American Girl escrita por Ste Costa


Capítulo 8
Rosas arroxeadas.


Notas iniciais do capítulo

Observações:
The Tonight Show with Jimmy Fallon é um programa gênero entrevistas apresentado no momento por Jimmy Fallon que passa no canal NBC. É muito engraçado e quem entender inglês deveria assistir no youtube. Sugiro lipflip com Sofia Vergara. Morri de rir.
Para quem não sabe hostel é uma espécie de albergue.
Blind date é uma denominação para encontro às escuras. Quando duas pessoas marcam por terceiros um encontro para se conhecerem.



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RIO DE JANEIRO e NOVA IORQUE. 30 de setembro de 2020.

Quarta-feira.

Megan Parker foi vista nessa manhã do dia 30 de setembro pegando um voo no aeroporto Internacional de São Francisco com destino a Nova Iorque. Ao que tudo indica a princesinha da América vai se encontrar com o namorado Oliver Mouret para o programa ao vivo The Tonight Show with Jimmy Fallon, onde ele será convidado e sua banda, Crystal Noir, vai se apresentar.

– Davi?

Ele fechou a tela do computador assustado como se tivesse sido pego fazendo algo errado. E de alguma forma, estava sim.

– O que foi? Você tá branco. – Manuela disse se sentando em uma das cadeiras a frente da sua mesa.

– Não... Nada. O que foi?

A ex-mulher não pareceu convencida, mas decidiu ignorar. Abriu uma pasta e tirou de dentro alguns relatórios.

– Aqui estão os últimos reviews do... Davi?

– Hm... O quê?

– Você não está prestando atenção.

Ele se deitou na cadeira acolchoada. Estava cansado, passara a noite anterior inteira corrigindo provas. Desde que aceitara ser professor para UERJ se perguntava se tomara a decisão correta. O convite fora um encanto, mas a quantidade de trabalho estava desnecessariamente enorme. E ainda teria que sair hoje a noite.

– Desculpe Manu, eu com a cabeça voando. A gente podia ver isso depois?

– O quê? Claro que não.

Mas ele já se levantava.

– Vou pegar os meninos na escola, ok? Deixo eles lá.

Manuela deu um suspiro ao vê-lo na porta.

– Tudo bem, tudo bem... Vai de uma vez, mas não vai mimar eles demais.

– Eu? Mimar? – ele riu, e ela também. Era o pai mais babão do mundo.

Cumprimentou algumas pessoas enquanto caminhava pelo andar da Brazuca. Avistou Ernesto falando com Armando pelo canto do olho e mudou de direção, mas o amigo o percebeu e correu em seu encalço.

– Davi!

– Oi Ernesto. – ele disse se virando com um sorriso falso.

– Você sabe quem sou eu?

– Sei.

– Você lembra que eu existo?

– Sim... Eu lembro. – Davi respondeu impaciente.

– Então... Calma, você ainda tem o meu numero?

– Claro que sim.

– ENTÃO PORQUE DIABOS VOCÊ NÃO FOI ONTEM?!

Davi fez uma careta culpada. Já sabia que aquilo acabaria acontecendo, mas pesou em protelar pelo menos até o dia seguinte. Ernesto e Pamela lhe convidaram para um jantar na casa deles, mais outros colegas da Brazuca. Ele aceitara, claro, mas desde aquele momento decidira não ir. Não encontrar Pamela estava cada vez mais difícil, porque ela sempre estava com o amigo.

– Eu queria ter ido!

– AH É? E porque que você não foi?!

– Eu te mandei uma mensagem.

– Não mandou não.

– Mandei sim.

– Não mandou.

– Eu mandei Ernesto!

– Ah, vamos ver se o Sr. Reis mandou. – Ernesto tirou o celular do bolso irritado, de repente sua expressão mudou. – Ah é... Você mandou.

– Eu te disse!

– Mas que tipo de mensagem é essa? Isso não vale! “Não vou poder ir, surgiu um imprevisto. Muito obrigado e se divirtam!”

– E o que você queria que eu mandasse?!

– “Olá, queria ir, mas estou evitando vocês. Beijos, Davi”.

– Eu não estou evitando vocês.

– Está.

Seus olhos se encontraram. Agora não conseguiria mais mentir.

– É por causa da Megan, não é? – Ernesto continuou, um tom de voz compreensivo. Davi sabia que ele estava com pena dele.

– Talvez. – respondeu, olhando para os sapatos e pondo as mãos nos bolsos da calça.

A quantidade de vezes que precisava fugir do fantasma de Megan era incontável no seu dia a dia, mas ter uma Pamela a mencionando sempre que se viam, além de lhe dar conselhos de como retomarem a amizade, era demais para seu pobre coração. A distancia já o incomodava suficientemente sem ter alguém lhe lembrando do fato em cinco em cinco minutos.

Ele e Megan não se falavam há quase dois meses. Mundos diferentes. Pessoas diferentes.

– Olha, eu falei com a Pamela...

– O quê? Porque você fez isso?!

– Porque eu sei que deve ser desagradável ela querer falar sobre a Megan então combinamos que...

– Ernesto, você não tinha o direito! O quanto eu aposto que ela já falou para Meg sobre isso e...

– Não Davi. Eu acho que você não está a par de toda a situação.

– O que foi?

– Elas não andam se falando muito ultimamente. As coisas estão... Complicadas.

Davi sabia das polemicas que envolviam Megan. Todos os dias ele abria um site de fofocas encontrando novidades sobre a nova rebelde famosa. Suas brigas e voltas com a nova promessa da música eram sempre destaque.

– Eu não quero saber.

– Mas...

– Eu realmente, eu... Eu não tenho interesse nenhum. Eu preciso seguir com a minha vida, Ernesto. Ela seguiu.

Os amigos se olharam. Davi sabia que ele estava procurando alguma coisa a dizer e o privou disso dando uma batidinha em seu ombro.

– Eu estou bem.

E finalmente deixou a Brazuca.

Pegou os meninos na escola e parou numa padaria charmosa perto de casa. O almoço seria daqui a pouco, mas ele achou que os pequenos mereciam uma premiação por se comportarem direitinho durante o final de semana passado em que ficaram o pai.

Perguntou o que eles queriam e Nico logo pegou dois chokitos.

– Papai, eu quero chocolate também! – Pedro ordenou cruzando os braços irritado.

– Não, você não pode. – Davi disse tentando parecer o mais compreensível possível, mas a criança não mudou a cara emburrada. – Pedro, você tem intolerância a lactose, lembra? Não pode chocolate.

– Mas eu quero! Sempre só o Nicolas ganha tudo!

– Isso não é verdade. – ele se ajoelhou em frente ao pequeno separando os bracinhos cruzados. – E você sabe disso.

O garoto tinha os olhos no chão cogitando se deveria ou não concordar com o pai. O fato da sua limitação as chamadas coisas gostosas da vida sempre causavam brigas e lágrimas, principalmente em aniversários infantis. Pedro queria poder comer os docinhos, pegar um pedaço do bolo ou inúmeras bolas de sorvete... Mas não, nunca podia.

Davi e Manuela já tinham explicado a situação várias vezes, mas fazer entrar na cabeça de um garoto de quatro anos era outra história.

– Tá legal. – menino se rendeu. – Mas eu quero uma coxinha!

– Tudo bem, uma coxinha saindo. – ele ergueu o menino no ar pondo-o no colo.

Pediu o salgado do filho e os três se sentaram em uma mesa. Davi ouviu os pequenos contarem um pouco do seu dia. Aparentemente uma novata chamada Amanda estava implicando com os garotos e puxara os cabelos de Nico várias vezes só naquela semana o que causou uma grande mal estar na aula de hoje, com muito drama e divisão na classe. Quase uma novela escrita por Tarantino.

Ao deixarem o lugar uma revista Vogue chamou a atenção de Davi. Na capa, uma moça loira estava sentada no colo de um rapaz esguio. De cabelos pretos, nariz adunco e boca fina. Teatralmente sentados em algum bistrô parisiense. Quando percebeu, enquanto colocava os filhos nas cadeirinhas do carro, a tinha comprado.

Megan caminhava pelo hostel ignorando os olhares curiosos postos nela, se perguntando o que a princesa da América fazia num canto empoleirado e perdido na big apple. Aquelas pessoas eram meros vultos enquanto ela avançava pelos corredores, quanto mais seus tolos questionamentos. Ela tinha assuntos mais importantes para resolver. Sua mente concentrava-se inteiramente em apenas um objetivo. Encontrar a porta vermelha.

Voltara de São Francisco há mais ou menos uma hora atrás. O voo lhe deixara enjoada e ela precisou beber um dramin para acalmar o waffle de berries que dançava em seu estomago. Seu apartamento estava intacto. Um pequeno e moderno aposento em um dos prédios da 5ª avenida. Não encontrou nenhuma mala escondida atrás de uma porta. Num claro momento de desespero pensou em ligar para Daniel Shaw, um jornalista amigo seu, em busca de respostas, mas desistiu ao ouvi-lo atender do outro lado da chamada. Não, não envolveria um gazeteiro naquilo. Afinal, amigos amigos, negócios a parte. A confiança era questionável, em segundos seu telefonema poderia estar ilustrando algum tabloide online.

Ela sentara por alguns segundos no sofá roxo. Os olhos na janela clara. O sol começando a incomodar suas córneas. E então, desgostosa, levantou-se impetuosamente deixando o apartamento veloz em direção a um hostel conhecido.

A porta vermelha. Encontrara.

Fechou os olhos e respirou profundamente. Why you do this to me? Perguntou a si mesma. A garganta travada.

E abriu a porta.

O quarto estava uma bagunça. Um terno vermelho estava posto sobre a cama desarrumada. E um corpo deitado sobre a cama. Seus olhos se arregalaram ao encontra-la. O coração de Megan se apertou enquanto o ar lhe faltava, mas ela controlou-se. Ela voltou-se para um terceiro naquele espaço.

– Non, don’t do that... Megan! – mas era tarde demais. A loira já tinha se lançado em direção a moça agarrando-a pelos cabelos e jogando seu corpo contra a cama enquanto esbofeteava seu rosto. A garota gritava tentando se desvencilhar, mas não conseguia. Pelo menos não até Oliver agarrar Megan puxando-a da adolescente.

– Get off me! GET OFF ME! – Megan gritava empurrando o namorado, que a segurava com força, pressionando os dedos contra sua pele de uma forma que marcas roxas surgiriam mais tarde.

Ele deu um olhar significativo para a moça ofegante ainda caída sobre sua cama e ela correu deixando o quarto. Após alguns segundos finalmente largou Megan que se aproveitou para lhe chutar a canela e tacá-lo contra a parede batendo contra o seu corpo.

– LIAR! YOU SON OF BITCH! YOU FILTHY SON OF A BITCH! – ela repetia enquanto lhe agredia. O odiava. O odiava tanto.

Ele deixou que ela lhe batesse. Sua mente ainda girava pelo pó que cheirara meia hora atrás e os xingamentos ecoavam em sua cabeça. Pouco a pouco os murros e tapas ficaram mais fracos, e as palavras transformaram-se em um rouco lamurio. A cabeça dela recostou-se em seu peito e suas mãos que antes lhe batiam, descansaram ali. Acoada contra ele, ela chorava. Oliver deixou a cabeça cair para trás, recostando-a a parede.

– Why? Why? – ela murmurou, enquanto ele acariciava seus cabelos loiros.

Uma dor os enclausurava naquele canto.

– I’m sorry. – Oliver pediu, sinceramente.

– No... No! – ela se empurrou dele que fez uma expressão cansada. – You always say that! I’m tired, ok? I’m tired of your fan whores!

Ele permaneceu parado. Os olhos fundos e grogues nos dela. Megan tremia de ódio. Lágrimas ainda descendo por suas maçãs rosadas.

– I can’t. – se deixou dizer como um último suspiro.

Finalmente Oliver demonstrou alguma reação.

– I can’t. – ela repetiu angustiada.

– Don’t say that.

Megan caminhou até o criado-mudo, ele prestando atenção em cada movimento seu. Ela passou os dedos languidamente sobre a cocaína espalhada ali. Abaixou-se e puxou um pouco para o nariz direito. E correu do quarto.

Os olhos curiosos voltaram a acompanha-la e provavelmente a Oliver também, que corria em seu encalço desesperado. Ela finalmente chegou a rua, se sentindo confusa. Tentando organizar as ideias ergueu a mão fazendo sinal para um táxi, mas o namorado a alcançou antes dela ela entrar no carro amarelo. Ele a empurrou contra o veículo, prendendo-a e impedindo-a de entrar no mesmo.

– You can’t do that. Don’t leave me. Don’t leave me. – o homem pedia como uma criança desesperada.

– Don’t fucking touch me! Let me go!

– Please Megan. I need you. – os lábios dele começaram a tremer. Seu rosto consternado. – Please don’t leave me.

– I said get off me! – ela lhe deu um murro nas costelas, fazendo-se livre e entrando no táxi.

Oliver tinha seus olhos castanhos escuros nos dela. Suplicando perdão. A mão na costela direita.

– I love you. – as palavras saíram amarguradas. - Please, I love you!

Megan mordeu o lábio inferior e olhou para frente pedindo para o carro seguir. Oliver correu chegando a bater na traseira do mesmo, mas logo ficou para trás.

– I know you do. – ela disse com os olhos na janela. – I know.

O cheiro que preenchia o ambiente era forte, escondendo até o forte odor de Linus. Fazia algum tempo que o perfume Hugo Boss estava esquecido em seu armário, mas naquela noite ele precisava usá-lo, mesmo que tivesse sido um presente de Megan Parker.

Davi se olhou uma última vez no espelho. Vestia um de seus paletós de tweed, a forma como mais se sentia confortável e elegante ao mesmo tempo, e verificou se tinha tudo de necessário nos bolsos. Chaves? Ok. Carteira? Ok. Revista? Revista.

A Vogue de setembro estava sobre a mesinha da sala. Parecendo gritar por sua atenção. Davi se virou. Tentou ignorá-la. Mas Megan o chamava. Passara o dia inteiro levando-a para cima e para baixo, mas não conseguira abri-la. Não conseguia ver fotos do casal perfeito.

Por fim pôs a revista embaixo do braço e deixou o apartamento fazendo um último carinho nas orelhas grandes do Golden retrivier que balançou o rabo numa esperança de acompanha-lo.

Vinte minutos depois ele chegava ao Bambu, um restaurante especializado em frutos do mar que recebera um prêmio pela revista VEJA em algum ano recente. Ele lembrara-se do lugar quando precisou marcar o encontro, mesmo que nem realmente conhecesse a pessoa.

Isso é ridículo. Pensou uma última vez antes de entrar no estabelecimento.

Quando Marcos Ferreira, um colega da Brazuca, chegou para ele há três semanas sugerindo que ele conhecesse uma amiga dele, Davi não deu muita importância a sugestão, porém após mais uma tarde melancólica assistindo National Geographic torcendo para sair alguma notícia OLIVER MOURET MORRE EM ACIDENTE, ou algo do tipo, resolveu dar a si mesmo uma chance.

E ali estava ele. Sentado em uma mesa esperando uma mulher misteriosa que Marcos se recusara em mostrar até sua foto. Precisava seguir as regras do blind date. Aquilo não era muito justo, já que a moça deveria saber quem ele era, mas o colega jurara de pé que não mencionou quem era o homem que iria encontra-lo no restaurante.

Meio desesperada, né? Disse a si mesmo, antes de cair em si que ele mesmo cabia nessa descrição.

Enfim, uma mulher entrou no lugar seguindo as indicações. Um vestido azul marinho e salto dourado. Ela usava uma pulseira na mão direita. Quando o olhar dela pousou nele sua boca se entreabriu em uma expressão surpresa. Pelo jeito, realmente era um blind date.

Blind Soul era uma boate V.I.P. Para entrar, você no mínimo precisaria de uma menção na People, ou algo similar. E lá no meio dela, ao som de algum DJ careiro, Megan Parker dançava freneticamente. O corpo incitado pelo pó cheirado mais cedo e a bebida que subia e descia em seu sangue. Afogando as mágoas.

I love you. I love you. I love you.

A voz soava em seus ouvidos, clara, como se ele estivesse ali agora, mas não estava. Oliver Mouret deveria estar nesse exato momento surgindo na tela das televisões dos Estados Unidos. Impecável em um terno vermelho. Esbanjando seu charme.

Megan virou mais um copo. Como queria amar menos. Pensara que tinha aprendido com Davi, mas parecia que estava destinada a se entregar mais do que deveria. Não que Oliver fosse diferente, na verdade, eram muitos parecidos. Carnais. Dependentes. Dramáticos.

Ele a amava tanto quanto ela a ele, disso ela tinha certeza, algo que nunca acontecera em seu tempo com o hacker brasileiro. O problema era que era uma pessoa complicada com necessidades complicadas. Poucos sabiam os demônios que o cantor escondia debaixo da pele branca. Do quanto ele passara para chegar ali. Do quanto a poetize posta em suas canções eram frutos de traumas e dores. Experiências que criaram um homem desejável, apaixonante, mas autodestrutível. Os dois eram.

– Love is never easy. – cantou, como se realmente fosse uma música.

Começara a namorá-lo logo depois que se conheceram. Não precisou de mais de três semanas para quando voltando ao seu apartamento em Nova Iorque encontrar Oliver escondido no meio de um mar de rosas arroxeadas no lugar. Ele beijou seus pés e foi subindo até chegar até sua pélvis, descansou o rosto lá fazendo a moça rir.

– Do you wanna marry me?

– What?! Are you insane?

Ele deitou nas rosas risonho.

– I knew you would say this, that’s why I have a plan B. Ok, let’s go.

E ele repetiu o ato. Beijou seus pés e subiu até sua pélvis.

– Do you wanna date me?

Oh God. Megan voltara a chorar. Como queria tê-lo perto.

– Megan? Megan?

Os olhos castanhos da loira seguiram até o suporte do DJ. Lá, usando o microfone do homem, Oliver chamava por ela. Usava seu terno vermelho. O cabelo bem penteado. E o programa deveria estar passando naquele momento.

– Hi, someone is seeing Megan Parker?

Uma luz a atingiu, revelando-a na multidão. Ao encontra-la, ele abriu a boca, descendo em um pulo desconcertado que quase o fez se acidentar. Megan revirou os olhos e começou a se distanciar em direção ao banheiro para fugir do namorado. Mas nem mesmo o local serviu para impedi-lo de se aproximar. O homem entrou no lugar.

– What are you doing here?

– I need to talk to you.

– What is this guitar for?

Oliver olhou para o violão pendurado em seu peito que trazia. O mesmo o machucara quando tropeçara do canto do DJ.

– I need to sing to you.

– No, no! Get the fucking out of here, this is the girl’s restroom! I’m going to scream!

– C’mon blondie, don’t be like this. Please.

– I don’t want to hear another crappy apologize song. – xingar a qualidade musical de Oliver era uma ação boba dirigida ao novo John Lennon do século XXI.

– Ok... Ok...

Ela não entendeu. Ele realmente desistira tão fácil? Oliver se distanciou, os braços levantados em sinal de paz deixando o banheiro.

Ok, better. Better. Megan se apoiou a pia do banheiro. Sua cabeça girava. Ela precisava comer alguma coisa.

– But you can’t forbid me from playing here. – a voz do francês ecoou do lado de fora. Oh no.

A guitarra passou a badalar. Cada nota lhe atingindo como um estrondo. Porque ela reconhecia aquela música. Sua mãe ouvia bastante. Era de um gênio musical. Um ídolo do Brasil. E quando as palavras saíram de sua boca foi como se ela levasse um tapa. O sotaque francês forçado no português, mas estava bonito, esforçado.

– Amor da minha vida. Daqui até a eternidade. Nossos destinos foram traçados na maternidade.

Na pausa da música Megan não se conteve e irrompeu de volta ao clube, mas o homem não estava mais ali. Ela o procurou, mas só estranhos a circundavam.

– Paixão cruel, desenfreada. Te trago mil rosas roubadas. Pra desculpar minhas mentiras, minhas mancadas.

Ele voltara ao palco. As pessoas batiam palmas animadas, mesmo sem entender a letra, mas ela entendia. E ele também.

– Call Megan, guys! – ele pediu, e um coro a chamou na Blind Soul.

A luz voltou a pousar sobre ela. Mas agora ela sorria. Oliver sorria também.

– Ok, now bring her to me.

Antes que ela pudesse pensar no que aquilo queria dizer, mãos a pegaram colocando-a deitada e passando-a acima de inúmeras cabeças. Megan tinha os olhos arregalados e tentava não mostrar nada abaixo da saia cintilante.

– Exagerado. Jogado aos teus pés. Eu sou mesmo exagerado. Adoro um amor inventado.

Ela chegou ao destino e foi empurrada para perto de Oliver. Ele sorriu para ela com a boca encostada ao microfone.

– Eu nunca mais vou respirar, se você não me notar. Eu posso até morrer de fome, se você não me amar. – ele cantou e um calafrio perpassou o corpo dela. Como aqueles lábios eram gostosos. – E por você eu largo tudo! Vou mendigar, roubar, matar... Até as coisas mais banais. Pra mim é tudo ou nunca mais!

Palmas ecoavam lá debaixo. Ela só se concentrava nas mãos frenéticas tocando o violão.

– Exageradoooo! Jogado aos teus pés! – os joelhos do homem caíram, fazendo um baque. Seu rosto não demonstrou a certeira dor. Ele continuou a encarando. - Eu sou mesmo exagerado! Adoro um amor inventado!

Megan se jogou no corpo dele, unindo seus corpos em um beijo sedento. Ele pôs o violão para trás e quando se levantou a ergueu, e a girou no ar. A plateia foi ao delírio.

– But and what about Jimmy Fallon?

– Don’t ruin our moment, future Mrs. Mouret. – ele brincou como se a reprovando. Aquele era o modo como ele a chamava nos seus momentos de maior inspiração: future Mrs. Mouret. Afinal, Megan Parker era a musa do homem.

Ele desceu do palco com maior habilidade e calma dessa vez, erguendo os braços para que Megan pulasse em sua direção, e ela obedeceu. Oliver a levou em seus braços ao som de uma ovação generalizada.

Os dois entraram no carro dele. A capota retraída e o céu acima de suas cabeças. Ele acelerou e a moça ficou em pé, com os braços erguidos nos ar. Gritando de alegria. Minutos depois estavam estacionados perto do central park, deitados no banco traseiro. Oliver chupava seu seio com as mãos agarradas aos cabelos loiros da moça. Os vidros do carro estavam embaçados de suor. Ela gemia alto, e mais ainda quando ele enfiou os dedos em sua vagina.

– AAAAAAAAH! – a mulher gritou em seu clímax, caindo deitado ao seu lado na cama.

Davi não gostava muito de ficar por baixo, mas não conseguiu tomar outra atitude por seu jogado no móvel. Carla ofegava ao seu lado, e se enroscou a seu corpo parecendo contente com o resultado da noite. Ele também não podia reclamar.

Tiveram uma conversa até que em alguns momentos profundas. Aparentemente ela o achara muito engraçado, porque rira de todas as suas piadas. Davi nunca se achara tão bom nesse quesito, mas tinha um talento para tiradas irônicas que funcionavam aqui e ali. De repente, após pedirem a conta ele notou que a noite poderia demorar um pouco mais quando sentiu um pé roça em sua perna. E agora estava ali, com uma conhecida recém desconhecida dormindo recostada a seu corpo.

Ele se levantou tentando não fazer nenhum barulho e caminhou pelo apartamento escuro e solitário. Ao chegar a sala olhou para a mesinha em busca de avistar a Vogue jogada ali, mas não a encontrou. Sentiu uma momentânea aflição e rapidamente vestiu um roupão, pegou as chaves do carro e desceu até a garagem.

No Peugeot a revista estava caída sobre o tapete. Ele a pegou encarando de frente e sem medo o casal. Rasgou o plástico que envolvia e seguiu até a página que o índice indicava como matéria da capa.

Como odiava aquele homem. Como odiava aquelas fotos. Aqueles toques registrados pela câmera em ambientes claramente românticos em Paris.

O mais engraçado é que há um ano atrás ele ouvia Crystal Noir o tempo todo. Considerava Oliver Mouret a salvação da música contemporânea. Mal sabia ele que quando descia na Gares du Nord segurando um adorável buquê de rosas arroxeadas que seria recebido por uma Megan acompanhada.

– Oh my! Davi, são para mim? – ela perguntou encantada recebendo as flores do amigo.

– Sim, claro. – ele respondeu com um sorriso fraco. Olhou para Oliver a sua frente de relance, e viu que era observado. Droga, droga... O que eu faço? O que eu faço? Megan só cheirava suas flores parecendo esquecida num limbo perfumado.

Por fim, o cantor pareceu cansar de esperar.

– Hi, I’m Oliver. Oliver Mouret. – ele estendeu a mão para Davi que a segurou empolgado.

– Hi, I’m Davi Reis. – disse de um jeito meio bobo.

– Oh, I’m sorry. Davi, Oliver. Oliver, Davi. – ela os apresentou animada. – Davi is a businessman, Oliver. He is a nerd very important to Brazil. Like my dad, but without the criminal stuff.

– Oh! – ele disse parecendo impressionado e Davi sorriu instantaneamente. – I’m a singer.

– I know! I mean... I love your work!

Oliver sorriu agradecido.

– Thank you, I don’t know what you do by now, but I already know that I’m going to love it.

Os três riram, mas rapidamente o sorriso se amargou nos lábios de Davi. Os braços do francês envolveram a cintura de Megan. E ela parecia feliz, muito feliz.

Ele voltava a rever a mesma cena olhando para a última foto do casal na revista. E por mais que uma bela mulher estivesse deitada em sua cama, e que o fizesse sentir prazer naquela noite... Ele trocaria tudo aquilo por um misero e-mail de Megan. Só mais um.


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Notas finais do capítulo

Bom, não consegui postar nem um capítulo ontem, imagina dois kkk Mas pelo menos Rosas arroxeadas saíram hoje. Espero que gostem!
Como eu já disse a fanfic tem um site, aqui: http://stepspc.wix.com/americangirl. Pra quem quiser conferir trilha sonora. Também postei um video Megan/Oliver e a capa da revista que eles estamparam. (demorei um tempão pra fazer essas coisas então vejam por favor kkk)
Quem quiser falar comigo meu twitter: @italydogerry.
Comentem galera e obrigada por todos os elogios... O QUE ACONTECERÁ NO PRÓXIMO CAPT??? Segurem os forninhos que vai ser pesado.