Seus olhos cinzentos escrita por Polly Lovegood


Capítulo 2
Can't remember to forget you


Notas iniciais do capítulo

A música de hoje é "Can't remember to forget you" da Shakira com a Rihanna :D se for possível começar a música com o texto, eu acho que dá um clima mais legal... mas se não, tudo bem também :)



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Acordei numa cama estranha, num quarto estranho. As paredes eram azuis e havia uma grande janela a minha direita e uma varanda. Aquele com toda certeza não era o meu quarto n’A Toca.

Levantei da cama e comecei a procurar minhas roupas. A imagem de Scorpius Malfoy dormindo sem roupas naquela cama e a minha dor de cabeça só me diziam uma coisa: eu fiz merda ontem.

Não devia ter saído com ele da festa de formatura, deixado que me levasse. Depois de todo esse tempo que desperdicei tentando esquecer ele parece que nada deu certo.

Peguei um pedaço de papel qualquer em cima de uma mesa e uma pena. Escrevi que aquilo que tínhamos feito era um erro, que eu deveria ter ido embora na primeira oportunidade que tive, antes mesmo de beijá-lo.

Agora andando pelo quarto os flashes da noite anterior se faziam mais claros piscando na minha mente.

Ele abriu a porta de seu quarto com certa violência enquanto nos beijávamos. Imprensou meu corpo contra a parede enquanto beijava meu pescoço e eu ofegava. Empurrei ele na cama, deitando por cima já sem o vestido.

A raiva que sentia de mim mesma aumentou ainda mais, ao mesmo tempo que a felicidade também. Eu era uma montanha russa perto dele. Dois anos atrás, meu bom humor matinal dependia do sorriso dele, sempre entre o café da manhã e a primeira aula. Eu devia esquecer disso, esquecer do sorriso dele e é isso que vou fazer.

Olhei mais uma vez para seu corpo estirado no colchão. Ainda dormia pesadamente, era o nosso primeiro dia de liberdade, sem mais Hogwarts, nem N.I.E.M.’s, nem a locomotiva vermelha do Expresso.

Fui até a varanda, fugindo da visão que era ele. A vista era completamente maravilhosa, não sei se por feitiço ou natural, mas realmente maravilhosa. Não mais que a que tinha lá dentro, mas ainda assim maravilhosa.

– Rose?... – ele me chamou meio tonto, se espreguiçando na cama. Não tive coragem de olhá-lo, iria voltar à ideia besta de deitar e ficar naquela cama mais tempo, então desaparatei sem nem me despedir.

Estava à porta da casa de Dominique, esperando que ela não estivesse num porre tão grande que a impediria de falar comigo. Por sorte, ela estava acordada, isso já era um bom sinal.

– Rose, o que você quer? – ela perguntou com o rosto enfiado no travesseiro. – Eu nem tive tempo para acordar ainda.

– Eu fiz a maior besteira da minha vida – murmurei e ela revirou os olhos.

– Oh não, você falou para o tio Rony que não quer ser auror – ela ironizou e dei um tapa nas costas dela. Dominique geralmente era uma boa pessoa, desde que não fosse na manhã seguinte a uma festa.

– Eu dormi com Scorpius Malfoy – disse antes que ela soltasse outra de suas ironiazinhas e ela levantou a cabeça subitamente desperta.

– Scorpius Malfoy? – ela parecia incrédula. – Você dormiu com O Scorpius Malfoy? – dessa vez ela praticamente gritou e eu tive que cobrir sua boca com minhas mãos.

– Fala baixo, quer que todo mundo saiba?

– Se tratando de você, duvido muito que qualquer um acredite – ela revidou sentando na sua cama, entre seus lençóis azuis e pretos. – Como isso aconteceu?

– Eu não sei! Não lembro como ele me levou para a casa dele – me joguei no colchão. – Só sei que foi um erro. Você acha mesmo que eu dormiria com ele sem estar bêbada?

– Você sempre gostou dele que eu sei – ela deu um daqueles sorrisinhos maliciosos e eu afundei o travesseiro no meu rosto.

– Dominique, você não está entendendo o nível da besteira que eu fiz – reclamei ainda com o travesseiro na minha cara.

– Você está fazendo drama – ela levantou e tirou o travesseiro dos meus braços. – Foi um erro, ok. Mas pelo menos foi um erro que você gostou, ou nem isso você vai admitir?

– De todos os meus erros, ele é o que eu mais gosto – murmurei para mim mesma, vendo o sorriso vitorioso dela se abrir.

– Ótimo, agora é só ir lá, tirar a roupa com ele de novo e me deixar dormir – ela já ia me puxando. – Mas antes disso dá uma passada em casa, sua mãe já andou mandando uma coruja – ela já tinha deitado de novo. Desaparatei dali mesmo.

Chegando em casa, depois de muitos sermões da minha mãe sobre sexo na adolescência – mesmo sem nem ter contado para ela onde realmente tinha dormido – pude me jogar na minha cama. Fiquei por lá mais horas do que gostaria.

Uma coruja bateu no vidro da minha janela, me tirando do estado de sono que estava, já eram mais de três da tarde. Era uma coruja grande e preta, preta como a noite.

Nem me dei ao trabalho de ler a carta para saber que vinha de Scorpius Malfoy e que ele não tinha o mínimo de coragem para vir até a minha casa, tinha que mandar por coruja o que quer que fosse.

Tomei um banho e saí de casa, passando reto por meus pais na sala de estar assistindo televisão e meu irmão escrevendo uma carta para Lily na mesa da sala de jantar. Passei pelo portão de casa, o limite dos feitiços defensivos e fechei os olhos pensando no único lugar que me traria alguma paz naquele momento. Abri e estava na plataforma 9 e ¾.

– Sabia que estaria aqui – a voz dele me fez congelar. Ele não me conhecia bem o suficiente para prever os meus lugares, conhecia?

– Sua bola de cristal resolveu funcionar agora, Malfoy? – perguntei irônica e ele riu fraco nas minhas costas.

– Resolvi tentar as folhas de chá dessa vez. Acho que são um resultado mais correto – ele disse risonho e não aguentei e soltei uma risada. – Mas talvez ler o futuro na fumaça de pergaminho queimado me desse uma resposta mais correta de que você me abandonaria logo de manhã – senti sua voz perigosamente perto.

Abri a boca para protestar, mas ele me virou antes que eu falasse algo. Queria protestar por ele estar ali, por ele estar aparentemente me seguindo, por ele estar ali tão próximo, fixando aqueles malditos olhos cinzentos em mim.

Outro flash veio, iluminado pela luz do luar. Eram beijos carinhosos, beijos cheios de desejo e beijos inocentes. Eu só lembrava de não querer nunca sair dali.

– Não te abandonei logo de manhã – revidei, desviando o olhar dos olhos dele. – Não posso me prender a uma só pessoa, me desculpe – dei uma desculpa na esperança de que fosse o suficiente para ele ir embora, mas não. Nunca era o suficiente.

– Quem disse? – ele se aproximou outra vez, murmurando na minha orelha. Sua mão foi para a minha nuca e seus lábios para o meu pescoço. – Vem comigo – ele pediu entre um beijo e outro. Suspirei pesadamente e afastei ele.

Se eu fosse não teria volta, era como pedir para que ele ficasse impregnado em minha mente pelo resto dos meus dias. Seus olhos estavam pidões e transmitiam uma coisa que levemente se assemelhava a um sentimento, só não sabia ao certo qual.

Não sabia qual era, mas sabia que queria descobrir.

Por mais que tivesse tentado esconder isso, eu sempre seria apaixonada por Scorpius Malfoy sem nem mesmo conhecê-lo direito. Essa festa foi só mais um lembrete para esquecê-lo que eu resolvi simplesmente ignorar.

– Não me faça me arrepender disso – disse num tom falsamente ameaçador antes de puxar sua nuca para um beijo no qual ambos sorríamos.


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Notas finais do capítulo

É, está tarde, desculpem por isso, mas só agora deu tempo de escrever e postar :/
Beijo e até amanhã!



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