Puxo o ar para dentro do meu pulmão e o solto em uma tentativa de me acalmar. Não posso fazê-lo se sentir mal, tenho que me controlar hoje. Estou há apenas um passo da porta de seu quarto e minhas mãos tremem ao segurar a maçaneta.

Connorolha para mim e apesar de sua expressão triste ele abre um pequeno sorriso. Tento retribuir o sorriso apesar do aperto em meu coração. Não vou chorar, não posso.

- Como você está se sentindo hoje? - Pergunto em uma falsa tentativa de fazer o aperto diminuir.

- Como sempre eu acho. - Ele diz baixo e indiferente.

Ah, isso me faz quebrar! Vê-lo assim, meu irmão que sempre sorriu em qualquer que fosse a ocasião, aquele que sempre me ajudou e sempre me fez rir, sem esperanças. Olhei para ele e sorri, eu não consigo pensar em nada para dizer... nada que possa realmente ajudá-lo a tirar tudo isso de sua cabeça e fazer com que ele dê aquele sorriso enorme e conte uma piada sem graça.

Connorse você soubesse... se você soubesse como eu queria poder salvá-lo! Tirar toda sua dor e pegá-la para mim. Eu tenho tantas coisas para te dizer, irmão, tantas coisas não ditas. Eu não vou desistir, não vou desistir até que isso acabe.

- Como estão todos? - Ele perguntou quase sussurrando.

É sempre assim, ele não tem mais forças para falar normalmente, geralmente tem que falar baixo. Isso... ele está tão magro que quase posso ver seus ossos por trás da pele fina, não tem mais nada que possa ser extraído dele, nem por fora nem por dentro.

Eu queria tanto fazer alguma coisa... fazer alguma coisa para que você se sinta melhor! Eu faria, faria qualquer coisa! Queria poder encontrar a resposta do porquê de ele ter que sofrer tanto, talvez eu pudesse ao menos entender.

- Estão bem. - Respondo. Ele sorri. - Sabia que aAnnabethescorregou e tomou um tombão na lama? Foi tão engraçado! Eu queria ter filmado para você poder ver.

Connorri. É uma risada bem fraca, mas mesmo assim ele ri e isso me deixa um pouco melhor. Logo depois ele tosse, o que me faz voltar a realidade de que não está tudo bem.

- O médico disse que minha cirurgia está marcada para as três. - Ele disse sussurrando. - Que horas sãoTravis?

- Duas e meia. - Eu disse, agora mais do que nunca tentando esconder o que eu estava sentindo.

- Estou feliz, essa cirurgia vai aliviar tudo, de um jeito ou de outro. -Connordisse sorrindo. Senti uma pontada atrás de meus olhos, mas segurei as lágrimas com todas as minhas forças.

-Connorse isso te levar para sempre eu quero que você saiba que... - Hesitei, não sabia se poderia falar e não chorar ao mesmo tempo. - Que se você cair eu vou te tirar do chão, se você perder a fé em si mesmo eu te darei força mas... - A essa altura eu já estava chorando e minha voz saia rouca e embaralhada, mesmo assim eu prossegui. - Me promete que não você não vai desistir de viver, porquê eu vou estar esperando,Connor! Eu...

Não consegui continuar pois meu choro não deixava. Acho que eu nunca tinha chorado tanto assim em minha vida, chorava como uma criança e não me importava com isso.Connorsegurou minha mão e olhei para ele, algumas lágrimas caiam de seus olhos mas ele não parecia se importar.

- Eu te amo,Connor! - Eu disse num fio de voz.Connorriu e chorou ao mesmo tempo.

Alguns enfermeiros entraram no quarto seguido de minha mãe. Ela tinha cedido para mim o que poderiam ser os últimos minutos deConnor. Ele apertou minha mão assustado e começou a ofegar. Devolvi o aperto mostrando que eu estava ao seu lado e então me tiraram bruscamente de perto dele.

-Connor! - Praticamente gritei, um soluço escapou de meus lábios. E tudo que pude ver antes de levarem ele do quarto foi sua boca se mexendo.

- Também te amoTravis.

Sentei no chão sem forças para levantar enquanto chorava ainda mais do que antes. Eu estou com medo, e se meu irmão nunca mais sair de lá? E se eu nunca mais puder ver seu sorriso torto sempre que uma pegadinha dá certo? E se eu nunca mais puder ouvi-lo falar?

Minha mãe me abraçou, ela também chorava.

"Eu queria poder salvá-loConnor"

~^~

Connorjá estava lá dentro faziam duas horas e eu estava quase explodindo de tanta aflição. Ele é uma parte de mim, se eu o perder vai ser pior que perder um braço, uma perna. Vai ser como se tirassem metade de meu coração.

Eu estou andando de um lado para o outro no corredor e minha mãe pede para que eu me acalme. Vi Katie se aproximando, ela me abraçou e me senti um pouco mais protegido.

- Calma, tá? - Ela sussurrou em meu ouvido. - Vai ficar tudo bem, ele é oConnor, provavelmente ai sair da cirurgia com um sorriso no rosto e dizendo que está com fome.

Sorri com a tentativa dela de me acalmar.

Ela me fez sentar e se sentou ao meu lado, segurando minha mão. Mais meia hora se passou e nenhuma notícia dele, até que o médico saiu. Me levantei num pulo olhando esperançoso para o doutor.

- Família doConnorStoll? - O médico perguntou. Eu concordei sem paciência. - Felizmente a cirurgia foi um sucesso, o garoto é mesmo muito forte!

Comecei a chorar de novo, mas dessa vez de alegria. Um sorriso se fez em meus lábios, um sorriso que poderia rasgar minha bochecha.

- É, ele é. - Eu disse entre os soluços. Katie me abraçou feliz e minha mãe soltou sua respiração.

- Quando vamos poder vê-lo? - Ela perguntou.

- Ele está acordando ainda, mas podem vê-lo. - O médico disse. Eu praticamente corri em direção á porta.

Connorestava meio sentado meio deitado na maca um pouco grogue por causa da anestesia. Ele olhou para nós e sorriu de canto.

- Será que tem comida nesse hospital? - Ele perguntou. - Eu estou com fome!

Rimos, Katie estava certa afinal.