Thief escrita por Ayame Kioshi


Capítulo 1
This type of love isn't rational; it's physical.


Notas iniciais do capítulo

non-sense, mas eu fiz. uguu



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furtar:

v.t. apoderar-se de coisa alheia, sem violência; roubar, subtrair fraudulentamente.

✖✖✖

As intermináveis fileiras de cabelos negros caíam sobre o rosto do vetusto, escondendo o que parecia ser a única imperfeição da sua face. Já havia desviado muitos de seus olhares para o homem, mas aquela parecia ser a única falha gritante. Falha que, por uma grandessíssima ironia do destino, o ruivacento também continha: a ausência de um dos olhos, um claro registo de que, alguma vez na vida, haviam feito algo arriscado o suficiente para saírem sem uma parte do corpo.

Da sua parte, ao menos.

Porque não sabia bem o que tinha acontecido com o professor. E, em seu íntimo, uma voz — que parecia ser o único lado completamente são que ainda lhe restava — convencia-lhe de que era melhor não questionar sobre o seu passado. Raven não podia ser descrito comoa pessoa mais acessível que já conhecera; muito pelo contrário! Era tão fechado que lhe dava asco. Quando desejava que este fosse como um livro aberto, ele se mostrava como um diário. Pequeno, fino e com uma maldita tranca.

Tinha todos os motivos do mundo para detestar aquele ser. Não apenas pela visão diferente que tinham de mundo, não apenas pelo fato de serem tão opostos quando o preto e o branco. A lista era infinita e interminável; mesmo assim, não era aquele o sentimento que parecia florescer em seu corpo. Não era ódio que ele conseguia sentir.

Curiosidade.

Era isso que ele tinha. Curiosidade.

Em vez de criticar o que ele entendia como vida, queria entender.

Assim como não pensava em apontar as diferenças; mas em mesclá-las com as suas características, pouco a pouco, para que houvesse um acordo.

Todavia, não deixava de ser uma tarefa difícil. Havia perdido as contas de quantas vezes tivera que fazer absurdos para chamar a sua atenção, quantas bobagens tinha falado em busca de uma reação. Não obteve nenhum resultado em nada disso.

As escolhas tinham se tornado praticamente escassas, e a carência de informações quase o matava.

✖✖

Sequer tinham notado o sol partindo. Os três — já que, dessa vez, os dois tinham uma companheira consigo — chegaram juntos à conclusão de que estava tarde, mas apenas a garota fez menção de sair. Aparentemente, tinha alguma coisa importante pra fazer. O judeu não questionou os seus motivos, e o dono dos cabelos escuros não pareceu interessado em saber destes, também. O único fator que pareceu realmente incômodo para os rapazes era que estavam sozinhos agora.

Mais uma vez, o olhar do mais novo fixou-se no outro. Os dois não tinham muito assunto. Sempre que Raven vinha falar consigo era porque tinha roubado alguma coisa dele — já que ele era o seu maior alvo. Dessa vez, não tinha feito nada, então ele provavelmente não abriria a boca. O que era uma pena, já que ainda estava entusiasmado para conversar...

Foi então que virou o rosto de supetão, tão aleatoriamente que despertou um pouco da atenção do maior.

Kalfr sempre tinha alguma idiota.

Sempre colocava elas em prática sem pensar duas vezes.

E sempre se arrependia depois de tê-lo feito.

— Ei, Raven.

O menino chamou, e a voz soava inocente; como se não tivesse nenhuma intenção. Mesmo assim, ele pareceu desconfiado. Tinha esquecido que o simples fato de tomar a iniciativa de chamá-lo era bastante suspeito, já que só o fazia quando tinha algo em mente.

E não o culpava, mesmo.

O homem não estava errado.

Assim que estedesviou o olhar para si, sorriu. E a última coisa que ouvira antes de aproximar-se mais foi o barulho dos grilos — que pareceu ter sumido completamente quando os próprios lábios uniram-se com os dele.

Silêncio.

A cabeça ficou desligada por um momento, completamente desorientada de todas as consequências que aquele ato poderia gerar.

O profundo tom negro dos olhos do professor encontravam o verde vívido do ladrão, as duas cores mesclando-se consideravelmente com um mero contato. Não ousaram falar nada por longos segundos; podia ser porque não tinham coisa alguma para dizer. Porém, a situação parecia ainda mais desagradável quando nenhuma explicação era feita pelo dono dos cabelos alaranjados. Era desconfortável não só para si, mas para o outro também, provavelmente.

Foi por isso que, assim que tomou distância, resolveu quebrar o gelo. Não de um modo delicado, como a situação exigia. As coisas nunca funcionavam em seus conformes quando ele — o ruivo — estava envolvido. As mãos se apoiaram na grama, e o menino então fez mesura de se levantar.

— Tirar as coisas de você é mais fácil do que roubar doce de uma criança — revelou, e mais um típico sorriso de escárnio tomou conta do seu semblante, pouco a pouco.

Não ficou tempo o suficiente para ouvir a resposta certa do corvo. A sua reação era tudo que ele desejava desde o começo.

Uma expressão diferente da típica imparcialidade, era só o que queria.

E ele tinha conseguido, afinal.


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Notas finais do capítulo

o que foi isso



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