EarthMoon - Interativa escrita por Calm


Capítulo 9
Maio — 5ª Parte


Notas iniciais do capítulo

Se estava pronto, por quê não postar logo hoje, correto?
Fiquei bastante satisfeito com esse capítulo, espero que gostem tanto quanto eu.



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Laryssa POV

– Ei, ei. Não precisa ter medo de mim. - Hugo lançou novamente aqueles sorrisos bestas dele. Depois de falar isso, ficou de cócoras para ficar no mesmo campo de visão que eu.

Continuava sentindo aquela pontada no tórax. Estava bastante frágil naquela situação, apesar de antes de ser presa aqui ainda ter uma pinta de esperança de que aquilo tudo fosse um mal entendido, não conseguia parar de pensar em Hugo como alguém que não veio com boas intenções.

– Não se mexa. - Hugo falou duramente comigo, retirou uma das algemas que prendiam um dos meus braços e prendeu em outro cano. Fez isso com o meu outro braço logo após. Fiquei com os dois braços juntos pelos pulsos, e levantados para cima.

Começei a chorar. Não me lembro de ter sentido tamanha angústia depois daquele dia. Hugo estava mexendo no meu tórax, meu abdómem e no meu peito, apesar de não sentir muito bem; não conseguia engolir direito que ele estava fazendo aquilo comigo.

Talvez eu tenha errado ao me querer fazer amizade com ele...

No meio de meus dolorosos pensamentos, senti uma mão no meu rosto em um gesto delicado enxugando as minhas lágrimas. Abri meus olhos que estavam fechados até então. Hugo estava com segurando meu rosto com suas mãos enquanto limpava minhas lágrimas.

– Não chore. Vai ficar tudo bem. - Ele me transmitiu está mensagem com aquela voz de calma.

– M-Mas...

– Vai ficar tudo bem.

Depois daquilo, não estava mais entendendo nada. Minha mente estava uma confusão em relação ao que estava acontecendo exatamente. Mas aquelas palavras foram suficientes para inibir minha lágrimas de caírem e meu corpo a relaxar, embora ainda estivesse sentindo um pouco de temor.

Talvez eu tenha o julgado erroneamente naquela hora, no colégio...

...

– Ei! Recebemos uma denúncia anônima de onde os desaparecidos podem estar! Vamos rápido! - O chefe dos policiais anunciou, e os soldados ficaram a postos, preparados para ir.

– Pronto. - Khal desligou o celular. - Agora você me perdoa e guarda segredo sobre tudo isso?

– Fica frio. - Ayesha respondeu.

– Me perdoe... Isso vai ser melhor para você... - Khal sussurrou baixinho para si mesmo, se referindo a pessoa que havia o convencido a praticar tudo aquilo que fez; e não se orgulhava.

...

– Ufa, acabei. - Hugo declarou, limpando o suor de sua testa. - Essa coisa era um colete que tinha algumas lâminas e algo para lhe rastrear... Foi difícil retirar isso de você.

Ouvi o barulho de algo pesado caindo no chão, ao mesmo tempo que senti minha respiração melhorando bastante e um grande peso sendo retirado de meu corpo e um alívio instantâneo depois de que ele retirou as algemas. Desabei o meu corpo sob os ombros de Hugo, estava exausta e cheia de dúvidas.

– A-Até... Até agora eu achava... Que você só era um cara bobo e relaxado... Mas agora eu não entendo mais... Me explica Hugo, eu quero saber... Quem é você? - Falei exausta, tomando ar a cada palavra.

Primeiro, Hugo me olhou um pouco surpreso. Depois, voltou com o seu sorriso bobo de sempre.

– É hora de irmos... - Hugo falou delicadamente para mim. - A polícia está vindo.

Era verdade, o som de sirenes se aproximava cada vez mais de nós, pois o barulho aumentava. Me levantei junto de Hugo, mesmo ainda estando fraca. Fui com ele até o corredor, onde pude ouvir vozes chorosas e desesperadas de outras pessoas, inclusive do que me pareciam ser pessoas ainda novas...

Tinha uma moto encostada no corredor, onde já conseguia ver algo e não naquela penumbra. Era uma moto grande, e parecia bem boa. Percebi que o feixe de luz que iluminava francamente aquele quartinho vinha do capacete que Hugo tinha no braço. Ele montou na moto, e me fez um sinal para subir também.

– Só tenho esse meu capacete. Se segure, ok? - Ele falou para mim, e colocou o capacete logo após.

Hugo arrancou na moto, subiu as escadas daquela casa velha e manobrara para sair pela porta, que por sorte estava aberta. A polícia já estava do lado de fora, mas a aceleração da moto já era o suficiente para conseguirmos sair rápido o suficiente. Jogou o capacete fora logo depois.

Caímos na estrada. Ele estava curvado, provavelmente pela aerodinâmica. Eu estava semi-deitada, me abraçava em suas costas. Tanto pela sensação de segurança tanto por conta do conforto que sentia. De vez enquanto, sentia que iria cair por causa das manobras que eram feitas e da velocidade. Mordia meu lábio essas horas.

– Não é gostoso? - Hugo me perguntou. - Esse vento no rosto... Essa liberdade...

Quando Hugo me falou aquilo. Me soltei de suas costas, e mesmo com o risco possível de cair, deixei minha costas retas. Fechei os olhos e senti o vento bater em meu rosto. Era uma sensação incrível.

Abrindo meus olhos, via as luzes dos prédios e postes indo e vindo naquela estrada deserta. Nenhuma alma perdida, além de nós. Passando por túneis, viadutos, estradas... Parecia que nunca chegaríamos ao nosso destino. Mas naquela hora, eu realmente desejava que nós não chegássemos em nosso destino. Aquele momento... Eu nunca senti nada igual ao momento que estava vivenciando agora.

Começei a rir. Não porque achei algo engraçado; começei a rir de tamanha felicidade que estava sentindo naquele momento. Meu riso pareceu ter atingindo Hugo, que também começou a rir. Passamos mais uma boa parte do tempo da estrada desta maneira; rindo aparentemente sem motivo.

Foram mais ou menos duas horas de estrada. Era cerca de meia-noite quando chegamos na esquina dos portões do colégio. Hugo não chegaria muito perto provavelmente para não ser vista em uma moto sem idade e nem carteira para dirigir, mesmo com sua habilidade. Desci da garupa; ele não.

– N-Nos vemos amanhã na aula... - Ainda estava um pouco cansada por conta de tudo aquilo que havia acontecido na última hora.

Hugo não me respondeu prontamente, ficou com aquela face de que estava procurando algo, e depois soltou uma curta risada. Ele saiu da moto e me deu um beijo. Foi um beijo na bochecha, com quase dez segundos de duração. Não consegui reagir certamente durante e depois desse beijo, apenas deixei-me levar.

Quando acabou, sem dizer nenhuma palavra, Hugo novamente montou na moto e desapareceu na estrada; na escuridão da meia-noite.

...

Dia 31 de Maio. Falta pouco para se completar duas semana desde o incidente que abalou o colégio e vários terráqueos. Serviu para aumentar os discursos xenofóbicos, que defendiam o fechamento do colégio e a distância entre os governantes da lua e da terra.

No mesmo dia, no colégio, parecia que nada daquela magnitude havia ocorrido há tão pouco tempo; na verdade nem chegava a parecer que havia ocorrido em qualquer espaço de tempo. Terráqueos e Lunianos voltaram a se implicar, amigos voltaram a sair juntos tranquilamente, o clima de paz havia se instalado; e num ritmo que indicava que seria duradouro.

O responsável, melhor dizendo a responsável, pelos ataques era a irmã mais nova do Luniano que fora morto. Ela fora encontrada morta na sala da casa abandonada quando a polícia invadiu o lugar; foi um suicídio, ela se esfaqueou no coração. Ao lado do corpo, um bilhete.

"Me desculpem, amigos Terráqueos e Lunianos. Eu deixe minha mente ser consumida pela vingança de descobrir quem matou o meu irmão, e dar o mesmo a este indivíduo. Porém, eu abri meus olhos tarde demais... O meu irmão era pacifista, apesar de ter surtos de raiva de vez enquando...mele deve estar se revirando no túmulo, com vergonha do que estou fazendo, neste momento... Espero que eu consiga me desculpar com ele. Mas se eu não conseguir, me desculparei logo com vocês..."

O Luniano assassinado que deu origem a enorme confusão tinha pouco mais de dezessete anos. A Luniana que tentou encontrar o assassino de seu irmão tinha quinze anos. A irmã mais nova dos dois, de doze anos, foi enviada de volta para a lua, por sua própria segurança. Os únicos mortos foram aqueles três; os outros foram retirados com ferimentos, alguns leves e outros fortes. Mesmo sem ter sido descoberto o autor do primeiro assassinato, o caso foi dito como encerrado. Khal e Hugo não foram conectados aquele crime.

– E aí, Lary? - Ayesha entrou na minha sala de aula antes das aulas começarem, mas nem ouvi direito. Encarava continuamente, a cadeira ao meu lado, a cadeira que estava ao lado da janela e ainda com livros embaixo dela.

Hugo sumiu depois daquele dia. Não apareceu mais no colégio, não atendia as ligações nem ao mesmo do colégio, não respondia a e-mails... Era como se ele tivesse sumido do mapa após aquela noite, na qual guardei segredo de todos para proteger tanto a ele e tanto a mim.

Dia após dia, eu ainda quero saber o significado daquele beijo...
Dia após dia, eu ainda espero a carteira ao meu lado ser novamente ocupada por aquele sorriso despreocupado com tudo que acontece.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da conclusão de Maio, eu pessoalmente gostei bastante.
Agora sim no próximo será Junho!
Não sei se postarei amanhã, talvez sim, mas vou dar uma dica.

"Em Junho começaram as competições esportivas e teóricas entre os colégios, um deles será o EarthMoon!"