Sociedade Devoradora de Cérebros escrita por Silent Lulamoon


Capítulo 9
A Loja de Conveniência


Notas iniciais do capítulo

Certa vez ouvi a história de um garoto que queria comer Doritos, ele comeu.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/545880/chapter/9

Estávamos de saída, ninguém queria mais ficar aqui nessa casa, o cheiro dos 2 mortos já estava ficando insuportável, o beagle parecia não se importar e continuava deitado em cima do dono. Todos já estávamos do lado de fora da casa, eu fecho a porta e Tracy coloca a mão em meu ombro:

– Não precisava ser assim.

– Precisava, não poderia continuar com uma pessoa daquelas no grupo.

– Mesmo assim, obrigado. Por se importar. - Ela diz, com cara triste, e vai na direção da caminhonete.

– Ahn... Alguém aí sabe dirigir ? - Pergunta Fred, alto.

– Eu sei. - Diz Danny. - Mas não sei fazer ligação direta.

– É bem simples... Eu acho. É só conectar o fio azul e o vermelho, né ? Alguma coisa assim... - Responde Fred, com confiança duvidosa.

– Vou tentar.

Todos entram na caminhonete e eu fico de ir na caçamba, claro. Laura trazia consigo o bebê, balançando-o nos braços, tentando fazer ele dormir.

– Ai ! - Grita Danny , enquanto se ouve o som do carro ligando. - Me deu choque.

– Podemos ir logo, por favor ? Não quero que os zumbis percebam que estamos aqui. - Diz Freud, enquanto Tracy encosta a cabeça em seu ombro. Ela parecia muito triste depois do incidente, ninguém pode culpá-la.

– Tá bom, espera só um pouco. - Diz Danny, mexendo na marcha do carro.

A caminhonete começa a andar pra frente lentamente, depois engata e vai em velocidade normal.

– Pro shopping, certo ? - Pergunta Danny.

– Não! Pra onde mais, idiota ? - Exclama Freud, em tom raivoso.

– Nem ligo. - Responde Danny, sorrindo.

– E aí, como foi a noite de vocês ? Eu dormi bem. - Tento iniciar uma conversa com os 3 no banco de trás.

Um silêncio constrangedor reina enquanto eu me arrependo de cada palavra dita.

– Foi mal. - Digo, de cabeça baixa.

Ninguém fala uma palavra por pelo menos 10 minutos, quando o carro começa a falhar.

– Acabou o combustível. - Comenta Danny, apontando pro painel da caminhonete.

– Bom, pelo menos tem um posto bem ali . - Digo, apontando para um pequeno posto a quase 3 quadras de distância.

– Acho que da pra chegar até ali. - Diz Danny, fazendo manobras e esforços para o carro continuar andando.

Paramos bem na frente de uma bomba de gasolina, aonde a caminhonete trava de vez e não quer mais andar. Danny sai do carro:

– Eu vou abastecer, alguém aí pode ir na conveniência pegar suprimentos ou alguma coisa assim, né ?

– Eu vou, tenho que pegar uma coisa, de qualquer jeito. - Diz Freud, já saindo também pela porta de trás.

– Eu ajudo ele. - Pego a minha escopeta e desço da caçamba, acompanhando Freud.

Nós 2 andamos em direção à loja de conveniência enquanto Danny colocava a mangueira de combustível no tanque do carro. Freud abre a porta de vidro, destrancada. A conveniência estava completamente bagunçada por dentro, parecia que fora assaltada pelo menos 3 vezes. Restavam apenas alguns salgadinhos e doces, Freud vai na direção do freezer e pega um uísque.

– Vai com calma, cara. - Digo, brincando.

– Preciso que jogue isso no meu braço.

– O quê ?

Ele levanta a manga do moletom e revela um grande corte no braço, um pouco infeccionado.

– O que aconteceu ? - Exclamo.

– Depois eu te explico, agora eu preciso que jogue o uísque no machucado. É assim que se desinfecciona, certo ? - Diz ele, preocupado.

– Eu não sei... Não sou expert...

– Deve ser, faz logo. - E me dá a garrafa.

Eu abro o uísque e nós 2 nos sentamos no chão. Seguro o braço dele contra a parede com o machucado voltado para cima e derramo o líquido, de olhos fechados. Apenas ouço o grito de dor.

Abro os olhos e Freud está vermelho, se levantando com dificuldade.

– Acho que vai funcionar. - Digo, tentando animá-lo, sem certeza real de nada.

– Hum... - Resmunga.

– Vamos, temos que pegar comida e água.

– Certo.

Eu me levanto e vamos pegar os suprimentos.

– Me diz aí, o que aconteceu no seu braço ? É recente ?

– Foi ontem à noite. Eu desci para tomar um copo de água e ouvi barulhos estranhos enquanto descia a escada em silêncio. Eu vi. Eu vi ele, sabe...Nela. - Diz Freud, entristecido. - Eu saí correndo e empurrei ele pra longe, mas ele revidou me empurrando com força pro chão, estava com uma faca na mão e me cortou.

– Meu Deus. - Digo, com a mão na frente da boca.

– Ele disse que se eu e ela contássemos pra alguém, ele iria nos matar, e mandou eu subir as escadas. Eu não iria deixar ela com ele, não depois daquilo, então trouxe Tracy pra cima, comigo. Ele nem fez nada , como se estivesse arrependido do que fez.

– Por isso ela está, assim... Com você.

– Provavelmente.

Ouvimos alguns barulhos do outro lado da loja e nos escondemos atrás do caixa. Eu olho de relance.

– São os zumbis ? - Sussurra Freud.

– Sim, 3 .

– Vamos correr, então. - Diz, preocupado.

Eu abro o cano da escopeta, só havia 1 bala.

– Não temos outra opção. - Sussurro.

Faço o sinal com a mão do "3,2,1'. Saímos correndo e eu abro a porta de vidro com um chute, enquanto os doentes nos perseguem.

– LIGA O CARRO !! - Gritamos, correndo na direção da caminhonete, com os doentes atrás.

Danny já estava sentado no banco do motorista conversando com Fred, ele vira para cá com um susto e se abaixa para fazer a ligação direta. Freud e eu pulamos na caçamba enquanto o carro ainda não estava ligado. Atiro na cabeça do doente que estava se aproximando e o carro finalmente liga, partindo em alta velocidade, deixando 2 doentes pra trás. Danny olha pra trás, animado:

– Caras, vocês não vão acreditar no que eu descobri.

– Olha pra frente, motorista ! - Grita Freud.

Danny mostra uma fitinha daquelas de colocar em rádios de carros antigos:

– Fred achou no porta-luvas. - Diz, animado.

Ele insere a fita no rádio e alguma música country antiga começa a tocar, aumenta o som e coloca o braço para fora da janela.

– Weeeeehaaa !!! - Grita. - Próxima parada, Shopping Center !!!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Doritos estava envenenado, ele morreu.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sociedade Devoradora de Cérebros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.