Be My Best Song escrita por The Raven


Capítulo 4
Yesterday


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Não consegui postar o capítulo referente a música Pra Sonhar, então pulei para esta. Espero que todos vocês gostem e não fiquem bravos! UHASUHAUHSA alguns homens precisam levar uns tapas antes de receber o prêmio, pois é.

Boa leitura!



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Como um bom capitão e um bom monitor, meu dever era sempre certificar que os alunos da University of Chicago estivessem bem e livre de problemas. Eu recebia uma bolsa por isso e era mais que justo cumprir minhas obrigações. Todos os dias, em horários determinados pela diretoria, eu fazia uma ronda pelos corredores, assegurando de que tudo estava nos eixos. Meu posto dentro da universidade me oferecia o poder de dar advertências aos alunos que, dependendo do caso, poderiam até ser encaminhados para a delegacia de polícia da cidade. Diante da seriedade de meu trabalho, eu me dedicava cem por cento;

Era uma terça-feira morna e eu estava caminhando pelos corredores em direção ao refeitório. O horário do almoço era o momento em que eu podia ser apenas um aluno comum, sem me preocupar com os outros, e também era quando eu podia encontrar meus amigos e descontrair. Após sair do campo de futebol com o estômago roncando, meu desejo era apenas poder comer algo gostoso em boa companhia.

Por algum motivo, lembrei-me de Tris e acabei sorrindo. Éramos amigos desde os onze anos de idade. Seu rosto infantil, mas ao mesmo tempo tão maduro e decidido, era sinônimo da minha diversão. Estar na companhia da loirinha era relaxante e me sentia constantemente bem. Tudo no nosso ciclo de amigos ia indo perfeitamente bem até que Edward, certo dia, jogou no ar, durante uma partida de futebol, que eu parecia estar afim de minha amiga.

Desde então, tentar não pensar em Tris de uma maneira mais íntima ficava difícil. Sempre fui desapegado em relação ao sexo oposto, desencanado com as mulheres. Se eu estivesse afim e se rolasse a oportunidade, eu beijava, saia e me divertia, mas isso era extremamente raro acontecer. Com Tris parecia ser diferente. Com frequência eu pensava em chama-la para sair, mas a loira era quase tão dura quanto uma rocha, praticamente inalcançável! Eu não queria mergulhar para bater com a cabeça em pedras. Eu não queria perder uma amizade de anos.

Naquele dia, eu estava certo de que chamaria Beatrice para ir comigo à festa de Peter. Sabia sobre o desentendimento da garota com o maior babaca do time da universidade, mas aquela festa seria uma boa oportunidade para descobrir se Tris me daria uma chance ou se continuaria envolta daquela camada de gelo que a mantinha distante dos rapazes da UC.

Aumentei a velocidade dos passos, ansioso para chegar ao refeitório quando, ao passar diante do banheiro feminino, um gemido de dor chamou minha atenção. Cessei os passos e olhei pela porta aberta, sem conseguir ver o que estava acontecendo. Os gemidos continuaram e a garota parecia agoniada. Endureci o maxilar e fitei o crachá de monitor pendurado em meu pescoço, odiando meu posto naquele momento.

– Tudo bem ai? Você... Você precisa de ajuda?

Aproximei o rosto da porta e perguntei um tanto desconfortável.

– Ahhh! Por favor! Me ajude aqui...

– Eu posso entrar ou...

– Rápido!

A julgar pela voz, a garota realmente estava precisando de ajuda. Encontrei uma das jogadoras do time de basquete parada diante do espelho, a cabeça tombada para trás enquanto as mãos limpavam o sangue que escorria da boca. Apressei-me para ver o que tinha acontecido e rapidamente entendi que o aparelho da jogadora a tinha ferido.

– Um dos ferros se soltou durante o jogo e cortou minha boca! Mas, eu não consigo tirá-lo... Isso dói o inferno! – Ela falava com dificuldade e dava para ver o quanto se pronunciar lhe custava.

– Fique calma! Eu vou tentar tirar.

A garota se virou para mim, mas era alta demais! Um metro e noventa de altura, no mínimo, era também magra e cheia de sardinhas no nariz. Seria difícil enfiar minha mão na boca dela, então, fiz sinal para que ela se ajoelhasse e erguesse a cabeça.

– Qual seu nome?

– É Molly – falou baixo com dificuldade.

Molly abriu a boca um pouco mais e notei quantos cortes havia no interior de suas bochechas e na gengiva. Avistei o ferro que estava causando aquilo e, com cuidado, puxei a ponta para fora.

– Se apoie na minha cintura. Eu vou ter que puxar.

A jogadora se preparou, fechando os olhos com força e então eu puxei. Ela gemeu e eu gemi junto. O ferro se soltou de uma só vez e com o impulso, Molly veio de encontro com a minha virilha, acertando-me os testículos com o rosto. Gemi de novo, encolhendo os ombros, tentando afastá-la, mas percebi que havia algo errado.

– Ah não... meu Deus... ah não... – ela choramingou com muita dificuldade e ao olhar para baixo, entendi o motivo.

O zíper do meu jeans estava preso no braquete no dente da frente de Molly, deixando-a, literalmente, presa a mim. Não era uma cena bonita de se ver: uma garota com a boca ensanguentada, grudada em minha calça. Demorou um segundo para que minha ficha caísse e eu pudesse entender o que tinha acontecido realmente. Foi instantâneo, eu também me apavorei.

– Calma! Não se mecha ou teremos um acidente ainda pior por aqui! – Tentei tranquilizar Molly, mas não parecia estar dando certo.

Segurei a cabeça da garota com cuidado, tentando afastá-la, mas ao ver que aquilo poderia machuca-la ainda mais, cessei o movimento. Agarrei apenas o zíper, movendo-o devagar, tentando retirá-lo do brequete. Foi o bastante para fazer Molly gemer e, no embalo do desespero, gemi junto.

Nunca havia passado por situação mais complicada. Minha mão direita estava totalmente suja de sangue e quanto mais encara Molly, mais meu estômago embrulhava devido ao sangue e o total desconforto. Àquele ponto minha fome tinha ido embora.

– Isso é nojento, Tobias!

Ao ouvir a voz conhecida, senti um alívio incomum. Virei a cabeça para vê-la, mas a posição em que eu me encontrava não favorecia muito. Tinha certeza que Tris saberia como agir, ela era incrível e poderia lidar melhor com o sangue.

– Ah! Tris! Que bom te ver aqui... você poderia ajudar a gente aqui? – Falei um pouco apressado, desejando apenas sair daquele pequeno problema.

Havia voltado à atenção para Molly que ficava ainda pior com a boca aberta, tentando não se cortar mais. Não esperava pela reação de negativa de Tris, que lançou algo com força em minhas costas e resmungou alguma coisa que não compreendi de imediato, em razão dos sons que a garota do basquete proferia.

No calor do momento, empurrei a cabeça de Molly e arranquei o brequete se seu dente, fazendo-a cair sentada no chão frio do banheiro feminino.

– TRIS! – Gritei, apressando-me para tentar alcança-la, só então imaginando as coisas que ela pensara ao me ver daquela forma com Molly.

Avistei a loira no corredor, praticamente correndo para o mais longe possível. Avancei ao seu encalço, tentando alcança-la antes que ela sumisse pelas esquinas daquele labirinto. Por mais que quisesse ser rápido, ela havia tido uma enorme vantagem e conseguiu entrar numa sala, trancando a porta para que eu não a incomodasse.

Freei a corrida já junto da porta, batendo a mão fechada em punho contra o metal frio que fez um barulho alto pelos corredores.

– Tris! Tris! Abre a porta, por favor... – Nervoso, tentei ser o menos rude possível. – Vamos, por favor. Eu posso explicar tudo.

Do outro lado recebi apenas o silêncio. Encostei a testa na porta e fechei os olhos, respirando com força e de forma descompassada. Queria arrancar aquele pedaço de metal das dobradiças, mas isso seria praticamente impossível. Grunhi baixo, mas o som acabou se transformando numa espécie de gemido frustrado.

– Por favor, Tris... Abra. – Sussurrei uma última vez.

Virei-me e apoiei as costas na porta, deixando o corpo deslizar até que eu sentasse no chão com os cotovelos apoiados nos joelhos. Era só um mal entendido, não havia razão para todo aquele drama. Tentava me convencer de que a culpa não era minha, tive apenas boas intenções ao entrar no banheiro para ajudar Molly.

Não sei quanto tempo fiquei ali, esperando que a loira abrisse, mas precisei me levantar quando o sinal soou iniciando o turno vespertino. Levantei-me devagar e lancei um olhar demorado para a maçaneta da porta, já sabendo que ela não sairia dali tão cedo. Era orgulhosa demais, nunca estava disposta a ceder.

(...)

The Beatles - Yesterday

O dia passou arrastado, apesar da correria e de tantas coisas para fazer, minha cabeça estava em Beatrice. Encerrei o turno as cinco, ficando alguns minutos a mais para passar um relatório para a reitoria. Ao sair da sala do reitor, encontrei Christina encostada na parede, de braços cruzados, fuzilando-me com os olhos.

Yesterday

All my troubles seemed so far away

Now it looks as though they're here to stay

Oh, I believe in yesterday

– O QUE VOCÊ FEZ COM ELA, QUATRO?

Sua voz nunca estivera tão brava. Dei um passo para trás, surpreso com o tom usado pela baixinha.

Suddenly

I'm not half the man I used to be

There's a shadow hanging over me

Oh, yesterday came suddenly

– ONDE A TRIZ ESTÁ? SEI QUE ELA SAIU DO REFEITORIO NA HORA DO ALMOÇO PARA PROCURAR VOCÊ! – A morena avançou e pressionou o indicador em meu tórax, encostando-me na parede oposta.

– Eu não sei para onde ela foi! Acha que se eu não soubesse já não teria ido atrás dela?!

Why she had to go I don't know

She wouldn't say

I said something wrong now I long

For yesterday

(...)

Quis contar à Christina o que acontecera, mas a baixinha não quis me ouvir e se mandou assim que teve uma brecha. Decidi voltar para casa, o ambiente da faculdade já não estava mais me fazendo bem, eu precisava de um banho para colocar a cabeça no lugar e organizar as ideias.

Peguei meu carro no estacionamento e dirigi em alta velocidade. Fiz o processo diário de chegar, organizar minhas coisas e preparar algo para comer, mas assim que retirei as roupas para entrar no chuveiro, senti que o ‘processo’ não havia sido feito realmente.

Yesterday

Love was such an easy game to play

Now I need a place to hide away

Oh, I believe in yesterday

Eu estava pensando em como explicar o acontecido à Tris, já sabendo que seria difícil falar com ela. Conhecendo bem a loira, eu sabia que ela não daria o braço a torcer e me ignoraria uns dias, até que eu já não aguentasse e pedisse perdão na frente de todo mundo. Nunca havia acontecido, mas eu a conhecia perfeitamente.

Debaixo do chuveiro, parei e pensei. Se eu estivesse mesmo disposto a convidá-la para festa, devia agir ou poderia ser tarde demais. Eu precisava agir, decidir se teria coragem o suficiente para assumir os riscos. Só quando me arriscar pareceu não ter ligação comigo, é que tive noção do que estava acontecendo há tempos.

Why she had to go I don't know

She wouldn't say

I said something wrong now I long

For yesterday

Eu gostava de Tris e isso era visível para aqueles que realmente quisessem ver. Eu me desdobrava para deixa-la bem, adorava apreciar seu sorriso e a sensação de ser o motivo desse era incomparável. Pensar naquilo como um estado apaixonado deixou-me desconfortável. Um frio tomou a boca do meu estômago e a realidade estapeou meu rosto. Terminei o banho, me troquei e peguei as chaves do carro. Eu iria resolver tudo de uma vez.

(...)

Parei o carro na frente da casa dos Prior e encarei a residência pelo vidro, analisando as luzes acesas e vasta movimentação do lado de fora. Respirei fundo e encarei meu reflexo no retrovisor. Claramente tenso, minhas pupilas estavam retraídas e meus olhos ejetados, precisava fazer ou acabaria pirando. Abri a porta e desci, ligando o alarme após fechá-la.

Caminhei em passadas largas pelo caminho de pedra até a varanda da casa e toquei a campainha. Caleb atendeu, mas não pareceu tão feliz ao me ver.

– Ah, Tobias...

– Eu queria falar com a Tris – o celular da loira pesou dentro do meu bolso. Eu havia recolhido no banheiro logo após o incidente.

Caleb olhou para dentro da casa, para alguém que estava na sala e abriu a porta, permitindo minha entrada. Quando meus olhos capturaram quem estava ali, meu corpo instintivamente correu em direção ao quarto da Tris. Christina tentou ir na frente, mas consegui passa-la. No corredor, ela me empurrou, mas consegui manter o equilíbrio.

– Vai embora daqui! Ela não quer ver você! – Christina murmurou entredentes, fuzilando-me.

– Não! Eu não vou embora enquanto não falar com ela!

– Você só vai mentir, assim como os homens fazem!

– Uh, então o William não é homem?! – Alfinetei, me arrependendo instantaneamente por tê-lo feito.

Christina avançou contra a maçaneta e tentei afastá-la. Quando a porta se abriu, fomos juntos passar pelo portal, mas minha massa corporal impedia que qualquer outro ser, por menor que fosse, conseguisse entrar.

Eu vou falar com ela primeiro! – Resmunguei.

– Mas, eu cheguei aqui primeiro!

– Ei! Ei! Calma ai! Quem disse que eu quero receber visitas?

Silenciamos-nos e fitamos Tris, parada em pé. Mantinha os braços cruzados e a expressão fria e dura, normal para momentos como aquele. Aparentemente um pouco arrependida pela forma grosseira direcionada à Christina, Tris tentou corrigir a si mesma, escolhendo melhor as palavras.

– Não quero... Não quero você no meu quarto, Tobias. Por favor, vai embora.

Minha garganta se fechou e novamente eu sentia que havia engolido uma bola de gelo. O corpo todo estava em alerta, as mãos suadas e o sangue quente. Extremamente tenso, mal notei quando Christina saiu silenciosa, deixando-nos sozinhos propositalmente. Entrei no quarto pouco iluminado devagar e fechei a porta.

Tris sentou na cama, fitando a parede, ignorando minha presença ali. Em passos mansos, aproximei-me da cama e sentei junto da loira, respirando o leve aroma adocicado que emanava de seus cabelos recentemente lavados. Podia sentir a umidade dos fios com a aproximação. Senti vontade de tocar seu ombro, fazer-lhe uma carícia, mas contive minha mão e meus desejos.

– Você vai me ouvir agora, não vai?

A loira virou o rosto para mim e ficamos tão próximos que nossa respiração tornou-se apenas uma. Olhando profundamente em seus olhos, podia ver os mínimos pontinhos azuis mais claros que pintaram a íris azul mais escuro. As múltiplas sardinhas que pintavam seu nariz deixavam Tris com uma aparência meiga e delicada, e seus lábios, me convidavam a experimentá-los.

Queria meus dedos entrelaçados em seus fios, sentir a temperatura de sua pele, e aquilo me deixou confuso. Não sabia se deveria ignorar o motivo de ter ido a sua casa ou se deveria improvisar.

– Sim, eu vou ouvir.

Sussurrou, ainda fria e distante. Poderia ter desistido, mas imaginar o quanto eu estava próximo de poder fazer o que eu queria mexia com minha cabeça. Deixei o corpo agir. Minha mão agarrou a nuca da garota e a trouxe para mim num puxão apenas, unindo nossos lábios num beijo intenso.

Yesterday

Love was such an easy game to play

Now I need a place to hide away

Oh, I believe in yesterday

Minha boca moveu-se para encaixar com maestria na de Tris, recebendo espaço para introduzir a língua. A garota correspondeu, mexeu os lábios e a língua, provocando estalos e um criando um fogo ardente em todo o meu ser. Imerso nas sensações, levei as mãos para sua cintura, tocando a pele exposta pela blusa curta, surpreendendo-me com o calor excessivo de sua pele.

A sensação de ter um milhão de explosões estrelares dentro do peito, que apertava a boca do estômago e arrancava meu ar durou apenas alguns segundos, para minha infelicidade. O tapa estalou em meu rosto um segundo após Tris se afastar do beijo.

Levantou-se da cama feito uma leoa raivosa, forçou-me a levantar e me empurrou com força.

– PRA FORA DAQUI AGORA!

– Tris! Espera, me desculpa eu...

– PRA FORA, TOBIAS! VAI EMBORA!

Assim que meu corpo passou pela porta, a porta bateu com força e o som da chave girando na fechadura fez um balde de água gelada cair sobre mim. Pisquei algumas vezes, levantando os dedos para o rosto que ardia com o tapa recebido. Um sorriso bobo brotou em meus lábios e balancei a cabeça, esquecendo o desconforto da agressão, pensando somente no prazer de ter, finalmente, beijado Beatrice.

Eu não iria desistir. Se fosse necessário, eu levaria tapas todos os dias, se isso trouxesse-a para mim.


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Notas finais do capítulo

N/A: E ai, o que acharam? Se leu até aqui deixe um review, afinal, seu dedo não vai cair e isso não leva nem dois minutos. Faça um autor - eu - feliz! HAHAHAA nos vemos no próximo.

Beijos. ♥

FIZ CAPINHA NOVA! O que acharam? *----*



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