I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 28
Capítulo 27




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Se a mudança de Karina para São Paulo havia sido relâmpago, sua volta para o Rio podia ser considerada obra do herói Flash, tamanha a rapidez. No sábado de manhã voltou para a grande metrópole, acompanhada de Gael, Duca, Cobra e Bete. Os cinco passaram o dia inteiro empacotando tudo e no domingo colocaram tudo em um caminhão. Apenas Karina permaneceu em São Paulo, em um hotel, para resolver na segunda-feira as pendências no emprego, imobiliária e escola de Ana Clara.

No Rio, Pedro viu a filha todos os dias, mas sempre acompanhado de alguém. João, Dandara, Tomtom, Bianca e Jade sempre estavam por perto, e isso incomodava muito o guitarrista. Então, na segunda-feira seguinte a volta delas, ele foi à casa de Gael, disposto a conversar com Karina.

“Eu quero ficar sozinho com ela.” Ele sibilou, já que estavam na cozinha, enquanto a criança brincava com os avós.

“Pedro, as coisas não são simples assim, nós já conversamos.” Karina suspirou, cansada. “Eu entendo seu desejo e vontade de ficar com ela, mas ela vai começar a estranhar você grudado nela.”

“Ótimo, então contamos a verdade de uma vez.” A loira o fuzilou com o olhar.

“Pedro, pelo amor de Deus, para de pensar em você por cinco minutos e pensa na Ana Clara.”

“Ela quer o pai dela.”

“Sim. E como você pretende explicar para ela que o pai dela é o melhor amigo do padrinho dela, que vivia aqui no Rio, e nunca a viu?” Ela largou os legumes que picava, o encarando. Ele baixou os olhos, sem saber como responder. “Pedro, nós estamos lidando com uma situação complicada e delicada. Nossa filha não é mais um bebê, ela é esperta até demais para a idade. E a não ser que você esteja pronto para explicar tudo o que aconteceu...”

“Nós podemos inventar alguma coisa.” Karina riu com escárnio.

“Pedro, ela é esperta, lembra? Ela não cai em mentiras tão facilmente, especialmente nesse caso. Todos dissemos que você sempre esteve longe, mas na verdade você estava perto. Que tipo de desculpa convincente você pretende dar?”

O rapaz suspirou, apoiando as mãos no balcão e baixando a cabeça, entristecido. A ex-namorada se apiedava dele, é claro, mas a situação era complicada. Se aquilo fosse um livro, ela com certeza seria tachada como vilã e Pedro como pobre sofredor. Mas só quem estivesse em seu lugar saberia como tudo era controverso e difícil.

“Amanhã a Jade ficou de dar aula de balé para ela; pelo menos até eu ajeitar as coisas ela que vai fazer isso. Você pode ir assistir, já que a Clarinha te convidou. E depois, se você quiser, pode levar ela tomar um sorvete. Só vocês dois.” Ela disse, voltando a picar os legumes. Pedro a olho de relance, admirado. “Só tome cuidado, por favor.”

~P&K~

A dama se apaixonar pelo vagabundo é uma história tão clichê e batida que chega a ser surpreendente e inédita quando acontece. E no caso de Jade e Cobra, foi o que aconteceu. Os dois vilões, de mundo tão diferentes e opostos, encontraram o amor um nos braços do outro.

E depois de todas as provações e dificuldades que passaram, de tantos medos que venceram, tantas escolhas que fizeram, tinham sua família e sua paz: Anabelle.

Aquela coisinha que crescia e deformava o corpo de Jade, como ela gostava de reclamar só para receber elogios do marido, era a maior riqueza e amor do casal. E agora, dominados pelo sentimento do que era amar tanto alguém como amavam a filha, tinham a mesma ideia de João: precisavam ajudar Pedro e Karina a voltarem e assim ser a família que Ana Clara merecia.

“Vagabundo, você precisa convencer a machinho a contar a verdade para a Clarinha.” Quando estavam a sós, Jade ainda usava os doces apelidos da juventude.

“Eu sei minha dama, mas é complicado.” Ele parou ao lado da esposa, envolvendo a barriga dela. “A K é bem cabeça dura. E com o Pedro de acordo...”

“Então apela para a chantagem emocional, sei lá.”

“Saudades do tempo de bitch?” Questionou o homem, se afundando no pescoço dela.

“Sossega esse facho, Ricardo, que eu não to podendo fazer nada.” Ela riu do gemido de desgosto dele. “Cobra, você é a pessoa que melhor consegue estabelecer um diálogo complicado com a Karina... Tenta, por favor. Pela Clarinha.”

~P&K~

Como combinado, Pedro chegou à Fábrica perto das 14h, encontrando Karina, Jade e Clarinha. A menina ficou animada de saber que o guitarrista veria sua aula de dança, e mais feliz ainda quando foi avisada que depois iriam tomar sorvete.

Jade, é claro, adorou a notícia, e antes de subir correu ao encontro do marido, contando para ele. Conhecia a mente ardilosa daquela cobra para saber que ele saberia usar tudo ao seu favor.

A aula de dança era bem tranquila, em partes porque Jade estava às vésperas de dar à luz, em partes porque não queria exigir demais da criança. Como já lhe dissera outro dia, quando e se ela quisesse, um dia poderiam treinar mais intensa e pesadamente.

Pedro assistia tudo maravilhado, encantado com a desenvoltura e graça que sua filha possuía. Uma coisa que não negaria nunca é que Karina havia se saído muito bem durante todos aqueles anos, e criado Ana Clara com capricho. Claro que ainda não a conhecia a fundo, não sabia de suas birras ou chiliques, mas a menina aparentava ser educada com todos, inteligente e esforçada em tudo o que fazia.

E por mais que um dia viesse a se gabar que aquilo era obra de seus genes, sabia que isso se devia muito também ao cuidado que a ex-namorada tinha tido com a filha de ambos, e por isso só tinha a agradecer.

“Muito bem, por hoje chega.” Anunciou a dançarina, uma hora mais tarde. “A Anabelle não está colaborando comigo. Preciso deitar urgentemente.”

“Tudo bem, eu e o Pedro vamos tomar sorvete.” Clarinha lembrou, animada. “Posso ir com a roupa de bailarina?”

“Deve, grãozinho.” Ele apanhou a mochila dela, enquanto a menina abraçava a tia, se despedindo. Logo correu, dando a mão para o rapaz. “Você tá de boa, Jade?”

“To sim, esquisito. Pode ir.” Ele riu do apelido, se despedindo e saindo com a filha. “Ai caramba... Segura as pontas aí, filha.”

Na academia, Karina observava Pedro e Ana Clara saindo para a rua, os dois conversando animados, a filha saltitando em seu uniforme de balé. Alguém sentou ao seu lado e ela observou Cobra pelo canto de olho.

“O quê?” Perguntou ela, já na defensiva.

“Cara, se a Jade fizesse comigo o que você está fazendo com o Pedro, juro que já tinha sumido com a minha filha.” A loira arregalou os olhos. “Qual é K, seja racional... Os dois se adoram, mesmo sem ela saber da verdade. O que ela sempre quis foi o pai, e agora ele está aqui. Eu roubei, aprontei, fui preso, e nem por isso a Jade tá ameaçando afastar a Anabelle de mim. O Pedro errou, mas foi a muito tempo, que nem eu. Você vai punir ele até quando?”

“Eu não estou punindo ele.” Ela baixou os olhos e Cobra riu.

“Você está. Inconscientemente, mas está. Você não quer que ele tenha a Clarinha, você quer que ele faça por merecer ela. E isso é errado, Karina, muito errado. Você manteve ela longe do Pedro por anos, acho que já foi castigo o bastante.”

“Queria saber de onde você está tirando essas besteiras.” Resmungou a lutadora, e o amigo riu.

“Se elas servirem para te fazer reavaliar a situação, falo tantas besteiras mais.” Ele prometeu, encarando a escada. “Mas o que...”

“Vagabundo, vagabundo...” Jade vinha andando de um jeito engraçado, uma careta no rosto. “Pega o carro, agora.”

“O que foi Jade?” Karina e Cobra apoiavam a dançarina, que arfava.

“O que foi, machinho, é que minha filha tá começando a me quebrar por dentro.” Anunciou a grávida, desesperada. “Anda, Ricardo, sua filha quer sair daqui.”

“Agora?”

“Não, vagabundo, amanhã depois do chá das cinco. Claro que agora, homem. Pelo amor de Deus, busca esse carro.” Karina começou a rir da situação, amparando a ex-inimiga, enquanto Cobra saia correndo que nem um desgovernado. “Ninguém avisa que isso dói assim.”

“Bom, eu tava apagada na hora, não posso opinar.” Lembrou a lutadora, a ajudando a ir em direção à porta.

“Até que não seria uma má ideia.” Choramingou Jade, encarando Karina. “Você viu como o Cobra tá feliz?”

“Vi...” Suspirou a moça, sem encarar Jade.

“Então não priva mais o Pedro disso, Karina. Ele merece a felicidade que o Cobra vai ter daqui a pouco, quando olhar para a nossa filha e disser que é o pai dela. O Pedro merece poder fazer isso com a Clarinha.”

Antes que a lutadora respondesse, Cobra invadiu a calçada com o carro, descendo aos tropeços e correndo até a esposa, a puxando para o banco traseiro do carro.

“Ricardo, se você dirigir assim no caminho, sua filha não vai nem nascer.” Repreendeu Karina, achando graça no desespero do amigo.

“Dirige para mim então, por favor.” Implorou o lutador. “Eu to alucinado, K.”

“Pelo amor de Deus, faz esse favor.” Implorou Jade. “Já tem uma criança saindo de mim. Não preciso de mais dores.”

“Tudo bem, me dá essa chave.” A loira assumiu o volante, enquanto Cobra entrava no banco traseiro com a esposa. “Mas estão proibidos de falar sobre o Pedro, entendido?”

“Dirige logo, cacete.” Gritou Jade, assustando os dois.

“Acho que não vamos conversar muito.” Suspirou Karina, saindo com o carro.


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Notas finais do capítulo

Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee fiz um vídeo Perina, ficou fofo. Toma o link peanuts youtu.be/dieGt4gouqA
See you babys ;*
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