Momentos escrita por Theeco


Capítulo 5
Capítulo 5 – Eu preciso dizer que te amo


Notas iniciais do capítulo

Dia 5 – Eu preciso dizer que te amo (Cazuza) 05/09/2014



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Imaginar Mickey amando outro homem era algo muito estranho de se pensar; talvez só não fosse mais estranho do que imaginar Mickey Milkovich numa casa de praia, tendo uma conversa amigável com alguém enquanto observava o balanço da maré sendo brilhantemente iluminado pelo nascer do sol.

Agora, imaginar que Mickey estaria num lugar desses com o homem que amava, conversando sobre tudo, até mesmo deixando escapar uns segredos em meio ao papo... Isso era estranho como o inferno.

Ian e Mickey não eram exatamente amigos. Se falavam, mas não era como se um fossem próximos a ponto de contarem seus segredos um ao outro por livre e espontânea vontade. O que os incentivou a isso, claro, foi o álcool.

Mandy ganhara uma promoção em seu trabalho, lhe dando direito a uma viagem com três acompanhantes para uma casa na praia. Sem pensar duas vezes, ela escolheu Lip porque eles já eram quase namorados; Ian, porque era seu melhor — e talvez único — amigo; e seu irmão, Mickey. Não é como se ela tivesse alguma amiga pra levar, ou um amigo gay para tentar juntá-lo ao Ian. Mickey agradeceu imensamente por Mandy não ser popular.

Já fazia um tempo desde que Mickey percebeu que ele estava reparando demais em Ian, e que ele pensava muito no ruivo; pensamentos que logo viraram sonhos — por vezes eróticos —. O Milkovich se pegou fascinado pelo amigo de sua irmã. Agora estavam os dois Gallagher e os dois Milkovich ali, naquela casa de praia, como um fim de semana de casais. Isso soava ridículo, porque Ian e Mickey nunca cruzaram as linhas do "coleguismo" para a amizade, muito menos para a paquera. Mas Mickey sorriu com o pensamento do fim de semana de casais.

— Isso é raro — Ian comentou enquanto se balançava na rede.

— Isso é inacreditável — disse Mickey. — Quem diria que um dia sairíamos daquele bairro?

— Não estou falando disso — Ian riu. — Estou falando de você sorrindo.

Mickey fez uma careta se perguntando como Ian, deitado numa rede, soube que ele estava sorrindo.

— Esse lugar é bom — Mickey deu de ombros e tomou um gole de sua cerveja.

— Você devia sorrir mais vezes.

Mickey acordara cedo e se dirigiu àquela área externa da casa para fumar; quando Ian acordou e viu o moreno, se juntou a ele e ali ficaram por um tempo que para Mickey parecia uma eternidade pois sempre que estava com o ruivo, o tempo passava arrastado. Compartilhando bebida, cigarro e segredos.

O único momento naquela manhã que não agradou Mickey, foi ouvir Ian falando de outro homem com quem se relacionou. A cada respiração profunda e olhar triste que Ian dava como se estivesse triste, Mickey sentia vontade de abraçá-lo e fazê-lo esquecer dos outros, nem que fosse por apenas um momento — e Mickey não se incomodava se isso soava muito gay. Ele queria abraçar Ian e fim de papo.

— Eu te acho atraente — Ian confessou, ainda se balançando na rede.

— O q-quê? — Mickey gaguejou.

— Mais um segredo. Não estávamos compartilhando essas coisas? — Ian se sentou na rede, ficando num ângulo em que ele pudesse ver Mickey. — Sua vez.

O coração de Mickey acelerou. Se Ian o achava atraente, ele poderia ter uma chance com o ruivo, não? Mas pra isso, Ian precisava saber que Mickey gostava dele.

— Eu não tenho mais segredos — Mickey disse, pensando se deveria ou não abrir o jogo.

— Ah... Qual é?! Estamos aqui há horas, eu já te contei todos os meus segredos e você só me disse dois. É impossível que alguém tão reservado como você, só tenha dois segredos. Vamos lá, pode falar.

Ian insistindo não deveria ser fofo. Deveria ser normal ou irritante, mas Mickey gostava de vê-lo interessado em seus segredos. Talvez fosse um bom momento de assumir sua paixão pelo ruivo, afinal, Ian estava bêbado. Ele poderia esquecer disso.

Lip e Mandy deveriam estar dormindo em um dos quartos, então estavam apenas Ian e Mickey ali. Talvez Mickey não teria outra oportunidade tão boa como aquela, sem ninguém por perto. Não que ele tivesse vergonha de seus sentimentos, ele apenas não achava necessário que outras pessoas tivessem conhecimento de quem ocupa sua mente.

— E então?

— E-eu... — gaguejou, sem encarar Ian. — Gosto...

— Hey — Mandy apareceu no momento em que Mickey se abriria.

Mickey nunca desejou mal à sua irmã, mas naquele momento, o desejo dele era que ela levasse um tiro.

— Gosto de cantar — completou Mickey, tentando não deixar transparecer que o fim da frase fora um improviso.

Mickey não podia jogar toda a culpa de ter guardado seu segredo para si em cima de sua irmã. Ele estava suando frio, seu coração estava prestes a sair pela boca... Mesmo se ela não tivesse aparecido, talvez Mickey não tivesse terminado a frase com a verdade.

Ele não sabia a hora em que diria o que sentia para Ian e também não sabia como diria, porque ele sentia medo. Ele só sabia que diria. Um dia ele diria.


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Notas finais do capítulo

Eu amo essa música. ♥



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