Mil Mentiras e Um Bom Disfarce escrita por Lyubi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa é a minha versão dos acontecimentos sobre a batalha (malevolamente não nos esclarecida pelo autor — todos choram) entre Kuroro e Hisoka.
Finalmente, espero que se divirtam e apreciem a leitura. Até.



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Ali estava finalmente. O momento pelo qual esperou pacientemente. Todos os seus sentidos estavam ligados, eletrizados pela expectativa e sua visão turvou-se um instante pelo fluxo de euforia que corria seu corpo afora. Embora estivesse caminhando normalmente e aparentemente tranquilo, Hisoka sentia aquilo começar. Num estralar de dedos, a necessidade que manteve presa dentro de si mesmo começou a fluir para fora. Precisava matar aquele ser maravilhoso. Precisava matar Kuroro.

O olhar dos poucos membros do Ryodan que os acompanhavam se voltou para ele numa reprimenda dura e carregada de ódio puro. Por mais que fosse perito em esconder, era inevitável que os outros percebessem a vibração de ansiedade em torno dele, mas não se importava. Apenas sua caça era importante e estava pronto para caçar. Demorou demais e isso fez sua tensão crescer em demasiado, não podia esperar nem mais um segundo.

— Nós seguimos sozinhos daqui. — Foi Danchou¹ a se pronunciar calmamente em meio à atmosfera hostil.

Estavam numa grande extensão de terra, afastando-se do pequeno núcleo rural para poderem enfrentar-se à vontade, longe dos olhos alheios. A Aranha não teve problemas em obedecer embora os rostos estivessem claramente descontentes com a decisão do Líder, mas era compreensível também. Kuroro estava tão alegre pela batalha quanto Hisoka, isso era visível. Ele jogara o seu jogo, como uma aranha, observando os movimentos de sua presa. Estava feliz em ter Hisoka vindo para sua teia. Tentaria pegá-lo.

O vento veio forte sobre eles e a noite era clara, o céu limpo salpicado de pontos de luz. Por um breve instante, veio à Hisoka a lembrança daquela noite. A noite em que viu Kuroro pela primeira vez. Era uma noite parecida com essa...

Ele estava entediado. Não tinha nada de interessante para fazer então decidiu aproveitar a cidade. E como sua ideia se mostrou satisfatória no final. Estava acontecendo uma exposição de arte histórica, pedaços de uma cidade petrificada no interior de uma rocha do assoalho oceânico. O ambiente era restrito a nata da nata da sociedade e acontecia no subsolo de um prédio importante. Tudo era muito agradável se você não parasse para pensar sobre os bustos de homens, mulheres, velhos e crianças cravados na rocha e incrustados de minérios. Era tudo uma grande história sobre química e biologia e, particularmente, Hisoka não estava com ânimo para apreciar o quão bizarro o conjunto era.

Estava sentado no bar bebendo um uísque e pensando num novo desafio quando sentiu. Era química pura e arrastou um sorriso em seu rosto, antes de se virar descontraidamente para pôr os olhos pela primeira vez na única peça que queria daquele lugar. Sentia o nível de seu já considerado adversário e isso lhe enchia os olhos de desejo².

Kuroro estava em seu aspecto social com uma faixa cobrindo a testa onde mais tarde descobriria haver uma tatuagem. Os cabelos eram mais curtos na época e ele poderia se passar por um adolescente se quisesse. O jovem observava com os olhos atentos à escultura de um casal, o busto era quase todo coberto de cristais e a mulher abrigava a cabeça do marido contra dos seios. Petrificados, os amantes olhavam um para o outro.

Enquanto via a cena de fora, o mágico pôde perceber claramente um homem robusto que também não desviava seus olhos do moreno. Logo que percebeu ser observado pelo estranho, Kuroro, silenciosamente, o convidou para uma luta. Quando os dois entraram no elevador rumo ao terraço, Hisoka soube que teria um pequeno show para assistir e os seguiu de longe, mantendo-se em oculto. A luta que se seguiu, porém, não foi tão interessante para o mágico já que o estranho era muito inferior a sua nova presa que facilmente o derrotou.

Após a breve pausa, Kuroro voltou para a exposição e procurou pela escultura dos amantes, mas ela já havia sido comprada. Hisoka observou o assassino lançar os seus dardos para conseguir as informações que queria e então ir embora. Na saída do prédio ele esbarrou com uma moça, provavelmente a compradora do artefato ou apenas sua fonte de diversão para a noite. Viu-o transformar-se, esbanjando carisma enquanto conversava e andava ao lado dela para a noite limpa na cidade grande.

— Me pergunto se você conseguiu aquele busto... — Hisoka pensou alto e, como se acordasse, percebeu onde estava.

Kuroro, alheio ao desvio do mágico, lhe rendeu uma olhadela de canto.

— Do que está falando?

— A primeira vez que o vi foi naquela exposição de arte sobre a cidade enterrada no assoalho oceânico; você pareceu muito interessado numa escultura de dois amantes. — Explicou impaciente por ter iniciado a conversa, não era tempo para isso.

— Ah, sim. Aquela exposição... — ele sorriu. — Aconteceram mais coisas do que meus olhos puderam ver naquela noite... E não, não consegui a escultura.

Hisoka estava feliz por deixar a conversa morrer. Havia coisas mais interessantes a fazer do que conversar.

Quando finalmente pararam, pelo menos a dez metros de distância um do outro, ele deixou de se reprimir e todo o ar a sua volta tornou-se pesado. Estava pronto para tomar o fruto maduro. Kuroro parecia impassível, mas o fundo dos seus olhos entregava sua diversão.

A noite era limpa. O vento, forte.


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Notas finais do capítulo

¹ Danchou é equivalente a Líder em japonês.
² Quando Hisoka sente o potencial de Kuroro mesmo sem vê-lo eu me baseei no capítulo 320, volume 30 do mangá onde acontece o mesmo com Illumi e outros pró-hunters.
Queridos gafanhotos, deus sabe que foi impossível para eu escrever a luta que se seguiria. Então desculpem se o final pareceu algo frustrante, ok? Agora, me digam, eu fiz feio?