The Blue Room escrita por Wednesday Addams


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Como eu disse antes, a história é baseada em um pesadelo que eu tinha quando criança. Eu nunca entendi ele, então resolvi transformá-lo em uma história.
Enjoy :)



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Só mais um longo dia.

Era isso que Blake pensava naquela tarde de outono. Sentado ao lado da cama onde sua mãe repousava, sedada por inúmeros remédios para aliviar a dor.

O pobre garotinho observava a janela aberta, enquanto fazia novamente a conta de há quanto tempo estava ali.

Dois anos, um mês, duas semanas e 5 dias. Setecentos e setenta e nove dias. Sempre ali, vendo a mãe piorar gradativamente, escutando as mentiras ditas por médicos e enfermeiras.

Mesmo o St. Mary sendo o melhor hospital da região, não havia esperança para a recuperação de sua mãe. Apenas uma pessoa teve pulso para contar tal fato para o menino de apenas 11 anos. O doutor Albert Sullivan, tataraneto do fundador do hospital e médico de sua mãe. Sempre com um sorriso no rosto, contando histórias de sua infância dentro daquele velho hospital, o homem conseguia trazer um pouco de luz para a vida cinza do pequeno Blake.

Mas naquela tarde não foi assim. Mesmo fazendo palhaçadas e brincadeiras, o doutor não conseguiu arrancar nem mesmo um único sorriso do loirinho.

- O que houve garoto? – O médico colocou a mão sobre o ombro do menino.

- Eu não quero mais ficar aqui. – Blake não desviou os olhos da janela.

O doutor ajoelhou-se em frente ao menino e lhe deu um pequeno sorriso.

- Por que você não dá um passeio pelo hospital? Eu sei que o lugar é velho. – O homem soltou um riso baixo – Mas creio que vá achar algo com que se divertir.

O menino caminhava lentamente pelo corredor branco. Já estava no último andar e ainda não tinha encontrado nada com que brincar.

Blake notou uma porta diferente. Ela não era branca como as outras. Era de um tom de azul escura, com um trinco dourado. Movido pela curiosidade, Blake abriu a porta e deparou-se com uma mesa de metal no centro da sala. Sentada em frente a ela, encarando-o, estava uma menina. Ela tinha os cabelos negros e a pele pálida.

- Oi. – O garotinho disse timidamente.

- Oi. – A menina desviou os olhos para um tabuleiro de xadrez sobre a mesa.

Blake olhou ao redor, observando a sala. Como a porta, as paredes eram azuis, e a única coisa presente na sala era a mesa. A iluminação parecia vir de uma janela alta, deixando a sala um pouco escura.

- Quer jogar? – A menina perguntou, fazendo Blake a olhar.

- Claro. – Ele se sentou de frente a ela, recebendo um leve sorriso.

Passaram algum tempo jogando, até Blake ganhar.

- Você é bom. – A menina olhou o pequeno crachá de visitantes preso no casaco dele. – Blake.

Ele sorriu de leve, porém seu sorriso logo sumiu.

- Tenho que ir. – Blake começou, e viu o rosto da garotinha se entristecer – Mas eu posso voltar amanhã, se você estiver aqui.

A menina sorriu e começou a guardar as peças.

- Eu virei também, e jogaremos de novo.

O menino sorriu e saiu em direção ao quarto da mãe. Estava prestes a virar o corredor quando lembrou-se que não sabia o nome de sua companheira de jogo. Correu até a porta azul, mas ao entrar notou que a sala estava vazia. Ela já tinha ido embora.

No dia seguinte retornou ao local, encontrando a garotinha sentada no mesmo lugar, sorrindo pra ele.

- Olá Blake.

- Olá! Eu ainda não sei o seu nome. – ele se sentou de frente pra ela e sorriu.

- Meu nome é Annie.

Durante as semanas que se seguiram, Blake e Annie se encontravam todas as tardes para jogar, e Blake sempre ganhava.

- Por que você me deixa ganhar, Annie? – O garoto a questionou e ela se encolheu, com o rosto triste.

- Você não é o primeiro a jogar comigo. – Ela começou e Blake assentiu para que continuasse. – Eles vinham durante um tempo, mas quando eu ganhava, eles nunca mais voltavam.

Uma lágrima escorreu pelo rosto pálido, e Blake ficou impressionado. Como alguém poderia ser tão infantil a ponto de não saber perder um simples jogo de xadrez?

- Eu não sou assim, Annie. Se você ganhar, eu não vou ficar chateado. Continuarei te visitando do mesmo jeito.

-Não! Eu não vou ganhar! – Annie olhava o tabuleiro como se a sua frente estivesse um monstro. – Você não vai voltar se eu ganhar. E então eu estarei sozinha de novo.

Blake caminhou até ela e a abraçou.

- Eu não vou te abandonar. Você é minha amiga.

Annie o olhou nos olhos, e Blake pôde notar a tristeza profunda nos olhos castanhos da menina.

- É melhor você ir. Já está tarde. – Annie sussurrou, e Blake lhe abraçou de novo antes de caminhar em direção a porta.

- Te vejo amanhã. – A menina disse baixinho e sorriu.

- Até amanhã, Annie.

Durante a noite, Blake pensou sobre a conversa que teve com a amiga e decidiu que iria provar para Annie que não a abandonaria.

No dia seguinte, Blake e Annie estavam novamente jogando, quando Annie notou que todas as suas peças cercavam o rei de Blake. Ela iria ganhar.

- Por que fez isso, Blake? – a menina mantinha uma expressão de dor ao olhá-lo.

- Ganhe, Annie. E eu vou provar que continuarei aqui.

O menino sorriu, encorajando-a.

- Você não quer isso, Blake. Por favor, diga que não. – ela disse em uma súplica.

Blake se perguntou quantos amigos el aja não deveria ter perdido para ter tanto medo.

- Eu quero.

Com o rosto banhado em lágrimas, Annie moveu a peça até o rei, derrubando-o.

- Xeque-mate.

Nesse momento, os olhos de Blake perderam o brilho, e ele caiu sobre a mesa, derrubando as peças.

Annie secou as lágrimas que insistiam em cair. Olhou para o corpo sem vida do menino e levantou-se, recolhendo as pecas e as guardando dentro do tabuleiro.

Antes de sair, ela olhou-o uma última vez.

- Eu avisei, Blake. Você não vai voltar, assim como os outros. Ninguém volta.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam dessa minha mente conturbada!



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