Levo-a para a mansão e quase desisto do plano. Ia desistir, não podia arriscá-la, tinha que encontrar outro jeito. Não era isso o que ela sempre falava? “Encontre outra forma, sempre tem outro jeito.” Não conseguia pensar nessa alternativa, mas naqueles minutos de moto até aqui e quando ela me olhou daquele jeito, não querendo me abandonar, pensei mesmo em jogar tudo para o alto. Mas esse mesmo olhar foi o que me fez entender que talvez essa fosse a última vez que a veria. Provavelmente morreria lá fora e teria perdido a minha chance de fazer com que ela soubesse. Então resolvi falar sob o pretexto do plano, porque era um covarde assim. Se eu morresse teria dito e, se não morresse, poderia dizer depois que era apenas o plano, mesmo não sendo. Então disse.

– Slade pegou a Laurel porque ele quer matar a mulher que amo. - Digo fixo nos olhos dela.

– Eu sei. Então? - Ela não entendia mesmo?

– Então que ele pegou a mulher errada. - Pronto, meio caminho andado.

– Oh. - Ela realmente não sabia. E fez questão de olhar para a minha boca daquele jeito que me deixava louco.

– Eu te amo… você entende? - E aí foi meu disfarce, a seringa. Nunca me perdoaria pelo olhar de decepção em seu rosto, muito menos por ter sido eu a causá-lo.

– Sim. - Ela diz simplesmente e sei que Felicity acha que entende.

Não pude deixar como estava e a puxei para mim, nossos braços ainda unidos escondendo a seringa. Abracei-a com o outro braço e a beijei levemente para depois a olhar em seus olhos tentando dizer que parecia uma armadilha, mas não era. Como era Felicity, minha Felicity, ela entendeu e sorriu. Não resisti e a beijei novamente, agora com mais vontade. Minha língua e a sua não duelavam, mas se moviam em sincronia e nem parecia nosso primeiro beijo. Fechei os olhos e naquele momento não tinha nada mais acontecendo a nossa volta. Depois de alguns segundos, porém, ela interrompeu o beijo e eu sabia que tinha que ir, mas preciso de um empurrão dela com uma risada leve para me fazer de fato ir.

Horas mais tarde, já a caminho da ilha, prometi a mim mesmo que daria uma chance à nós dois, à mim. Foi com essa promessa em mente que, mais tarde ainda com Slade preso, sorria para ela e voltava para Starling City, para casa.