O Segundo Reino escrita por Jay


Capítulo 6
VI - Coroação


Notas iniciais do capítulo

Iaê, povo bonito :D Saindo do forno, hehe.
Amei esse capítulo, ficou um amor *--* q Espero que gostem!
Deixem um comentário para a tia aqui, gente ;)
Boa leitura!



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Fiquei desacordada por muitas horas e quando, finalmente, despertei, percebi que estava na floresta. Havia sido colocada em uma mesa de pedra comprida e meus braços e pernas estavam amarrados com arames farpados. Logo de cara, me machuquei puxando meus membros e o sangue já escorria em filetes.

Vi sombras se escondendo com alvoroço atrás das árvores; não avistei o Johnny entre elas... Começava a estremecer de medo do que aconteceria ali.

Observei que minhas vestes foram trocadas. Agora, estava com um vestido mais branco que os outros, quase transparente.

Meu sangue fervia e eu procurava a todo instante alguém conhecido no meio das árvores, mas nada pude ver... O tempo foi passando e as sombras começaram uma ovação, me fazendo ficar aflita. Era ele, o rei do primeiro reino, Lúcifer. Virei minha cabeça para vê-lo melhor, ele era quase translúcido de tão alvo, alto, com feições severas, vestia terno branco e tinha um porte superior. Olhei para o alto com medo quando ele gritou:

— Venham assistir a iniciação! — sua voz era grave, amedrontadora. Atrás dele vinha Johnny, recluso em seus próprios pensamentos. Estava claro a grande semelhança entre os dois. Ele me olhou com agonia e eu retribui implorando por sua ajuda. — Ora, ora... Acordou?

Um vento gelado me atingiu quando ele abriu os braços, as árvores quase se desprenderam da terra. Eu permaneci calada, olhando para alto, evitando olhá-lo a todo custo.

— Por que não fala? Ainda nem cortei a sua língua... — as sombras vibraram animadas e eu começava a choramingar. — Traga o animal, meu filho.

Johnny permaneceu me olhando atento, enquanto andava hesitante até uma árvore onde um bode negro estava preso por uma corda. Ele o trouxe para o meu lado e Lúcifer chegou mais perto com uma adaga dourada em punho. Pôs uma mão na cabeça do bode e outra no meu coração. Me debati fazendo os arames rasgarem mais profundamente a minha pele, entrando na carne.

— Ó trevas, venham agora! Quem chama-vos sou eu, a estrela da manhã que caiu do Céu, filho da alva! Cumpro mais um selo, o último. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. — tudo que consegui ver foi o animal ao meu lado se tornar um monstro e cair sobre mim. Meu corpo queimava em chamas intensas e eu gritava com as forças que me restavam. O fogo daquela coisa estava me fazendo derreter. — Arranca o coração dessa infeliz com suas mãos, monstro! Pinta as suas vestes de vermelho com o sangue que jorrar.

Assim aconteceu. O monstro, que pairava acima de mim, cravou suas garras no meu peito, arrancando o coração. Uma sensação de vazio se instalou dentro de mim e eu já não conseguia mais gritar, só sentia as coisas acontecerem. Lúcifer pegou o meu coração em suas mãos e entregou a Johnny, que o apertou deixando o sangue banhar o meu vestido de vermelho.

— Agora, meu filho... Coma o coração da sua rainha. — as sombras assistiam tudo em silêncio e as árvores rodavam em volta da mesa. Lá em cima, trovejava forte e meus olhos lacrimejavam, não conseguia mais mantê-los abertos.

Arfava me contorcendo na mesa, já nem sentia a dor dos meus membros sendo dilacerados pelos arames, meus pulmões queimavam pela falta de oxigênio e eu sentia que era o meu fim. Consegui abrir um pouco os olhos e vi Johnny a minha frente mastigando o meu coração, suas mãos e boca manchados com o meu sangue... Essa foi a minha última visão, apaguei completamente.

Quando recobrei a consciência, estava deitada na minha cama, no castelo. Tudo parecia ter sido apenas um pesadelo. Mas logo vi que não. As cicatrizes das marcas, ao longo do meu corpo, tinham aspecto de tatuagens pretas e me sentia mais forte, mais corajosa.

Alie havia deixado um vestido negro em uma cadeira, me banhei e o vesti. Agora tinha um espelho ao lado da janela, corri para me olhar e minha surpresa foi gritante ao ver um novo reflexo. Minha pele estava parda, não mais pálida, meus cabelos tinham as pontas pintadas de um vermelho intenso e minha expressão mudou, estava mais adulta.

Sentei na cama relembrando o ritual macabro ao qual eu fui vítima. Esperava que tivesse sido realmente um pesadelo, apenas um pesadelo... Cheguei a procurar indícios de algum dos ferimentos sofridos, mas nada encontrei. Só surtei, verdadeiramente, quando notei a falta dos meus batimentos cardíacos. Sai do quarto correndo pelos corredores, segurava a barra do longo vestido para não tropeçar. Desci as escadas e dei cara com um homem forte e moreno.

— Onde pensa que vai? — o brutamonte falou me segurando pelos cotovelos, eu estava atônita, precisar encontrar o Johnny.

— Quem é você? — perguntei ao estranho, empurrando-o. Ele apenas deu dois passos para trás.

— Jimmy, governante do quinto reino, o Lago das Sombras. — estendeu a mão em um cumprimento, mas eu permaneci firme, mantendo uma pose de corajosa, que eu, na verdade, não tinha. — É um prazer conhecê-la, princesa.

— Onde está o Johnny? — o ignorei e ele revirou os olhos. Eram muito parecidos com os de Johnny, pequenos, porém, mais frios e inexpressivos. Sua pele era morena e ele tinha os músculos bem marcados, um verdadeiro homem das cavernas.

— Todos estão em uma reuniãozinha familiar. — fez cara de tédio e riu. — Detesto reuniões e estava ansioso para conhecê-la.

— É uma pena que eu não queira conhecê-lo. — falei desviando dele para procurar Alie, mas ele me segurou pelo braço. — Solte-me! — ele apenas sorriu cinicamente e disse:

— Cuidado, rainha. — o desdém da sua voz me atingiu como um soco no estômago, aquilo era uma ameaça? Tentava tirar sua mão do meu braço quando Johnny gritou:

— Solte-a! — seu rosto estava contorcido em uma expressão de fúria eminente.

— E se eu não quiser? — Jimmy sorria debochando e eu ali no meio dos dois, me sentia uma fruta prestes a ser esmagada. Atrás de Johnny, tinham mais quatro homens, todos com olhos parecidos aos deles, pude concluir que a família estava, realmente, reunida.

— Eu corto seus dois braços, irmãozinho... — o terror estava estampado no meu rosto e eu já começava a tremer.

— Chega! — a voz de Lúcifer, a mesma que ouvi no meu pesadelo... — Apresentem-se a rainha. — o primeiro a falar foi o loiro, que estava ao lado de Johnny, dizendo:

— Sou Naum, governante do terceiro reino, Ventos da Morte. — fez uma leve reverência fazendo seu cabelo estupidamente loiro deslisar para o rosto. Ele era o mais parecido com o Johnny. O próximo deu um passo e anunciou a todos pulmões:

— Ulric, governante do sexto reino, Terra dos Lobos Infernais. — seu porte físico era normal, tatuagens vinham descendo pelos braços até as pontas dos dedos e seu sorriso era mais simpático que os demais. — É uma honra, princesa. — Johnny assistia as apresentações com os braços cruzados no peito e me olhava extremamente sério.

— Kaleo, quarto reino, Monte das Vozes. — esse não sorriu, muito menos fez reverência, carregava uma expressão dura e a apatia era explícita. Kaleo era careca e pálido, não notei nenhuma tatuagem.

— Caled, governante do sétimo e último reino inferior, Ordem da Imortalidade. — fez apenas um aceno com a cabeça. Seu cabelo era preto, um pouco acima do ombro e tinha vários triângulos tatuados no pescoço. Pele parda e mais alto que os outros.

Após a breve apresentação, Lúcifer gritou para duas sombras a porta:

— Abram os portões! — as sombras abriram e ele saiu falando com a multidão de sombras que estavam aguardando abaixo da escadaria. — A coroação da rainha começa agora. — pude ouvir a gritaria lá embaixo.

Johnny veio para o meu lado, enquanto os irmãos dele sentavam em cadeiras do lado de fora. Dois tronos vermelhos estavam mais a frente e Lúcifer falava em um púlpito. Johnny buscou minha mão e eu sussurrei em seu ouvido:

— Foi um pesadelo? — ele olhava para frente, mirando o nada.

— Não, foi real. — disse sorrindo. — Você morreu no mundo terreno, tomei a sua alma e comi seu coração. Estamos unidos eternamente. — minha garganta fechou, estava pasma. Eu morri... — Sentiu a mudança? Agora é um demônio também.

As palavras ficaram presas e não pude reprimir algumas lágrimas ao pensar na minha outra vida. Eu estava morta e agora não havia possibilidade nenhuma de voltar, estava presa para toda a eternidade. Senti a mão de Johnny me puxar para fora e o deixei me guiar. Ficamos ao lado do púlpito, Lúcifer pôs uma coroa negra na minha cabeça e disse:

— A estrela da manhã anuncia a nova rainha deste reino! Johnny e Haven governarão juntos o Inferno Florestal e digo-vos: ouçam a palavra da profecia. — uma névoa densa tomou conta da minha visão. As marcas em hebraico que Johnny fez começaram a queimar nas minhas costas e palavras vinham a minha mente. Então disse tais palavras:

— O último selo foi cumprido! Inicia-se a guerra apocalíptica do fim do reinado de Elohim. As trevas vencerão! As trevas dominaram cada mundo e principalmente o Céu! A estrela da manhã subirá as nuvens e tomará o trono do Altíssimo... — meus olhos estavam negros , tomados por uma força descomunal. Abri os braços e todos os corvos saíram da floresta gralhando.

Todos aplaudiram e eu e Johnny sentamos nos tronos. Sombra após sombra subiu a escadaria para nos cumprimentar e assim se deu início o novo reinado.


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Notas finais do capítulo

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A caixinha de comentar é sua, faça uso dela ;DD
Até mais, pupilos!



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