Weapon (HIATUS) escrita por vadiaoriginal


Capítulo 8
Savana


Notas iniciais do capítulo

Oi, mores ♥ Espero que gostem do capítulo, eu acho que ficou legal :) comentem por favor (Não vou nem comentar sobre a season lacrante de The Originals porque estou morta)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/543525/chapter/8

Eu estava em um lugar escuro, mas me era familiar. Vagarosamente meus pés colocaram-se um a frente do outro, levando-me a explorar todo o desconhecido – que por ventura parecia ser um corredor – a cada passada que eu dava, uma escuridão me seguia e impedia-me de recuar, senti o medo começar a se alastrar por mim, todavia, controlei-me, medo era uma coisa que não poderia sentir... Enquanto eu andava sem ter nenhuma noção de para onde, uma porta abriu-se rapidamente, fazendo-me dar dois passos para trás, revelando duas pessoas dentro de um quarto. Uma delas eu pude reconhecer facilmente – esta estava deitada em uma cama, aparentemente dormindo – era Elijah, que tinha uma feição serena, tranquila, provavelmente não imaginando o que estava por vir... A segunda pessoa foi de mais difícil compreensão, ela estava de costas e coberta por uma capa de cor escura, se fundia facilmente com a negritude que se alastrava por todo o cômodo. Suas mãos se ergueram e desceram em uma velocidade descomunal, fazendo com que uma estaca branca se fincasse no adormecido Elijah e seu corpo ardesse em chamas.

O que era aquilo?

A sombra retirou-se do quarto como se nada houvesse ocorrido e como se nem ao menos tivesse notado a minha presença. Tomada pela curiosidade eu a segui, sentia que necessitava saber quem era... No fundo já brotava uma desconfiança, entretanto queria que não.

Novamente uma porta se abriu, a sombra havia sumido e eu entrei no local. Havia outro alguém no quarto, desta vez sentado de frente para um quadro ainda não terminado. Cheguei mais perto e pude constatar que tratava-se de Niklaus... Ele estava quieto, não me via nem movia-se, estava, diga-se de passagem, petrificado.

– Faça! – Ordenou, fazendo-me girar a cabeça por todo o quarto no intuito de encontrar quem falava, não obtendo êxito. Primeiramente não entendi do que se tratava nem do que a “voz-do-além” estava falando, até que olhei para minhas mãos e vi uma estaca branca – igual a que tirou a vida de Elijah – sobre elas.

– Vamos, Savana, sei que não está com pena de matá-lo... Está? – Provocou-me.

– O que você quer? Não acha que eu já tenho problemas demais, bruxa maldita? – Vociferei. É claro que se tratava da minha cópia.

– Não acha que sem Niklaus seus problemas se resolverão? Pense bem, menina burra. – Aproximou-se de mim e ficou rondando-me, como de costume. – Eu posso ajudá-la, Savana. Deixe-me voltar em seu corpo. – Bufei com tal absurdo, isso era ridículo!

– Volte para o inferno, cadela! – Gritei, e ferozmente girei em sua direção, fincando a estaca em seu corpo, fazendo-a cair lentamente e sangue sair através de sua boca. Era satisfatório vê-la daquele modo.

Um pequeno sorriso se fez em meu rosto, desfazendo-se poucos segundos depois, o corpo da bruxa foi substituído por Niklaus, eu o havia atacado e era seu corpo que ardia em chamas.

Meus olhos abriram-se rapidamente, não via nada além de escuridão, minhas mãos tatearam o que eu queria que fosse a cama, encontrando apenas o vazio. Suspirei. Ao recuperar meus sentidos, mirei tudo em minha volta, inclusive o lugar em que eu estava parada, em pé, sozinha. “Lafayette Cemetery” era o que dizia o grande letreiro. Bufei pesadamente, um cemitério?! Quanta criatividade dessa bruxa patética.

Saí andando por uma rua qualquer, não conhecia Nova Orleans, não sabia bem como voltar para a mansão Mikaelson... Na verdade, nem sei o motivo de eu voltar, essa é a minha deixa para escapar dos vampiros – melhor dizendo: sanguessugas – originais, ou talvez não. Sou uma sanguessuga agora, e pelo que a bruxa Bernadet disse, irei me transformar em lobo e virarei bruxa para depois morrer – eu realmente não me importo com isso, o meu único objetivo agora é a destruição dos Mikaelson, sei que meu fim é inevitável – o problema é a tal Hope, não posso deixar uma criança sofrer com o mesmo destino infeliz que eu – creio que esse era o objetivo do maldito Elijah: fazer-me sentir compaixão –. Não, não gosto da vida que levo, se me perguntarem direi isso sem temer ser taxada de fraca, porque se não admitisse seria uma covarde, e covarde é uma coisa que Savana Trevinna não é! Se pudesse voltar atrás, nunca teria fugido ao invés de entrar naquele orfanato chinfrim assim que fui abandonada pela segunda vez... Senti na pele tudo que a vida tem para oferecer, e posso dizer-lhes que ela é muito cruel com uma criança. Todavia, às vezes, quando a vida lhe mostra tamanha crueldade, deve-se ser mais cruel ainda, pois a maldade é o maior escudo que alguém pode ter.

Um leve coçar em minha garganta interrompeu meus devaneios. Eu estava com fome, precisava de sangue, precisava drenar um corpo humano o mais rápido possível ou acabaria enlouquecendo. O esplendor da vida que eles exalavam me deixava em êxtase ao mesmo tempo em que me deixava enjoada. Agora eu via o quão frágil era a vida humana, eles não cuidavam de si, se tornavam verdadeiras comidas ambulantes.

Parei em um cruzar de duas ruas e joguei-me de encontro ao chão – ouvi dizer que um teatro antes de se alimentar até a última gota de sangue é sempre bom –, eu podia escutar os passos lentos de minha provável vítima, ela estava aproximando-se. A rua em que estava ainda era desconhecida por mim, e por sorte – deles, é claro – estava vazia. Aos poucos o barulho de sapatos se chocando com o chão intensificava-se e eu sorri involuntariamente, podia jurar que se alguém me visse naquele exato momento, iria assustar-se com tamanha maldade estampada dentre meus lábios.

Pude ver uma silhueta grande se preparar para atravessar a rua – deduzi ser um homem –, porém, vendo-me, arfou deixando explicita sua surpresa e correu ao meu encontro – acho que uma garota jogada no meio da rua chama a atenção de qualquer um, principalmente sendo eu – caindo de joelhos ao meu lado.

– Ei, garota, o que houve com você? Está tudo bem? – Indagou preocupado, ou fingindo estar. Balancei a cabeça vagarosamente em um “não”. – Vou chamar a emergência. – Alertou-me, levando uma mão na direção de seu bolso, retirando de dentro um pequeno celular.

– Eu estou perdida. – Murmurei e ele arqueou uma sobrancelha.

– Acho que deitar no meio da rua não é uma boa solução para encontrar o caminho de volta para casa. – Respondeu-me zombeteiro, desligando o celular. – Onde é sua casa? Ajudo a encontrar. – Que prestativo...

– No inferno. – Murmurei novamente, desta vez em tom ameaçador, fazendo o rapaz me olhar assustado. Sua respiração tornou-se ofegante ao ver meu rosto, meus olhos estavam avermelhados e veias pulsavam vividamente ao redor – tenho quase certeza –, o homem moreno levantou-se rapidamente, dando dois passos para trás em forma defensiva. Apenas sorri e pus-me de pé.

– Que brincadeira é essa? Isso não tem graça. – Sua voz falhou e dava para escutar o ranger de seus dentes. Eu o amedrontava, e isso era extremamente gostoso.

– Acha que eu tenho tempo para brincadeiras? – O respondi. – Sou uma vampira recém-criada com sentença de morte assinada, que está nas mãos dos primeiros vampiros do mundo, sendo caçada por todos os lados, sem poder se defender e com uma bruxa de milhões de anos me atormentando. Sem falar da fome... – Fiz uma pausa dramática, estava fazendo uma tortura psicológica maravilhosa. – Então, querido, acha que eu tenho tempo para brincadeiras?

– Você é louca. Louca! – Gritou e virou-se para correr, mas para sua infelicidade eu estava lá, impedindo-o de sair. A velocidade vampiresca é muito útil. – Me deixa em paz, por favor. – Suplicou, entregando-se de vez ao medo.

– Nunca poupei ninguém quando humana, porque pouparia sendo uma imortal, a espécie predadora? – Sorri sem humor e minhas presas saltaram para fora, fincando-se profundamente no pescoço do homem, este que se contorcia e gritava de dor, tentando de todos os modos escapar de minhas garras.

O sangue rasgava minha garganta, uma sensação renovadora, estimulante. Quanto mais eu sugava, mais queria. O rapaz parou de se mover, eu já havia roubado todas as suas forças, seu corpo estava jogado em meus braços e eu o apertava fortemente, como uma forma de não deixar nenhuma gota de seu sangue permanecer lá. O líquido vermelho descia por minha boca e sujava minhas vestimentas, isso me dava mais vontade de bebê-lo, e eu continuaria se ele não tivesse caído no chão, deixando apenas a cabeça em minhas mãos. Eu suguei seu sangue até a última gota, seu cadáver não obtinha nada mais. Suas juntas separaram-se, era uma cena agoniante.

Mas não me impediu de sorrir satisfatoriamente.

Eu queria mais, precisava de mais, meu corpo clamava por mais e eu iria pegar mais... Todavia, uma dor imensa me fez cair no chão, com as mãos sobre a cabeça, impedindo-me de cumprir meu objetivo. Doía, doía muito, era como se meu cérebro estivesse queimando. Foi então que eu vi os causadores de todo meu atual tormento: um grupo de bruxas. Existiam três mulheres, todas elas erguiam seus braços e gritavam palavras que eu não conseguia compreender, mas elas penetravam em minha mente facilmente. Olhei para o lado esquerdo, com muita dificuldade e o notei, uma leve felicidade brotou em meu peito.

“ – Socorro! Não façam isso comigo, por favor!”

Uma voz soou ao longe, chamando minha atenção, e aparentemente sendo indiferente para as bruxas. Era uma voz fina e doce, de uma criança, e o Klaus também havia ouvido, porque deixou de vir em meu socorro para procurar quem gritava desesperadamente.

“ – Me deixem em paz! – Chorava – O que eu fiz? Fui uma má menina? Foi por isso que mamãe não me quis?”

Novamente a voz. Ela me era familiar, e tudo que dizia também, entretanto eu não achava a dona e Klaus sumira. Meu corpo já não aguentava mais, então eu caí, com minhas mãos ainda sobre a cabeça, não conseguia retirá-las. Minha visão ficou turva, meu corpo se contorcia sobre o asfalto, e outra vez o som da voz penetrou meus ouvidos.

“ – Me desculpem! Se eu fiz algo me perdoem mas não me machuquem mais, por favor!”

Com meus olhos semicerrados eu os pude enxergar: era uma garota loira e pequena, sendo espancada por dois homens grandes e fortes. Niklaus reaparecera e juntou-se à cena, empurrando os dois homens e jogando-os longe, restando apenas os seus dois corações, um em cada mão do híbrido. Sem pestanejar ele foi ao socorro da garotinha, pegando a pequena menina em seus braços – ela não parecia ter mais que 7 anos –, forçando-a a bebericar seu sangue. Poucos minutos depois a loirinha já estava de pé novamente, e pulou em seu colo, o abraçando fortemente – nunca pensei que veria o Klaus em alguma demonstração de afeto –, o homem recuou e pôs suas mãos sobre o ombro da criança, mirando-a intensamente.

“ – Você irá esquecer de mim, esquecer de tudo o que acabou de passar. Irá voltar para o orfanato e brincará normalmente, como uma linda menina deve fazer. Nenhum homem mau vai lhe machucar, amor. “

Engoli a seco, e uma lágrima teimosa desceu por meu rosto – talvez de dor, misturas de dores – eu sabia quem era aquela garotinha, agora eu sabia, eu a reconhecia. Era eu!

Meu coração acabara de partir-se ao meio. Essas lembranças me machucavam, eram feridas que nunca iriam cicatrizar. Quem não se permite esquecer o passado, é obrigado a revivê-lo sempre, e as dores que um dia se foram, voltam com cada lembrança, destroçando ainda mais os cacos que eu me tornei. Ninguém está imune às memórias, quem me dera chutá-las de minha mente. Memórias são as minhas fraquezas, são as armas que o inimigo tem contra mim, e por mais que eu tente escondê-las, eles sempre as encontram...

Continuei olhando para onde antes estava o Niklaus, ele agora sumira, tudo sumira, incluindo a dor, só que eu estava desolada demais para perceber ou esboçar alguma reação.

– Achamos que deveria saber. – Uma das bruxas pigarreou, chamando minha atenção. Levantei-me ainda com um pouco de dificuldade e a olhei, o ódio certamente estava explicito em meus olhos.

– Vocês bruxas são muito impertinentes, sabia? – Indaguei entredentes. Duas das bruxas eram morenas, uma devia ter parentesco com asiáticos, a outra era normal e obtinha olhos azuis penetrantes. A terceira bruxa era loira, diferente das outras duas, era branca como papel, e seus olhos negros como a capa que a Bruxa Matriarca usou em meu sonho. Todas irritantes e pedindo para morrer.

– Vocês vampiros são muito monótonos, sabia? – Sorriu debochada e eu cerrei meus punhos, estava louca para arrancar cada pedaço daquele rosto.

– Não precisa equivocar-se, a festa ainda nem começou. – A loira pronunciou-se, sua voz era absurdamente – e desagradavelmente – fina.

– Concordo. Eu ainda estou com fome. – Sorri provocativa e avancei o mais rápido que pude em direção às três. Minhas presas estavam ansiosas para perfurar pescoços e minha boca salivava só em pensar no sangue que sugaria daquelas vadias. No entanto, não consegui saborear a carótida delas, porque a asiática ergueu a mão esquerda – novamente pronunciando palavras chatas e incompreensíveis –, fazendo-me cair outra vez.

– Nós temos um propósito, Savana, e ele irá ser cumprido. Ela retornará. – A morena de olhos penetrantes avisou-me, começando a murmurar as mesmas palavras ditas por sua colega, logo, as três faziam um coro.

A dor voltou, só que desta vez mais forte, me levando ao chão de imediato. Lágrimas começaram a rolar sem minha permissão, essas lágrimas ardiam ao descer. Institivamente passei dois dedos sobre os olhos e vi que era sangue que caía de mim, quase que no mesmo instante desta descoberta, meu nariz começou a expelir o líquido vermelho, juntamente com meus ouvidos. Todo o meu sangue estava saindo.

– Uguíníde aite milousní ê! – A bruxa loira gritou firmemente, fazendo meu coração acelerar o ritmo de suas batidas. Cenas de coisas vividas por mim passaram por meus olhos, rápidas como um foguete, mal conseguia absorvê-las, e quando estas eram substituídas por outras mais recentes, eu apenas conseguia ver um branco ao tentar achá-las novamente. Elas estavam sendo sugadas de minha mente, como se fossem expulsas junto com aquela quantidade imensa de sangue.

Sem muita demora em meus pensamentos já predominavam as lembranças de hoje à tarde: a conversa com Kol, onde ele disse suas verdadeiras intenções, creio que eu gostei do que ele disse, entretanto não consigo lembrar bem o que era. Também há a lembrança da conversa entre Klaus e Elijah, falando de minha morte iminente – para variar –... E por fim, me veio em mente algo que descobri sobre a tal Bernadet, era importante, era do meu interesse e dependendo do meu humor, seria do interesse de Niklaus. Ela estava a mentir... Mas eu não lembro mais sobre o quê.

Eu, eu, não lembro mais de nada!

Memórias de acontecimentos desconhecidos por mim invadiram meus pensamentos sem minha permissão. Eram coisas antigas, pessoas antigas, um tempo antigo... “Bruxa Matriarca!” uma voz gritava em minha cabeça. Ela estava apossando-se de meu corpo, eu não podia permitir, mas também não conseguiria reagir, não nesse estado.

Era meu fim!

Não adiantaria pedir por paz em minha morte ou misericórdia à Deus, se é que ele realmente existe. Não tenho a menor ideia do que me espera, no entanto, sei que não é coisa boa, eu não mereço algo bom. Eu matei pessoas só por prazer, eu torturei, manipulei e não me arrependo. Matar pessoas inocentes custa tudo o que você é, custa toda a sua tranquilidade, não há redenção.

Fechei meus olhos e os abri por tantas vezes que nem pude contar, meu corpo estava dormente por tudo aquilo que estava passando, a dor até havia diminuído de intensidade, ela ainda estava lá, só não me preocupava tanto com a mesma.

Fitei as bruxas pela última vez, minha vontade era de arrancar suas cabeças, exatamente como fiz com... Não sei.

Então, do nada as três mulheres foram tiradas do chão e caíram no mesmo instante – tenho quase certeza de que agora seus novos status eram: mortas – estavam desmaiadas e através de um beco escuro, uma jovem moça saiu, andando em nossa direção, sua mão estava erguida assim como as das finadas feiticeiras minutos antes. A garota de cabelos castanhos mirou os corpos no chão, com um nojo explícito, e encaminhou-se em minha direção. A dor havia passado, um alívio sem igual tomou conta de mim, então levantei.

– Você deve ser Savana. – Comentou, com um pouco de desdém mesclado com um ar superior e amigável.

Savana?

– Eu não sei. – Murmurei de forma assustada. Minha mente estava vazia.

A única coisa que ainda existia era uma frase que martelava incansavelmente, dita por alguém que no momento eu desconhecia, também não sabia seu significado, mas apertava meu coração.

"Cuide dessa menina, Niklaus. A ajude, ou ela mesma se destuirá!"


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heeey, olá :) gostaram? Digam sim, senão morrem! (Ok não kkkk) sigam-me no twitter, mores: twitter.com/psikolpata nos vemos em breve!
AVISO: No próximo capítulo teremos flash back intercalado com os tempos atuais (tipo como ocorre na série mesmo) então não se preocupem, suas duvidas serão respondidas)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Weapon (HIATUS)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.