POV Spencer

   É difícil ter que fazer Carly lembrar de tudo. Dá terra se abrindo sobre nossos pés, dos gases que surgiram, de pessoas morrendo em todo o mundo e no fim, de poucos países ainda de pé. Já fazem três semanas, mas parece um ano. Um novo governo se estabeleceu tão rápido como formigas atrás de açúcar. Cercas elétricas foram colocadas em quilômetros e mais quilômetros impedindo que os mais pobres cheguem nessa área... e a desculpa usada foi que sacrifícios seria necessário nesse momento e sabe o mais engraçado? A pirâmide continua. Os que estão atrás da cerca tem que produzir para a capital (como é chamada o novo pais) para poder conseguir ao menos o que comer. E palavra após palavra tenho que mostrar essa realidade para minha irmã.

   Depois de alguns dias, finalmente posso levar Carly e Sam para casa. Ainda está lá, nosso apartamento só que agora modificado. Na entrada, um grande salão com o chão liso e vários sofás vazios. Não existe mais porteiro, apenas scanners faciais. Nosso elevador é ainda mais rápido que o antigo e logo estamos em casa.

POV Carly

   Nossa nova casa... eu não consigo reconhecer nada. Claro, ela está ainda mais linda que antes. Uma grande sala com televisão e dois grandes sofás aconchegantes. Moveis novos, a cozinha com espaço para várias pessoas e meu quarto? Bem maior do que eu poderia pensar. As fotos dos meus amigos estão coladas em uma grande parede, o cenário do Icarly está montado e eu sei que Spencer tentou deixar tudo o mais parecido com nossa antiga casa, mas eu carrego um vazio que não sei como aguentar. Me jogo na cama e logo em seguida, Sam também aparece.

— Está tudo errado – Ela diz enquanto bufa.

— Nem me diz! Parece que tudo foi arquitetado. Como em uma semana um governo já se estabelece e faz algo tão... – Deixo o restante da palavra soar pelo ar.

— Eu não sei. Mas algo realmente deu errado nesse processo. Sabe o que é o pior? Até agora não temos noticia nenhuma sobre o Freddie.

— E sobre o Gibby?

— Do outro lado da cerca. Eu conseguir falar com ele alguns dias antes deles cortarem a comunicação e ele disse que a situação lá é cruel. Tudo o que eles têm são poucas coisas. Para ele, Freddie está morto e enterrado. – Ela faz uma pausa.

— Freddie não pode estar morto, Sam. Me recuso acreditar! – Sam abaixa a cabeça, se levanta e estica a mão para mim.

— Vem, quero te mostrar uma coisa.

POV Sam

   eu queria ter tanta força de vontade como a Carly para acreditar que Freddie ainda está vivo. Mas quando eu finalmente conseguir me conectar com o Gibby, eu tive que tirar a dúvida. Dessa vez, apenas dou a Carly o capacete e logo ligo a moto e assim que ela senta na garupa, começo pilotar pela Capital. As ruas se tornaram estreitas e grandes prédios tomam grande parte da visão. Mas se você fazer um pouco de esforço, consegue enxergar as grandes cercas eletrônicas ao horizonte.
   Passamos pela Avenida Torres e logo estamos no coração da Capital. O comercio se estabeleceu de forma ainda precária, mas dar para ver muitas pessoas já comprando, indo trabalhar para as grandes empresas e felizes... nem parece que a três semanas o mundo mudou ou que parentes estão do outro lado da cerca. Talvez, eles estão dando gloria por estarem desse lado.
   Após um tempo pilotando, paro em frente a um grande muro cheio de nomes. Meu coração aperta quando levo Carly até ali e começamos a ler alguns nomes. O da minha mãe está lá. Mas um nome ao lado do dela faz com que Carly desabe aos prantos: Freddie Benson!