Virtual Love

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Capítulo VIII – Matthias.

Matthias – On.

Meu nome é Matthias, mas prefiro que me chamem de Matt. Tenho 17 anos, 1,78 de altura e, atualmente, solteiro.

Eu estava com uma “ficante”, uns dias atrás, mas ela não me quis mais. Disse que estava ficando com outro, e que não queria me magoar, então, pediu pra Mia me contar do causo.

Ah, Mia... Minha melhor amiga! Confesso, já gostei dela, mas quando percebi o amor intenso que ela tinha com o Rafa, percebi que não tinha chances. E acho que nunca terei. Ela já disse para mim, que prefere meninas a meninos. Está com Rafa porque ele é diferente. Mia também é diferente... Mia é simplesmente... Mia!

E agora, ela veio com uma tal de Natalie para cima de mim! Ela sabe que eu estou ficando tímido... Sei lá, eu estou ficando estranho, não estou me reconhecendo mais... Mas enfim, recomponha-se Matthias! Não, Matthias não, Matt!

(...)

15/10 – Terça-feira, 10h33min.

Eu estava quase dormindo em minha carteira, nunca presto a mínima atenção na aula, eu nem sabia que aula era, acho que era Matemática, mas não tenho certeza. Faltava apenas dois minutos para o recreio (N/A: hora do lanche, intervalo, como preferirem), e eu estava sem a menor disposição para levantar da minha carteira.

– Ei você! – alguém disse. Levei meu olhar até a pessoa. Era o Rafa.

– Que foi maluco? – soltei um sorriso que só ele entendia.

Sabe aquele momento que você e seu amigo são os únicos que entendem? Aquele olhar que é a “chave” que vocês dois tem? Então, eu e Rafa somos assim.

– Vai ficar aí até quando? Já é recreio, vamos farrear! – ele me olhou com o mesmo sorriso estampado na boca.

– Ok, ok – suspirei. Logo depois me levantei e fomos “curtir” o recreio.

Eu e Rafa somos amigos de infância, não sei como se aguentamos ainda! Somos amigos desde os... Talvez... Dois anos? É, seria isso mesmo.

(...)

Depois que acabou a aula, eu e Rafa fomos para minha casa, nós tínhamos um trabalho pra fazer. Mia havia combinado de passar lá também.

– E então, teus pais tão em casa? – perguntou Rafa, indo em direção ao meu quarto.

– Sim, estão, mas eu já avisei que você vinha aqui, e eles vão sair daqui a pouco, eu acho – segui-o.

– Mano, estou com fome – disse, jogando a mochila na minha cama e logo deitando na mesma.

– Tá, calma, eu já irei fazer uma comida pra nós dois – fui até a cozinha.

Comecei a preparar um sanduiche, eu sabia que era o preferido dele. Enquanto eu acabava, meus pais chegaram na cozinha.

– Oi, filho – minha mãe, Sara, disse.

– Oi mãe. Vão sair hoje mesmo?

– Sim, daqui a uns cinco minutos.

A campainha tocou.

– Ah, mãe atende pra mim? – pedi.

– Claro!

Pelos “gritos”, percebi que era Mia. Ela e minha mãe eram super-apegadas, nunca vi! Pareciam amigas há séculos.

– Oi, tia Sara! – eu a ouvia gritar.

– Oi, Mia, quanto tempo! – minha mãe gritava também. – Entra, entra!

– Oi Matt! – disse Mia, adentrando a cozinha e me dando um beijo na bochecha.

– Oi Mia, o Rafa tá no meu quarto, já estou indo lá – sorri.

– Não, de boas, eu fico aqui contigo! – mentira. Essa resposta foi só para falar com minha mãe. Eu havia acabado os sanduiches.

As duas começaram a papear, eu tentei falar, mas era interrompido toda hora, então, fui direto ao meu quarto.

– Mia já chegou né? – perguntou Rafa, lendo uma revista “Playboy” minha.

– Percebeu pelos gritos? – respondi com um sorriso sacana.

– Lógico.

– Cara, qual é, você tá lendo minha melhor revista da Playboy! – entreguei-lhe um sanduiche.

– Ninguém liga, Matthias – ele me olhou com o mesmo sorriso sacana.

– Safado.

– Eu? Há! Eu não tenho cinquenta edições da Playboy embaixo da minha cama que nem você!

– Eu tenho só cinquenta! Você tem mais de duzentos! – exclamei. Nesse mesmo instante, Mia entra no quarto.

– Oi oi, fofuxos... – ela começou, mas auto se interrompeu quando viu o que Rafa estava lendo.

– Mia, não é o que parece! – ele jogou a revista para longe.

– Minha revista! – eu exclamei, correndo até ela.

– Rafael, como ousa? – disse Mia, “levemente” alterada.

– Mia, desculpa, desculpa, desculpa! – ele implorava.

– Rafael, eu já te disse pra parar de ler essas merdas! – gritava Mia.

– E-ei, posso argumentar...? – perguntei, num cantinho.

– Não! – ela gritou.

– Ei, o que está acontecendo aqui? – minha mãe adentrou meu quarto.

– Ele, tia Sara, ele! – Mia apontava para Rafa, que estava com uma careta surpresa.

– Ele estava lendo Playboy de novo? – ironizou.

– A senhora sabia? – perguntou Mia, surpresa.

– Lógico, né, Mia! Ele sempre lê essas nojeiras quando vem aqui. Mas Mia, deixe-o ler, isso é só o psicológico de homem, eles tem que ver meninas go... Go... – minha mãe não conseguia terminar a palavra.

– Gostosas – eu e Rafa dissemos juntos.

– Isso. Então, Mia, deixe-o ler! – sorriu.

– Tudo... Tudo bem... – bufou.

– Ahn, Mia, tu sabe que te amo! – Rafa abraçou-a.

Que momento fofo, seria uma pena se... Eu e minha mãe estivéssemos ali para segurar vela.

– Bem, então é isso, tchauzinho, vou sair, se cuidem, crianças! – disse minha mãe, acenando e saindo do meu quarto.

– Tchau! – dissemos nós três juntos.

– E então, que trabalho vocês tem que fazer? – perguntou Mia sorridente.

Ás vezes eu acho que Mia é bipolar.

– Nenhum – respondemos nós dois juntos.

– Ué?! Então porque marcaram de se encontrar aqui? – indagou.

– Porque nós queríamos nos encontrar... Sabe... Ah, sei lá! – disse Rafa constrangido.

– Seus danados! – sorriu Mia.

– Não era porque meus pais não estavam aqui? – indaguei.

– Não lembro cara.

– Tá, tá, mudando de assunto... – começou Mia. – Matt, você falou com a Natalie?

–... Não.

– Me dá teu celular – disse ela, entendendo a mão.

– Pra quê? – perguntei hesitando.

– Me dá.

– Acho melhor você dar, cara – disse Rafa já suando.

Entreguei meu celular á ela.

Ela começou a mexer, e depois rapidamente me entregou. Quando fui olhar a tela do celular, estava uma conversa iniciada com “Nah2703”

Matt: Oi, Nat, sou eu, Matthias, amigo da Mia... Prazer em te conhecer!

– Mia! – exclamei indignado.

– De nada, fofo.

– Mia! – eu estava com muita vergonha.

– Se você não falasse, vocês nunca iriam se conhecer!

– M-mas Mia! – eu estava indignadíssimo!

– Nada de “mas Mia”, eu mando aqui, e sem a minha iniciativa, vocês estariam sem se conhecer agora! – ela relutava.

Olhei para Rafael, que estava apenas observando a “conversa” comendo seu sanduiche.

– Rafael, fale alguma coisa, cara! – implorei.

– E eu sou louco? Nunca vou desafiar a Mia, eu já sei do que ela é capaz – falou em um tom hesitante.

– Viu? Aprenda com ele, Matt! – dizia Mia, orgulhosa.

Quando eu ia revidar, senti meu celular vibrar. Fui olhar e meu pior pesadelo se realizou. Natalie havia me respondido.

Nat: Ahn... Oi! Sou Nat, também amiga da Mia! Prazer em conhecer-te também! :D

Oh, e não é de ver que ela parece ser gente boa?!

– E então, ela respondeu? – perguntou Mia, com seu sorriso mais vitorioso.

– Sim...

– Já até sei o que disse... – começou Rafa. – “Oi, prazer em te conhecer também, kyah!” – fez voz de menininha, o que foi um desperdício, já que ele não sabia modificar a voz.

– Haha, Rafa, para de ser bobo! – ria Mia. – Mas então, o que a Nat respondeu?

– Isso que o Rafa falou, mas sem o “Kyah”, do final.

– Me deixa ver! – gritou Mia, já pegando meu celular.

Ela observou-o atentamente, até que ergueu seu olhar para mim.

– Responda-a.

– Não!

– Responda-a. Agora.

– Não, Mia!

– Matthias, eu estou falando sério.

– Eu também, Mia!

– Treta! – gritou Rafa, empolgado.

– Matthias, eu vou respondê-la, então – sorriu ferozmente.

– Não, Mia! – choraminguei.

– “E então, Nat, posso te chamar assim, né? Como vão as coisas aí?” – ditava Mia, enquanto escrevia. – E... Enviar. Pronto, simples.

– Mia, eu te odeio! – choraminguei ainda mais.

– Também te amo, Matt – ela sorriu.

– Ei, e eu? – exclamou Rafa, estendendo os braços em forma de protesto.

– Hahahaha – eu e Mia rimos juntos.

(...)

Depois que os dois foram para casa, meus pais voltaram. Já era, mais ou menos, 19h30min, e eu estava ali, pensando na Natalie.

Qual é! Eu nem conheço ela, nem tenho uma foto dela, não sei como ela é, como eu posso conversar com ela?

Mas espera...

... Não é para isso que serve o site?

Matthias, seu babaca!

Comecei a rir sozinho, até que percebi meu celular vibrar. Fui ver quem era.

Mia: Converse com ela!

Matt: Tá bom.

Bufei. Mas, igual, chamei Nat no chat.

Matt: E aí, Nat, tudo bom?

Nat: Oii! Tudo ótimo, e vc?

Matt: Tô de boas.

Nat: Ei, me diz uma coisa?

Matt: Claro.

Nat: A mensagem que vc me enviou, começando a conversa, foi a Mia né?

Matt: Foi... Como vc sabia?

Nat: Eu suspeitei. Afinal, estamos falando da Mia.

Matt: Ah, claro, haha xD

Nat: Então, Matt, vc pode me mandar uma foto tua?

“Mas já?” – pensei.

Matt: Tá.

Mandei a foto, era uma normal, eu estava apenas com um sorriso bobo na cara.

Nat: Quando a Mia disse que vc era lindo, ela não estava mentindo, hein?!

Matt: Haha valeu! Agora me manda vc uma né?

Nat: Claro! *imagem*

Ela era linda! Seus cabelos castanhos caídos sobre o ombro, seus olhos verdes cintilantes, sua boca e nariz totalmente bem desenhados, seu olhar sincero... Espera, que isso, Matthias? Recomponha-se!

Matt: Vc também é linda, meu Deus!

Nat: Ahn... Valeu :)

Matt: Então, Nat, do que vc mais gosta?

Nat: Depende. Músicas: variadas. Comida: doces. Hobbies: Ler, conversar, cantar, ir ao parque. Animais: gatos. Programas de TV: “Friends”, “Two and a Half Man” e “Gotham”, e é, algo mais?

Nossa, que garota objetiva.

Matt: É, acho que tá bom, hehe.

Nat: Exagerei, não foi?

Matt: Não, é que a maioria fala duas ou três coisas, vc já foi bem objetiva.

Nat: Ah, entendi. E vc?

Matt: Bem eu... Músicas: Rock e pop, comida: salgadinho, hobbies: sair, dançar, curtir, animais: pandas (*-*), programas de TV: The Big Bang Theory e South Park.

Nat: Nossa, nossos gostos são meio diferentes ahah

Matt: Verdade, mas então, Nat, mora aonde?

(...)

E nisso nossa conversa fluiu. Conversamos até dar 03h44min, então resolvemos dormir, estava tarde demais. Realmente, ela era uma garota legal, e diferente, muito diferente. Ela era como um... Como um protótipo da Mia. Eu me sentia confortável conversando com a Nat, assim como eu me sentia confortável conversando com a Mia. Sei lá, elas são diferentes, elas são meninas especiais.

Eu estava gostando da Nat. Hah! Quando eu contar isso pra Mia, ela vai pirar!

Mal posso esperar!