A menina e o Lobo escrita por Beatriz Prior


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, aqui está mais um capítulo pra vocês! Espero que gostem e não esqueçam de comentar.
— Boa leitura.



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Tris levantou-se da cama para ir á festa, mas não estava nem um pouco empolgada para tal. Encontrou sua mãe sentada numa cadeira junto á mesa, suas mãos estavam juntas e ela encarava a parede como se ali tivesse algo para ser descoberto. Uma inquietação passou por Tris, não gostava de ver sua mãe assim, e o pior é que não sabia o que fazer para melhorar, não sabia consolar, não era Chris... Sentiu uma pontada no peito e foi até a Natalie, deu um beijo na bochecha da mãe que tentou sorrir corajosamente.

– Mãe, estou indo para a festa, mas não pretendo demorar,fique em casa tudo bem?

– Claro, não pretendia sair, não sei como podem dar uma festa assim... – respondeu, e imediatamente Tris percebeu do que estava falando. Deu um suspiro pesaroso e saiu.

A praça estava cheia, havia fileiras de barris de cerveja; mesas que faziam um círculo em volta da praça e várias pessoas dançando no centro, algumas pessoas tocavam alegremente ao lado da grande fogueira que estava acesa, iluminava toda a praça. Os enfeites estavam lindos com a luz da fogueira a fazer efeito. Tris conseguiu distinguir algumas pessoas que dançavam no meio da multidão: Shauna, David com um copo de cerveja na mão, George que dançava debilmente com uma mulher e um Will que tentava inutilmente acompanhar os passos de uma garota bonita.

Tris olhou em volta e viu Amah sentado numa mesa com uma garrafa de cerveja na mão, balançando a cabeça no ritmo da música. Duas mesas á frente, avistou Lynn, que observava com desdém as meninas se rebolarem na frente dos meninos. Sentou-se defronte a garota e observou a cena junto com ela.

– Sabe quem está ali, entre elas? – disse Lynn ainda sem olhar para Tris. – aquele seu amiguinho de infância, Albert não? - A garota seguiu seu olhar e viu Al dançando com uma garota bastante bonita.

– Quem é aquela garota? – perguntou Tris, sentindo um leve aperto no peito.

– Tori Wu, já trabalhei com ela nos campos de trigo.

Tris não respondeu, contemplava a garota rebolar a cintura habilmente para os lados, por um momento, sentiu inveja, mas tanto Chris como seu pai, Andrew, sentiriam vergonha de ter uma filha que não se respeitava para os homens, então a sensação desconfortável passou. Observou os outros dançarinos.

Ficando altamente entediada ali, virou a cabeça várias vezes a procura de alguma coisa, porém Tris não sabia o quê. Parou os olhos na igreja, onde viu Padre Marcus pela primeira vez desde a chegada de Eric, ele estava olhando as pessoas e com um sinal de desaprovação entrou na igreja fechando a porta que tinha uma pintura do lobo. Olhou para os becos da aldeia e viu Quatro segurando a espada em seu cinto, olhando atentamente para os aldeões com a expressão impassível. Todos se divertiam muito, menos Tris, que voltou a observar Al dançar com Tori. Eles estavam muito colados agora; Tris se sentiu traída, uma onda quente se formou em seu estômago e foi subindo para seu rosto, que provavelmente, estava vermelho de raiva.

Passado alguns minutos daquela cena, Beatrice sentiu um vento frio passar por ela, e depois, tudo parou.

Embora os homens ainda tocassem e as pessoas ainda dançassem, Tris sentiu que estava no mais absoluto silêncio na floresta, os grilos pararam de cantar, e o vento parou de uivar em seus ouvidos, de repente, um vulto preto passou por cima da cabeça dela. Lynn gritou ao seu lado, e a praça se tornou um caos, procurou por Quatro em todo lugar, ele não estava ali. Os outros guerreiros de Father Eric vieram, e entre eles, Tris reconheceu como Mathew e Will. Estavam com as expressões tensa e determinada. Lynn já não estava ali, então Eric gritou.

– TODOS PARA A IGREJA, O LOBO NÃO PODE PISAR EM SOLO SAGRADO!

Sem hesitar, os que estavam correndo foram todos para a Igreja que agora estava com a porta aberta e as pessoas não paravam de entrar, totalmente chocada, Tris correu os olhos pela praça, havia corpos deitados, imóveis, mutilados no chão. A garota viu, que em uma cadeira, um homem lutava debilmente com a fera, metade dos guerreiros de Eric, estavam ajudando as pessoas feridas a atravessarem os portões da igreja, a outra metade estava tentando, inutilmente, matar o Lobo que ainda atacava o homem. Tris correu para as pessoas inertes no chão para ver se seu amigo estava lá, mas não estava, o coração de Tris bateu forte e um uivo veio ao ar. Tris olhou em direção ao homem que estava sendo atacado e viu os guerreiros deitados no chão sangrando e... um corpo sem cabeça.

O homem que estava sentado na cadeira, fora decapitado, sua cabeça descansava á alguns metros longe do corpo, Tris o reconheceu: George.

O lobo agora atacava os guerreiros que antes estavam deitados no chão, mas seus movimentos já não eram os mesmos, estavam machucados. Father Eric segurava um arco e flecha, disparou várias para o lobo, mas parecia que não estava sentindo. Tris se perguntara onde estaria Quatro agora. O lobo já derrubara Eric e seus soldados, agora olhava fixamente para Tris com a boca salivando e os dentes a mostra. A garota virou pra trás a fim de correr, mas tropeçou num corpo inerte, virou pra cima e o lobo lhe olhava como se ela fosse o prato principal.

Tris fechou os olhos, que já estavam cheios de lágrimas, sentiu a pressão que o lobo fazia em seu corpo esvaziar, e viu que Eric dispara outra flecha, o que deixou o lobo furioso de mais com o Padre para notar Tris ali.

– Corra para a igreja! – gritou ele.

Ela obedeceu, correu para a igreja onde tinha tanta gente, que as pessoas pareciam se espremer ali. Tris não conseguiu chegar até lá. Ouviu um grito distante, um grito estrangulado... Uriah. Procurou pelo garoto por toda parte, correu os olhos pela fogueira que não tardava a apagar, por cima das mesas despedaçadas, e viu, encolhido ali, com o rosto entre os braços, uma figura pequena. Tris correu para o garoto depois de checar que estavam todos ocupados distraindo o lobo.

O garoto tremia dos pés a cabeça, seu rosto estava marcado pelo medo. Tris tentou puxá-lo, mas o garoto parecia petrificado ali.

– Vamos... Temos que ir Uriah... – Disse Tris tentando deixar a voz mais calma que pôde.

O garoto gritava mais ainda, segurando os ouvidos e fechando os olhos fortemente, como se o que estava acontecendo fosse apenas um sonho. Tris olhava para os lados desesperada, pensando em um jeito de tirá-lo dali. Tentou mais uma vez puxá-lo, o garoto veio e juntos correram para a Igreja, tinha que ter espaço para os dois, eles precisavam entrar. As pessoas se espremiam para abrir espaço, Tris passou Uriah primeiro, o garoto puxava ela para se juntar a ele, enfim, Tris entrou. O lobo agora lutava com um guerreiro que ela não reconhecia, os outros estavam caídos, Eric tentava levantar-se, segurando a barriga, mas não havia sangue.

Por fim, o lobo levantou sua pata e levou-a para a barriga do soldado, o mesmo caiu com um baque abafado, o lobo lançou um último olhar para a Igreja e fugiu para a floresta. Claro, já era seguro sair, mas ninguém ousava. Beatrice correu os olhos pela praça totalmente destruída, o corpo de George que agora estava no chão, ensopado de sangue, e sua cabeça a metros dali.

Eric conseguira levantar-se e agora examinava a praça, seus olhos pararam no soldado que lavara um arranhão na barriga, o mesmo se encolhia de dor. Eric se abaixou para ele e cochichou em seu ouvido, parecia decidido, ele tirou a enorme espada que carregava na cintura e fazendo o sinal da cruz, enfiou no peito do soldado. Tris tombou para frente caindo para fora da igreja, outro soldado – o que empurrou Tris - estava correndo para onde Eric estava.

– O que você fez?! – gritou o soldado.

– Peter... Ele foi arranhado na lua cheia... Não podíamos arriscar. – Eric agora falava calmamente, quase piedosamente.

– Ele era meu irmão... – disse Peter ajoelhando-se para a figura imóvel no chão.

– Que foi arranhado, você tem que enterrá-lo. Vamos, você precisa fazer isso. Mas Peter continuava no chão sem parecer ter ouvido seu líder. – Peter! Isso é uma ordem.

Dessa vez, Peter o obedeceu. Pegou o corpo do irmão nos braços e foi em direção á floresta. Seguido por Eric. Alguém emergiu da floresta, arranhado, sujo, era Quatro. Eric parou na sua frente e os dois conversavam aos cochichos agora. Ela foi em direção a sua casa, onde sua mãe estava, provavelmente salva...

Chegando em casa, estava tudo no mais absoluto silêncio, a lareira estava acesa; sua mãe estava deitada na cama, Tris subiu devagar para não acordá-la, ela contaria tudo o que aconteceu na manhã seguinte. Tris tomou um banho e subiu para deitar-se em sua cama, ainda pensando onde estaria Al, e por que Quatro só apareceu depois que o lobo já tinha saído. Ele não poderia ser, Eric matou um homem só por ter sido arranhado, imagine o que faria se soubesse que um de seus homens era o lobo. Mas se tem alguma coisa, tem sim. E eu vou descobrir, pensou. E logo caiu num sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Oie de novo! Então, digam o que acharam nos comentários e me deixem feliz ^^
— Até a próxima