John Smith

John ajudou Clara a descer, ele não entedia por que ela estava daquele jeito. Em choque! John apenas queria que ela sorrisse novamente, que olhasse para ele como se ele nunca tivesse feito nada de errado na vida. Mas ela não estava ali, no lugar da garota doce e simpática, estava uma Clara quieta e assustada.

John entregou o casaco dele a ela, Clara apenas o olhou e John assentiu. Ela pegou o casaco de couro e vestiu, John sorriu.

Eles entraram na delegacia. Uma mulher de cabelos castanhos olhou para eles e se levantou rapidamente, indo em direção a eles erguendo o dedo e apontando para Clara. A garota não fez nada, apenas ficou parada.

— Isso tudo é sua culpa. O meu filho não é assim, ele é um bom garoto e você o transformou em um monstro. Você é quem deveria ser presa, sua vadia!

John se pôs na frente de Clara ao ouvir o xingamento. A mulher o olhou, John a reconheceu rapidamente, não teria sido preciso ouvir que ela era a mãe dele. John já havia se encontrado milhares e milhares de vezes com ela.

— E você ainda anda com esse bastardo. É claro que deveria ser uma vadia!

— Se não parar com isso...

— Sr. Smith, calado!

John ergueu o olhar. E lá estava o seu advogado, John não sabia o que ele fazia ali, mas boa coisa não deveria ser.

— Acompanhe-me.

John segurou a mão da morena e a levou junto com ele. Eles entraram em uma sala e John sentou de frente para o advogado. Eric Bolter era o segundo e último amigo que John tinha, ele havia se formado fazia cinco anos e havia perdido a ajuda de John para crescer rapidamente, John o contratou e ele havia provado que era digno de ser um excelente advogado. Eric era ruivo, estava com a barba para fazer, seus olhos eram verdes e ele era escocês. Trazia na mão esquerda a grossa aliança e os primeiros sinais de um bebê em casa.

— O que faz aqui? — John perguntou rapidamente, quase em um sussurro.

Eric ergueu o olhar para Clara, analisando-a.

— Pode falar na frente dela, eu confio nela.

— Não é nada. Sua mãe me chamou, a Srta. Oswald ganhou um processo.

Clara olhou de olhos arregalados para o advogado.

— Processo?

— Isso mesmo. A mãe do seu namorado está lhe causando de alguma coisa, o advogado dela não quis revelar. Cassandra me ligou e me chamou, disse que você estava sabendo de tudo e que concordaria com isso.

— Eu concordo! — John falou.

— Porém não estava sabendo de nada. Você irá me pagar?

John assentiu.

Eric levantou e saiu da sala. John coçou a nuca e olhou para a Clara, ela continuava olhando para o lugar onde Eric estava, John estava começando a ficar incrivelmente irritado com aquilo.

— Quando você vai voltar ao normal?

— Oi?

— Você tá toda quieta, assustada. Eu não gosto disso, prefiro a Clara Oswald sorridente. Sabe, eu gosto das suas covinhas!

Clara corou.

Clara Oswald

Uma semana depois

Clara estava sentada na praça de frente para a igreja. Fazia exatamente uma semana que Robb Green havia sido preso por agressão, Clara não havia ficado muito satisfeita no inicio por ter feito aquilo, mas no final era a coisa certa.

Ela arrumou o cabelo mais uma vez e olhou que horas era. Mandy ia chegar naquela tarde, mas estava seriamente atrasada. Clara já estava impaciente.

De longe ela conseguia ver a casa dos Smith. Lucy, Peter e Arthur estavam no jardim, brincando. Cassandra lia um livro sentada na sombra de uma árvore, ela conseguia ver a sombra que John fazia na janela, ora erguendo a cabeça para olha-la e ora olhando para a própria família.

“Sabe, eu gosto das suas covinhas!”, as palavras de John ainda repetiam em sua cabeça. Ela havia acordado de transe naquele momento, havia o olhado no fundo dos olhos e havia sorrido, John também sorriu. Desde aquele dias eles não se falavam, a única ligação entre eles dois eram os encontros durante o café da manhã.

Clara ainda estava morando com eles. A casa era de Robb e a mãe dele havia a expulsado, Clara só teve tempo de juntar suas roupas, livros e objetos e sair da casa. Cassandra a levou para morar com ela, Clara buscava um outro apartamento, mas era impossível naquela cidade.

Um carro preto parou em frente a ela. Mandy saiu do carro, os cabelos cacheados caindo pelo ombro em uma trança, os olhos castanhos brilhando. Mandy correu e abraçou Clara, que sorriu ao rever a amiga.

— E então? O que está acontecendo?

Clara soltou a amiga.

— Acho que posso começar falando que o seu ídolo é o meu amigo agora.

— Como? — Clara riu ao ver os olhos da amiga brilhando.

— Sabe Cassandra Smith? — Mandy assentiu. — Ela trouxe o filho rebelde de volta para casa, eu sou basicamente a única pessoa com quem ele fala aqui em Leadworth.

Clara e Mandy sentaram. Clara contou a história mais longa desde que John havia chegado. As coisas eram confusas, Clara sabia que John não era o tipo certo de homem, mas também sabia que sua vida precisava de emoção, precisava de alguém que não fosse tão certinho. Ela estava se deixando levar pela primeira vez em sua vida.

Naquela noite na delegacia, ao olhar nos olhos do ator, Clara havia entendido porque ela não gostava da sua vida, porque não amava Leadworth como seus pais haviam amado. Clara não era feliz com Robb, sua mãe só havia ido morar em Leadworth por causa do seu pai, por causa do amor. Mas Clara não tinha motivos para ficar, somente naquela noite ela havia entendido.

— Vocês iam se beijar? — Mandy perguntou.

— É, íamos! — Clara disse rindo.

— E por que não se beijaram?

— Você sabe...

— Por causa do Robb? Ok! Agora você pode aproveitar!

— Não, não posso.

— Por que não?

— Eu tecnicamente ainda sou namorada dele. Ninguém foi lá e disse: está tudo terminado.

— Ele bateu em você e está preso. Quer terminar mais do que isso?

— Eu não gosto dele.

— De quem? Do Robb, ótimo!

— Do John. Ele é apenas um amigo!

— Amigos não se beijam!

— Não nos beijamos!

— Mas vão beijar!

Clara olhou para a amiga. Mandy havia sido a primeira pessoa a falar “não” quando ela disse sobre Robb, havia passado os anos seguintes tentando a todo custo apresentar novos rapazes para Clara, porém ela estava apaixonada por Robb e não ligava para mais ninguém que aparecesse na vida dela. Porém, mesmo dizendo que John era apenas o seu amigo, havia algo dentro dela lutando para experimentar essa nova fase na sua vida, essa brilhante oportunidade que ela não poderia perder.