I'm forever yours escrita por ColorwoodGirl


Capítulo 20
Capítulo 19




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No meio da tarde, Pedro resolveu voltar para seu apartamento. Já estava quase dormindo sentado enquanto brincava com Julinha, e João aconselhou o amigo a ir descansar. Combinaram que o guitarrista o levaria à sessão de quimioterapia no dia seguinte, para que Fabi e Dandara não precisassem faltar ao trabalho.

"Tem certeza de que você quer fazer isso? Não é algo muito legal, sabe? Tem uma grande chance de eu passar mal... Pelo menos, na primeira eu passei." Apesar de feliz com o gesto do rapaz, João não queria fazê-lo se sentir desconfortável.

"Quem segurou minha cabeça quando eu gorfei no meu primeiro porre?" Os dois riram. "Eu vim pra isso, bro, te ajudar a passar por isso. E nós vamos aguentar toda essa nojeira juntos, ok?"

"Tio Pedo, quando você vem brincar com eu de novo?" Julia interrompeu o momento, correndo e se atirando nos braços do rapaz.

"Quando você quiser, gatinha. Só chamar que o titio vem." Ela sorriu travessa, lhe dando um beijinho no rosto. "Pra ganhar um beijinho assim, eu volto aqui todos os dias."

"Tira as patas da minha filha, seu moleque." João brincou, pegando a criança do colo do amigo. A pequena abraçou o pescoço do pai com força, recebendo um beijo na testa. Pedro sorriu para a cena.

"Até amanhã, gente." Se despediu, caminhando para o elevador enquanto João e Julia acenavam da porta.

Desceu os andares bocejando, morrendo de sono. Cogitava chamar um táxi, mas não queria deixar a caminhonete estacionada na rua. Chegou à calçada coçando os olhos, enquanto outro carro estacionava no meio fio.

Seus olhos observaram Gael e Dandara no banco da frente, e ele acenou. Até gostaria de cumprimentar a tia mais adequadamente, mas seu sono era mais forte. Se prolongasse mais, acabaria dormindo ali mesmo.

Entrou no carro e deu partida, observando os olhares do casal pelo retrovisor. Acenou novamente com a mão antes de sumir pela outra esquina.

No carro de Gael, havia uma pessoa um tanto quanto ansiosa.

"Aquele era o Pedro Ramos, da Believe? Era, vovó?" Clarinha quicava no banco, seu corpinho tremendo de ansiedade. "Ele é mesmo melhor amigo do tio João?"

"É sim, querida, o tio João já contou isso." Dandara acariciou o rostinho de boneca, observando os olhos azuis brilharem como diamantes.

"Eu falei pra virmos antes, vovô. O Pedro tava aí, eu podia ter pego um autógrafo." Reclamou a criança, fazendo bico para o avô.

"Outro dia você faz isso, pequena. Hoje nós viemos ver o tio João, e não podemos fazer bagunça, ok?" Gael explicou à neta, que assentiu. "Vamos descer então."

Dandara tinha a chave do apartamento, já que estava partilhando os cuidados de João com Fabi. A nora já havia voltado ao trabalho, mesmo sem a chegada da sogra, porque Pedro estava lá. Fora ela inclusive quem avisara o casal da presença do guitarrista, pedindo que esperassem um tempo, para evitar um encontro catastrófico.

"Vov... Nina." O grito de Julia mudou ao ver que, além dos avós, Clarinha também estava ali. A pequena correu até a prima mais velha, que a abraçou.

"Só porque a Nina está aqui vai esquecer da vovó?" Dandara fez bico, mas as crianças estavam muito animadas por estarem juntas, e sequer a escutaram.

"E essa afilhada desnaturada, então... Veio me visitar, mas só sabe olhar a Julinha." João entrou na brincadeira, atraindo a atenção da loirinha. Ela se soltou com cuidado da menor, correndo e se jogando nos braços do padrinho, o abraçando apertado. "Que saudade, baixinha."

"Tio João, é verdade que você tá dodói?" Ele assentiu, vendo-a passar a mão no seu cabelo raspado. "Por isso seu cabelo tá curtinho assim?"

"É, Clarinha, é parte da doença." Ele explicou, beijando a mão dela, enquanto via a mãe e o padrasto sumindo pelo corredor com sua filha. "Mas é uma parte boa, porque quer dizer que tá começando a melhorar."

"Sério?" João concordou, vendo o sorriso da pequena se iluminar. "Eu vim pro Rio pra ficar com você, tá tio? Vou cuidar de você que nem a mamãe cuida de mim quando eu to dodói, e você vai ficar bom logo."

"Com um sorriso desse, com certeza." No quanto seu coração se aquecia com a presença daquela criança estava a prova do quanto João amava a afilhada: talvez o amor mais puro que já experimentara, descontando é claro o que sentia pelos dois filhos.

"Eu vi seu amigo, o Pedro, saindo daqui." Ele gelou ao ouvir aquilo. "Me avisa quando ele estiver aqui, tio? Eu quero falar com ele, pedir pra ele autografar meu CD. A mamãe comprou o novo pra mim, mesmo não gostando deles. Ela conhecia o Pedro, tio?"

Antes que ele pudesse responder, o sogro apareceu na sala e ele deu graças a Deus. Gael chamava Clarinha para ver o novo brinquedo de Julinha, e logo ela se distraiu. O nerd encarou o padrasto agradecido, mas ele parecia tenso.

"Se a Karina sonhar que eles podem vir a se cruzar, não vai voltar para o Rio." João concordou, já ciente do plano do mestre de trazer a filha e a neta para a cidade.

"Então temos um problema, Gael... Porque o Pedro voltou definitivamente para o Rio."

~P&K~

Karina andava de um lado para o outro, tentando a muito custo não acordar a pessoa no quarto ao lado. Em seus braços, Ana Clara se remexia inquieta e desconfortável, sofrendo com a cólica.

"Vamos, meu amor, nós duas precisamos dormir." Murmurava a lutadora, os olhos quase se fechando com o sono, o peito apertado com a angustia de ver a filha com dor.

Bete sempre sabia como resolver a situação, mas havia ido dormir em sua casa, aproveitando que Sol estava na cidade. A cantora e Wallace haviam aparecido de surpresa.

Pedro e o resto da banda estavam em Campinas, no estado de São Paulo, já esperando pelo show do outro dia. Do contrário, Karina teria fugido do Rio sem medo, ignorando o fato de ser aniversário de Lara, filha de Mari e Jeff. O evento na verdade era uma desculpa da família para arrastá-la para o Rio, fazendo com que matassem a saudade da bebê.

Quando estava cogitando ir até Dandara, alguém bateu à sua porta.

"Entra." João apareceu pelo portal, fazendo-a sorrir envergonhada. "A gente te acordou? Desculpa."

"Tudo bem, não tem problema." Ele coçava os olhos, caminhando até a meia-irmã e a afilhada. "O que ela tem?"

"Cólica, pelo visto. E nada do que eu faço melhora." Ela encarou os olhos azuis da criança de quatro meses, que ameaçava chorar. "Ela tá exausta."

"Você também. Descansa um pouco. Se é para ficar andando enquanto ela resmunga, eu faço isso."

"Nada a ver, João. não tem nada a ver com isso."

"Eu sou o padrinho dela, não sou? Sou o mais próximo do pai que ela tem." Karina desviou os olhos. "O Duca falou que ele ficava andando com o Alan de um lado para o outro, enquanto a Bianca dormia e a cólica não passava. Deixa eu fazer isso um pouco, para você descansar. Até porque, nervosa como você está, logo está chorando com ela."

"Se eu deixar, você cala a boca?" Ele assentiu. "Então tá bom..."

A mãe explicou como o rapaz deveria segurar a criança para que a cólica se aliviasse um pouco. João fraquejou a princípio, mas logo tinha pego o jeito e ninava a pequena com carinho e devoção, fazendo com que a birra cessasse aos poucos.

"É impossível." Suspirou Karina, aliviada. "Como fez isso?"

"Nada, eu só segurei ela." Ele deu de ombros, indo sentar na poltrona. "Dorme, esquentadinha. Eu vou ficar um pouco aqui, até ter certeza que ela dormiu mesmo."

"Tem certeza?" Ele assentiu sorrindo. "Qualquer coisa você me chama."

"Pode deixar, K. Agora descansa."

A loira fez o que ele pediu, caindo no sono depressa devido ao cansaço. Quando acordou na manhã seguinte, surpresa pelo silêncio da filha, sorriu ao encontrar a imagem do padrinho ainda na poltrona, com a criança dormindo aninhada à ele.

~P&K~

"Como é bom ver você, meu amor." Delma beijava Clarinha sem parar, enquanto a criança sorria com os carinhos da avó. "Sua mãe podia ter nos avisado antes... A sua tia só chega da faculdade na sexta-feira à noite."

"A gente decidiu hoje de manhã, Delma." Garantiu Gael, enquanto ele e Dandara observavam a cena. "A K também vem na sexta."

"E mesmo de última hora, conseguiram chamar tanta gente, né?" A atriz completou o marido, quando viu que a neta era içada sobre os ombros de Cobra, rindo deliciada.

Ele era talvez o melhor amigo de Karina, se descontado João. Ela e Jade eram as únicas que conseguiam vê-lo por trás das máscaras, e com o tempo a convivência com os demais foi se tornando mais fácil e comum.

"Tio Cobrinha, como vai chamar o seu neném e da tia Jade?" Clarinha abraçou a cabeça do homem, observando a barriga da dançarina, que estava sentada na mesa com os demais.

"Vai chamar Anabelle, pequena." O lutador olhou para cima, focando os olhos nela. "Você gosta?"

"Ana, que nem eu?"

"É, Clarinha, mas o dela é tudo junto. O seu é Ana e Clara, separados. O dela é Anabelle, tudo junto." Explicou Jade, e a menina assentiu.

“Tem muita Ana aqui." Ela comentou, observando a priminha de seis meses no colo de Bianca. A caçula de atriz se chamava Ana Luz.

"Acho que tem é muita criança aqui. Daqui a pouco o Perfeitão vai virar restaurante infantil." Brincou Lincoln, enquanto a neta mais velha o ajudava na cozinha. A filha mais velha de Mari e Jeff, Lara, tinha nove anos de idade. O caçula, Marcos, estava ocupado em brincar com os palitinhos de dente que tirara do apoio, acompanhado de Alan. O filho de Bianca tinha oito anos, o de Mari, quase seis.

"E agora a Sol está grávida também..." Lembrou Bete, toda orgulhosa. "E tem a Julinha e o bebê que a Fabi está esperando. É uma turminha boa, hein?"

"Quero ver é para eu lembrar o nome de todos." Resmungou Marcelo, dramático como sempre. Clarinha riu do avô, ainda nos ombros de Cobra.

"Você é dramático, né vovô?"

"Olha isso, Marcelo. Até a menina sabe." Delma bateu no braço do marido, enquanto todos riam.

"Deixem o drama para depois, porque agora a comida está pronta." Lincoln avisou, surgindo com uma bandeja, enquanto Lara vinha com a outra, toda sorridente com o avental de cozinha do avô, que arrastava no chão.

"Vem cá, mocinha." Gael chamou a neta, que foi colocada no chão pelo outro lutador. Clarinha se acomodou entre os avós maternos, enquanto os amiguinhos se acomodavam com os pais, cada um auxiliando uma das crianças. Bete engatou na conversa com Marcelo, Delma e Lincoln, enquanto Cobra enchia a esposa grávida de mimos e carinhos.

"E a tia Ruiva, cadê?" Clarinha pareceu lembrar do nada, encarando a avó.

"A Ruiva tá viajando, pequena. Tá apresentando um show de dança." Explicou Jeff, sorrindo para a criança.

Ruiva, Jade e Jeff haviam sido convidados para ingressar na mesma companhia de dança, porém só as duas primeiras aceitaram, enquanto o rapaz preferiu trabalhar e se dedicar à família. As duas, agora amigas, brilharam no palco juntas por vários anos, até Jade escolher ter uma família com o marido e decepcionar, novamente, a mãe.

Porém, dessa vez, ela sentia orgulho de si mesma, e não trocaria a filha por nenhum sucesso ou prêmio de dança no mundo.

"Tia Jade, eu não vou no ballet amanhã... Você me ajuda a ensaiar lá na Ribalta?" Clarinha era do tipo que mudava de assunto rapidamente, não tinha motivos ou filtros. Falava o que queria e quando pensava, tinha ideias do nada, era uma típica criança de seis anos de idade.

"Com o maior prazer do mundo." A dançarina sorriu.

"E tia Bianca, você leva eu e o Alan lá na pracinha? Quero brincar no escorrega."

"Vamos todas, então." Sugeriu a atriz. "A tia Jade te leva depois da aula, e eu e a tia Mari encontramos você lá. Eu busco a Julinha, e ela vai também."

"Gostei." A pequena sorriu satisfeita, dando a conversa por encerrada e voltando toda a sua atenção ao jantar.

~P&K~

Pedro acordou passadas às 20h. Estava com fome, muita fome, e não tinha uma mísera bolacha em seu apartamento. Trocou de roupa e resolveu ir em busca de sua fonte alimentar favorita: o restaurante dos pais.

Ao se aproximar, observou alguns conhecidos deixando o local. Cobra e Jade seguiam em direção ao QG, ainda gerenciado pelo rapaz. O local havia sido completamente reformado e caprichado, e agora tinha um belo apartamento na sobreloja onde eles viviam, para o desespero de Lucrécia.

Mari e Jeff colocavam os filhos no carro, enquanto Lincoln conversava com os dois, ainda trajado com as roupas de cozinheiro. E Bianca e Duca seguiam para sua própria casa, com Alan pulando animado e Ana Luz adormecida no colo do pai.

"Encontro de amigos e seus filhos." Comentou em voz alta, lembrando que João uma vez contara que eles se encontravam uma vez por semana para as crianças brincarem. Provavelmente, o dia era aquele.

Uma menina surgiu, sozinha. Era pequena, pouco mais de um metro, magra e delicada, os cabelos loiros longos e ondulados. Não conseguia ver detalhes de seu rosto, mas podia constatar que era lindo. E então ela virou em sua direção e ele arfou ao ver os olhos azuis cintilantes.

Ia acelerar o carro quando uma van freou bruscamente à sua frente, indicando que ele furou o sinal de pare. Ele se desculpou, esperando a van se afastar, mas quando isso aconteceu, a criança havia sumido.

Estacionou o carro em frente ao Perfeitão, pincelando a praça com os olhos, procurando onde estaria aquela menina. Coçou os olhos, acreditando estar alucinando pelo sono que ainda sentia. Mas a fome era maior.

Talvez então, fosse alucinação do sono e da fome.


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Notas finais do capítulo

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