Uivar para o Fogo escrita por French Lily


Capítulo 1
howl to the fire


Notas iniciais do capítulo

Oneshot curtinha escrita originalmente em inglês, como uma brincadeira (possivelmente por isso ao ser traduzida tenha ficado com uma qualidade medianamente razoável) inflamada principalmente pela frase inicial, que me inspirou durante todo o texto.

Espero que gostem!



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Ele temia o fogo, mas jamais o fogo dos cabelos dela.

Sandor deixou-a pela última vezquando o brilho raivoso do Fogovivo queimava abaixo a Água Negra. Todos o chamavam o Cão de Caça, mas naquela noite ele fugira como o cãozinho covarde que sentia ser. Ele olhara para o mar e vira fogo, e ele olhara para o fogo e vira Gregor. Gregor, a criança que o fizera pela primeira vez encarar o fogo; Gregor, a Montanha, o corajoso cavaleiro. Ele viu Gregor, e viu seu passarinho-

Suas belamente inocentes chamas fluidas de cabelo. Mas aquelas eram as chamas erradas... Aquelas eram todas fortemente verdes, e o fogo dela era vermelho, vermelho como a raiva, vermelho como a paixão.

Mas se ela era fogo, por que ele não se sentia queimar?

Eles estavam perto, perto demais, sua pele infantil de porcelana quase tocando as cicatrizes no rosto dele. Houve um tempo em que Sansa não podia olhar para aquelas feridas. Aqueles tempos não se foram totalmente, ele podia ver; se isto o fazia mais feliz ou mais triste, não poderia saber.

Os brilhantes olhos azuis dela pareciam vazios, e enquanto ela os fechava muito devagar, Sandor percebeu que poderia ter quase qualquer coisa. Ele era o assustador Cão de Caça num manto sangrento que invadira seus aposentos de donzela, o enorme monstro que aquela criança temia com tanta intensidade. Ele poderia conseguir um beijo. Ele poderia violá-la bem ali, e ninguém em toda a Porto Real que queimava se importaria com aquilo.

Mas não era o que ele queria. Ele poderia tê-la, poderia possuí-la... Mas o passarinho jamais sairia de sua gaiola. Ela nunca lhe daria nada de espontânea vontade, nada que não fosse fruto do medo.

Havia uma lâmina alinhada à sua pálida garganta, e Sandor não conseguia compreender comonos sete infernos aquela lâmina podia ser dele.

Conseguirei uma canção de você, ele pensou. Mas quando as palavras deixaram sua boca, soaram muito mais duras, cruéis, dolorosas. Como o fogo.

Cante para mim. Cante-me uma canção, por que não canta?

E ela cantou.

Ela cantava com seus olhos, seus brilhantes olhos cheios de inocência. Ela cantava com suas tolas cortesias, os bons costumes que a haviam salvo naquele ninho de ratos que era a Fortaleza Vermelha. Ela era uma garotinha que cantava canções sobre heróis há muito perdidos, cavaleiros e princesas, reis e rainhas e belas donzelas. E ela cantava com fogo. Ela era uma filha do Norte, uma cria dos Lobos do Inverno, mas para Sandor ela era feita de chamas.

E quando ela deu a ele a canção da Mãe, ele não pôde deixar de pensar pelo quê ela cantava. Ela rezava pela alma dele; ou rezava para ser salva dele?

Ele jamais poderia salvá-la, ser o heroico cavaleiro que ela merecia e queria, e ele jamais poderia ser salvo.

E então, Sandor Clegane chorou.

Ela tocou sua bochecha úmida, ambas as lágrimas e as gotas de sangue correndo livres, sem se importar com as horríveis cicatrizes pela primeira vez. No lugar disso, parecia-se quase com misericórdia. Com... pena.

E pena era demais.

Deixá-la sozinha para as cobras da Fortaleza Vermelha era demais, mas ele o fez da mesma maneira.

O Cão de Caça levantou-se e saiu, seu outrora puro manto branco agoramaculado com manchas de sangue deixado para trás. Ela ateará fogo a ele, ele imaginou. Ela ficará mais feliz assim.

Ele não ficou tempo o bastante para vê-la se cobrir com o manto, desejando exatamente o mesmo que ele - que de algum modo, num mundo perfeito onde a vida era uma canção e cavaleiros eram corajosos como heróis, Sandor Clegane pudesse tê-la levado e tê-la salvo.

Mas a vida não era uma canção, e a Água Negra queimava brilhante. E queimava nas cores erradas.


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Notas finais do capítulo

Parece que eu estava mesmo um tanto enferrujada, mas até que gostei do resultado. One bem curtinha, meio drabble, escrita numa madrugada quando pensei que deveria tentar escrever algo em inglês. Algo sempre se perde na tradução, mas não acho que tenha ficado de todo ruim... Assim espero.

All hail SanxSan!



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