Karina POV

Cobra não deu notícias por 8 dias, eu estava começando a ficar mais tranqüila, pensando que ele não voltaria a me atormentar, acordei bem disposta, fui pra faculdade, trabalhei, como sempre, conversei um pouco com Pedro no caminho de volta pra casa, e ele estava bastante animado, pois a turnê se encerraria logo, e estava me contando que já tem alguns fãs em determinadas cidades, fiquei feliz por ele, afinal, desde que eu o conhecera eu sabia que esse era o sonho da vida dele. Continuei com a minha decisão de não contar nada a ele sobre Cobra até que chegasse aqui, era realmente difícil esconder as coisas desse meu namorado, e estava ficando cada vez mais, eu sabia que ele desconfiava de algo, só não perguntava nada.

Bianca não desgrudava mais, sei que ela só quer ajudar, mas confesso que às vezes me irrita um pouco, é muita melação. Mas sou grata a ela, se não fosse por minha irmã eu não saberia o que fazer, a sua companhia me ajudou a seguir em frente apesar da ameaça do Cobra.

_K, eu vou até o banco rapidinho, você vai ficar bem? – pergunta Bi.

_Ta bom.

_Qualquer coisa liga no meu celular ta?

_Relaxa Bianca.

Ela me olha um pouco preocupada, mas parece se convencer de que estou bem.

* * *

Menos de dez minutos depois que ela sai, ouço um barulho vindo da porta, provavelmente ela deve ter esquecido algo, essa garota sempre esquece alguma coisa. Nem me levanto do sofá, mas então escuto uma voz masculina e congelo.

_Saudades? – É Cobra, meu coração dispara e toda a raiva que eu tinha conseguido controlar nesses últimos dias voltou, mas eu não conseguia reagir, estava com medo. Me odiava por ser tão fraca, mas o fato é que eu não tinha chance contra ele.

_O que você ta fazendo aqui? – pergunto quando finalmente consigo encontrar minha voz.

_Estava com saudades. Agora me da um beijo. – ele se aproxima e me puxa para perto, tento me esquivar, mas ele é mais rápido, quando sua boca vai se aproximando da minha eu viro rosto, mas ele não desiste, e eu não consigo impedi-lo, meus olhos queimam, mas eu não vou chorar na frente desse imbecil, não vou dar a ele esse gostinho, como se já não bastasse à humilhação que ele está me fazendo passar.

_Me solta Cobra. – digo.

_Ainda não, só quando você me der um beijo de verdade.

_Nunca. – grito, e ele me olha nos olhos e não consigo enxergar nada além de ódio neles.

_Me beija. – repete.

Minha respiração fica ofegante, mas não vou dar o braço a torcer não vou beijá-lo, eu estava apavorada, mas não daria esse gostinho a ele, ele segurou o meu braço quando ameacei a dar um soco e estava me machucando.

_Me solta! – grito.

Ele finge que não ouviu, me joga no sofá e vem pra cima de mim, ele me toca, sinto seus dedos explorarem meu corpo e paraliso, ele não faria isso, faria?

_Me solta! – grito mais alto. Ele tapa minha boca com uma mão e se aproxima cada vez mais, estou imobilizada, seu corpo está me prendendo entre ele e o sofá, entro em desespero, as lágrimas que eu tanto me esforçava para segurar, me traíram, a última coisa que vejo antes de fechar os olhos e desistir de lutar contra o que está prestes a acontecer é um sorriso de Cobra.

Mas então de repente ouço um barulho quando abro os olhos, Cobra ainda está em cima de mim só que não reage, eu o empurro e ele cai no chão, está desacordado, quando olho para meu lado, Bianca está com uma frigideira na mão, com os olhos arregalados e respirando pesadamente.

_Será que eu... será que ele ta morto?

Junto toda a coragem que me resta e vou até onde Cobra está desmaiado, é isso, só está desmaiado.

_Não. – digo, e ela parece mais aliviada.

_A gente tem que chamar a polícia. – diz ela. Apenas faço que sim com a cabeça.

Bianca e eu arrastamos Cobra até o meu quarto e o trancamos lá, afinal ele podia acordar antes da polícia chegar aqui. Enquanto ele estava desmaiado tentei procurar por seu telefone pra tentar apagar a foto, mas ele foi esperto, não trouxe.

* * *

Cobra acordou um pouco antes da policia chegar, ficou batendo na porta, gritando para que o tirássemos de lá, por medo de que ele arrombasse Bianca e eu arrastamos um móvel pra frente da porta.

Cobra foi levado imediatamente para a delegacia, eu fui logo em seguida com Bianca, e explicamos a situação ao delegado, prestamos queixa, e logo fomos liberadas.

* * *

_Como ele pode fazer isso Bianca? – pergunto quando estávamos nos arrumando para dormir.

_Não sei K, eu realmente não sei. Sinto muito mesmo por isso ter acontecido com você.

_Ele era meu melhor amigo, ou era o que eu pensava. – murmuro.

_Ele está fora de si.

_Será que ele vai ficar preso?

_Olha, eu não sei, mas uma ordem de restrição já é garantida.

_Como se isso adiantasse alguma coisa. – resmungo, Bianca se senta ao meu lado e me abraça.

_Acho melhor a gente ir pra casa do nosso pai até isso se resolver. – diz ela, e eu concordo.