Até a Lua escrita por A Garota Dos Livros


Capítulo 13
Você ouviu isso ?




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Era difícil andar, Caleb e Brad seguravam lanternas e me obrigaram a andar entre os dois. Haviam muitos destroços no chão, pilhas e pilhas de coisas caídas e buracos no chão que mostravam andares mais baixos. As paredes e o chão que antes deveriam ser brancos estavam cinza e preto, havia pó em tudo e isso fazia cócegas no meu nariz.

Caleb e Brad estavam incrivelmente tensos, e a cada andar que descíamos eles ficavam ainda mais cautelosos.

– Estamos chegando ? - Caleb pergunta.

– Sim.

Andamos pouco tempo até o fim do corredor, passamos por onde antes deveriam ser portas, mas não tinha nada além de destroços. Pilhas e mais pilhas de equipamentos no chão, computadores, telas, teclados, dispositivos móveis...Tudo parado, tudo quebrado. Me separei dos dois assim que vi algo que tinha certeza de já ter visto. Caleb segurou meu braço com força me impedindo de avançar mais, mas eu me livrei e ele não tentou me parar de novo. Andei até o notebook preto, totalmente sem graça mas com adesivos de planetas descascados e, agora, sujos, que meus pais usavam em casa. Ele estava como tudo aqui, abandonado e destruído. Mas eu sabia que era deles. Passei os dedos levemente pela superfície esburacada do aparelho e o pó se acumulou na ponta dos meus dedos.

– Era do seu pai - Brad sussurra e coloca a mão no meu ombro.

Eu assinto e coloco a mão em cima da sua. Tiro o notebook de cima da mesa e o abraço contra o peito. Foi o mais perto que eu já cheguei de algo deles nesses últimos tempos. Nenhum dos dois fez nenhuma objeção ao me ver pegar o notebook, e mesmo que fizessem eu não ia largar.

Brad andou até um dos computadores mais inteiros na frente da sala e tentou ligá-lo. Ele ligou, mas a tela ficou apagada pela metade e na outra metade nada aparecia, só uma tela azul sem nada escrito. Desistimos desse e de todos os outros que fizeram praticamente a mesma coisa. Não tinha nada ali.

Saímos da sala e descemos mais alguns andares, eu não via nada de importante ali, se houvesse algo, eles teriam levado. Certo ? Ninguém deixaria nada importante aqui onde qualquer um poderia pegar.

Eu já não sabia quantos andares nós tínhamos descido, mas eles continuavam andando e procurando qualquer coisa que pudesse ser útil. Descemos as escadas até parar em um andar que tinha ''–8'' na parede. Brad ficou tenso na mesma hora. Ele abriu a porta com cuidado e eu entendi o que tinha acontecido. Área hospitalar. O lugar que já tinha cheiro de podridão, piorava ali.

–Hm...Eu não quero entrar aí - sussurro.

Os dois olham pra mim.

–Fica com ela - Caleb diz - eu vou ver se acho alguma coisa útil aqui.

Brad não disse nada, apenas ficou comigo enquanto Caleb passava pela porta. Ele se colocou ao meu lado, colado em mim, não disse uma palavra e eu também não. Não era momento para conversar.

– Você ouviu isso ? - perguntei.

Juro que ouvi passos na escadas de ferro alguns andares acima.

– Ouvi.

Nós continuamos ouvindo os passos, Brad apagou a lanterna e me levou para dentro da porta. Senti seu corpo tenso do lado do meu, e quando Caleb nos viu, imediatamente apagou a lanterna e se juntou a nós. Ficamos escondidos atrás de um dos balcões que estava jogado no chão.

– Por que estamos escondidos ? - perguntei.

– Apesar de tudo, esse lugar deveria estar vazio - foi Caleb quem respondeu.

– Mas você disse...

– Eu sei o que eu disse. Quando você vai aprender que ninguém nesse ramo é confiável ?

Eu me calei. Ouvi quando os passos chegaram na frente da porta, imediatamente, Caleb colocou a mão na minha boca e puxou meu corpo para trás de maneira que eu podia sentir seu peito subindo e descendo de encontro com minhas costas. Ouvi a porta abrir, mas eu não podia ver quem estava lá, a luz passou em cima das nossas cabeças e nós ficamos imóveis. Depois a porta se fechou e nós ficamos um tempo do mesmo jeito, os passos não apareceram mais.

– Vamos embora - Caleb sussurrou.

Ouvi Brad se levantar e nós nos levantamos em seguida. Saímos da sala e subimos as escadas fazendo o minimo de barulho que pudemos. Quando chegamos ao primeiro andar, eu quase chorei de alegria.

– Não achou que eu fosse tão idiota, não é, Caleb ? - perguntou uma voz masculina rouca e eu gelei.

Fiquei tensa na hora e senti Caleb dar um passo para trás encostando suas costas em mim, Brad se colocou ao meu lado passando a mão por minha cintura me colocando junto a ele.

– Quem é a garota ? - perguntou a voz - Nunca a vi antes.

– Não te interessa, Gail - Caleb rosnou.

– Ora, ora, Caleb, não precisa ser tão rude pra defender mais uma das suas putas...

Caleb emitiu um som ameaçador impedindo que o cara continuasse falando.

– Enfim - ele disse depois de um tempo - olá Brad. Nunca pensei que viveria pra ver isso...Brad e Caleb juntos...Ual!...Já pararam com aquela...?

– Cala a boca, Gail - foi a vez de Brad falar.

– Essa garota deve ser um avião - ele assoviou - pra fazer vocês dois ficarem juntos sem se matar.

– Gail, melhor você sair da frente - Caleb disse, e então eu pude ver Gail.

Ele tinha a cabeça raspada, e um sorriso malicioso encantador, era grande fisicamente e poderia intimidar qualquer um.

– Olá - ele disse ao me ver.

Caleb imediatamente deu um passo para trás me ocultando.

– Na boa, Caleb, dessa vez você escolheu bem. Moreninha... - ele assoviou.

– Gail, cala a merda da sua boca e sai da frente - Caleb disse.

Gail apenas sorriu e deu um passo para o lado, Caleb deu um passo e Brad fez o mesmo me puxando junto, eles me ocultaram o quanto puderam, mas quando passamos do lado de Gail me olhou de cima a baixo, fazendo com que Brad me puxasse para perto e o olhasse de maneira ameaçadora.

Saímos para a casa e depois para fora. Caleb se colocou do meu outro lado e nós três andamos juntos.

– Se eu mandar, vocês correm.

Brad assentiu e eu me encolhi embaixo do seu braço. Chegamos ao carro e eu respirei aliviada, sentou no banco do carona, Caleb não demorou para ir embora. Quando saímos vi Gail olhando e sorrindo para nós.

– Quem era ele ? - perguntei depois um tempo.

– Gail já cortou em pedaços mais gente do que você já conheceu em toda sua vida. Foi condenado a morte, mas viram um potencial nele, e fizeram dele isso - Caleb respondeu olhando o espelho retrovisor - ele é do tipo que guarda um rosto na cabeça e nunca mais esquece...

– Isso quer dizer que ... ?

– Que ele é um grande problema, Ana - Brad responde.

Odiei jeito como ele falou aquilo, porque eu me lembrei do esforço de Caleb pra me manter longe da vista de Gail. Senti um arrepio passando pela minha coluna e eu me encolhi no banco.

...

– Essa porcaria nunca vai ligar - disse Caleb frustrado se levantando da mesa.

– Temos alguma ferramenta aqui ? - perguntei.

Tínhamos acabado de sair do banho, o único que ainda não tinha aparecido era Brad.

– Por que ?

– Eu vou fazer notebook funcionar.

– Você vai o que ?

– Você entendeu. Temos ?

– Hm...não, não temos. Mas eu vou comprar, do que você precisa ?

Escrevi uma lista em um papel e dei a ele, que olhou todos os itens e depois me olhou com as sobrancelhas levantadas.

– Você sabe mesmo fazer isso ?

– Claro que eu sei.

– Não tem cara de quem sabe - ele disse debochando.

– Engraçadinho.

Ele sorriu, aquele sorriso de quando ele era o Cicero que me salvou. Toda vez que eu via esse sorriso eu sentia como se mesmo que acabasse o mundo, Caleb estaria lá pra me ajudar.

– Quase me esqueci - ele disse e saiu da sala.

Eu olhei curiosa enquanto ele ia pro seu quarto e voltou poucos minutos depois com uma coisa na mão. Reconheci o pingente em forma de coração no momento em que ele soltou no ar segurando pela corrente.

– Meu colar! - eu disse.

– Estava comigo desde aquele dia que o carro explodiu. Desculpa não ter devolvido antes.

– Não, tudo bem, fico feliz que eu não tenha perdido!

Estiquei as mãos para o pingente mas Caleb recuou com a mão.

– Segura seu cabelo - ele disse.

Eu levantei o cabelo e ele deu a volta em mim, colocando o pingente no meu pescoço. Suas mãos pararam na curva do meu pescoço e eu soltei o cabelo devagar.

– Exatamente onde deveria estar - ele disse baixo.

Então saiu bruscamente de perto de mim.

– Eu já volto.


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