Três magníficos andares, com grandes janelas, uma entrada imponente e um andar a mais em menor tamanho (cobertura). E claro, um belo par de bocas abertas. Ela só havia passado por lugares assim, por ruas tão lindas, para ir ao teatro ou zoológico.

Nunca foi convidada a entrar e agora passaria pelo menos um mês debaixo daquele teto. Queria pular de alegria, imaginava como seria dormir em um daqueles quartos enormes onde havia aquelas camas com grandes dosséis, não seria a coisa mais confortável do mundo? Em casa Lydia ficou, morrendo de inveja, e com toda razão, mas como Anne disse sua irmã era ainda muito nova para vir, era a primeira vez que agradecia por não ser a caçula.

Qual era mesmo o nome desta rua? Não era importante, não tinha como uma casa assim estar em uma rua mal localizada. Será que agora ela teria menos medo do sr. Darcy? A verdade, é que ver a sua casa, só o fez parecer ainda mais alto do que os mais de 1,80 m de altura do homem e ele ainda tinha uma irmã! Por um momento o mundo girou. No entanto… Anne não estaria lá também? Ela era uma mulher pequena, só que Kitty a via como uma grande e segura parede.

“Kitty.” Ouviu a voz suava de Lizzy indicando que a porta estava aberta, então tomou a mão do cocheiro e desceu da forma mais elegante que conseguia, sua irmã já estava segura no chão e ambas foram guiadas para dentro da casa ou o castelo, como a mente da menina via.

“Srta. Bennet e srta. Catherine Bennet.” O mordomo, que se vestia melhor que muitos conhecidos que tinha. De tão distraída demorou a notar quem os esperava na sala de estar. Claro, com olhos brilhantes, estava Anne com roupas que a faziam parecer uma rainha e ao seu lado tão bonita quanto sua amiga estava uma garota desconhecida com roupas que mostravam que ainda não havia debutado, o que não a impedia de parecer uma princesa.

“Lizzy! Como vai? Kitty! Quanto tempo se passou desde que nos encontramos? Você parece ter crescido mais!” De tudo que esperou, uma recepção tão sem descerimoniosa não era não estava incluída. “Stewart pode chamar meu primo, por favor?”

“Sim, milady.”

“Sentem -se, não se preocupem com nada.” Todas se sentaram e Anne finalmente olhou para a moça loira. “Essa é minha prima, deixe- me apresentar ela para vocês. Lizzy, Kitty, minha amada prima srta. Georgiana Darcy. Giorgi, minhas queridas amigas Elizabeth e Catherine Bennet.”

“Muito prazer.” Disseram em uníssono. Por que a menina olhava desse jeito para Lizzy? O que o irmão tinha dito para ela?

“Acredito que vocês tenham a mesma idade Kitty.”

“Será?” Ela, a mesma idade da irmã do sr. Darcy?

“Quantos anos você têm?”

“Dezessete.”

“Não talvez Lydia então?”

“Lydia ainda tem quinze.” Respondeu Lizzy. “E você srta. Darcy?” Será que ela notou o quanto a menina olhava para ela? Talvez, provavelmente, sua irmã era muito esperta.

“Ah?... eu…” A cada palavra a voz da garota ficou mais baixo, o que impressionou, porque além de só ter dito monossílabos foram duas palavras apenas.

“Georgi tem dezesseis.” É uma boa idade. “Acho que todas nós vamos ser grandes amigas!” Anne disse com felicidade.

Kitty se sentiu um pouco mal enquanto a conversa continuou, por um momento sentiu uma grande falta da caçula da família. Mesmo que as mais velhas tentasse inclui- la na conversa ela logo se perdia e a srta. Darcy não abria a boca. E foi nesse momento que ela descobriu, era mais tímida do que pensava, talvez por estar sempre entre as mesmas pessoas nunca teve problemas com isso, mas por que, de repente, queria tanto ir para o seu quarto? Seja daqui, longbourn ou na casa dos seus tios.

Ficou assim por dez minutos, até que o sr. Darcy chegou, as cumprimentou, trocou algumas palavras de cortesia e Anne perguntou se queriam comer alo antes de irem para seus quartos ou se preferiam que mandasse um lanche para elas lá.

Kitty agradeceu muito a Lizzy, em seu coração, por notar que tudo que ela queria era fugir e então pedir para irem descansar  um pouco da viagem. O que ela não notou é que mesmo Lizzy tinha seus próprios motivos para fugir.