"I put you high up in the sky
And now, you're not coming down
It slowly turned, you let me burn
And now, we're ashes on the ground
Don't you ever say I just walked away
I will always want you"

Wrecking Ball - Miley Cyrus

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A gente não deve nunca colocar os outros em um pedestal. Entendo que quando a gente ama alguém isso é natural. É normal vermos a pessoa amada como um ser perfeito, é normal ignorar seus defeitos - reconhecer que eles estão lá, mas exaltar tanto as qualidades a ponto de ofusca-los. Não deveria ser assim, mas é.

E quanto mais eu o amava, mais alto eu o colocava e mais ele quebrava meu coração - mesmo sem saber.

Jean e eu fomos para uma festa juntos. Umas cervejas a mais da parte dele e eu tive de leva-lo para casa porque ele não tinha condição alguma de dirigir.

'Maaaarco.' me puxou quando o coloquei na cama. 'Por que você me tirou da festa?' ele ria enquanto se enrolava para falar. Fechei os olhos e respirei fundo para ter paciência. Quando os abri novamente ele estava perto do meu rosto. 'Eu tava quase pegando a Mikasa!' disse sério, mas logo abriu seu sorriso convencido. 'Você vai ter que compensar isso.' meu coração pulou uma batida, mas consegui juntar todas as minhas forças para me afastar dele antes que ele fizesse qualquer besteira.

'Jean, você tá muito bêbado, dorme aí, vai.' sentei na cadeira de sua escrivaninha e cruzei os braços, ele sentou na cama e fez biquinho. Respirei fundo mais uma vez e passei a mão no rosto, tentando me lembrar de manter a calma. Aquela não era a primeira vez que eu tinha de levar Jean bêbado para casa e que ele insistia em dar em cima de mim.

No dia seguinte ele nunca lembrava de nada. Acordava com a cabeça latejando e eu ficava cuidando dele, ouvindo como eu era o melhor amigo do mundo e como ele era grato por me ter em sua vida, como eu era quase um irmão para ele. E eu mantinha todo o meu auto controle e nunca caía na dele quando ele estava fora de si.

Eu amava Jean e ele não sabia. Eu nunca havia dito a ele para não estragar nossa amizade. Mas quando ele ficava bêbado ele me quebrava inteiro dando em cima de mim. Era assim com todo mundo, não só comigo, mas...

'Ah, Marco, não estraga a minha noite.' ele fez cara de cachorro sem dono, meu coração pulou algumas batidas novamente. Eu só precisava insistir mais algumas vezes e ele deitaria e dormiria, como sempre.

'Jean, é hora de criança nanar, vai.' disse no tom mais cínico que eu podia, ele franziu o cenho.

'Não fala assim comigo. Eu não sou uma criança.' ele cruzou os braços também.

'Você é uma criança irresponsável que não sabe beber, Jean. Agora deita e vai dormir pra eu poder fazer o mesmo, por favor.' ele sorriu para mim.

'Só se você vier comigo.' revirei os olhos e abri a boca para protestar. Aquela era nova. 'Vai, Marco... Por favor.' insistiu, eu balancei a cabeça negando. Jean levantou da cama desajeitadamente e começou a vir em minha direção. Ok, aquilo nunca tinha acontecido, então fiquei sem reação. Ele sentou no meu colo, olhando para mim e me impedindo de sair da cadeira. 'Eu não fiquei com ninguém essa noite, Bodt. Você me deve uma.'

'Não é culpa minha que você ficou bêbado antes da hora, Kirschtein.' respondi no mesmo tom provocador que ele havia usado. Isso o fez rir. Ele aproximou seu rosto do meu, perdi todo o meu ar e me afastei rapidamente o máximo que pude. 'Jean, por favor, não.'

'Por que não?' chegou perto do meu ouvido e sussurrou, senti um arrepio. 'Você não pegou ninguém, eu não peguei ninguém, a gente é amigo.' ele mordiscou minha orelha. Merda, merda, merda. Ele se mexeu um pouco em meu colo e sorriu.

'Eu nunca pego gente, Jean.' ele pegou um tufo do meu cabelo com a mão e puxou, gemi baixinho. Minhas mãos foram para suas costas e a arranharam levemente. Se ele continuasse com aquilo eu não ia conseguir me controlar.

'Então não acha que tá na hora de mudar isso?' seu lábio foi para meu pescoço. Maldito dia que eu decidi beber um pouco, maldito dia que eu não estava cem por cento consciente. Ele sugou um ponto, eu mordi meu lábio inferior com força para abafar qualquer som que pudesse sair de mim. Jean se mexeu em meu colo e sorriu. 'Não tem como falar que você não tá gostando disso.' corei fortemente. Ser homem nessas horas era a pior coisa do mundo: eu não tinha como esconder minha ereção dele.

'Por favor...' minha voz quase não saiu. 'Se você continuar com isso eu não vou conseguir me controlar, Jean...'

'Então não se controla.' sussurrou para mim. 'Por favor não se controla.'

Levantei com ele em meu colo e o joguei na cama. Aquela foi a gota d'água. Adeus auto controle, adeus Marco Bodt consciente.

Em poucos instantes Jean e eu estávamos sem roupa. Foi tudo muito rápido. Eu já não pensava mais direito e a cada vez que ele tocava em mim ou que eu sentia um arrepio a mais, minha sanidade se dissipava mais um pouco. Acordei, no dia seguinte, antes dele. Consegui me vestir, recolher os vestígios da noite anterior, joga-los fora e deitar na cadeira, para fingir que nada havia acontecido, antes que ele acordasse.

'Minha. Cabeça.' grunhiu baixinho e virou de barriga para baixo. Continuei fingindo que estava dormindo. 'Marco?' me chamou mais alto. Fingi que estava acordando, como sempre. 'O que aconteceu noite passada? Minha bunda tá doendo...'

'Quê?' passei a mão no rosto e bocejei, como se houvesse acabado de despertar. 'Ah, você sumiu e eu achei você num quarto com um cara aleatório.' virei de lado como se fosse voltar a dormir, ele me acertou com seu travesseiro. 'Mano, para.'

'Como assim eu tava num quarto com um cara aleatório?' ele estava sentado quando olhei para ele. Em seu rosto uma expressão de nojo. 'Ele, pelo menos, era bonito?' assenti, bocejando mais uma vez. 'Tá... Pelo menos isso. Ok.'

'Você passou calor essa noite?' ele levantou uma sobrancelha, sem entender, mas logo olhou para baixo e corou fortemente. 'Pois é, cara...' Jean se cobriu com o lençol, rapidamente. 'Vou pegar sua água e seu remédio pra dor de cabeça, já volto.' ele agradeceu.

Desci para a cozinha lentamente. Eu não tinha pressa alguma em voltar para aquele quarto e lembrar do que tinha acontecido. Ele não lembrava de nada e era melhor daquele jeito. Eu não podia arriscar estragar nossa amizade. Acabei preparando um café da manhã para nós dois e levando-o junto com o remédio de Jean lá pra cima. Quando cheguei no quarto ele já estava vestindo sua cueca. As marcas dos meus arranhões e alguns chupões que eu havia lhe dado estavam lá ainda, sorri.

'A noite foi boa pra você, então, Bodt?' congelei com a pergunta.

'C-como assim?' sentei ao seu lado na cama. Ele colocou o dedo onde havia deixado uma marca forte na noite passada.

'Eu conheço?' soltei o ar que estava segurando ao rir, aliviado. 'Conheço?' ele arregalou os olhos.

'Não. Foi uma pessoa xis, nem lembro direito. Acabei bebendo um pouco a mais ontem também e me soltei.' menti descaradamente. Jean deu de ombros.

'Ela era bonita?' sorri com aquela pergunta. Lindo, ele era lindo. Balancei a cabeça.

'Confesso que não lembro. Espero que sim.' ri, ele fez o mesmo. Estávamos falando baixo, mas assim que ele riu, ele se encolheu de dor. 'Toma o remédio logo pra essa dor de cabeça passar, vai.' coloquei a pílula em sua mão, ele agradeceu e a tomou. 'Você tá bem? Lembra de alguma coisa?'

'Nada... Lembro flashes de conversar com a Mikasa, de dançar Talk Dirty To Me com Reiner e Ymir, mas só...' suspirou. 'Mais alguma coisa importante que eu deva lembrar?' neguei. 'Ah, Marco, não sei o que faria sem você, irmão. Sério, você salva a minha vida.' deu um soco em meu ombro de leve, sorri.

'É...' respirei fundo. 'Também não sei o que você faria sem mim.' brinquei.

Contar a ele não traria nada de bom. Pelo menos eu achava que não. Era melhor ficar calado e continuar levando a vida daquele jeito, completamente apaixonado por meu melhor amigo em segredo.