Convergente II escrita por Juliane


Capítulo 40
Ela




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De volta a base, já no hangar despeço-me rapidamente de Enrico, deixando-lhe a incumbência de ter de justificar nosso voo clandestino a quem quer que lhe exija explicações, afinal tudo que eu quero nesse momento é ficar sozinha, mas para onde ir, quando não se tem exatamente um lugar só seu para voltar?! Eu sei que preciso concentra-me, pôr a cabeça no lugar e resolver aquilo que está a meu alcance no momento, mas não consigo pensar em outra coisa além do fato de que Tobias está em algum lugar lá fora a poucos quilômetros de distância.

Vagueio pelos corredores evitando o dormitório e as imediações do hospital, se encontrar com Wes agora sei que não poderei ir a lugar algum, pelo menos por hoje... Mas o que é que que eu estou pensando?! Para onde eu iria a uma hora dessas?! Meu subconsciente já tem essa resposta, desde que avistei aqueles jipes militares na estrada, pouco antes de termos de voltar para o hangar... Estupidez? Com certeza! Mas eu preciso tentar!

Decido buscar alguma ajuda com alçada para tomar decisões, afinal o que de pior pode acontecer é tomar uma advertência... Corro na direção do Alojamento e no caminho esbarro com Celine.

_ Tris! Por onde você andou?

_ Estive a maior parte do tempo em observação.

_ Ah! Sim, eu soube que você foi drogada! Mas quem faria uma coisa dessas com você?!

_ Quem fez, não pode mais justificar seus atos... - Respondo num sussurro, mas os olhos dela se arregalam de tal maneira que tenho certeza de que ouviu e pior, talvez tenha interpretado mal meu comentário.

_David Goldman drogou você? É isso que disse.

_ Sim, drogou, mas antes que pudéssemos perguntar o motivo ou o mandante, ele apareceu morto, aparentemente vítima de um infarto do miocárdio.

_ A conversa nos corredores, é que ele tinha o hábito de usar algumas substâncias sem prescrição médica e para fins recreativos... Ouvi uma conversa da Dr. Gail com o Tenente Keaton em que ela afirmava que provavelmente essa era a causa da morte.

_ Interessante, se todos sabiam do abuso dessas substâncias, por que ninguém o afastou da função, já que ele tinha livre acesso a todo tipo de medicamento?

_ Não sei, mas essas coisas só vem a tona quando uma tragédia acontece.

_ É, pode ser... Celina, estou com pressa, você sabe se o Capitão Finch está na sala dele?

_ Não sei... Você vai passar a noite no dormitório?

_ Não, por causa do atentado, a partir de agora vou morar com o Dr. Wes.

_ Ah, que pena, vou sentir a sua falta.

_ Não se preocupe, ainda nos veremos ao longo do curso.

_ Ah, sim tem razão! Agora você é instrutora! - Ela diz, sorrindo e dando um soquinho de leve no meu braço.

_ É isso aí! Mas agora preciso ir.

_ Ok, boa noite Tris!

_ Boa noite Celina!

Apresso o passo e então encontro a sala de Capitão Finch com a porta fechada. Aproximo-me na intenção de bater, mas percebo que ela está apenas encostada. Já havia ouvido vozes naquela direção, mas não estava de fato, prestando atenção, mas agora que estou vendo pela pequena fenda entre a porta e o batente, o Tenente Keaton de pé em frente a mesa de Finch, ele discorre sobre benefícios e previlégios concedidos em demasia a uns em detrimento dos demais e como isso pode gerar insubordinação... Não posso ver, mas imagino o Capitão Finch entediado, sentado do outro lado da mesa, girando metodicamente a pulseira no pulso...

"_ Não estamos privilegiando ninguém. Sei que se refere a Soldado Prior. Estamos seguindo a cartilha a risca... Não é benefício, é meritocracia! Ela vem prestando serviços a esta base no treinamento e na instrução de seus pares, que embora tenham em sua maioria nascido aqui, não têm a mínima noção de disciplina e rotinas militares. A função que ela exerce seria dada a qualquer um que tivesse a capacidade e disposição de fazer o que ela faz" - O capitão Finch está me defendendo.

_ Desculpe senhor, mas continuo achando injusto com os demais que ela seja dispensada de dormir no alojamento e fazer todas as refeições com os outros recrutas. - O Tenente Keaton, responde de forma contida, mas posso sentir a raiva e a indignação implícita em sua postura corporal.

_ Ela sofreu um atentado! - O Capitão Finch levanta a voz na intenção de encerrar a conversa.

_ Quem garante que ela não ingeriu a droga por livre e espontânea vontade.... Com David Goldman? - Keaton o desafia e me acusa! Que maldito idiota!

_ Tenente Keaton, sua acusação é grave! Sugiro não tocar mais no assunto, até que tenha provas do que está insinuando, caso contrário, as coisas ficarão complicadas para o seu lado. - Capitão Finch abaixa o tom da voz e o matém firme, gélido.

_ Desculpe Senhor, mas estou sendo ameaçado? - Keaton questiona em tom afirmativo.

_ De forma alguma tenente! Só estou lhe dando um alerta para o óbvio, acusar pessoas sem provas é considerado crime por aqui.

_ Sim, entendo. - Ele responde, frustrado.

Afasto-me imediatamente da porta e entro na sala mais próxima, que por sorte, ou devido ao horário mesmo, está completamente vazia. É uma sala de aula, com carteiras e quadro negro. Fecho a porta silenciosamente e mantenho as luzes apagadas. Ouço os passos de Keaton cruzando o corredor e quando o som desaparece por completo, arrisco pôr a cabeça para fora da porta. A Barra está limpa! Retomo meu objetivo inicial e dirijo-me a sala do Capitão Finch. Agora a porta está aberta.

Vejo que ele está tentando organizar uma pilha de papéis em um organizador de acrílico de 3 andares, mas pelo visto não está tendo muito sucesso, já que a quantidade de papéis é demasiadamente grande.

_ Soldado Prior! - Ele cumprimenta, sem nem se quer levantar os olhos... Que visão periférica!

_ Capitão Finch! Posso me sentar? - Cumprimento e em seguida caminho em direção a uma das cadeiras dispostas bem à frente de sua mesa. Imagino que conversar estando no mesmo nível dos seus olhos torne a coisa toda mais fácil...

_ Soube do seu voo não autorizado. Eu poderia ironizar, perguntar se aproveitou a bela vista... Mas prefiro ser direto e objetivo. Estou tentando ao máximo facilitar a sua vida por aqui... Mas percebo que você não está interessada em ajudar-me nessa tarefa. - Ele fala, de forma seca, me pegando completamente desprevenida.

_ Eu... Me desculpe, eu só estava...

_ Silêncio! Queira deixar-me concluir. - Ele me interrompe erguendo o fino e comprido dedo indicador da mão direita, eu apenas assinto com a cabeça, as bochechas coradas de vergonha, como uma criança que foi apanhada fazendo alguma travessura.

_Não me dignei a advertir o Soldado Hernandez, que é visivelmente manipulado pela senhorita com muita facilidade... Não estou apenas lhe dando uma advertência verbal, com o intuito de corrigir um soldado insubordinado que cometeu uma contravenção. Quero lhe pedir para tomar cuidado! Seja discreta, sua impulsividade pode pôr tudo a perder.- Ele diz com os olhos fixos no meus e por um instante fico confusa com as palavras: "sua impulsividade pode pôr tudo a perder"

_ O que o senhor quer dizer com isso? Tudo o quê?

_ Beatrice, sejamos sinceros... Todos nós de alguma forma ou de outra já sabemos dos seus planos... Claro que em níveis diferentes e como você pode ter percebido há alguns aliados como eu e outros inimigos... Que imagino, dispensem ser nomeados no momento. Mas o que importa é que aqui dentro, são poucos, então pare de se expor dessa maneira... Vai chegar o momento em que não conseguirei protegê-la sem revelar meu verdadeiro lado nessa guerra.

_ Guerra? Lado? O que você sabe que eu não sei?

_ Existem algumas cidades fantasmas ao longo de todo o perímetro de Nova York, os moradores são da resistência.

_ Cidades fantasmas?

_ Sim, o governo não sabe de sua existência... São aparentemente ruínas com uma vida subterrânea intensa... Dificilmente saem a rua... Têm recursos escassos, eu tenho uma pequena equipe que se encarrega de desviar alimentos, armas, medicamentos e alguns equipamentos tecnológicos, e uma ou duas vezes por mês fazem uma expedição para entregar a eles.

_ Por quê?

_ Porque são gente como nós, e merecem uma vida digna e livre... E Estão dispostos a lutar, treinam para isso... Mas estão esperando o momento certo, estão esperando uma voz de comando. - Ele responde, com uma gravidade desconcertante no olhar.

_ Se você é contra a esse regime governamental, porque se juntou a base?

_ Bom, "se você não pode vencê-los junte-se a eles!" Você já deve ter ouvido essa citação em algum lugar. Não é mesmo?! Eu também... E me pareceu uma boa opção na época... Enfim foi a maneira que encontrei de permanecer vivo. - Ele diz de forma triste e solene, como se isso houvesse lhe custado algo muito caro... E talvez tenha mesmo...

_ O que houve com você? Qual é a sua história? - Eu o interrogo, curiosa e insolente...

_ Tragédia, mortes, opressão... Tudo aquilo que você conhece bem e neste momento eu não gostaria de recordar em detalhes. - Ele diz sorrindo friamente, com os olhos vidrados como se o que não quisesse verbalizar o que nesse exato momento está passando-lhe diante dos olhos.

_ Tudo bem, peço desculpas pela minha falta de sensibilidade.

_ Entendo. A dor em demasia pode nos tornar emotivos demais ou duros demais... - Pensar que talvez eu possa ter sido dura demais me incomoda um pouco, mas não tanto, quanto o fato de ser comparada a um ser humano emotivo e frágil...

_ Mas imagino que não foi para desculpar-se pelo seu voo que viestes até aqui... Do que precisa? - Ele mais uma vez me pega desprevenida.

_ Bem, eu... Durante o voo, eu avistei jipes suspeitos trafegando pelas estradas desertas entre o Departamento de Auxílio Genético e Chicago, mas tivemos que voltar antes que eu pudesse descobrir o rumo que tomavam... Quero pedir permissão para vasculhar o perímetro senhor.

_ Vasculhar? Por quê? As patrulhas da equipe de segurança fazem rondas seguidamente.Não é necessário... A não ser, que você tenha algum outro motivo que não está me contando... - Ele joga a isca.

_ Eu não o conheço de fato, mas sinto que posso lhe confiar meus motivos...

_ Sou todo ouvidos.

_ Bem, Tobias e alguns amigos saíram de Chicago há alguns dias em busca de respostas para o vírus que atingiu a cidade e está matando muitas pessoas por lá.

_ Você acha que eles podem ter ido direto ao Departamento?

_ Acredito que sim.

_ Isso não é nada bom. - Ele responde enquanto balança a cabeça em negativa, para enfatizar ainda mais o quanto as coisas podem estar ruins nesse momento, o que só faz aumentar a minha aflição.

_ Eu quero ir vê-los. - Respondo de pronto e sem rodeios.

_ Não acho que seja seguro, se o General Sparks desconfiar, vai ter certeza que você sabe muito mais do que aparenta e tem planos escusos. - Ele pondera.

_ A questão não é mais o General Sparks, eu não o temo. Ele é apenas mais um subordinado do presidente, só que com a vantagem de ter algum contato direto. Ele apenas segue ordens, e tenho absoluta certeza que o Presidente me quer viva... Então, sim estarei segura.

_ Você fala com tanta convicção... Suspeito de que saiba mais do que me contou, mas de qualquer forma, se os seus amigos estiverem sendo escoltados pela guarda do Departamento Genético sugiro que devam ser interceptados o quanto antes, pois o padrão nunca é devolver os desertores ao experimento... Uma vez que tenham saído, não voltam mais... Se é que você me entende. - Meus olhos se arregalam na intenção de exergar tudo, como se houvesse muito mais para se ver além de um homem de meia idade, sentado atrás de sua mesa e com uma pilha de papéis para organizar. Minhas mãos formigam, mas minhas pernas se movem com agilidade, num segundo estou de pé ao lado da porta.

_ Preciso de uma motocicleta. Com as vestes apropriadas e o capacete, não serei identificada. Preciso que o senhor autorize junto aos guardas da cerca a saída de um soldado.

_ É uma missão suicida, você não pode ir sozinha. Vou designar uma equipe de minha confiança. - Ele disca alguns números no seu telefone e ao primeiro toque a pessoa do outro lado da linha atende.

_ Milles, preciso de quatro soldados para uma verificação do perímetro DAG - CH.

_ Sim, armados. É uma operação ultra-secreta. Ninguém pode saber.

_ Não, imediatamente.

_ Motocicletas.

_ Milles, mais uma coisa, o grupo estará sob o comando da Soldado Prior.

Ele finaliza a ligação sem se despedir.

_ Em 15 anos como instrutor, Milles foi o meu melhor soldado. Competente e acima de tudo leal. Confie nele. Agora vá! Eles estarão esperando por você.

Bato continência e saio da sala voando pelos corredores, sem preocupar-me na atenção que estou atraindo. O tempo está correndo... Quando enfim chego ao pavilhão que contém as motos vejo a minha escolta, aguardando numa formação semelhante aos pássaros que cruzam os céus num "V" perfeito... Visto as roupas de motociclista por cima do meu uniforme militar e assumo a dianteira. Meia volta na chave e um botão acionado é o suficiente para o rugido selvagem da máquina dominar o ambiente e fazer os meus ossos congelarem de tanta adrenalina. Espero que a minha capacidade de aprendizado por osmos, aliada a necessidade quase insana de ter o Tobias e os outros a salvo seja suficiente para que eu saia pilotando esta coisa... Não posso me dar ao luxo da dúvida nesse momento... mãos apressadas, fechadas em punho nos guidões, aceleram provocando um ronco que ecoa dentro do meu peito. No susto solto a embreagem com tudo e a moto empina jogando meu corpo para trás, por sorte consigo recuperar o controle antes de chegar ao chão. Talvez Milles, que ainda não faço ideia de quem seja e os outros acharam que eu estivesse fazendo alguma manobra radical, pois ninguém pareceu dar qualquer indício de que pretendia tentar me ajudar, o que de fato me deixa aliviada...

Chegamos à cerca na ma mesma formação e os portões se abrem sem que ninguém precise se identificar ou fazer qualquer solicitação. Quando uma fenda de tamanho suficientemente grande para que possamos passar é aberta, acelero e sinto o pneu de trás derrapando, então lembro-me de soltar o freio e lentamente vou aliando a pressão que meus dedos fazem na embreagem então a moto ganha velocidade e eu me sinto imponente e poderosa na dianteira guiando os soldados para uma missão perigosa e talvez até suicida... Esse último pensamento só faz arrefecer minha autoconfiança e começo a preocupar-me com a possibilidade de não chegarmos a tempo.

Forço um pouco mais o acelerador, o ponteiro marca 260km/ph os demais mantém a distância, quase que numa sincronia perfeita. Por um instante sua precisão me faz acreditar que talvez tenhamos alguma chance.

_ Soldado Prior, temo que seja perigoso trafegarmos num terreno irregular com pouca visibilidade a uma velocidade dessas. - Diz a voz diretamente dentro do meu ouvido!

_ Não temos tempo a perder, há muito em jogo. Acelerem! - É a minha resposta.

_ Okay.

Parece que o Capitão Finch me deu algum crédito afinal. Espero que eu não tenha mais mortes na minha conta. Temo pela vida deles, mas temo mais ainda em perder tudo o que tenho...

Não sei ao certo quanto tempo se passou, pois não ouso soltar o guidão para conferir as horas, mas posso garantir que já faz um longo tempo, a julgar pelas minhas pernas dormentes... Então ao longe avisto o que parece ser um Jipe militar parado junto ao acostamento. Reduzo a velocidade e cinto meu sangue congelar...

Aproximo-me mais e por fim paro completamente, escorando a moto sobre o pedal de apoio, por um instante chego a pensar que não conseguirei ficar de pé sem cair, já que minha pernas estão um tanto dormentes, mas com alguma cautela, já estou ao lado do jipe que está completamente vazio. Tiro o capacete para ver melhor, na esperança de encontrar alguma pista, mas não há nada dentro do jipe que seja considerado suspeito, além do óbvio, alguém o abandonou aqui com as chaves na ignição.

_ Prior! - Um dos soldados chamam.

Eu me viro e o vejo agachado do outro lado da estrada, ele tem algo nas mão, eu me aproximo, curiosa e constato que se trata de sangue. O desespero forma um nó na minha garganta, e não consigo falar.

_ Pelo jeito houve luta por aqui e vários feridos. Vocês! Vão procurar pela relva para ver se encontram alguém. - Os demais assentem com a cabeça e iniciam uma varredura no local.

_ Prior, eu sou o Milles... Sei que você está passando por um momento difícil, mas estamos aqui para ajudar! Não vamos embora até que tenhamos certeza de que seus amigos estão em segurança.

Respiro fundo, tentando me acalmar e afastar a ânsia que está me deixando tonta.

_ Você está bem?

_ Estou, só preciso de um tempo. - Digo enquanto cambaleio na direção da pickup, gotículas de suor escorrem pelas minhas têmporas. Vejo pelo meu campo de visão Milles aproximando-se preocupado.

_ Estou bem, só me dê um segundo, está bem?

_ Okay. Mas se precisar não exite me chamar-me.

O mundo gira sob meus pés e eu respiro fundo tentando inutilmente afastar a náusea que estou sentindo, um turbilhão se senas chocantes e hipotéticas passa pela minha cabeça.... Me agacho, abraço os joelhos, fecho os olhos e conto cada batida do meu coração, só então consigo acalmar-me. Abro os olhos e fito o chão poeirento bem à minha frente... Algumas cotículas de sangue secam junto a terra, mas então outra coisa chama a minha atenção... Rastro de pneus, que levam a crer que o veículo deu meia volta... O que me leva a crer que talvez estivessem voltando ao Departamento....

_ Milles! Onde estão os outros? Precisamos investigar onde vai parar esse rastro de pneus.

_ Soldados! - Milles chama num tom de voz alto e firme.

_ Senhor! Encontramos dois soldados mortos!

_ Aqui! tem mais três corpos senhor!

_ Todos Soldados? - Pergunto com uma mórbida alegria crescente no peito.

_ Sim, estes são soldados!

_ Houve uma chacina por aqui! - Outro soldado conclui.

_ Tragam os corpos. - Ordena Milles e pouco a pouco os soldados mortos são postos lado a lado... Totalizando 7 corpos. Quer dizer, Tobias está vivo, assim como os demais. Só espero que não estejam feridos.

_ Bem, seus amigos estão vivos! Só nos resta saber o que aconteceu com os outros três. - Milles conclui.

_ Outros três? - Pergunto intrigada.

_ Sim, a escolta estava sendo feita por jipes, com 5 lugares cada, provavelmente ambos estavam com a lotação exata. - Ele explica.

_ Senhor, o que faremos com os corpos? - Um dos soldados quis saber.

_ Escodam na relva. - Ele ordena.

_ Esperem! Antes peguem suas credenciais. Me parece justo que possam ser identificados, afinal eles devem ter famílias. - Eu os interrompo.

_ Façam o que a Soldado Prior disse. - Milles endossa meu pedido.

_ Você acha que os três conseguiram fugir? - Pergunto

_ Pouco provável... Talvez tenham sido levados como reféns. - Ele responde.

_ Mas você acha que eles estão voltando ao departamento?

_ Observe: Há rastros de pneu que indicam a direção da margem e outro retoma o caminho de onde os carros vieram... Com certeza os sobreviventes não iriam de livre e espontânea vontade para a Margem... E tão pouco seus amigos voltariam ao Departamento com três reféns e possivelmente feridos para desafiar, ou chantagear a chefia do DAG. Meu palpite é que se dividiram em dois grupos, um deles deve ter ido a margem levando os reféns e o outro deve ter seguido viagem em busca da cura para o vírus. - Milles explica seu raciocínio e fico surpresa do quanto ele sabe, já que estava me esperando no pavilhão a postos logo que cheguei... Como foi que o capitão Finch lhe contou tudo isso em tão pouco tempo?

_ Você tem razão! Acho que devemos seguir para a margem! Tenho certeza de que lá encontraremos muitas respostas. - Digo sentindo meu peito aquecer com a possibilidade de encontrar Tobias em poucas horas.

Subimos na moto, e dessa vez deixo Milles assumir a dianteira, já que não conheço direito o caminho, e ele por sua vez, parece ter um mapa gravado no cérebro...

Me deixo levar pela estrada e pela distância entre nós que vai diminuindo a cada acelerada... E me pego pensando em tudo aquilo que quero dizer para ele, em todos os beijos que deixei de lhe dar nesse tempo todo em que estivemos distante... Me permito sonhar acordada enquanto saudade aumenta minha pressa. Os pneus levantam poeira e meu coração bate a mil na mesma rotação do motor da minha moto, acho que nunca estive em tamanha sintonia com um veículo como estou neste momento. Tudo para vê-lo... Tudo por ele... Sempre.


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