Nascida nas Sombras escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 13
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/540953/chapter/13

CAPÍTULO 12 - ALIADOS.

–Vocês estão vendo? – alguém falou em algum lugar, mas os olhos de Florence estavam muito pesados e ela não conseguiu os abrir – Meu Deus, isso deve ser o fim dos tempos.

–Eu ouvi Liana dizer que aqueles dois membros do Conselho estão comunicando o caso para o Conselheiro Chefe – uma outra voz comentou. Florence sentia dores fortes por todos os membros de seu corpo e sua cabeça parecia que iria explodir a qualquer segundo. Ela gemeu – Não acho...Ai, pela Noite, eu vi ela se mexendo!

–Você viu o quê?

Mas a resposta foi dada por outra pessoa. Florence abriu os olhos e se sentou imediatamente, como se tivesse acordado de um pesadelo. Ela percebeu, logo depois, que aquilo foi um erro terrível, pois sua costa arqueou e a dor ficou ainda mais intensa.

Porém, não teve muito tempo para pensar nisso. Ao seu redor, praticamente a escola inteira a fitava com os olhos arregalados e cochichavam sobre sua situação. Ela ainda estava no bosque e ainda se lembrava muito bem da noite anterior.

Sem poder se conter, olhou para o lado, na direção que antes jazia uma garota morta. Mas não havia mais nada ali, além de sangue duro. Florence sentiu que a terra sobre suas mãos balançava, mas percebeu que era ela, na verdade, que tremia.

–Eu.. Estou com sede – conseguiu dizer, com sua garganta seca – Estou com muita sede. Eu preciso de água.

Ninguém se moveu. Continuaram a olhando como se fosse um animal nojento e perigoso.

O silêncio parecia que iria se prolongar por mais algum tempo, até que uma garota morena, com olhos verdes e uma postura cansada, empurrou a multidão e se colocou em frente a Florence. Era a garota que, junto com a loira, roubou a mesa de Anna e Florence.

–Você deveria ser sacrificada – ela disse, tremendo de raiva – Deveria ser morta, com toda a tortura que merece, porque você é a droga de um monstro. Desde que chegou aqui, tudo tem piorado. Você é a culpada! Seu monstro horrível! Você é como seu pai! – e então ela chutou a terra, acertando o rosto de Florence – Eu odeio você. Você matou a minha irmã. A Deborah não merecia isso!

Florence sabia que tinha que se defender, sabia que poderia se levantar e encarar a menina, como sempre fazia, mas ela estava em choque. Mais uma morte. Mais uma vez ela estava envolvida. Isso não poderia ser coincidência. Não depois do que o assassino de Deborah disse a ela ontem.

–Não fui eu – ela disse a garota – Eu não fiz isso. Se eu tivesse feito isso, por que me manteria aqui? Não fui eu!

–Você está envolvida!

–Eu vi quem foi!

–Você viu? – Alexander, saiu de dentro da multidão, com os braços cruzados, avaliando a garota no chão – Viu quem matou Deborah Smith?

–Na verdade, eu não vi – ela disse – A pessoa estava completamente coberta, até a voz era diferente. Irreconhecível.

–Então está dizendo que você não tem nada a ver com isso? – a morena perguntou.

–É claro que não! Eu jamais mataria alguém!

–Então, por que ainda está viva? Se você não estivesse envolvida, não estaria viva bem aqui na minha frente! – ela gritou e tentou ir para cima de Florence, mas Alexander foi mais rápido.

–Gisele, se acalme – ele disse – Não gosto de defender os Willis, mas agredi-la não vai resolver absolutamente nada. Deborah não iria querer isso, eu acho.

–Oh, sem dúvida, ela iria querer – ela tentou se soltar, sem sucesso.

–Onde está minha tia? – Alexander perguntou para ninguém em particular.

–Com os Conselheiros, mas ela disse que estaria aqui em minutos para levar a garota para a ala médica - um garoto desconhecido falou.

–Alguém pode segurar aqui a Gisele, por favor? – uma menina de cabelos castanhos, correu até a amiga e a abraçou, fazendo-a chorar compulsivamente – Eu vou levar Florence para a ala médica, antes que ela seja agredida.

E então, ele a puxou. Mas não de forma rude ou forte demais, foi de forma bastante educada, como se estivesse tentando não machuca-la, como se ela fosse frágil como uma pena.

–Consegue andar? – ele perguntou, quando ela finalmente se colocou em pé e se agarrou em seu pescoço. Ela fez que sim com a cabeça, mas quase caiu quando tentou – Meu Deus, não sei porque ainda acredito.

Antes que Florence dissesse mais alguma coisa, Alexander a pegou no colo. Ela deveria agradecer ou falar ‘’Ei, não precisa, cara’’ mas não conseguia juntar muito bem as palavras em uma frase coerente. Por que ele estava ajudando ela?

Ao que parecia, não era só Florence que estava surpresa, pois todos ali ficaram paralisados com a cena.

Ele abriu caminho facilmente entre as pessoas e se dirigiu, sem muita pressa pra não machucar a garota, até a escola.

–Minerva deixará você descansar até o sol desaparecer, provavelmente, então a encherá de perguntas sobre a noite anterior – Alexander estava com os olhos fixos a sua frente – Tente se lembrar o máximo possível, isso é realmente importante, cada detalhe vale muito para a investigação do Conselho.

–Tudo bem – concordou.

Florence queria perguntar uma coisa, mas esperou alguns minutos. Sua cabeça parecia pesada demais e a dor que a fazia latejar não ajudava em nada. Ela queria descobrir quem fez isso com ela e queria chutar essa pessoa para fora do mundo.

–Por que me ajudou lá atrás? – perguntou, depois que deduziu que era o tempo certo – Você me odeia.

–Correto.

–Correto? Por que me ajudou, Alexandre?

Ele olhou nos olhos dela procurando algum resquício de zombaria, mas ela parecia séria.

–Que tal começar a me chamar de Alex? – propôs – Estou cansado de ser chamado de Alexandre, meu nome não é esse.

–Ainda não respondeu minha pergunta. Por que me ajudou?

Ele parou no mesmo lugar e a fitou intensamente.

–Sei exatamente que você não tem culpa de nada – respondeu ele – Ontem, eu vi você passeando pelos arredores da escola mais ou menos ás 23:00 horas. Eu queria ter certeza que você não estava fazendo alguma loucura, depois do que falei. O porteiro responsável pela entrada e saída de alunos, professores e funcionários me confidenciou que nesse mesmo horário você chegou na escola, alegando ter ido realizar algum tipo de ordem de Minerva. Ele a deixou entrar, porque viu uma carta que confirmava isso e que minha tia tinha assinado.

– Estou confusa, como assim eu cheguei na escola?

–Ele abriu o Portão para você.

–Mas eu estava aqui dentro.

–Foi isso que eu disse, garota. Alguém está se passando por você pra entrar na escola, alguém realmente quer ferrar sua reputação e está aterrorizando a escola. Eu preciso descobrir quem.

–Mas como é possível alguém poder se transformar em mim?

–O que você acha?

–Uma máscara bem feita?

–Não, os Filhos da Noite podem apresentar esse poder. Mas é bem raro. Seu pai o tinha, foi assim que conseguiu sequestrar o meu. Meu pai também o tinha, infelizmente eu não herdei.

–Mas ainda não entendi muito bem o que pretende.

–Florence, eu realmente não gosto de você, não gosto nenhum pouco de você. Mas eu preciso fazer isso.

–Onde quer chegar?

–Quero fazer uma aliança com você. Um acordo. Nós podemos trabalhar juntos para achar o verdadeiro culpado. Os dois lados saem ganhando no final.

E tudo o que Florence conseguia pensar era ‘’Mas o quê?’’

[...]

Alexander a deixou em uma maca, depois do médico confirmar que ela não havia quebrado nada e que estava bem, apenas precisava descansar. Florence pediu ao garoto que lhe desse algum tempo para pensar, porque se ela aceitasse sua proposta, talvez não tivesse mais o tempo que precisava para fazer que todos acreditassem no seu pai. Ou talvez o acordo fosse um meio para ajudar a provar a inocência dele. Ah, Deus, realmente estava confusa, não sabia o que pensar.

Alexander a deixou descansar e ela realmente quase não conseguiu. Florence até dormiu um pouco, mas não o suficiente para não se sentir mais cansada.

–Posso entrar? – Anna disse, já entrando na sala – Como você está?

–Não sabia que meu corpo poderia doer tanto. Achei que a Noite, iria me deixar mais forte!

–E ela deixou. Segundo o que o doutor Philips disse, você ingeriu uma substância mortal para mundanos e que apenas deixa os Filhos da Noite desmaiados e doloridos. Ela é pesada.

–Qual o nome?

–Diamos – ela disse – Foi o que ele me disse.

–Nunca ouvi falar na minha vida.

–Eu sinto muito por não ter estado ao seu lado quando acordou. Eu soube que Gisele falou algumas coisas horríveis a você e que até jogou terra e uma pedra no seu rosto.

–Ela não jogou uma pedra.

–Ah, - ela suspirou – Fofocas nunca são 100% certas, eu deveria imaginar.

–Está tudo bem, já esqueci daquilo.

–Eu realmente, realmente queria estar lá, mas Minerva me puxou e mandou que eu fosse chamar o Conselho e nossa, eles são difíceis de achar. E depois eu fiquei tremendo para falar com eles e isso também fez com que eu demorasse. Me desculpe.

–Está tudo bem, como eu disse.

–Mas, vem cá, me conta uma coisa – ela puxou uma cadeira e sentou ao lado da cama de Florence – É fofoca o que estão me dizendo ou não?

– O que estão te dizendo?

–Que Alexander Woodley carregou você e que te trouxe para cá.

–Ah, bem, é verdade.

–Nossa! Estou impressionada! – ela parecia realmente espantada – Não acredito que o senhor eu-odeio-Florence-Willis realmente a ajudou.

–É, nem eu.

–Mas ele disse alguma coisa a você?

Florence encarou Anna e se lembrou do acordo e as coisas que Alexander tinha lhe contado. E por mais que quisesse falar tudo a amiga, percebeu que não poderia lhe confiar aquilo. Não agora.

–Não me contou absolutamente nada. Apenas ficou resmungando.

[...]

–Licença, senhor – Florence chamou o médico, que havia acabado de chegar na sala para ver como sua paciente estava.

–Sim, querida?

–Bem, é que Alexander Woodley esqueceu uma coisa comigo e eu gostaria de devolver.

–Oh, não se preocupe, eu posso devolver.

–Não, não precisa. Você apenas pode chama-lo para mim?

–Bem, sendo assim, é claro que posso. Só um momento.

[...]

–Me diga, o que eu esqueci com você – Alexander entrou no cômodo apressado, quase como um furacão – Espero que você não tenha danificado de nenhuma for...

–Eu aceito.

–O que disse?

–Eu aceito sua proposta. Temos uma acordo, Alexander Woodley.

E então ele sorriu.

Alexander chegou no quarto achando que tinha perdido algo, mas, na verdade, ele apenas tinha ganhado. Ele acabara de ganhar uma aliada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nascida nas Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.