O Olho do Fim escrita por Red


Capítulo 3
Capítulo 3: A Sagacidade de Lillian Moore.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Desculpa pela demora, mas já tenho alguns capítulos prontos. Boa leitura!



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Uma das partes mais bonitas do país. Uma megalópole bem representada. Prédios altos, cassinos... O brilho das casas que parecia brilhar mais do que tudo. Era uma diferença bem grande da vista da casa de Dave e Marshall para aquela. Uma cidade em que ser enganado é fácil e que bobear significa morte. E era lá que Zack Williams estava.

– Tem certeza que é aqui? – Marshall queria acender um cigarro naquela hora, mas não podia, ia entrar em lugar fechado. E qual maneira melhor de fazer a lei do que desrespeitando-a?

Uma bela loja, nada ingênua. Quem estava dentro dela estava ligado com o assassinato de Vera Foster, a idosa mulher do magnata Will Foster. O ambiente da loja era pacato. Mesmo os dois detetives entrando de maneira bastante incomum, chamando bastante atenção, nenhuma pessoa vagava aparentemente pelos corredores.

– Zack Williams fica em que parte da loja?

Marshall puxa Dave, que precipitadamente andava pela loja despreocupado. Marshall aponta para o balcão e vê um cabelo aparecendo atrás do balcão. Como se alguém estivesse abaixado e se escondendo de algo.

– Oh! – Dave entende o que Marshall mostra. Os dois trocam olhares e se espalham pela sala. Os dois sacam as armas na mesma hora e avançam para o balcão.

Ao sinal de Marshall, os dois miram as armas para a cabeça do aparente Zack Williams. Mas a voz soluçada e o sangue espalhado por debaixo de seu corpo assustaram os dois detetives.

– E-Eu deveria ter deixado ele ganhar. – Zack fala, com os olhos quase brancos e aparentemente sufocado com seu próprio sangue.

– O que? Droga, Marshall! O que está acontecendo?

– E-Eu não sei... – Gagueja o detetive. – Como ele... Nós não ouvimos nada.

O homem se levanta e assusta os dois policiais. Gritava de dor, mas sua voz estava demasiada sufocada. Coloca as mãos nos ombros de Marshall.

– É tudo uma conspiração de terceiros. Uma hora você vai ouvir a décima segunda badalada, mas será tarde demais! – Grita de dor. Dave não queria interromper, mas os dois já sabiam o que ele falaria: “Que droga é essa?” – Drogas... Furto... Calamidade... Bombas... Por toda parte... O perigo está nos ares! O nome é Peter Chapman, o... Mágico!

Dave pega sua caderneta, apavarodamente trêmulo, e anota o novo nome. O homem tossia sangue pela já formada poça de sangue. Ele estava completamente manchado e sua dor era sentida apenas em olhar para ele. Estava em um tão depravado estado que não tremer era um desafio. Manter-se vivo era algo que ele tinha que fazer, mesmo que a vida não era mais sua rota de escape como sempre foi. Agora ela apenas acabava, enquanto ele pedia apenas mais alguns segundos. A morte podia esperar!

– Faca... O que esconde embaixo... Tráfico... – Ele queria formar uma frase, mas delatar naquele estado era forçar demais. Por fim, soltou suas últimas palavras, com os olhos já brancos e quase caindo em seu próprio sangue. – Ele está em todo lugar! Ache o Olho do Fim, Marshall! Ache o Olho do Fim!

Ele cambaleia em seu próprio sangue e o choque de sua batida no chão acaba o fazendo morrer imediatamente. As cenas que ocorreram estavam na cabeça dos dois para sempre, talvez. Dave pelo menos, que havia ativado seu gravador antes de sacar a arma, gravou todas as últimas palavras do homem. Também anotou desde “Peter Chapman” em diante. Foi bastante útil ser previnido.

Eles acionam a polícia na mesma hora. O delegado não estava presente, claro, pois havia poucos policiais conhecidos dos detetives. O diferencial era o pensamento inevitável da doentia morte que ocorrera em sua frente. Marshall não conseguia mais se concentrar em mais nada. E era óbvio que o que aconteceu com Zack está ligado com o caso.

– O perigo está nos ares... Olho do Fim? Não podemos fazer nada a não ser ligar os dois ao mesmo caso. A carteira em seu bolso confirmava. Era Zack Williams.

– Ele sabia meu nome, Dave! Ele sabia. Décima segunda badalada. Peter Chapman... O jeito é enxergar dois lados da moeda nisso.

– Não podemos pensar nisso agora. Vamos, se arrume! Vamos voltar à delegacia.

– Mas... E aquela mulher? Lilian Moore, certo?

– Se demorarmos muito na delegacia eles vão suspeitar de nós. E nossas digitais devem estar por todo o corpo de Zack.

– Dave, nós estamos em um caso sério. – O cigarro que estava tremendo de ansiedade para ser usado, finalmente é aceso. Sua fumaça corre pelos ares da janela, a mesma que libertava seus olhos àquela magnífica visão. – Foda-se o que eles acham! Não podemos parar as investigações.

A madrugada ainda caía sobre os olhos sonolentos deles. Mas eles não queriam parar. Lilian Moore. Mulher de grandes festas e conhecida por ser imparável. Uma mestre em truques mentais, sair ganhando dela é uma tarefa impossível. Era isso que estava em sua descrição no belo casino em que ela sempre mostra seu rostinho lindo.

O casino fica na mesma parte do país em que eles estavam, apenas precisavam de um tempo respirando em sua casa para voltar pra lá. O problema é que isso atrasaria bastante. Mas ajudou eles a recarregar as armas e armar um plano. A chance do plano dar errado era razoável, mas contando contra quem eles estavam procurando, era um plano falho. Mas eles tinham que tentar.

*******

Madrugada. O casino ainda estava aberto e estava surpreendentemente cheio. Por pessoas sonolentas? Nem em sonho! O casino que nunca dormia! Pernoitar era uma lei. Das gélidas mãos dos jogadores portando dados montejantes, cartas intrujantes e facas céleres, era inevitável correr pensamentos de homicídio na cabeça de cada um. Todos eram ladrões perigosos em potencial, mas apenas uma estava no alvo.

Dave e Marshall, vestidos em seus usuais ternos, entraram no Jo’s Casino, com parênteses em “Huge Casino”, por algum motivo. Jo’s Casino “Huge Casino” era um lugar chique. Dava para ouvir da porta o tinido das moedas voando por todos os lados.

– Ache Lilian Moore e prossiga com o plano. – Colocou óculos escuros. Nada o impedia de colocá-los. O casino era claro e brilhante e vários riquinhos usavam um.

Dave consentiu com a ordem de Marshall e os dois se espalharam pelo casino. Os dois tinham fotos impressas da suspeita e pistolas calibre 38, com oito balas. Era o suficiente, pelo menos, agora. Todos os passos estavam calculados. Eles sabiam onde ela estaria em menos de cinco minutos, e onde ela não estaria em mais de cinco minutos. E que seja o Casino.

Dave achou ela. Marshall recebeu o sinal, um desarrumar do cabelo, e aproximou-se dele. Dave chegou perto da mulher. Ele sentia que ela pressentia sua presença. Disfarçou imediatamente. Chegou ao lado dela e fingiu prestar atenção no jogo. Um jogo de azar bastante jogado pelo casino. Blackjack.

– A mesa já está cheia?

– Não, não. Pode sentar.

Dave entra no jogo, com todo o combinado, sabendo como o casino funcionava. Marshall observava discretamente, em outra mesa, de um outro jogo. O jogo começa então, com Dave Wood e Lilian Moore de lados opostos. A expressão de confiança de Dave era a mais limpa de todas. Intimidava os outros jogadores.

Cada jogador colocou uma quantia desejada. Lilian colocou 2 mil dólares. Logo, Dave colocou 5 mil. O crupiê manda as cartas. Marshall encara e aperta seus olhos no baralho de Lilian. Dave se mexe pela mesa e pronuncia em perfeito inglês:

– Double Down! – E se traduz. – Dobre a aposta, crupiê.

O crupiê segue com a estratégia de Dave, sem queixar-se. Apenas Lillian estava fazendo cara de satisfeita. Dave para o jogo novamente.

– Desculpem, damas e cavalheiros. Mas ninguém me vence em Blackjack. – Todos soltam “ós” de espanto. Aplaudem a sorte de Dave. Dave encara sem disfarçar Lillian, do outro lado da mesa. – Espero que aposte mais dinheiro.

Marshall achou o sinal que precisava. O fim do jogo. Se posicionou mais perto de Lillian, irritada demais com Dave para pressentir algo. O plano seguia novamente.

O crupiê lançou as cartas depois das apostas. Dave apostou apenas um mil, e Lillian, o mesmo. Depois das duas cartas, os jogadores concordaram em pedir mais uma carta. Mais uma vez, concordaram novamente, como se fossem robôs com a mesma opinião. Um jogador pediu para dobrar, mas acabou extrapolando, e perdeu a aposta. Lillian aplaude sarcásticamente.

– Que feio. Você tem que saber a hora certa de... – Vira as cartas. – Fazer um Vinte-e-um. Terminamos aqui.

O crupiê e os outros jogadores pareceram surpresos. Lillian encara com um ódio, escondido em sua cara fofa, em que faz à Dave, que sorri e a ignora novamente. Outro jogo começa. Ainda os mesmos jogadores. Apostas menores dessa vez, e enfim, as cartas são lançadas.

– Double Down.

Dave pede para dobrar de novo, mas dessa vez, o vinte-e-um não ocorre ainda. Estava com onze. Pediu mais uma carta e enfim, um ás.

– A sorte está soprando para mim de novo. – Dave pisca para Lilian. – Espero que esse rostinho bonito saiba o que fazer agora. – Sussurra. – Lillian Moore.

Lillian se levanta da cadeira furiosa e atira em Dave. A pistola estava sacada desde que ele ganhou a partida antes da anterior. Dave esquivou da pistola, mas foi tempo o bastante para Lillian perceber que uma segunda arma foi sacada e atirada contra ela. A bala de Marshall acabou sendo desviada por Lillian. Todos do casino começam a se apavorar.

– Marshall, ela correu. Ela entrará dentro da multidão.

– Enquanto ela estiver dentro do casino o plano continua. Vamos. Plano B.

Eles se espalham novamente. Dave se esconde na multidão. Marshall fica parado em um canto, escondido dos policiais que ficavam como seguranças. Marshall acha um copo de vodka no chão, esparramado. Coloca dois dedos nele e percebe que está frio ainda. Nada demais.

Dave chega perto de Lillian, do outro lado, e os dois trocam tiros. Dave começa a se esconder em uma planta. Respira fundo enquanto ouve os tiros de Lillian passar perto dele. A arma fica sem balas. Ele sai e começa a correr na direção dela, mas ela acaba recarregando antes dele chegar, e ele leva um tiro no ombro, tempo o suficiente para errar um tiro em Lillian, e acertar uma planta, que cai na cabeça dela, e a faz sangrar.

Marshall chega por trás e algema ela, porém, ela consegue dar um chute em Marshall e joga-o com tudo para a parede. Correu para o lado contrário, mas escorregou e caiu no chão. Alguém derramou vodka gelada e esparramada pelo chão todo. Quando tentou se levantar, sentiu uma fria faca em seu pescoço. Ficou imóvel na hora. Estava muito próxima, e se ela tentasse qualquer coisa, poderia apenas esbarrar e matá-la.

– O que querem de mim, hein?

– Calada, senhorita “Que-Gosta-De-Atirar”. Venha comigo!

– Tente me segurar!

Ela torce o pé de Marshall e ele consegue afastar a faca o suficiente, mas quando ela tenta sair, o cano da arma de Dave, que estava sangrando pelo ombro, é apontado na cabeça dela.

– Se mexa, Moore, e essa bala vai atravessar seu crânio!

– Você não teria coragem.

A faca de Marshall volta ao pescoço de Lillian, com a cabeça sangrando por causa do vaso quebrado.

– Você pode morrer com um tiro ou pode morrer com uma faca no pescoço. Você escolhe.

A mulher fica calada.

*******

Uma ambulância para buscar Dave, uma viatura para levar Lillian, o pessoal do casino repovoando-o. Os policiais estavam bastante bravos.

– Detetive Marshall Andrews. Meu parceiro Dave Wood e eu viemos atrás da suspeita Lillian Moore, que usualmente passava por este casino. Os danos irão ser pagos e... O que quebramos?

– Um vaso de plantas e uma garrafa de vodka. – O policial disse, menos bravo que antes.

– Tudo bem. Perdoe-nos por esta desavença, estávamos apenas fazendo nosso trabalho. Ninguém além de Dave saiu baleado, e isso é um alívio para mim. Obrigado pela compreensão.

Saiu coçando a cabeça. Procurou pela viatura. Mas ela havia sumido.

– Ei, onde estava Lillian?

– Na viatura.

Marshall sussura “hm” e não expressa surpresa por não achar a viatura. Lillian fugiu, e de carro.

– Não preciso ficar apavorado. Eu sei onde ela está. – Coloca seus óculos escuros novamente. – Ninguém engana Marshall Andrews. Ela entrou no jogo errado com o homem errado.


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Notas finais do capítulo

Comentem se possível sobre o que acharam do capítulo. Tive que pesquisar como se joga Blackjack, mas tentei deixar explicado no capítulo. Até mais.



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