A festa estava no seu auge. Os campistas gritavam e dançavam, certamente bêbados. Luzes para todos os lados, uma fumaça com um aroma doce e um forte odor de álcool. Luke estava acostumado com isso, sempre frequentava festas assim. Porém, naquele dia, algo estava errado, ele não se sentia bem estando ali, faltava alguma coisa.

— Merda! — murmurou o garoto após virar um copo cheio de vodka em sua garganta.

Saiu do refeitório as pressas, passando por sua turma – Travis, Connor, Katie e Annie – que se divertia como qualquer grupo de adolescentes. Luke suspirou.

Assim que já estava fora daquele lugar, correu para perto de uma árvore e vomitou todo o álcool que havia bebido durante a festa. Seu estômago não era fraco, mas ele misturara muitas bebidas e não comera nada.

— Merda. Tudo bem aí embaixo, loirinho? — ouviu uma voz. Luke procurou por alguém, mas não vira nada além de árvores e um casal perto do refeitório, se beijando loucamente. Até que prestou atenção no "embaixo" e olhou para cima.

— Thalia? — perguntou ele erguendo a sobrancelha. A garota de olhos azuis estava sentada no segundo tronco da árvore, o encarando com um sorriso escondido. — O que está fazendo aí?

— Estou observando a estrutura do refeitório de longe — falou, num tom irônico. — Só quis dar um tempo. Sobe ai.

Luke sorriu ao saber que ela queria que o mesmo subisse. Com um pouco de medo que o álcool desordenasse seus pensamentos, subiu na árvore bem devagar. Chegou ao tronco no qual Thalia estava sentada e se posicionou ao lado da garota.

— Que tipo de ser dá uma festa e fica apenas observando-a ao invés de participar? — perguntou Luke, encarando a garota que tinha os olhos brilhando graças as luzes do refeitório.

— Eu — respondeu Thalia, rindo.

— Por que está aqui? — ele perguntou.

— Não estou tão animada para festejar do jeito que pensei que estaria.

— É, eu também não — murmurou Luke. — Está tudo bem?

— Eu quem te pergunto. Não sou eu que há cinco minutos estava botando tudo pra fora atrás dessa árvore. — ela mordeu o lábio e soltou uma curta risada. Aquilo mexeu com Luke.

Ele sempre tivera uma queda por Thalia. Desde o primeiro ano em que veio para o acampamento e seus olhos se encontraram com os delas, tudo mudou. Ela sempre foi um posso de arrogância e grosseria, e era isso que mais chamava a atenção dele. Mas esse amor platônico não impediu Luke de viver sua vida. Ele já se apaixonou e já até namorou sério, porém sempre reencontrava Thalia e os sentimentos sempre voltavam. Tinha algo a ver com atração física, ele havia deixado claro para todos ali ano passado que a achava uma gostosa, tanto que os dois já tinham ficado, mas se era só isso, por que seu coração sempre disparava quando a garota sorria? Será que ele estava apaixonado? Bem, Luke não tinha certeza disso. Naquele momento, a presença de Thalia o hipnotizava, ele não conseguia parar de olhá-la e ouvir a música que a garota fazia quando a mesma ria. Talvez ele estivesse apaixonado por ela, ou talvez não. Mas ele não queria pensar nisso agora, só queria aproveitar o fato de que ela estava ali, ao seu lado.

— Estou com um pressentimento ruim — ela falou, encarando os pés enquanto movia as pernas. — Mas parece que não é sobre mim.

— É um pouco confuso — Luke a respondeu. — Mas vindo de você, chega a ser normal.

— Você me acha confusa? — Thalia deixou de encarar os tênis e olhou para o garoto, sorrindo. Ela estava diferente hoje, muito diferente. Estava totalmente meiga, algo que Luke nunca pensou que veria. Thalia Grace meiga! O mundo estava acabando?, pensou o garoto.

O loiro parou por um instante e tentou pensar. Ele a achava confusa? Na verdade, aquela garota era um poço de mistério para ele. Luke não conseguia desvendar seus pensamentos pelas suas ações ou por seu olhar, ela o fazia curioso, o fazia querer saber mais sobre ela. Ele não a achava confusa, a acha algo indecifrável, mas certamente não falaria isso a ela.

— Você é estranha — ele falou rindo. Ela fez uma cara de surpresa, não esperava que ele falasse isso. — Mas eu também sou. Devíamos fugir juntos, nos casar e criar dois filhos estranhos; talvez adotar um cachorro estranho, não sei.

— Você é louco garoto — Thalia disse gargalhando.

— Você também é — respondeu Luke, fascinado com o modo como a garota ria.

Com isso, ambos começaram a ser encarar. Seus olhos estavam tão conectados que nada poderia tirar sua atenção. Delicadamente, Luke tocou o rosto dela, e a mesma se aproximou do garoto, roçando os lábios nos dele. Um beijo se formou de forma lenta, seus movimentos agiam em harmonia.

— Sabe que a gente pode cair dessa árvore a qualquer momento, não é? — Thalia perguntou baixinho, enquanto segurava a risada.

— Você quer descer? — ele perguntou com uma cara de preguiça.

— Não... — ela respondeu, com certa dúvida.

— Então pronto.

O casal voltou a se beijar; um beijo lento e suave. Suas bocas se encaixavam perfeitamente em qualquer ângulo que a colocassem, era algo único entre os dois. Porém, como nada dura para sempre – ou por mais de cinco minutos – um berro interrompeu-os.

— Que lindo os dois pombinhos! — ouviram a voz de Travis e olharam para baixo.

— Merda! — sussurrou Luke.

— Vocês tão querendo foder ai em cima? — Travis gritou novamente. — Vai dar merda, hein.

— Merda! — sussurrou Thalia, imitando o loiro.

— Vocês só falam merda nessa merda, isso é combinado? — perguntou Travis, rindo.

— Não é da sua conta — Thalia mostrou a língua para o garoto que os encarava da grama.

— Talvez merda venha a ser o nosso para sempre — Luke piscou em direção à morena.

— Cale a boca — respondeu Thalia, gargalhando. — Vocês são otários mesmo.

— Senhor Castellan, será que você pode descer? — Travis mudou o tom de voz, porém ainda gritava para que seu amigo o ouvisse.

— Se não percebeu, eu estou ocupado aqui — o loiro o respondeu.

— Temos uma pegadinha para fazer — Travis apontou para trás de si mesmo.

Luke olhou para as três pessoas paradas atrás de Travis, duas estavam claramente bêbadas. Ela já sabia o que Travis queria fazer.

— Estou indo — murmurou enquanto começava a descer da árvore. — Essa será a pegadinha do século.

Assim que chegou à grama, Luke olhou Thalia pela última vez, que apenas os observava da árvore.

— Merda? — Luke gritou.

— Merda!