POV Ally

– É chato ficar aqui sozinha – reclamei tentando convencer Kira a ficar comigo na loja.

– Sinto muito, mas não – Kira disse balançando a cabeça negativamente.

Acabei concordando e depois de me despedir dela comecei a abrir a loja sozinha. Meu pai não podia trabalhar porque iria resolver algumas coisas ligadas com a loja. Já Matt havia começado a trabalhar enquanto não começava a faculdade.

Abri a loja e suspirei me sentando no balcão. Eu gostaria de ter Austin me irritando no momento, ou me seguindo para todos os lugares que eu ia. Eu sentia falta de tudo nele. E ao pensar nisso eu não podia deixar de imaginar como seria daqui duas semanas, que seria quando as aulas acabariam.

Eu até perdi a conta de quantas universidades eu estava esperando alguma aceitação para uma audição. Mesmo sendo sua namorada eu também não fazia a menor ideia para quais universidades Austin havia tentado entrar. A única coisa que eu tenho certeza é que também é de música. Talvez ele passe em alguma universidade de LA e continue lá. Isso me assusta um pouco.

– Oi Ally – alguém falou de repente e eu não consegui evitar dar um pulo assustada.

– Oi Mimi – falei sorrindo enquanto Ethan ria do meu susto.

– Está querendo alguém para passar a tarde? – Mimi brincou e eu ri.

– Sempre – concordei e Ethan sorriu.

– Fico feliz, porque esse aqui me obrigou a vir ver você – ela confessou apontando para o baixinho que olhava com curiosidade uma guitarra.

– Pode deixar, nós vamos vender algumas guitarras – avisei e ela riu.

– Se precisar não estou muito longe – ela lembrou e eu concordei.

Mimi se despediu do filho e depois saiu da loja.

– É linda né? Eu prefiro aquela outra – admiti apontando para a outra guitarra do outro lado da sala. Os olhos dos garoto brilharam e ele correu até lá me fazendo pular do lugar no mesmo segundo.

– Ethan – brinquei segurando seu braço e ele me olhou um pouco culpado. – Não corra tanto, não pode – lembrei me referindo ao seu problema com asma.

– Desculpa – o garoto murmurou e eu suspirei.

Eu sei muito bem que se fosse Austin aqui ele brigaria com o garoto mais um pouco, mas como era eu, peguei Ethan no colo e o ergui até a guitarra.

– Demais – ele disse animado e eu ri assentindo.

– Tem vontade de tocar alguma coisa? – perguntei e ele olhou em volta.

– Gosto de baterias – ele confessou e eu ri. Igual Austin.

– Eu também adoro – afirmei.

– Austin disse que vai me ensinar – ele contou alegre e depois ficou um pouco mais sério. – Estou com saudade dele – o garoto disse em um tom quase sussurrado.

– Eu também – assim que disse isso Ethan ficou com os olhos cheios de lágrimas.

– Nem a mamãe e nem o papai me fala quando ele volta – Ethan contou e eu suspirei. Nem eu sabia essa resposta.

– Vamos torcer para que não demore né? – perguntei com um pequeno sorriso e ele assentiu colocando a cabeça em meu ombro em seguida.

Eu definitivamente devia tirar uma foto disso, nem dava para acreditar que Ethan estava gostando tanto assim de mim.

Parei no meio do caminho ao lembrar de Austin. Seu show. Austin se apresentaria em um festival e havia sido agendado um pouco em cima da hora, um pouco menos que uma semana.

– Caramba – exclamei segurando para não xingar a mim mesma.

Comecei a procurar meu celular enquanto Ethan não fazia nenhuma questão de sair do meu colo. Eu já me imaginava tendo que fazer o mesmo com meu sobrinho.

Achei meu celular e suspirei ao ver que ainda faltava meia hora para o show.

“Nervoso?”, mandei para Austin e me sentei colocando Ethan em meu colo. O garoto começou e mexer em tudo que eu tinha ali no balcão e eu fiquei um pouco aliviada em não ter meu diário ali.

“Um pouco, cantar em festivais é legal, mas não vejo a hora de ter um show só meu” Austin respondeu pouco depois.

Isso que Austin queria provavelmente não demoraria a acontecer, mas enquanto isso eu ficava feliz que pelo em festivais ele tinha espaço. Afinal, em minha opinião isso é ainda mais difícil do que um show próprio.

“Nem dá para acreditar que você está fazendo shows”, mandei enquanto abria um sorriso.

Austin me respondeu com uma foto do público e aquilo me fez abrir a boca surpresa. Se fosse eu já estaria começando a ter um ataque de pânico só ao ver tudo aquilo de pessoas. E é por isso minha escolha de por enquanto não me envolver na parte de shows.

“Isso me convenceu”, mandei para Austin e não pude escrever mais que isso porque alguém me assustou entrando na loja.

Uma mulher, um pouco mais velha que eu, olhou para mim e sorriu para depois ficar um pouco surpresa. Deixei Ethan sentado ali com a ordem de não levantar e decidi não me dar ao trabalho de explicar a mulher que ele não era meu filho, porque provavelmente foi isso que ela pensou.

Passei uns bons minutos mostrando teclados para ela e no final consegui vender um que eu adorava. O que eu não adorava naquela loja?

Quando a mulher saiu, Ethan apenas ergueu os braços para mim, me fazendo rir. Peguei o garoto no colo e voltei a sentar. Faltava uns poucos minutos para Austin entrar no palco então mandei uma foto minha e de Ethan. O garoto deu um sorriso fofo deitado em meu ombro e eu apenas ri olhando aquela foto.

Mandei aquilo para Austin com um “bom show” e eu ri quando recebe em seguida “agora vai ser mesmo”. Só Austin mesmo para estar usando o celular minutos antes de fazer um show enorme. Até eu estava nervosa por aquele show e continuaria assim até Austin me mandar algo me falando como foi o festival.

Vi mais alguma pessoa entrar na loja e Ethan sorriu simpaticamente me fazendo rir.

– Enquanto isso vamos vender alguns instrumentos, amigo – murmurei me levantando com Ethan que se saía muito bem com clientes.