vezes. Restavam apenas alguns salgadinhos e doces, Freud vai na direção do freezer e pega um uísque.
– Vai com calma, cara. - Digo, brincando.
– Preciso que jogue isso no meu braço.
– O quê ?
Ele levanta a manga do moletom e revela um grande corte no braço, um pouco infeccionado.
– O que aconteceu ? - Exclamo.
– Depois eu te explico, agora eu preciso que jogue o uísque no machucado. É assim que se desinfecciona, certo ? - Diz ele, preocupado.
– Eu não sei... Não sou expert...
– Deve ser, faz logo. - E me dá a garrafa.
Eu abro o uísque e nós 2 nos sentamos no chão. Seguro o braço dele contra a parede com o machucado voltado para cima e derramo o líquido, de olhos fechados. Apenas ouço o grito de dor.
Abro os olhos e Freud está vermelho, se levantando com dificuldade.
– Acho que vai funcionar. - Digo, tentando animá-lo, sem certeza real de nada.
– Hum... - Resmunga.
– Vamos, temos que pegar comida e água.
– Certo.
Eu me levanto e vamos pegar os suprimentos.
– Me diz aí, o que aconteceu no seu braço ? É recente ?
– Foi ontem à noite. Eu desci para tomar um copo de água e ouvi barulhos estranhos enquanto descia a escada em silêncio. Eu vi. Eu vi ele, sabe...Nela. - Diz Freud, entristecido. - Eu saí correndo e empurrei ele pra longe, mas ele revidou me empurrando com força pro chão, estava com uma faca na mão e me cortou.
– Meu Deus. - Digo, com a mão na frente da boca.
– Ele disse que se eu e ela contássemos pra alguém, ele iria nos matar, e mandou eu subir as escadas. Eu não iria deixar ela com ele, não depois daquilo, então trouxe Tracy pra cima, comigo. Ele nem fez nada , como se estivesse arrependido do que fez.
– Por isso ela está, assim... Com você.
– Provavelmente.
Ouvimos alguns barulhos do outro lado da loja e nos escondemos atrás do caixa. Eu olho de relance.
– São os zumbis ? - Sussurra Freud.
– Sim, 3 .
– Vamos correr, então. - Diz, preocupado.
Eu abro o cano da escopeta, só havia 1 bala.
– Não temos outra opção. - Sussurro.
Faço o sinal com a mão do "3,2,1'. Saímos correndo e eu abro a porta de vidro com um chute, enquanto os doentes nos perseguem.
– LIGA O CARRO !! - Gritamos, correndo na direção da caminhonete, com os doentes atrás.
Danny já estava sentado no banco do motorista conversando com Fred, ele vira para cá com um susto e se abaixa para fazer a ligação direta. Freud e eu pulamos na caçamba enquanto o carro ainda não estava ligado. Atiro na cabeça do doente que estava se aproximando e o carro finalmente liga, partindo em alta velocidade, deixando 2 doentes pra trás. Danny olha pra trás, animado:
– Caras, vocês não vão acreditar no que eu descobri.
– Olha pra frente, motorista ! - Grita Freud.
Danny mostra uma fitinha daquelas de colocar em rádios de carros antigos:
– Fred achou no porta-luvas. - Diz, animado.
Ele insere a fita no rádio e alguma música country antiga começa a tocar, aumenta o som e coloca o braço para fora da janela.
– Weeeeehaaa !!! - Grita. - Próxima parada, Shopping Center !!!
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O Doritos estava envenenado, ele morreu.