Vivendo uma canção escrita por Dessa_Soliman


Capítulo 5
Eu preciso dizer que te amo


Notas iniciais do capítulo

quinto dia do desafio. Capítulo baseado na música Eu preciso dizer que te amo, do Cazuza.
Peguem as pedras... Gêmeo, não me mate... preparem-se para o que vou dizer-lhes... Eu não gosto de Cazuza.
Nossa, me sinto até melhor agora.
Mas aquela versão com a Bebel é muito bonita, Gêmeo.
05/09/2014



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/541650/chapter/5

Jack esperou com nem tanta paciência assim que a porta fosse aberta. Ele sabia que seu melhor amigo e vizinho não estava bem. Só isso explicava aquela maldita música tocando sem parar. Ele queria o que? Cortar os pulsos? Fazer com que Jack cortasse os pulsos? Porque, sério, Jack estava prestes a fazê-lo.

Ele estava ficando depressivo com tanta depressão que emanava do quarto do seu amigo. E, oooi, seu quarto era em frente ao quarto do moreno. Por que diabos ele não abriu a janela e lhe chamou para conversar? Era tão simples.

Era muito melhor que se afogar naquela tristeza toda.

A porta finalmente abriu-se, revelando um homem enorme.

–Ei, Senhor Stóico, tudo bem? – Jack sorria. Ele sabia que o homem não era de muitas palavras, mas também não era mau. Ele só era... assustador. Quem não seria assustador com aquele tamanho todo, todos aqueles músculos e aquela pança? Deuses, ele era enorme e assustador.

Mas não para Jack.

–Tudo, Jack. Hiccup está afundando em seu quarto, poderia fazê-lo parar com essas músicas? – Stóico deu espaço para Jack entrar, limpando suas mãos em um pano. Pelo jeito chegara no momento do homem fazer o almoço. Era sábado, afinal de contas. Ele não trabalhava no sábado.

E Jack não deveria ter acordado antes do meio-dia, em pleno sábado.

–Pode deixar, Chefe. – Jack bateu continência antes de subir as escadas, parando em frente ao quart de Hiccup.

Ele conseguiu imaginar uma aura negra saindo dali. O que fez suas mãos soarem frias.

Ah, não, isso era a paixão escondida dele.

Jack sabia que tinha uma queda por seu melhor amigo. Desde sempre, aliás. O problema eram essas sensações que Hiccup sempre despertava nele. Toda vez que ia vê-lo, ou que imaginava-o.

E ele não queria imaginar Hiccup, pelo menos naquele momento.

Bateu três vezes na porta e testou a maçaneta, encontrando-a trancada. Como um bom amigo, suspirou, usando o toque adicional. Três batidas rápidas, pausa leve, duas batidas seguida de quatro rápidas batidas.

Era uma espécie de código entre eles.

Tipo, Natal. E Jack nem sabia porque aquilo lhe lembrava natal.

A porta abriu-se rapidamente, mas Jack não conseguiu ver Hiccup de imediato, porque seu amigo escondia-se atrás da porta, permitindo que ele passasse. Assim que entrou, o moreno voltou a fechar a porta e trancá-la, jogando-se na cama.

Jack não só via a aura negra, como também sentia-a. E aquelas músicas não ajudavam em nada.

–Como você acordou antes do meio-dia? – Hiccup perguntou, escondendo seu rosto entre os travesseiros. Jack sentou-se ao seu lado, vasculhando o quarto com os olhos para ver se encontrava o controle do rádio para baixar aquele volume, sem ter de ir até o aparelho.

–Você me acordou. – Jack já se sentia mal. Pelo jeito, Hiccup brigara novamente com a namorada. Ah, não, ex-namorada. E isso acontecera há quase dois meses, somente o amigo ainda tinha esperanças. Reconhecia os sinais bem demais para reconhecer aquela pequena queda amorosa. Ele ia torturar-se novamente com seu melhor amigo falando de seu relacionamento fracassado.

E ele achando que seus sentimentos estavam expostos para quem quisesse ver. Somente Hiccup para não perceber que Jack amava-o.

–Sinto muito. Aqui. – Hiccup lhe entregou o controle, que encontrava-se embaixo do travesseiro. Isso explicava muita coisa. Seu rosto continuou voltado para o travesseiro, o que fez Jack acariciar os cabelos castanhos do amigo. Ou seriam ruivos? Jack não tinha ideia.

–Quer conversar? – Ele normalmente era paciente. Jack sabia como tratar Hiccup. O amigo agora precisava de alguém que lhe ouvisse, e que usasse palavras dóceis. Mas Jack não queria só isso. Não queria ser o recipiente de mágoas, de um relacionamento frustrado, do amor da sua vida. Que não sabia ser o amor da sua vida, mas o era.

–Naaa... – Hiccup sentou-se, bagunçando o cabelo, que já era naturalmente bagunçado. – Astrid não aguenta mais, segundo ela. Então, ela meio que me chutou. De novo. – Hiccup voltou os olhos verdes para o amigo, dando um meio sorriso. Irônico, era a definição certa. – Ela está se dando bem com aquele cara novo. – Jack não deveria se sentir feliz. Ele deveria estar mal pelo amigo, e não com vontade de sorrir. E seu peito deveria estar batendo descompassadamente de tristeza, não de euforia.

Ok, Jack sabia que era um péssimo amigo, às vezes. Somente às vezes. Bom, principalmente quando o amigo em questão era Hiccup.

–Sabe, precisamos de um jogo bem violento. – Hiccup sorriu. Pelo menos Jack fez Hiccup sorrir.

...

Jack devia ter se controlado. Sua mente estava tão confusa. Em um momento Hiccup e ele jogavam, e então ele o beijara. Puta que pariu. Não era porque seu melhor amigo estava lindo irritado daquela forma que ele tinha o direito de ataca-lo como fizera.

Não, nada disso.

Que inútil.

E não era porque estava com ciúmes, claro que não era. Era a milésima partida e Hiccup somente reclamara de seu relacionamento fracassado, de ser corno, mesmo que não namorassem mais, e de como ninguém o amava.

E Jack beijou-o.

E, claro, Jack fugiu de lá automaticamente. Ele sabia que seu melhor amigo ficara para trás, espantado com sua ação.

Porra, Jack. Hiccup levara um chute, e então seu melhor amigo o beijava.

Claro, super normal. Como se nunca tivesse acontecido com todo mundo. Seu amigo gay, porque sim, Jack sempre deixara claro que era gay, te beijava quando sua ex-namorada te chutava pela segunda vez. Dessa vez por outro cara. De forma deveras humilhante par ao ego masculino.

Bom, isso não importava para Jack no momento.

Ele trancara-se em seu quarto e ignorar Hiccup veemente. Qualquer chamado. Qualquer tentativa de contato. Jack ignorara. Ele proibira a mãe de deixar seu melhor amigo entrar. De qualquer forma ela deixou, e o garoto teve que ser muito forte para não levantar-se da cama e jogar-se nos braços de seu melhor amigo.

Ele era um péssimo amigo. Ele sabia disso.

Mas, na quarta-feira, sua mãe o proibiu de continuar em casa. Ele teria que ir para a escola e, segundo ela, enfrentar as consequências do que diabos tinha aprontado. Por que ela sempre o culpava?

Deuses, ele beijara seu melhor amigo, não era o fim do mundo.

Era?

Mas Jack foi. Ele levantou-se, se arrastando, já quase atrasado para o primeiro período, mas levantou-se, e se trocou, e saiu de casa. Ele sentia frio naquele dia. Bem, era uma semana fria, de qualquer forma.

Principalmente para Jack.

E chegou atrasado, perdendo o primeiro período e podendo entrar somente no segundo. Tudo bem, ele não ia se importar se o diretor o proibisse de comparecer na aula aquele dia, e ainda lhe desse uma suspensão de mais uma semana. Mesmo, ele não ia se importar.

Mas ele teve que entrar na sala, e a primeira coisa que viu foi o rosto sério de Hiccup.

Ele estava tão fodido.

Magnificamente fodido.

Já em sua mesa, o bilhete surgiu diante de seus olhos.

“Vamos conversar”

Sem opção para escolha? Ok, Jack aceitava isso.

Ele já estava fodido mesmo.

...

Ele ainda tentou fugir no intervalo, mas Hiccup conseguiu segurá-lo pelo braço, até que todos tivessem saído fazerem suas coisas. A professora pediu se eles iriam se retirar para que ela pudesse trancar a sala, mas Hiccup afirmou que eles iriam ficar. Ela deu de ombros, afastando-se.

Jack quase pediu para que ela ficasse também. Nunca gostara tanto de matemática. Agora via que realmente tinha dúvidas e precisava da ajuda dela. Mas o olhar de Hiccup, assim que abriu a boca, fez com que continuasse quieto.

Ele estava mais que fodido.

–Explicação. Agora.

Hiccup nunca ficara tão brabo com Jack. Ele sabia, tinha errado com o amigo. E não era somente pelo beijo, era por tê-lo ignorado. O moreno já estava numa fase critica, então ele simplesmente abandonava-o.

Grande, Jack.

–Eu... – Passou as mãos pela cabeça, tentando pensar em como explicar aquilo. Ele não ia se declarar, definitivamente. – Eu realmente gosto de você, Hiccup. Eu sempre gostei. Eu, não ela. – Ele quase se bateu quando viu o que estava falando. Sua voz saia tão nervosa, as palavras quase todas juntas de tão rápido que falava. Ele baixou os olhos, não conseguindo mais encarar aqueles verdes inquisidores. – Não vai acontecer de novo.

Ele afastou-se da classe que tinha se apoiado e ia se afastar, mas Hiccup segurou-o novamente.

–Me dê um tempo. – Jack olhou o amigo, magnificamente lindo com aquelas bochechas coradas. – Alguns dias, para superar Astrid, enquanto eu me acostumo com a ideia. Você me espera? – Hiccup encarou-o, com vergonha e algo que ele soube reconhecer como ansiedade. Jack sorriu. Claro que Jack iria esperar.

E ele abraçou Hiccup.

E ele beijou Hiccup, mesmo que depois fosse chamado de idiota, e que não deveria fazer isso novamente. Não sem sua permissão. Mas Jack somente riu e abraçou seu melhor amigo novamente.

Ou seria, futuro namorado?

É, podia ser.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah, não fiz uma correção muito interessante, então, por favor... erros, me avisem.
Talvez mais tarde eu consiga tempo para relê-la.
Beijos, até amanhã.