Forget-me-not escrita por ohhoney


Capítulo 17
Amor-Perfeito 2/3


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui vai a segunda parte do capítulo.

Eu estava emotiva então chorei um pouquinho enquanto lia, mas espero que isso não aconteça com vocês.



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Amor-Perfeito (2/3)

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O coração de Izuki deu um pulo quando Miya entrou na floricultura naquela manhã de domingo, usando um vestido de bolinhas e um sorriso maravilhoso no rosto.

–Miya-chan - ele faz força para não gaguejar, e joga o paninho para o lado. Vai até ela esfregando as mãos na frente do avental - Oi. Como está?

–Oi, Shun-kun. Estou ótima. Cadê as meninas?

–Elas estão lá atrás, quer que eu chame...?

–Não, não. - ela sorri - Pode ser com você mesmo.

–A-Ah. Hm, como está o bebê? Já sabe o sexo?

–Está ótimo, é um menininho. Falando nisso, Shun-kun, eu queria perguntar se vocês não poderiam fazer a decoração do meu chá de bebê. - Miya põe o cabelo atrás da orelha e pousa a mão automaticamente na barriga.

–C-Claro, seria um prazer - Izuki sorri, pegando seu bloquinho de anotações e uma caneta - Ok. Agora me diz como você quer.

Miya explica direitinho como vai ser a decoração e o espaço, e Izuki sente-se mais à vontade ao ver que Miya ainda tem as mesmas manias e jeitos. O modo como ela balança as mãos é confortavelmente familiar, e como ela sempre faz alguma pergunta com as sobrancelhas levantadas. Izuki teve que se segurar para não colocar uma mecha de cabelo solta atrás da orelha dela.

Velhos hábitos são ruins de esquecer, certo?

Moriyama, vindo pela porta dos fundos, quase dá meia volta quando vê Miya, mas Izuki pede sua ajuda antes que pudesse fugir. Moriyama coloca um sorriso no rosto e vai até lá.

–Moriyama-san, poderia me ajudar? Segure essas flores, por favor. - Izuki coloca uma dúzia de flores brancas nos braços de Moriyama, e continua a discutir com Miya sobre flores que combinam com tons de amarelo.

Moriyama não se importaria de ficar segurando as flores se não fosse por Izuki. O que o deixava com certa raiva era ver aquele sorriso radiante dele, e como ele ria, e como os dois pareciam ter a maior intimidade do mundo.

O rapaz dos olhos pretos respira fundo, tentando ignorar as risadas contentes e o olhar brilhante de Izuki. Ele só queria pegá-lo pela mão e tirá-lo de perto de Miya de uma vez por todas. Aquela situação não lhe agradava nem um pouco. Moriyama Yoshitaka se corroía por dentro, e morria um pouquinho cada vez que Izuki e Miya encostavam as mãos.

–E begônias? Begônias são bonitas. Acho que ficariam bem - Izuki sugere, pegando uma flor no vaso e estendendo-a a Miya, que fica genuinamente surpresa.

–Begônias... Sim, begônias são boas - ela sorri e pega a flor, cheirando-a. Izuki tomba a cabeça levemente e sorri também.

"Eu sempre dei flores, especificamente begônias, e ela sempre gostou", Izuki tinha dito na última vez que vira Miya. Moriyama tenta se distrair com a abelha que passa voando. A urgência de tirar Izuki dali era grande. A urgência de sair dali era maior ainda. Moriyama quase agradece aos céus quando Suzume entra pela porta dos fundos e corre até eles.

–Suzume-chan, pode segurar pra mim? - Moriyama pergunta, colocando as flores nos braços da menina - Eu... Tenho que ir.

Izuki vira rapidamente. Moriyama prefere não olhar para ele. O mais velho simplesmente dá as costas e anda até a porta.

–Espera, Moriyama-san - Izuki diz - Onde vai?

–Pra casa - Moriyama abre a porta e sai, balançando o sininho. Izuki observa seu namorado indo embora, sentindo que algo está errado.

Izuki e Suzume se olham rapidamente, mas voltam a atenção a Miya quando ela volta a falar das flores.

"A voz dele estava tão estranha."

Izuki sente-se incomodado, mas tenta se concentrar nas flores. O rapaz olha para a begônia na mão de Miya algumas vezes.

"Ah."

–Ei, Suzume, pode ajudar a Miya? Eu vou... Ahn...

Izuki nem se importa em continuar. Ele só tira o avental e acena rapidamente enquanto corre para a porta, abrindo-a com violência.

–Onde ele vai? - pergunta Miya.

–Provavelmente atrás do namorado.

–Ah. Entendo.

Izuki caminha colina abaixo, procurando por Moriyama na rua. Encontra-o muito a frente, andando rápido e desviando das pessoas. Izuki vai atrás.

Virando na quinta rua depois da colina, Izuki pôde ver Moriyama entrando apressadamente no seu prédio. Izuki para na esquina. Moriyama parece bravo. Havia algo no jeito que ele andava que deixava Izuki inquieto. Ele também vai na direção do predinho.

Entrando com cautela, sobe até o quarto andar pelas escadas. Segue lentamente pelo corredor estreito e para na frente da porta escura, tentando ouvir alguma coisa. Silêncio. Izuki suspira e bate na porta.

–Moriyama-san, posso entrar?

Não há resposta. Izuki entra do mesmo jeito.

O apartamento de Moriyama já estava completamente decorado. Os sofás de couro preto combinavam muito com o tapete e as cortinas da janela. Algumas prateleiras de livros e CDs preenchiam as paredes, e os vasinhos de margaridas estavam por todos os cantos.

Izuki deixa os sapatos na entrada, olhando ao redor. Moriyama está parado perto da janela, apoiando a mão na parede e olhando para fora.

–Moriyama-san?

Moriyama fecha os olhos brevemente, logo em seguida virando a cabeça na direção de Izuki. Ele apertava os lábios com força.

–O que foi?

–Não foi nada.

–Que aconteceu?

–Nada.

–Você saiu tão estranho, e agora você está...

–JÁ FALEI QUE NÃO FOI NADA!

Izuki recua um passo, franzindo a testa. Moriyama parece extremamente irritado, e respira fundo algumas vezes.

"Merda, isso dói."

–Desculpe.

–Por que não me conta?

Silêncio. Izuki esfrega as mãos, não sabendo muito bem o que fazer.

–É a Miya? Você não gosta dela também, Moriyama-san? Mas a Miya é diferente da Kaena, sabe? A Miya é...

–Miya, Miya, Miya! Cala a porra da boca! Você só sabe falar dela?! - Moriyama explode, batendo na parede ao seu lado, perfurando Izuki com o olhar.

–N-Não precisa ficar com ciúmes...

–CIÚMES? É ÓBVIO QUE EU ESTOU COM CIÚMES! - Moriyama avança dois passos na direção de Izuki - Você só sabe falar dela! Você e as meninas só sabem beijar os pés dela! - a voz de Moriyama treme levemente, e seu olhar entrega tudo. Ele continua falando com um tom extremamente ferido e barganhado - Eu fico doente com o jeito que você olha pra ela, Izuki-kun!

–Moriyama-san, você não está sendo muito racional - Izuki recolhe-se ao ouvir a voz sofrida do outro. Seu olhar era de desespero e raiva - Do mesmo jeito que você e a Mirai, eu ainda tenho um carinho muito grande pela Miya e...

Moriyama tenta se controlar ao máximo, fechando os punhos com força. Contudo, as palavras saem de sua boca antes mesmo que ele possa perceber.

–Uma begônia?! Uma begônia?! VOCÊ AINDA A AMA, IZUKI-KUN! VÊ SE SE ENXERGA!

Izuki congela no lugar. Ele sente alguma coisa dentro de si estalar ao ver o rosto de Moriyama tão entristecido.

–Por favor...

–Como você acha que eu me sinto sabendo que meu namorado ama outra pessoa?! Hein?!

Moriyama coloca as duas mãos no rosto e esfrega-o repetidamente, como sempre faz quando está nervoso. Joga-se no sofá, abraçando as pernas e apoiando a cabeça nos joelhos, de costas para Izuki.

Izuki encara a nuca de Moriyama, ouvindo-o respirar fundo várias vezes, tentando se acalmar.

–Eu amo a Miya, mas eu amo você mais, Moriyama-san. Eu amo você mais...

Ninguém fala nada por um minuto. O único barulho vem dos passarinhos do lado de fora.

–Mas que saco, Moriyama-san. Mas que MERDA. O QUE VOCÊ QUER OUVIR, HEIN? EU AMO A MIYA, EU AINDA AMO A MIYA! EU E ELA TEMOS ASSUNTOS NÃO RESOLVIDOS E EU ESTOU PUTO QUE ELA ESTÁ GRÁVIDA DE QUALQUER OUTRO CARA QUE NÃO SEJA EU! POR QUE É TÃO DIFÍCIL DE ENTENDER QUE EU NÃO CONSIGO LARGAR MEU PASSADO DESSE JEITO? POR QUE VOCÊ NÃO ENTENDE QUE EU AMO A MIYA E AMO VOCÊ TAMBÉM?

–E-Eu sempre falei que eu tinha medo de você me largar por outra pessoa que nem a Mirai fez...

–Eu também tenho! E aquela maldita mulher na minha loja é a causa disso! Porque ela um dia foi embora e eu tive que lidar com tudo sozinho, e aí ela aparece do nada e...

–Ela te deu um puta de um pé na bunda e você sempre volta rastejando pra ela. Eu fico tão...

Moriyama solta o ar entrecortado e aperta mais os joelhos, sem palavras.

Só pare de ser feito de idiota toda santa vez, Izuki-kun.

Izuki vai até o sofá e senta no chão ao lado do namorado.

–Desculpe, Moriyama-san. Eu não queria ter gritado. E eu me expressei de maneira errada também. - vendo que o outro não responde, Izuki continua - Você sabe como meu relacionamento com a Miya é confuso, mas eu não vou negar que ainda tenho um grande carinho por ela. Não quis dizer que a amava. Isso não é verdade. Faz tempo que eu não amo mais a Miya, Moriyama-san. Eu só me importo muito com ela. E eu sempre pensei que eu que seria o pai dos filhos dela, então acho que fiquei irritado com isso. Moriyama-san, eu amo você agora, tá? D-Desculpe ter te deixado com ciúmes.

Moriyama espia Izuki com um olho só.

–Você tem razão, eu passei dos limites com a Miya. São velhos hábitos, sabe? Não deveria ter dado a begônia.

–Eu amo tanto você, Izuki-kun.

–Eu amo você também, Moriyama-san.

Moriyama fecha os olhos e volta a enterrar a cabeça nos joelhos. Parece haver duas atmosferas naquela sala de tão pesado que o ar está.

–Acho melhor eu ir embora. Depois a gente se fala.

Izuki levanta do chão e espana a calça, encarando o cabelo escuro de Moriyama. O menor suspira e dá dois passos antes de ser puxado pela mão.

–Não esquece.

–O quê?

–Que eu amo você.

–Eu amo você também, Moriyama-san. Mas isso não vai me impedir de te bater se você vier com ataque de ciúmes de novo. Você sabe que isso me deixa puto.

–Só queria que você não me desse motivos pra ficar assim.

–Ah, agora eu sou o culpado? Minha ex aparece na minha loja e eu sou o culpado?

–Não quero brigar. Para com isso, Izuki-kun. - Moriyama ergue o rosto.

–Parar com isso? Mas foi você quem começou! Você quem tem ciúmes e fica querendo brigar.

–Se você soubesse como isso me deixa puto... - Moriyama aperta os lábios e levanta do sofá, parando frente a frente com Izuki.

–Bem vindo ao clube.

–Eu odeio essa sua mania de querer ficar puxando briga. Caralho, eu estou tentando apaziguar as coisas e você continua querendo discutir comigo.

–E eu odeio como você pensa ser o dono da razão. Por que você nunca admite que está errado quando a gente briga? Sou sempre eu o culpado, que merda!

–Isso não é verdade, Izuki-kun. Para de inventar coisas - Moriyama fecha os punhos.

–Ah, agora eu sou mentiroso também? Qual a próxima, Moriyama-san? Vai querer terminar comigo?

Os dois se encaram febrilmente, olho no olho. A raiva é tanta que tudo parece estar vermelho.

Mas quando Moriyama não responde, Izuki sente-se imensamente triste. Ninguém fala nada. O rosto de Izuki passa de uma careta de raiva para um rosto magoado. Moriyama continua encarando-o com fúria.

–E-Eu vou pra casa - anuncia Izuki. Seu queixo tremia levemente, que nem sua voz. O mais baixo dá meia volta e sai pela porta.

O vento quente da rua sacode os fios negros e não ajuda Izuki a se sentir melhor. Muito pelo contrário; perceber que Moriyama sequer tinha dito algo ou veio atrás dele deixou Izuki ainda mais magoado. Ele caminhou rapidamente para a floricultura. Quando chegou ao topo, viu Suzume e Enzo do outro lado, na frente do restaurante do pai do garoto. Eles pareciam conversar animadamente. Isso deixou Izuki pior ainda.

Felizmente Miya não estava mais lá. A única na loja era Kobato, que regava as flores e cantava com a música que tocava no rádio.

–Que bom que voltou, Shun-nii. As rosas...

–Kobato, eu vou pra casa rapidinho e já desço. - Izuki fala enquanto anda rapidamente para a porta que dá ao prédio dos fundos. Ele sobe as escadas até o terceiro andar e abre a porta.

Seu apartamento parece incrivelmente vazio e sem graça. Izuki fecha a porta e encosta-se contra ela. Sua mente está em branco, mas seu peito pesa duzentos quilos. Ele vai até a janela e pega a margarida do vasinho no batente. Olha-a com uma expressão vazia e joga-a pela janela.

Izuki senta-se no chão, apoiando as costas na parede. Estava acontecendo de novo. Seu primeiro namoro depois do péssimo término com Miya também estava indo por água abaixo. Izuki nem sabia dizer se ainda tinha namorado. Ele teria que lidar com tudo de novo, e superar de novo, e se foder de novo, e etc, etc, etc. Era como um ciclo. Absolutamente não tinha fim. Parecia que a vida amorosa de Izuki estava condenada ao fracasso.

Contudo, seu coração quase voa pela garganta quando ouve a campainha. Sem perceber, Izuki ergue-se e corre até a porta, abrindo-a ansiosamente na esperança de que fosse Moriyama.

Não era ele.

–S-Shun-nii, posso entrar?

Suzume estava parada na sua porta, esfregando as mãos. Seus grandes olhos prateados estavam cheios de lágrimas e ela parecia a ponto de desabar a qualquer segundo. Izuki esquece as próprias dores e toma as da irmã, puxando-a para dentro e fechando a porta.

Suzume vai até o sofá cor de canela e senta, abraçando os joelhos. Ela morde os lábios quando Izuki senta-se ao seu lado. Ele passa a mão na cabeça da garota e espera que ela fale.

–O-O Enzo terminou comigo - e ela desaba, chorando enquanto seu irmão mais velho puxava-a contra si num abraço apertado - Ele disse que não estava dando certo e que... que nós deveríamos terminar porque não tínhamos nada em comum e...

Suzume não consegue continuar. Ela soluça contra o ombro do irmão, sentindo-se imensamente pequena e indefesa. Izuki aperta a garota mais forte contra si. Doía muito ver sua irmãzinha chorando desse jeito, principalmente Suzume. Suzume, que era forte, destemida, e boca suja. Suzume, que raramente chorava. Izuki tentou sentir raiva de Enzo, mas só conseguiu ficar triste pela irmã.

Suzume deita a cabeça em seu colo, ainda chorando baixinho. Suas lágrimas molhavam as calças de Izuki, mas ele não ligava. Continuou passando a mão pelo cabelo escuro e longo da irmã, tentando acalmá-la.

–E-Eu não sei o que aconteceu, Shun-nii... Ele disse que gostava de mim e depois que nós deveríamos terminar e... Eu não sei mais o que fazer e-e eu me sinto tão perdida agora...

Izuki sorri tristemente para si mesmo. Ele sabia como era. Sentia-se do mesmo jeito também. Seus olhos queimam em lágrimas.

–Sabe Suzume, eu acho que as coisas acontecem por um motivo, seja ele qual for, e que a gente desconhece. Acho que... Às vezes as pessoas se apaixonam, mas não permanecem juntas. Acho que é uma forma de dizer que existe algo melhor esperando pela gente.

Suzume olha para o irmão, confusa.

–Você... Você está falando isso pela Miya-chan ou pelo Moriyama-san?

A garganta de Izuki está apertada, e ele não consegue responder. Ele somente continua passando os dedos nos cabelos de Suzume, pensando no que aquele maldito silêncio todo significava.

"Não sei dizer, Suzume."

"Acho que pelos dois."

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Moriyama continua olhando para sua porta, esperando Izuki voltar.

"Ele vai voltar. Ele vai voltar, certo?"

"Ele tem que voltar."

Mas Izuki não voltou. Duas horas depois, Moriyama continuava sentado no sofá, perdendo as esperanças de aquela porta abrir e revelar Izuki. Não iria mais acontecer.

Moriyama não sabia mais o que fazer. Sentiu-se um idiota por não ter respondido à pergunta, e mais idiota ainda por não ter segurado Izuki no lugar e enchido aquela boca de beijos. Mas estava tão bravo que sequer conseguia pensar em nada, e agora arrependia-se amargamente.

Dizem que quem cala, consente. Nesse caso, ele achava que tinha concordado em terminar com Izuki quando não respondeu a pergunta.

Moriyama pega o celular e olha para a tela. Seu plano de fundo era uma foto que tirou de Izuki enquanto este estava distraído regando as tulipas vermelhas.

Moriyama engole o choro. Izuki tinha se oferecido para cuidar de todas as tulipas de Moriyama com muito amor e carinho, mas fora o próprio Moriyama quem jogou fora as tulipas desse vez. E a lata de lixo estava fechada agora.

Ele vasculha sua agenda telefônica atrás de alguém para conversar, e acaba ligando para um número muito conhecido.

–Alô?

–Alô, mãe?

–Oi, meu filho! - percebendo a voz alterada de Moriyama, ela pergunta - O que aconteceu?

–Mãe... Mãe, eu posso ir pra sua casa? Eu estou com saudades - Moriyama tenta esconder a voz de choro, mas mal consegue.

–Claro que sim, meu amor! Vem pro almoço. Vou fazer camarão, sei que você adora.

–Pode chamar a Yato também?

–Claro. Pegue o trem e venha. Eu e sua irmã estaremos te esperando.

Moriyama respira aliviado, despedindo-se da mãe. Pega sua mochila, coloca algumas coisas dentro e vai embora.

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A tardinha tinha caído quando Izuki tomou jeito e resolveu ir pedir desculpas por tudo. Fazia calor e muito sol. Ele desceu a colina com certa pressa, ansioso para encontrar logo com seu namorado e pedir desculpas e passar o resto do dia com ele.

Mas não foi isso que aconteceu.

Izuki parou no corredor quando viu aquele pedaço de papel colado à porta. Tinha medo de ver o que dizia. Respirando fundo, arrancou o papel e leu.

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Fui para casa.

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O relógio tinha acabado de bater onze horas quando Izuki pousou a cabeça no travesseiro, sozinho na cama. Um cravo roxo boiava no copo de água na mesa de cabeceira.

Izuki tentava dormir, mas não conseguia. Ficava distraindo-se com os barulhos da rua: carros, vento, vozes, a água da chuva e até alguns passarinhos. Chovia muito lá fora.

Suzume tinha ficado recolhida o dia inteiro, aparecendo na casa de Izuki para não ficar sozinha. Izuki sentia pena da irmã; era a primeira vez que gostava de alguém e fora dispensada desse jeito. Por isso correu para atender a porta quando ouviu a campainha. Suzume já tinha aparecido antes e com certeza teria voltado.

Mas não é Suzume parada na soleira. É Moriyama, encharcado de chuva e tremendo de frio, molhando todo o tapetinho da entrada.

–Desculpe, Izuki-kun. Eu estou errado, não quero brigar com você, sou ciumento, sou possessivo, não gosto de ver você falando com a Miya nem com a Kaena, eu amo você, eu estou errado e não quero terminar contigo.

Izuki nem raciocina antes de puxar Moriyama pelos ombros e apertá-lo forte contra si, nem ligando de ficar molhado.

–Seu maldito, não vá embora desse jeito. - sua voz é puro alívio, e Izuki treme levemente ao redor dos braços de Moriyama. Ele está gelado e batendo dentes. - Vou te dar uma roupa.

Izuki corre até o armário e pega uma toalha para Moriyama, que arranca as roupas e seca o cabelo. A calça de moletom e a camisa de algodão que Izuki o emprestou agora aquecem o corpo do rapaz.

–Senta - Izuki ordena, puxando a cadeira da mesa. Vai até a cozinha e põe a água para esquentar no fogão - Onde diabos você estava?

–Na casa da minha mãe - Moriyama diz, encolhido nas roupas secas. Olhava para as costas nuas de Izuki com carinho - Eu precisava de uns conselhos.

Moriyama levanta da cadeira afobadamente e vai até Izuki, virando-o de frente para si e apertando-o em seus braços com força. Seu cheirinho fazia tudo ficar melhor.

Izuki afaga a nuca de Moriyama, deitando a cabeça em seu ombro e fechando os olhos. Segura as costas do outro com afinco - não deixaria que ele fosse embora de novo.

–A gente já brigou tantas vezes e eu não consigo me cansar de você, Izuki-kun.

–Eu odeio brigar.

–Eu não quero terminar contigo. Eu amo você.

–Eu amo você também. Não quero terminar.

–A gente não vai terminar.

A chaleira começa a apitar, então Izuki corre para desligar o fogo. Moriyama volta a sentar na cadeira, sendo servido com uma xícara de chá e biscoitinhos de chocolate.

Izuki Shun e Moriyama Yoshitaka ficaram conversando na mesa até muito depois da meia-noite. Falaram de absolutamente tudo. Moriyama contou como foi ver a família e que sua mãe dissera a mesma coisa que Izuki: que sempre teve essa mania irritante de querer ser o dono da verdade, desde criança. Moriyama desculpou-se várias vezes, e Izuki também. Desculpou-se por agir que nem um idiota perto de Miya, e ter causado ciúmes, e por ter essa infeliz mania de ficar puxando briga. Por fim, os dois resolveram ir dormir.

"Eu disse que às vezes nós terminamos com alguém para podermos conseguir algo melhor."

"Ainda bem que a Miya terminou comigo."


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Notas finais do capítulo

Curiosidades #14

—Yato é mais velha que Moriyama.

—Suzume virou aquela noite jogando GTA e tomando sorvete.



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