Clara Oswald

Luther pegou um envelope do bolso e entregou para John, Clara esticou o pescoço lendo o que havia nele. Era um convite para uma festa, de aniversário de 15 anos.

— Você é convidado para festas de 15 anos?

— Não posso fazer nada. É o meu trabalho! — John deu de ombros. — Quando é o aniversário?

— Daqui a algumas semanas, você tá com o dia livre nesse dia. É só dançar, tirar fotos e ficar um tempinho por lá. Vou está com você e espero que você se comporte!

Clara ergueu uma sobrancelha para John. Ele deu de ombros e Mandy riu.

— Antigamente ele costumava ficar com as garotas — Mandy explicou.

— Não vou fazer mais isso — John disse erguendo as mãos em sinal de rendição. — Sou totalmente comprometido!

Mandy abraçou os dois e correu pegando uma garrafa de vinho. Enquanto bebiam, Mandy contava sobre o seu noivo. Luther de repente ficou incrivelmente interessado em como a sua taça era feita e qual o cheiro do vinho.

Clara também não estava prestando atenção. Conhecia Phil o suficiente para saber que para outras pessoas ele não era um homem tão legal, porém ele era o mundo da melhor amiga. Clara preferia que ela conhecesse outra pessoa, alguém que não fosse tão calado e fechado quando Phil, alguém como o Luther!

Clara deu um sorrisinho ao lembrar-se de Luther. É claro que ela o conhecia, todos em Leadworth haviam estudado na mesma escola, Luther era o garoto baixo que andava na sombra de Robb Green. Na época seus cabelos eram escuros, agora, porém, eles eram ruivos, um vermelho impressionante. Seus olhos eram verdes e grandes. Ele provavelmente lembrava-se de Clara e ela ficou feliz dele não comentar nada, Clara não gostava da sua época escolar.

Luther fixou seus enormes olhos verdes em Clara, a garota desviou o olhar assustada. Percebeu que John a olhava, seus olhos verdes folha analisando o rosto da garota.

Após horas e mais horas, Mandy finalmente parou de tagarelar sobre as coisas que eram de sua importância e que ninguém queria exatamente escutar. Luther foi embora e Mandy foi dormir, John sentou-se ao lado de Clara, passando os braços ao redor dos ombros dela.

— Com sono? — John perguntou em um sussurro.

— Não muito!

John Smith

John ficou de pé e seguiu em direção a televisão, pegou um DVD qualquer e colocou-o. Era um filme de ação e ele achava que talvez Clara gostasse, ao olhar novamente para ela, Clara estava o encarando enquanto tomava seu vinho, John sorriu como um bobo.

Até alguns minutos atrás ela estava o xingando e dizendo todas as verdades que Mandy também havia dito no quarto, era incrível como todas as pessoas conseguiam dizer a verdade para ele e somente uma era importante, a dela, a de Clara!

— Você gosta? — John perguntou depois de um longo tempo encarando a namorada.

— De quê? — Clara riu, ela ficou de pé e John notou seu rosto ficando avermelhado a medida que ela chegava perto dele, John gostou daquilo.

— Do filme, é de ação. Você gosta?

— Ah, gosto! Vou logo avisando, não ria no final! Ok?

John arqueou as sobrancelhas, curioso.

— Tudo bem! Não vou ri, prometo!

Eles se sentaram novamente no sofá, Clara se encolheu nos braços de John, colocando sua cabeça sobre o ombro ossudo dele, ela se mexeu desconfortavelmente até achar uma posição que John julgou está confortável.

— Desculpe! — John sussurrou beijando a cabeça de Clara.

— Pelo quê?

— Por ser um esqueleto ambulante! — Clara abafou uma risada.

* * *

O filme já estava perto de acabar e já se passava da meia-noite. John continuava com os olhos fixos na televisão, assim como Clara. Durante todo o filme nenhum dos dois falou nada, John às vezes beijava a testa de Clara e saiu somente uma vez para deixar as taças e o vinho na cozinha, ficou surpreso com ele mesmo por não acabar com aquela garrafa sozinho.

O vilão do filme estava lentamente morrendo de uma forma dolorosa e John tinha um sorrisinho no canto dos lábios. Ele não era um sociopata, apenas acreditava que o vilão tinha que pagar pelos seus erros no final do filme, sempre tinha a mesma opinião, não importava o quanto o vilão fosse legal.

John sentiu Clara apertar a mão dele, olhou para o rosto dela e ela estava... chorando?

— Você tá chorando? — John perguntou segurando Clara pelos ombros e afastando-a para ver melhor o rosto dela. Definitivamente ela estava chorando. — Por que está chorando? Qual o problema?

Clara riu em meio ao choro e fungou de leve.

— Eu sempre choro por causa do vilão! — Clara riu e enxugou uma pequena lágrima que caia. John ameaçou ri e então se lembrou de sua promessa. — Não ria, você prometeu!

— Eu não vou ri, prometo! É só que é o vilão, se fosse pelo mocinho. Sou totalmente contra esse comportamento!

Clara riu e puxou John para perto de si. John aconchegou Clara contra o seu corpo e beijou a testa dela novamente. Ele estava tão feliz que estava sendo difícil conter tudo dentro de si.

Eles dormiram no sofá, abraçados.

Na manhã seguinte, John acordou e percebeu que estava deitado no sofá e alguém havia colocado um cobertor sobre ele. O cheiro de Clara estava em sua roupa e no cobertor, sinal que ela havia passado a noite ali junto com ele. John sorriu com a lembrança.

— Bom dia! — a voz de Clara o fez voltar a realidade. Ela sentou no sofá e entregando-lhe uma xícara de café, John sentou e pegou a xícara. Clara usava outra roupa e cheirava a jasmim. Eram coisas simples como aquelas que faziam John perceber o quão inútil a vida que ele queria deixar para trás era, aquela sim era uma vida! Uma vida onde Clara Oswald era prioridade.

— Bom dia! — John respondeu e Clara o beijou.

John sorriu entre o beijo, satisfeito consigo mesmo. Tentava imaginar o que teria acontecido se não tivesse falado nada na noite anterior, tentava imaginar se Clara realmente iria embora, se voltaria para Leadworth... ou pior, se voltaria para Robb. John colocou a xícara sobre a mesinha de centro e puxou Clara para si, por um simples momento temendo perder ela por causa de alguma idiotice.