Heavy Crown escrita por QueenB


Capítulo 1
Digna de Bela Adormecida


Notas iniciais do capítulo

Oi people. Espero que gostem. xx.



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Autora.

21/12/1999 ás 17:40 da tarde.

– Jordan, venha ver isso! – Gritava Madalena Clarke.

– O que é isso? – Perguntara Jordan Clarke.

Um bebe enrolado em panos dentro de uma cesta de palha se encontrava atracado na praia chorando. Madalena logo o desenrolou pegando-a no colo para mostrar a seu marido.

– É uma menina! Você acha que ela está sozinha? – Falava.

– Um bebe recém-nascido assim? Que mãe largaria em uma praia?

– Não sei, mas teremos que leva-la conosco.

15/11/2014

Os meteorologistas marcam densas pancadas de chuvas durante toda a semana, entre as aéreas Leste e Oeste do estado da Califórnia.

– E quais são os riscos de alargamentos, Courtney?

– Eles não são tão grandes, já que o gelo está derretendo. Podemos ficar despreocupados com isso, Donavan.

– Obrigado Courtney. É isso ai, os especialistas estão cuidando do assunto.

Clic.

– Despreocupados? – Perguntava o senhor Clarke, bravo.

Aria suspirou saindo da sala, a única chuva que ia cair dentro de sua casa, pensou, é a chuva de reclamações e brigas. Andou até a cozinha e tomou o suco eu sua tutora lhe preparou, polpa de uva estragada. Aria não reclamava, sentia medo de crescer e ficar que nem o seu “pai”. Pegou uma maça e desceu as escadas, indo direto pro porão, onde encontrava seu quarto. O cômodo era pequeno, mas agradava Aria, dali não dava para escutar as brigas ou discussões de seus irmãos menores. Olhou para a pequena janela que ventilava todo o quarto, nuvens se formavam no horizonte, mas ainda não chovia. Vestiu uma regata vermelho vinho, uma calça flare preta e uma sapatilha simples. Olhou no espelho. Aria não se sentia nem um pouco bonita, tinha 1,63 de cabelos negros compridos lisos que imaginava ter herdado da mãe, que nunca conhecera, tinha olhos azuis cobaltos que não gostava nem um pouco e uma pele branca quase leite. Aria era muito bonita comparado a maioria das garotas, mas odiava atenção ao contrário do que diziam dela, e tentava ao máximo se esconder em roupas antigas. Ela pegou sua mochila e foi esperar o ônibus que a levaria para a escola. O vento frio roçava em sua pele. Ficou tentada em voltar e pegar o casaco, mas não enfrentaria mais uma correria de baixinhos pela casa. Aria estava feliz em voltar para a escola. Por causa da nevasca que nunca havia caído na Califórnia e a preocupação com o clima, todas as escolas da região fecharam as portas, e hoje resolver abrir. Nada de estranho aconteceu no dia ainda, pensou, talvez hoje seja um dia normal. Mas ela nem imaginava o quanto estava enganada.

Aria;

Cheguei na escola tremendo. Corri pelos corredores até o meu armário, não havia casacos lá. Vou pedir emprestado a Cat quando a ver. Tudo parecia normal pela escola, nesses últimos dias pensando em, minha vida parecia normal, o tão normal que ela poderia ser. Dei uma olhada no mural vendo se havia algum trabalho de verão ou na escola. Só havia um, que se chamava “Adestre cães esse verão!”, então puxei um papel e deixei-o na coordenação.

– Você sabe que está atrasada para a aula, né mocinha? – Perguntava a inspetora caminhando do meu lado.

– Sei sim, fui entregar um papel na secretaria.

– Só porque hoje eu acordei feliz você passa por essa, mocnha.

Sorri com aquilo.

– Obrigada.

Entre na sala, era aula de espanhol. A professora não era nada de mais, apenas uma mulher na base dos quarenta de cabelos grisalhos que usava echarpe como chucha, (sim, ela tinha muito cabelo) e saia cinza até a canela. Ela escrevia algo no quadro, então entrei sem ela perceber.

– Você esta atrasada, senhorita Campbell.

Virei e olhei ela que não havia tirado os olhos do quadro.

– Desculpa, tive um contratempo...

– Aha, - Ela se virou – como se diz desculpa em espanhol?

– Perdon.

– Isso mesmo, agora vá se sentar.

Caminhei em passos largos tentando ignorar os olhares em mim. Minha ficha nessa escola não estava tão limpa assim, e de acordo com boatos, eu teria queimado o almoxarifado com Edward dentro. Mas se ele saiu vivo de lá, por que tantas acusações?

Sentei na segunda carteira da parede perto da janela, eu adorava observar o verde do campo de futebol, não os meninos treinando como todos pensavam. Encostei minha cabeça na janela vendo a sala de aula encher aos poucos. Ignorei seu olhar matador em cima de mim por toda sua explicação sobre substantivos, ela me odiava, e eu meio que queimei sua casa.

Quando o sinal tocou, segurei meu livro de espanhol no braço e sai da sala. Uma mão me puxou de volta, a Mrs.Gilbert cravou suas mãos nos meus ombros e me jogou para traz. Olhei em volta para ver se alguém tinha percebido, como sempre, ninguém. Meu ataque começou. Gritei por Madalena que passava pelo corredor, infelizmente ela não ouviu. A minha professora me jogou contra as carteiras me fazendo cair de bunda no chão liso e bater minha testa que ficou roxa logo de cara. Ela deu um sorrisinho, se virou e começou apagar a lousa. Balancei minha cabeça e me levantei trompando nas cadeiras.

– Srta. Campbell, ainda não saiu da sala? – Ela me perguntou com toda a normalidade na voz fina e brava.

– De-desculpe. – Falei saindo da sala.

Antes que eu pudesse fechar a porta, vi um vulto preto passar pela janela. Ignorei minha maluquice de alguém me observando e sai em rumo a minha próxima aula.

Quando finalmente chegou o almoço, Madalena e Giulia enroscaram seus braços nos meus. Uma de cada lado.

– Viu o novato? – Perguntou-me Giulia.

– A escola é cheia de novatos. – Falei.

– Mas esse não é da cidade. – Madalena disse então parou no meio do corredor me puxando para traz junto com Giulia. – O que foi na sua testa!?

– O meus céus! – Giulia exclamou. – Tá parecendo um hematoma!

– Obrigado. – Respondi revirando os olhos. – Eu apenas resvalei e cai com a testa em encontro a carteira na aula de espanhol.

As duas apenas se entreolharam. Madalena sabia que eu era esquizofrênica, entretanto não contei isso a Giulia.

Quando chegamos ao refeitório lotado, – quando digo lotado é sem mesa ou espaço entre cadeiras alguma – caminhamos direto até a cantina pegar nosso almoço. Peguei apenas um prato de salada e uma caixinha de suco por falta de fome mesmo. Esperei as meninas. Quando elas terminaram de pagar, olhamos em volta.

– Tem um lugar ali. – Disse apontando para a mesa no canto do refeitório, onde um menino de preto estava brincando com a comida.

– É o aluno novo. – Giulia diz.

Caminhamos juntas até lá. Sento do seu lado, ele apenas ergue os olhos e me olha bravo.

– Desculpa, não tem lugar. – Falo na defensiva.

– É. – Ele diz e se afasta um pouco para o lado.

Olho para as meninas que sorriem com a cena. Se elas viram algo de legal no menino eu não vi. Começo a comer meu almoço quando Madalena pega seu celular e começa a digitar ferozmente nele. Reviro meus olhos.

– Tá na hora de você ter um celular Aria. – Giulia diz jogando semente de maça na minha cara.

– Eu não gosto muito. – Falei devolvendo as sementes. O menino do meu lado engasgou incomodado. – Qual seu nome?

– Nico. – Ele respondeu seco.

Não perguntei mais nada, terminamos nosso almoço quando o sinal tocou. Nico encostou em mim sem querer e uma onda de choque passou por minha pele, a minha visão ficou turva e pontos pretos apareceram na minha frente. Logo desmaiei.

*****

Acordei na enfermaria com Madalena me encarando preocupada.

– Como uma legitima bela adormecida. – Disse Giulia do meu lado sorrindo.

– O que aconteceu? – Perguntei.

– Depois de Nico te carregar até aqui? Ou antes? – Falou Madalena animada.

– Como?

– Me deixa explicar. – Começou Giulia. - Você desmaiou nos braços deles e ele te carregou no colo até aqui. Você perdeu o quarto e quinto período.

– Sai ganhando então. – Falei sorrindo. – Menos na parte dele me carregar.

Antes que elas pudessem responder, o sinal tocou.

– Meninas pra sala. – Repreendeu a enfermeira, Dona Lurdes. – Tenho que analisar seu hematoma na testa.

As meninas saíram me deixando sozinha com a velhinha. Ela trancou a porta e me encarou com os olhos vermelhos e com uma pele verde.

– Até que enfim. Te esperei o verão todo.


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Notas finais do capítulo

Comentem, beijos.



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