Uma Nova Vida - Peeta e Katniss escrita por MaryG


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos! Vim postar mais um capítulo para vocês. Sei que demorei bastante, mas dessa vez não foi por bloqueio. Eu tive problemas de saúde (algum de vocês sofre de sinusite? =x) e compromissos profissionais que terminaram me atrapalhando. Mas agora eu estou aqui, e vocês podem ficar tranquilos. Pois eu não tenho nenhuma pretensão de abandonar a história. :D

Agradeço a todos que comentaram no último capítulo e, em especial, à leitora Viviane Eve, que recomendou a história. Obrigada, Viviane!

Fiquem agora com uma nova fase da história.

Boa leitura!



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Dois anos depois...

— Mamãe? – Lily chama por mim com sua voz fininha.

Eu desligo o fogo e me viro para lhe dar atenção. Ela está parada à porta da cozinha, agarrada ao seu ursinho de pelúcia. Há uma expressão de desânimo em seu rostinho.

— O que foi, filha? – digo, me aproximando dela. – O desenho que você tava assistindo terminou?

— Você brinca comigo, mamãe? – pergunta ela, num tom de súplica.

E assim eu entendo por que ela está com essa carinha desanimada: Ela está se sentindo entediada.

— Claro que sim! – forço animação na voz, na tentativa de deixá-la mais alegre. – Eu já terminei de preparar o jantar. Vamos lá.

Eu não levo muito jeito com essa coisa de brincadeira de criança, e brincar com Lily sem Peeta ao lado para dar ideias me parece bastante desafiador. Mas apesar disso, eu tento dar o meu melhor. Eu ensino Lily a dar mamadeira para a boneca, a colocar o ursinho para dormir, a preparar um “pão” igual ao da padaria do papai... Ela parece se animar um pouco, mas ainda assim, eu sinto como se houvesse algo de errado com ela. Como se ela não estivesse tão contente quanto o normal.

“Deve ser porque Peeta não está aqui com a gente”, penso.

Porém, quando ele chega do trabalho e brinca com ela, ela continua estranha. Mas como Peeta não comenta nada a respeito, eu penso que isso deve ser coisa da minha cabeça e deixo para lá.

Nos dias seguintes, entretanto, essa situação vai se repetindo. Lily fica pedindo o tempo todo que eu e o pai brinquemos com ela, mas nada do que fazemos parece realmente satisfazê-la. Ou pelo menos é isso que eu sinto.

Certa noite, Peeta parece finalmente perceber, ou ao menos demonstrar que percebeu, que há algo errado com a nossa filha. Ele se volta para ela e pergunta:

— Princesinha, tá tudo bem com você?

Ela mantém seu olhar fixado em sua boneca, como se não quisesse responder à pergunta. Depois de um tempo, porém, ela levanta seu olhar para o pai e diz numa voz baixa:

— Papai, quando o Noah vem?

Ah, então é isso. Ela está sentindo falta do filho de Gale. Os dois não se veem sempre, mas gostam muito da companhia um do outro. Sempre que Gale vem ao 12, os dois brincam bastante juntos.

— Eu não sei, princesinha – diz Peeta, tirando-me dos meus pensamentos. – Mas eu acho que não vai demorar. Enquanto ele não vem, você pode brincar comigo e com a sua mamãe, com o Ryan, com o Finn...

Lily assente com a cabeça, mas não parece muito animada. E isso me deixa com pena dela.

Mais tarde, quando eu e Peeta estamos nos preparando para dormir, eu toco no assunto:

— A Lily sente tanta falta do Noah, não é?

Peeta termina de vestir a camisa de seu pijama e olha para mim com uma expressão que eu não sei exatamente precisar.

— Bem, eu não acho que seja só isso – diz ele.

— O que mais, então? – digo enquanto termino de desfazer a minha trança.

Ele fica calado por um tempo, parecendo hesitar em responder à minha pergunta. Mas depois fala:

— Ela está se sentindo só, Katniss. Não há crianças da idade dela aqui perto, e ela passa a maior parte do tempo com adultos.

— É, isso é verdade – concordo. – Mas não há muito o que fazer por enquanto. Lily só irá pra escola daqui a dois anos e...

— Na verdade, há uma coisa que nós podemos fazer – diz Peeta, me interrompendo.

— O quê? – pergunto.

Ele abaixa a cabeça e coça a nuca, parecendo constrangido.

— Bem, eu venho pensando nisso há um tempo. Acho que seria bom pra mim, pra você e principalmente pra Lily.

— Do que você está falando? Peeta, olhe pra mim.

Ele levanta a cabeça e olha para mim.

— Eu quero ter outro filho.

Outro filho.

Isso me pega de surpresa e eu fico calada, sem saber o que dizer. Ou até mesmo o que pensar.

— Eu não estou te cobrando nada, ok? – diz ele, parecendo tenso. – Você já me deu Lily, e eu serei eternamente grato a você por isso. Mas eu acho que seria muito bom a gente ter outro filho. Eu venho querendo isso há algum tempo, mas só agora, que eu percebi que Lily tem se sentido só, eu achei que valeria a pena falar sobre isso com você.

— Peeta, eu... Eu não sei o que dizer – digo com sinceridade. – Eu não esperava ouvir isso agora.

— Eu entendo – diz ele, e eu posso perceber a decepção em sua voz.

— Podemos falar disso outro dia? Eu estou bem cansada.

— Tudo bem – diz ele, e em seguida se deita na cama.

Eu fico preocupada por um momento, achando que ele está chateado comigo e que nós estamos prestes a reviver aqueles conflitos passados sobre ter ou não filhos. Porém, quando eu me deito ao seu lado na cama, ele me puxa para os seus braços, me dá um beijinho nos lábios e me deseja boa noite, como sempre. E assim, eu sei que está tudo bem.

***

Nos dias que se seguem, Peeta não toca novamente no assunto de ter outro filho. É como se aquela conversa jamais tivesse acontecido. Mas mesmo assim, eu não consigo me esquecer das coisas que ele me disse. Várias vezes, eu me pego pensando em como seria se nós tivéssemos outro filho. Penso em mim grávida novamente, satisfeita por gerar uma vida. Penso em Peeta radiante de felicidade por ter outro filho. Em Lily contente por ter um irmãozinho que lhe fará companhia.

Por esse lado, não parece uma má ideia, mas eu também penso no lado ruim. Penso nas dificuldades que eu enfrentei na gravidez de Lily. Penso que ela pode não gostar de ter um irmãozinho, embora esteja se sentindo só. Que eu posso não ser capaz de dar conta de mais uma criança. Que eu vou me sentir ainda mais vulnerável por ter mais uma pessoa a quem irei amar.

E com esses pensamentos opostos, eu começo a me ver imersa num sentimento de completa confusão. Eu não sei o que eu quero, ou o que seria o melhor a se fazer. Mas apesar disso, eu tento não demonstrar o que estou sentindo. Eu busco levar minha vida no ritmo normal, sem ficar com a cabeça longe, como na época em que eu estava indecisa sobre ter ou não Lily.

Peeta, porém, me conhece bem demais para não perceber que há algo errado. Certa noite, enquanto estamos abraçados na cama após fazermos amor, ele me pergunta:

— Katniss, tem alguma coisa te preocupando?

Eu me sento na cama em alarme.

— Por quê?!  – exclamo, na defensiva. – Não foi bom pra você?

Quando ele dá um risinho de presunção, sei que me entreguei totalmente e lhe dei ainda mais certeza de que há, sim, algo me preocupando.

— Não é isso, meu amor – diz ele, sentando-se na cama. – É que eu venho percebendo que você anda bem pensativa, como se estivesse preocupada com algo. Eu quase posso ver fumaça saindo da sua cabeça.

— Não é nada, Peeta – digo, tentando despistar o assunto.

— Você está preocupada com aquilo que eu falei naquele dia, não é? – insiste ele.

Uma sensação desagradável de nervosismo se forma na boca do meu estômago. Eu não quero entrar nesse assunto agora, e muito menos admitir que ele tem sido a razão da minha inquietude.

Eu não digo nada, mas pela minha cara, Peeta parece levar a resposta como um sim. Pois logo continua:

— Olha, eu quero que você saiba uma coisa: Eu quero muito ter outro filho e acho que isso seria bom para todos nós, principalmente para Lily. Mas você tem que querer, também. Eu não vou te forçar a nada.

— Eu sei... – digo, de cabeça baixa.

— E então, meu amor? – indaga ele, levantando meu rosto com delicadeza.

— Não é isso, é que... Eu não sei o que eu quero. E tenho muitas dúvidas.

— Eu entendo... Mas você não precisa se preocupar com isso agora. Você tem todo tempo do mundo para organizar suas ideias e decidir se quer ou não ter outro filho.

Eu assinto com a cabeça e fico calada, apenas pensando no que ele disse.

— Bem, vamos dormir, então – diz ele, fazendo menção de se deitar. E isso me tira do meu transe.

— Peeta?

— Hmm?

— Você realmente acha que seria bom nós termos outro filho?

Ele dá um risinho.

— Sim. Eu acho que seria ótimo. Lily teria uma companhia, e seria muito mais do que um mero coleguinha do bairro ou da escola. Seria alguém que cresceria junto com ela e que lhe ensinaria muitas coisas, como amar incondicionalmente, dividir, ser mais paciente e tolerante... Meus irmãos não estão mais aqui, mas eu sei que tê-los ao meu lado durante o meu crescimento fez toda diferença para mim.

Ao ouvi-lo dizer isso, eu imediatamente penso em Prim. A dor de perdê-la foi e ainda é grande, mas eu não mudaria nada em nosso passado. Tê-la como irmã foi uma das melhores que aconteceram na minha vida.

— Eu entendo o que você quer dizer – digo, sentindo meus olhos marejarem.

— Sei que você entende – diz ele, com a voz ligeiramente embargada. – Ter irmãos é muito bom. Acho que todo mundo deveria ter.

— É, realmente seria bom pra ela... Mas será que ela ia gostar de ter um irmãozinho?

— Olha, talvez ela ficasse um pouco enciumada no começo, mas acho que ela ia gostar, sim. Ela parece gostar dos bebês que vão lá na padaria. E ela tá carente de companhia.

— É, você tem razão... – concordo.

— Bem, mas Lily não seria a única beneficiada com isso – diz ele, com um sorrisinho tímido. – Você lembra como era bom ter um bebê em casa?

Lembranças de Lily pequenininha me vêm à mente e um sorriso se forma em meus lábios.

— Sim. Era muito bom.

— Pois então... Eu acho que seria muito bom a gente ter outro bebê. Um menininho, quem sabe... Mas outra menininha seria muito bom também.

— Você tem razão, mas... Mas eu tenho medo – digo, insegura.

— Medo de quê?

— Eu não sei se aguentaria outra gravidez... Ou se daria conta de cuidar de mais uma criança.

Peeta dá um sorrisinho de pena.

— Meu amor, você é uma pessoa muito forte. E uma mãe maravilhosa. Ia dar tudo certo.

— Você acha?

— Eu tenho certeza – ele sorri.

— Você ia ficar muito feliz se eu concordasse em ter esse filho, não ia? – pergunto, embora já saiba a resposta.

— Sim – ele assente com a cabeça. – Eu ficaria radiante. Mas apenas se você realmente quisesse esse filho.

— Eu vou pensar com calma, ok? – digo, me sentindo aliviada.

— Você tem todo tempo do mundo.

— Obrigada, meu amor – digo, e ele sorri da forma que sempre sorri quando eu o chamo de algum nome carinhoso.

— Por nada, meu amor – diz ele em resposta, com doçura.

Com meu coração cheio de ternura pelo meu marido, eu chego mais perto dele e grudo os meus lábios nos dele. Quando sinto aquela ânsia familiar tomar conta de mim mais uma vez, sei que iremos repetir a dose do que fizemos agora há pouco.

***

Apesar de eu saber que não preciso ter pressa para me decidir e que Peeta não está me cobrando de nenhuma forma, eu passo o resto da semana pensando sobre a questão de ter outro filho. Mas ao contrário de antes, os meus pensamentos positivos se sobrepõem aos meus pensamentos negativos, embora esses últimos ainda existam.

Meus medos e minhas inseguranças ainda estão aqui, dentro de mim, mas é como se o lado positivo dessa situação tivesse começado a falar mais alto depois daquela minha última conversa com Peeta. Várias vezes, eu me pego pensando detalhadamente no meu filho. Em minha mente, formam-se imagens vívidas de uma criancinha loira fazendo parte de nossas vidas. Eu a vejo em meus braços, aquecida e acalentada contra o meu seio. Eu a vejo sendo embalada nos braços fortes, porém carinhosos, de Peeta. Eu a vejo correndo alegremente pelo jardim junto com Lily, seus cachinhos dourados se esvoaçando ao vento.

Eu a vejo até onde sequer posso vê-la, mas apenas senti-la. Em meu ventre. Crescendo mais e mais a cada dia, juntamente com o amor que eu sentiria por ela.

Uma sensação deliciosa de felicidade preenche o meu peito a cada vez que eu tenho esses pensamentos, mandando para longe, ainda que por um momento, todas as minhas dúvidas e inseguranças.

Certo dia, enquanto estou secando a louça do café da manhã, eu finalmente sou acometida pela realização de que não estou apenas imaginando essas situações, mas também desejando que elas aconteçam. Desejando que esse bebê seja real e esteja aqui, conosco, fazendo parte da nossa família.

E assim eu sei que isso não é mais apenas sobre dar uma companhia à minha filha, ou apenas sobre realizar o desejo do meu marido. Eu quero ter esse filho, da mesma forma que eu quis ter Lily anos atrás. E minha experiência já me mostrou que vale a pena lutar contra qualquer insegurança para realizar um desejo como esse.

Eu vou ter esse bebê.

Por Peeta, por Lily e por mim.

Tomada por um forte sentimento de determinação, eu paro o que estou fazendo e subo até o meu quarto. Quando chego lá, eu vou até o criado-mudo e pego a minha cartela de pílulas na gaveta.

Eu ainda não tomei a minha pílula de hoje, e nem vou tomar. Sem pensar duas vezes, eu vou até o banheiro e jogo os sete comprimidos restantes da cartela no vaso sanitário, dando descarga em seguida. Exatamente como fiz anos atrás.

A diferença é que dessa vez, eu não vou guardar minha decisão em sigilo. Eu serei totalmente honesta com Peeta. Ele saberá que eu quero ficar grávida, pois hoje, eu sei que não preciso viver com medo de decepcioná-lo. E também sei que todo desafio fica mais fácil de ser enfrentado quanto estamos juntos.

Com um sorriso nos lábios, eu saio do meu quarto e volto para as minhas atividades diárias.

***

Pelo resto da manhã, eu fico absorvida em pensamentos de ansiedade. Várias vezes, eu olho para Lily e fico pensando se ela pode sentir que algo grande está para acontecer. E como ela vai reagir quando souber.

Várias vezes, eu fico pensando no quão feliz Peeta vai ficar ao saber da novidade, em todo o apoio que irei receber dele a partir de então, e isso me faz ter vontade de ligar para a padaria e pedir que ele venha logo para casa.

Mas eu não faço isso. Eu fico tentando me distrair com outras coisas enquanto aguardo que meu marido chegue para almoçar. Afinal de contas, isso é algo que precisa ser contado pessoalmente.

Na hora do almoço, entretanto, ele liga dizendo que não vai poder vir almoçar conosco, pois ficou preso na padaria terminando uma encomenda.

Ao ouvir isso, minha ansiedade parece chegar ao seu máximo, mas eu não permito que esse sentimento me tome. À tarde, eu levo Lily para passear na Campina e deixo que esse momento divertido com minha filhinha distraia por completo a minha cabeça.

No final da tarde, quando já estamos de volta em casa, Peeta finalmente chega. Quando olho em seus olhos azuis, meu estômago se contorce em emoções e eu fico imaginando se ele pode ver que algo está diferente. Mas ele não demonstra perceber nada. Simplesmente age como em todos os dias.

A princípio, eu fico ligeiramente desapontada. Mas logo percebo que é melhor assim. Mais tarde, quando Lily já estiver dormindo, eu poderei contar a novidade a ele com calma e nós teremos tempo para conversar.

***

— Pronto, a mocinha dormiu – diz Peeta, com um sorriso cansado no rosto.

Ele vem até onde estou, no sofá da sala, e se senta ao meu lado.

— Você contou de novo a história do urso que gostava de fazer pão a ela? – pergunto.

— Sim – confirma ele, rindo. – Ela adora essas histórias loucas que eu invento.

— Sei que sim – digo, também rindo. – Deve ser por isso que ela quase sempre pede que você a coloque para dormir.

— Deve ser mesmo – ele concorda.

Depois disso, ele se distrai com uma coisa qualquer na TV e fica em silêncio. Mas a minha mente está a mil. Sei que o momento de contar a novidade a ele finalmente chegou.

— Peeta? – chamo por ele, tocando levemente em seu ombro.

Ele volta seu olhar para mim, parecendo confuso.

— Oi! Você tava falando alguma coisa? Eu me distraí aqui com a TV e...

— Não, tudo bem – digo, rindo da confusão dele. – Será que a gente pode conversar?

— Claro! – ele pega o controle da TV e a desliga. – Pode falar.

Por uns segundos, eu fico encarando Peeta, sem saber exatamente como lhe dar a notícia. Mas como palavras nunca foram o meu forte, acabo decidindo ir direto ao ponto:

— Eu também quero ter outro filho.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Eeee! Katniss aceitou ter outro bebê!!! o/

E aí? Gostaram da novidade? Gostaram do capítulo? Espero que sim. :D

Infelizmente, ainda tem muita gente lendo sem comentar. E isso me desanima um pouco. Comentem, okay? A opinião de todos vocês é muito importante para mim. :)

Beijos e até a próxima.