A temperatura caia aos poucos, fazendo assim com que a brisa fria da noite soprar-se sobre a adormecida Karakura, onde antes um encontro inusitado havia ocorrido ao acaso, entrelaçando ainda mais os destinos envolvidos.

Mas, alheia a tudo isso, Rukia dormia desajeitadamente sobre sua cama bagunçada. O cansaço das noites sem dormir direito estavam a fazer efeito, tanto que sucumbira a ele logo após o banho.

Sua face, antes serena, contorcia-se em uma careta angustiada. Parece que finalmente os sonhos, ou talvez pesadelos, haviam começado.

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Os flocos de neve caiam lentamente colorindo todo o lugar com a mais pura e alva brancura. Arvores e mais arvores polvilhas de branco davam um ar magico ao lugar. O belo lago congelado a fascinava.

Rukia nunca havia estado em um lugar tão belo, nem mesmo em sonhos.

Mesmo sem a vestimenta adequada, não sentia frio algum. A macieis da neve sob seus pés descalços não a incomodava. Tudo ali a deixava extremamente confortável, como em um sonho.

— Aonde eu estou? — Questionava-se Rukia, olhando curiosamente a sua volta, mas sem encontrar nenhuma pista de onde estava.

Arvores e mais arvores coloridas de verde, marrom e branco, eram tudo o que se via ao longo do caminho que seguia. Tudo ali transmitia tanta beleza e magia, que poderia ser um cenário deslumbrante de contos de fadas.

Desejava desbravar todo o lugar, mas eis que pegou-se admirada ao dar de cara com uma pequena criatura de pelos marrons, que contrastavam com a brancura da neve sob o chão.

— Coelho? — Indagou olhando-o pensativa. — Coelho! — Exclamou animadamente correndo até o bichinho, que saiu pulando floresta a dentro assustado.

— Ei amiguinho. Eu não vou machucar você. — Falou Rukia caminhando atrás do animal.

— Ele sabe... — Pronuncio-se uma voz cortando o silencio ambiente. — Rukia-sama nunca machucaria nada que vive... — Completou caminhando até a baixinha paralisada, que a olhava surpresa.

— Você... É você que tem invadido meus sonhos. — Afirmou Rukia seriamente. — Quem é você? — Questionou encarrando-a.

— Ainda não é tempo de você ouvir meu nome, Rukia-sama. — Respondeu a mulher calmamente.

— Como assim? Não entendo. — Falou confusa.

— Você logo entenderá. — Afirmou a bela mulher. — Por enquanto, apenas descanse, pois logo você não poderá mais. — Declarou tocando a face surpresa de Rukia.

Bela. Era somente essa a palavra que Rukia poderia usar para descrever aquela misteriosa mulher. Seus olhos arroxeados já não transmitiam mais angustia da qual se lembrava, mas sim calmaria, fazendo aquela calma fluir para o corpo da pequena, que logo caiu sonolenta entre seus braços.

— Diga-me seu nome, por favor.... — Pediu Rukia deixando seus olhos violáceos fecharem-se aos poucos.

— Ainda não, minha criança. Ainda não... — Sussurrou acomodando a garota miuda em seus braços.

Finalmente Rukia teria uma noite calma e prazerosa de sono.

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O majestoso astro rei espalhava o seu calor com intensidade sobre uma pacata Karakura, nem parecia que havia feito frio a noite, o ar estava demasiadamente abafado e isso deixava Ichigo ainda mais irritado.

Faziam mais de horas que estava a procurar qualquer sinal de Rukia, andando de escola em escola como havia planeja com Urahara. A cidade não era muito grande, então o numero de escolas era pequeno. Acha que por isso seria fácil, mas acabou frustrado a andar solitário ainda em sua forma shinigami.

Esta preocupado, os acontecimentos da noite passada não saiam de sua cabeça, sabia que havia algo de muito errado acontecendo nas sombras, só não conseguia descobrir o que era. Deveria ter pressionado o garoto a lhe dizer o que havia visto, mas a arrogância dele fez com que Ichigo esquecesse de seu dever e agisse impulsivamente, como agia a anos atras. Sentia-se nostálgico, mas decidiu deixar todos esses pensamentos de lado ao parar em frente a sua antiga escola.

A fachada continuava a mesma, as cores, as paredes, os portões, tudo extremamente igual. Sentia-se feliz com isso.

Havia deixado sua antiga escola por ultimo, mas desejava internamente encontrar Rukia ali, onde viveram tantos momentos alegres juntos.

O dia estava realmente quente. Os alunos se refrescavam a sombra de das arvores espalhadas pelos arredores da escola, assim como ele próprio já havia feito varias vezes com junto de seus amigos. A saudades daqueles dias o tomavam, fazendo com que seu coração pesasse no peito.

Caminhou lentamente passando pelo amontoado de alunos que não o enxergavam. Não via nem sinal de Rukia ou algo que indicasse que estudava ali. Talvez ela tivesse faltado a aula e isso o frustou ainda mais. Estava para desistir quando algo chamou-lhe a atenção. Um pequeno traço de poder espiritual sobressaia-se por ali.

A menos de alguns metros pode reconhecer o maldito garoto arrogante que o havia confrontado noite passada, agora compreendia o fato dele enxerga-lo.

O rapaz parecia irritado com algo e seguia apressado empurrando todos os que entravam em seu caminho. Ichigo não se aguentava de curiosidade e logo pôs-se a correr apressado atras dele.

Um briga parecia estar acontecendo quando o garoto embrenhou-se no meio da roda de pessoas falando alto.

— O que esta havendo aqui? — Questiono severamente.

—Não é da sua conta, Yosen. — Exclamou.

O mundo parecia silenciar-se no momento em que aquela, tão inconfundível voz ecoava pelos ouvido de Ichigo despertando todos seus sentidos. Seu coração martelava feito um louco contra seu peito, tanto que até o ar era difícil de encontrar no momento.

— Rukia... — Sussurrou avançado apressado no meio da multidão, precisava vê-la para ter certeza de que não havia se enganado, de que nada daquilo era um sonho.

— Ei. O que você esta fazendo, maldito? — Gritou Rukia ao ser jogada contra o ombro forte de Yosen.

— Cala a boca, sua pequena encrenqueira. — Mandou sem paciência alguma, marchando raivosamente no meio dos curiosos que os cercavam.

Ichigo não acreditava no que seus olhos lhe mostravam. Rukia estava realmente ali a sua frente, seu coração parecia que iria explodir de tanta felicidade.

Ele não havia mudado quase nada, a unica diferença eram seus cabelos, que estavam longos, mas nada importava no momento. Só queria abraça-la, dizer o quanto havia sentido sua falta, mas não podia. Ela nem ao menos parecia vê-lo.

— Você só me dá trabalho, nanica. — Declarou o moreno, o qual Ichigo descobriu se chamar Yosen.

— Eu não pedi sua ajuda. — Retrucou emburrada ainda pressa sobre os ombros do amigo.

— Eu sei que não, mas eu a ajudaria mesmo assim. — Declarou Yosen desviando o rosto corado.

Ichigo começava a se incomodar com aquela conversa, que ouvia de longe, podia notar que os dois eram de fato muito íntimos e isso fazia algo dentro de si revirar-se dolorosamente.

— Você é mesmo um grande idiota. — Resmungou Rukia sorrindo. Sorriso esse o qual Ichigo sentia tanta falta.

— Eu sei. — Respondeu simplesmente. — Você esta estranha hoje. Aconteceu algo? — Questiono seriamente.

— Estranho é você... — Retrucou emburrada. — E não houve nada. Estou muito bem. — Afirmou por fim.

O clima parecia amenizar-se aos poucos. O sol parecia que iria dar um trégua.

O peso do mundo parecia querer cair sobre os ombros do ruivo, que ainda seguia de longe os dois jovens a conversar animadamente, não conseguia compreender a combustam de sentimentos que o assolavam. Deveria sentir-se feliz por finalmente ter encontrado Rukia, mas porque sentia-se angustiado ao vê-la tão confortável e relaxada nos braços de outro homem? Não conseguir entender a si mesmo. E odiava isso. Odiava não compreender os próprios sentimentos em relação a Rukia. Desejava mudar isso só não sabia como.

Fios emaranhados pareciam embramar-se cada vez mais, aproximando sem querer aqueles que um dia estiveram separados, parece que, finalmente, o sol e a lua se encontraria para dar lugar a um dos espetáculos mais belo e raro da natureza, o eclipse total e aquilo tudo não seria somente um sonho.