Capítulo 17
Felicidade
– Megara Tuit

Após Kevin sair da casa da Tania passamos um tempo jogando conversa fora e logo fomos dormir. No outro dia Tania me emprestou uma roupa e partimos rapidamente para a escola.

– Vou para a biblioteca – avisei

– Também vou – ela disse e entramos na biblioteca.

– Bom dia, Sra. Ronalds – cumprimentei a bibliotecária.

– Mc Donalds – Tania sussurrou

– Olá, Tania – a bibliotecária bufou um cumprimento e depois foi para alguma prateleira ajeitar algum livro.

– Meg, hoje vai ser seu encontro, né?! – Tania me perguntou enquanto eu pegava um livro no balcão, o último livro que eu estava tentando terminar de ler era Vinte Mil Léguas Submarinas.

– Sim – concordei deixando meu cabelo cobrir meu rosto e voltando para a mesa onde os pés de Tania já se encontravam sobre a mesa

– Tá ansiosa? – Tania me perguntou e eu engoli em seco e escutamos alguns livros caindo atrás de algumas prateleira. Viramos ara ver o que havia causado o barulho e era o Derek, ele me encarou, pegou os livros e os deixou no balcão ao eu lado, e logo saiu da biblioteca. Eu fuzilei Tania com o olhar e ela sorriu para mim.

– E você, esta ansiosa para o seu encontro? – perguntei e ela fechou a cara – Perdedora – falei lentamente

– P-e-r-d-e-d-o-r-a – Lua soletrou

– Lua, o que você sabe? – perguntei rindo

– T-u-d-o – ela soletrou novamente e eu ri

– Sam fofoqueiro – Tania bufou

– V-e-r-d-a-d-e – Lua soletrou mais uma vez entre risos

– Quem é perdedora e quem é fofoqueiro? – Jay perguntou se sentando em uma cadeira da mesa.

– N-i-a e S-o-l – Lua soletrou novamente

– P-a-r-a – pedi

–N-ã-o – ela falou e sorriu

– Vou chamar o Sam para calar tua boca – Tania pegou o celular e começou a discar o numero

– E-b-a – Lua pulou em comemoração

– Mas me contem o que eu perdi – Jay exigiu, eu encarei Lua que encarou Tania e ela revirou os olhos enquanto deixava Sam falando sozinho na ligação, só percebi isso pois escutei a voz dele vinda do celular.

– Meg vai sair com o ratinho e eu com o enfermeiro abusado – ela disse encarando Jay, ele trincou o maxilar e deu um sorriso e se virou para mim.

– Legal, Meg – ele disse dando um sorriso sincero eu peguei o livro e me levantei da mesa me afastando dela junto de Lua – Que foi?

– Sua áurea – eu disse me encolhendo

– Está escura – Lua disse movendo as mãos na direção dele – E fria – ela esfregou os braços

– Não está sentindo, Tania? – perguntei

– To – ela respondeu ajeitado o coturno que estava em sua mão, ela havia o tirado – A áurea dele até que é reconfortante.

Jay olhou para ela e sorriu, depois pegou seu coturno e saiu correndo pela biblioteca, a Sra. Ronalds começou a gritar com os dois e eu e Lua riamos.

– Mas como você está, ansiosa? – Lua me perguntou

– Bastante – falei arregalando os olhos para dar efeito

– Pode deixar, eu vou até a sua casa te arrumar – Lua disse e eu calmamente fui ao balcão e deixei o livro lá, me virei para a Lua e sorri.

– Não – falei e sai correndo, peguei minha mochila na mesa e sai para o corredor quando o sinal para a aula tocou.

(...)

– Prontinha – Lua falou após terminar de passar o batom em mim.

Ela havia me seguido até em casa e me forçado a vestir as roupas que ela escolherá, a minha sorte foi que eu só compro roupas que eu realmente goste e que eu realmente vá usar. Me olhei no espelho e eu estava com uma saia longa completamente florida e colorida, uma camiseta branca e uma sapatilha com um pequeno salto. E para combinar com tudo uma maquiagem tão leve que era quase impossível ser percebida, apenas estava ali quietinha fazendo o trabalho de tampar algumas imperfeições que Lua dizia serem idiotas por aparecerem em um rosto belo.

– Valeu, Lua – agradeci indo dar um beijo em seu rosto

– Ei – ela me impediu -, guarde para o ratinho – ela falou e eu enterrei o rosto nas mãos enquanto ela começava a rir. – Deixa de ser boba – ela disse me jogando uma almofada – Já sabe aonde vai?

– Lembra aquela feira de cinemas antigos, no centro? – perguntei levantando minha cabeça, a vi assentindo – Tania me lembrou dela hoje

– A Tania? Nossa, ela realmente quer que der certo – ela sorriu – Então vocês vão para a feira?

– Assim espero

– Por que espera? – ela perguntou confusa

– Por que eu não consegui falar com ele hoje?

– Não se preocupe, ele vai te escutar, duvido resistir a você – ela disse e eu afundei meu rosto novamente.

– Cala a boca – mandei

– Calo não! – falou e eu ouvi o som de seu celular tocando – É o Sol, ele saiu da faculdade, vou me encontrar com ele no shopping, vou nessa.

Eu a ouvi sair de meu quarto e descer e minha mãe se despedir dela na porta. Demorei alguns minutos para sair do quarto e finalmente descer para esperar Derek.

Ok, Meg, tranquilidade!

Minha mãe me desejou um bom encontro antes de sair para o mercado e logo depois de sua saída ouvi a campainha toca, era ele, só podia ser ele. Fui a passos pequenos e lentos até a porta, a abri devagar e encontrei Derek da mais simples e bonita forma possível. Ele usava uma camisa preta com desenhos tribais em azul quase se escondendo no preto, junto de uma calça jeans.

– Oi – ele me cumprimentos

– Olá – falei com um meio sorriso. - eu pensei que a gente poderia ir à feira de...

– Cinemas antigos - ele completou com um pequeno sorriso - Eu estava pensando nisso mesmo.

– Que bom - falei e dei um sorriso que eu terminei fechando os olhos para enfatizar a minha felicidade, quando os abri Derek olhava para meu sorriso, para meus lábios- Podemos ir? – ele perguntou desviando o olhar

– Claro – concordei saindo de casa apenas pegando uma bolsinha bege de lado onde eu carregava minha carteira e meu celular.

– Podemos ir andando? Sua casa não é tão distante do centro – ele falou de cabeça baixa e coçando a nuca

– Sem problemas – confirmei

Andamos um pouco em silencio continuo, até que minha língua não aguentava mais ficar parada sem nem beber água.

– Podemos conversar? – perguntei tímida, vi pelo canto dos olhos ele abrir um pequeno sorriso

– Sobre o que quer conversar?

– Qualquer coisa, até sobre pão – falei rindo

– Adoro pão francês – ele disse, mas mesmo falando naturalmente ele ficou vermelho – É-é anormal, não é muito normal por aqui, mas eu gosto.

– Anormal é legal – falei virando o rosto para o outro lado enquanto começava a mexer a alça da minha bolsa.

– E v-você?

– Pão de centeio – falei e me virei para ele – , no final somos dois anormais – ele sorriu e prestou atenção a nossa frente.

– Chegamos – ele informou andando um pouco mais rápido, acelerei o passo para alcança-lo, parecia que ele não via a hora de não ficar sozinho comigo.

– Vamos ver o que? – perguntei

– O que você quiser – ele disse e eu tenho certeza que não fiquei corada, mas sim tão surpresa quanto o meu coração, devo ter ficado tão espantada que o fez ficar nervoso e sai andando na minha frente, eu o segui – Gosto de ‘’O circo’’ – falei abaixando a cabeça ao seu lado

– Chaplin? – ele perguntou, eu assenti, agora era eu que parecia estar envergonhada demais – É o meu favorito – ele disse e eu escutei uma risada

Fomos verificar em que seção da feira daria esse filme e depois de conseguirmos um ingresso fomos comprar algo para comer durante o filme e partir para nosso lugar, já que era apenas um chão coberto com vários tapetes onde nós sentávamos de frente para um telão.

– Quer pipoca? – ele perguntou encolhendo os ombros

– Você quer?

– Não sou fã.

– Tem algo a sugerir?

– Tenho - ele falou se virando para mim de repente, ele não havia reparado que eu esta bem próxima dele? Levamos um susto junto! – Que tal um croissant recheado? – ele perguntou, agora suas sardas pareciam ter desaparecido graças a vermelhidão de seu rosto.

– Claro – concordei em êxtase de sua face tão próxima a minha .

Ele saiu andando para uma lanchonete e só percebi depois sua volta, eu nem havia ido atrás dele. Nós nos sentamos em nossos lugares esperando o filme começar. Olhei para a minha direita onde vi uma ruiva se virar para o outro lado.

– Tudo bem? Não gostou do croissant? – ele perguntou preocupado

– Gostei sim, eu adorei – falei sorrindo – Só achei ter visto Sasha.

– Minha irmã em uma feira de filmes antigos? – ele caçoou e ela apontou a ruiva, ele encarou a ruiva assustado, ela continuava de costas e ao seu lado um garoto de cabelos pretos e alto de jaqueta – Aquele é seu amigo?

– Jay? – perguntei e me virei para ele – Impossível, sua irmã e meu amigo, juntos? Ridículo!

– Muito – ele concordou e começamos a gargalhar, uma mulher ao nosso lado pediu silencio e nós nos calamos – Desculpe – ele pediu a moça, envergonhado.

Logo o filme começou, era sempre divertido ir a cinemas ao ar livre e ver filmes tão antigos e tão engraçados usando apenas a simples sabedoria do silencio, como Chaplin fazia com elegância.

Depois de algum tempo, que se passou em uma velocidade absurda, o filme terminou e começamos a nos levantar, logo chegariam outras pessoas para ficar em nossos lugares. Fomos em direção a algumas barraquinhas de bijuterias, na verdade eu que fui, Derek apenas me seguiu.

No caminho passamos pelo casal, a ruiva e o garoto moreno, que se agarravam, definitivamente não eram as pessoas que pensávamos. Fomos para a lojinha

Senti alguém segurar meu pulso, eu estava pronta para puxar meu braço quando reparei que era Derek que segurava meu pulso e amarrava uma pulseira de pano. Eu não achei que ele poderia segurar no meu braço com tanta naturalidade ou até mesmo teria coragem para me segurar, pois eu não tinha nenhuma para lhe fazer o mesmo, mas ele parecia tão sereno nesse ato.

– Ficou bonito – ele disse me deixando observar a pulseira que tinha desenhos tribais parecidos com de sua camisa, porém mais coloridos.

– Adorei – falei com meus olhos provavelmente os olhos brilhando.

– Vou lá pagar – ele disse e foi até a vendedora para pagar pela pulseira.

Realmente esse era o melhor presente, o melhor encontro e o melhor garoto na minha vida.