As canções de nossa vida escrita por Andreos


Capítulo 6
Pra Sonhar, com nosso futuro


Notas iniciais do capítulo

Desafio de songfic. Sexto dia. Pra sonhar, Marcelo Jeneci.

OBS: Spoiler.



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–Pare com isso, idiota.

Thommem nunca ficara tão irritado com seu irmão. Como ele podia ter ideias tão idiotas? E não estava somente puto da vida. Magoado também definia bem o que sentia. Muito bem, por sinal.

–Thommem, pense. É uma boa aliança. Quem seria melhor do que ela?

O mais novo respirou fundo várias vezes. Contando. Ele sabia que tinha que se acalmar, e também sabia que o irmão tinha razão. Mas ele não ia ver essa razão, ele se negava a isso.

–Você não vai se casar com a Tamara, Theor. Eu não sou a favor desse casamento.

Thommem levantou-se da mesa, batendo com as duas mãos nela. A última frase saíra, finalmente, em um berro. Theor estava esperando por esse momento, e a única coisa que pode faze foi apoiar a cabeça em sua mão e sorrir levemente entre um suspiro.

Bem, se seu irmãozinho não queria, quem era ele para ir contra essa decisão?

Levantou-se e foi atrás do irmão idiota, com um sorriso igualmente idiota nos lábios.

...

Thommem trancou-se no quarto, que fora destinado para si, e sentou-se no canto dele, escondendo-se atrás da cama. Aquilo parecia um Déjà Vu, como alguns diziam. Um momento que já se repetira anteriormente de forma exatamente igual.

E, droga, ele conseguia imaginar seu irmão em uma união com sua meia-irmã. Era tão fácil. Os dois combinavam em vários aspectos. Combinavam tanto que chegava a doer.

Quem melhor para casar com seu irmão do que uma mulher da própria casa. Os cabelos vermelhos de Tamara eram somente alguns tons mais claros que o de Theor. Mas, definitivamente, eram mais fortes que seu próprio ruivo. E ela era preparada para batalhas. Ao contrário de Samara, a mais velha se dedicara exclusivamente a essa arte. E mesmo assim ela era linda.

E, deuses, os dois tinham quase o mesmo tamanho.

Thommem conseguia imaginar perfeitamente a união dos dois. Tamara se vestiria com as cores da casa de seu pai. Em vários tons coloridos, que iriam destacar sua pele naturalmente bronzeada e os cabelos vermelhos. Theor vestiria o manto de Heltândia. Como Herdeiro de direito.

E, droga, Kalat iria abençoar aquela maldita união, tinha certeza disso.

Como era possível eles combinarem tanto? Como? Ele era o gêmeo de Theor, não ela. Ele deveria ser o par perfeito do irmão. Por que fracassava tanto?

Nem mesmo seu dom lhe servia para alguma coisa agora.

Abraçou os joelhos e continuou a chorar, sabendo que aquilo era uma batalha perdida. Ele largaria tudo por Theor. Tudo. Mas o irmão não parecia disposto a isso. Afinal, ele era o Herdeiro. Seu objetivo... Heltândia...

Thommem assustou-se com a porta sendo aberta bruscamente, e, se pudesse, teria aberto um buraco para fugir daquela situação naquele momento. Deixou-se ser abraçado pelo irmão mais velho e segurou suas vestes com força, chorando ainda mais por tê-lo ali. Ele não podia perder aquele calor. Perder Theor.

–Sei lá, você poderia ter dito antes, não é?

Se esfregou no irmão, limpando as lágrimas e querendo absorver o cheiro dele, ainda chorando. Ele queria ter tudo de Theor pra si mesmo. Tudo.

–Eu... Prometestes, lembra-se? Prometeu nunca me abandonar.

Thommem sentiu-se idiota quando um soluço escapou. O irmão soltou uma risada leve, massageando suas costas e brincando com os fios de cabelos do mais novo, deixando-o chorar.

–Eu não vou te abandonar, Thommem. Nunca. Lembra? Você prometeu se unir comigo.

O mais novo corou absurdamente com a lembrança, do momento em que tinham fugido juntos, pela primeira vez. Nunca fora tão feliz em sua vida. Thommem assentiu, abraçando-se ainda mais no irmão, sorrindo em meio as poucas lágrimas que ainda caiam. Theor suspirou, segurando o irmão.

–Thommem, já te contei a maldição da família Sol? Como Herdeiro, você deve saber que temos uma maldição para carregar, porque nossos poderes não podem vir de graça.

Afastou-se ligeiramente do irmão, podendo encará-lo nos olhos. Ele acariciou seu rosto, limpando as lágrimas durante o processo.

–Nós sempre amaremos alguém que não podemos ter, porque esse alguém terá nosso sangue. E seremos destinados a uma longa vida infeliz, aonde nossa única força será a felicidade daquele que amamos. Uma união proibida pelos homens, e que os sacerdotes afirmam como pecado, mesmo que os deuses possuam este mesmo pecado. Afinal, Thommem, o par de Kalat é seu irmão gêmeo, Daevon.

O coração de Thommem disparou. De uma forma que nunca pensou ser possível. Os olhos vermelhos do seu irmão nunca lhe pareceram tão hipnotizadores. E aquela maldita boca... Ele não poderia estar falando de Tamara, não é mesmo? Não, ele não estava. Sorriu, absurdamente. Se ele estivesse falando da meia-irmã, ele nunca teria proposto a aliança através da união.

Ele estava falando dele. Seu irmão gêmeo. Sua outra metade.

Theor o amava.

Ele amava Theor.

Ele largava tudo, agora, unia-se ao irmão, fugiam para o litoral e teriam uma vida longe de tudo, se não soubesse que isso faria o irmão infeliz.

Theor sorriu enquanto via o sorriso do irmão. Ele finalmente dissera. Depois de tantos anos, ele finalmente dissera. Thommem abraçou-o fortemente e não o soltou mais.

–Quando tudo isso acabar, quando recuperarmos Heltândia, você tem que me prometer, Theor. Me prometa.

O mais velho não entendia porque depois de tudo, mas ele assentiu. Ele abraçou o irmão com força, e sentiu que ele chorava novamente, dessa vez de forma silenciosa. Assentiu, mais uma vez, segurando-o fortemente, e continuaram abraçados por muito tempo.

Thommem sentiu-se tão triste por não poder fugir com Theor agora. Mas era melhor assim. Se não pudesse impedir a visão que tivera antes mesmo do livro do futuro ser perdido, antes mesmo dos deuses caírem, pelo menos seu irmão não iria sofrer tanto.

Ele iria tentar amenizar o sofrimento do irmão mais velho. Mesmo que isso lhe doesse tanto.

Afinal, eles tinham uma história pra sonhar. E era isso que os guiaria. Aquele motivo. Isso bastava. O amor era indefinido, e eles se amavam. A forma deles. O sonho deles iria impedir que quebrassem, que desistissem.

Theor sabia. Ele podia esperar por Thommem, mesmo que a guerra durasse anos.


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Notas finais do capítulo

Eu avisei. Esse momento será explicado nos próximos capítulos.
Até amanhã.



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