The Mutants - O Dragão Branco escrita por Mano Vieira


Capítulo 5
Capítulo Cinco


Notas iniciais do capítulo

Olá! Quase extrapolei o limite de tempo para a postagem (º-º)/
Mas aqui estamos, aqui continuamos! Aproveitem a leitura!



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Todos estavam comentando sobre a noite passada. Alguns até inventaram histórias para deixar tudo muito mais emocionante. É claro que os três ainda estavam de boa e desmentiam tudo, falando que somente teriam que prestar trabalhos durante o horário de lazer.

May estava sentada sozinha, no refeitório. Vestia uma camiseta simples e sem manga, um pequeno short e nos pés, um chinelo da cor rosa.

O seu cabelo se encontrava solto e ia até debaixo dos joelhos, o que deixava várias garotas com uma inveja imensa.

Ela estava comendo um hambúrguer grande, enquanto pensava nas coisas que tinham acontecido.

Primeiramente, toda a sua vida mudou após ser recolhida pelos Guardas Nacionais De Segurança Aos Humanos e ter sido levada para Nova União, onde, pela primeira vez, se separou dos seus queridos irmãos mais velhos. Era como estar nua numa praça pública. Ela se sentia exposta, ali, mas agora já tinha aprendido a ignorar os fatos. Pela primeira vez ela percebera que a sua busca por alguém forte tinha pausado. E que tinha Jen ao seu lado e, infelizmente, tinha um dos mais fracos também: Ken.

May ainda não entendia, não sabia ao certo o que sentia em relação a ele. Amizade? Às vezes ela se sentia calma perto do menino, como se pudesse confiar totalmente no garoto. Ódio? Sim, às vezes ele a irritava simplesmente pelo fato de estar respirando.

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Jen estava acordada e a mil por hora, para lá e para cá. Estava ajudando as suas companheiras de quarto a arrumarem tudo. Com a vassoura, ela conseguia reunir qualquer resquício de sujeira que estava no chão e, caso fosse possível, ela removeria as que estivessem nas paredes e no teto também.

Jon estava mandando todos os móveis criados por Lara para uma dimensão que não fosse aquela em que elas estavam. E aí é que está! Normalmente Lara desmaterializa as suas materializações, para que isso não lhe roube muita energia enquanto ainda materializado. Já que tais coisas foram mandadas para outra dimensão, todos os móveis foram convertidos em energia e direcionados à Lara, que estava acordando na hora e se sentiu totalmente disposta para o dia, talvez até pensasse em fazer uma caminhada, já que estava feliz por ter acordado com tamanha energia.

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Kentin estava dormindo. Não costumava roncar, mas hoje todo o quarto estava sendo preenchido pelo barulho produzido pelo coitado. Leonard estava quase enfiando uma maçã na boca do rapaz, para ver se conseguia algum sossego para que continuasse a sua leitura. Guto estava tranquilo, já que estava jogando no celular enquanto ouvia, com os fones quase no último volume, músicas que abusavam do solo de guitarra.

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No primeiro dia em que tiveram que abrir mão de seu tempo livre para pagar pelo que cometeram, não foi tão fácil assim. É claro que qualquer um escolheria algo que soubesse fazer, algo que não fosse tão trabalhoso assim, por isso a diretora decidiu pegar pesado com os três.

—Vocês terão que atuar onde mais tem dificuldades. — Falou ela, de frente para os três, que estavam sentados na sua habitual sala de aula, praticamente vazia, senão por eles ali. — Não adianta escolher algo fácil falando que tem dificuldades nisso, pois sou a diretora e conheço bem cada um de vocês (melhor até do que devia) — por sorte, nenhum deles ouviu a sua última frase. A diretora estava sempre vestida com roupa social, ou com camisetas de mangas compridas e golas que iam até o pescoço. Ninguém entendia o motivo e também não havia coragem o suficiente em nenhum deles para lhe perguntar o porquê disso.

Jeniffer ficou com a lavanderia. Isso mesmo, ela teria que lavar todos os tecidos usados no colégio, até mesmo os tapetes que eles viviam pisando dia e noite. Kentin teve que ajudar na cozinha. O garoto achava um cúmulo ter que trabalhar com comida sem poder comê-la. Miley ficou encarregada de limpar o chão, lavar os banheiros e tirar todas as possíveis teias de aranhas que estavam no teto do colégio.

Os três estavam cansados demais ao final do trabalho — Ken não estava tão cansado assim, Jeniffer também. Já passava da meia-noite, mas nenhum deles tinha alguma animação para ir dormir, mesmo estando cansados.

—E agora, o que faremos? — Perguntou May. A garota estava agitada demais para sentar, por isso preferiu ficar em pé, andando em círculos enquanto conversava com ambos.

—Realmente? Eu não sei!

—Podemos dar uma visitada na sala de batalhas! Ela não inaugurou um dia desses? — Kentin perguntou. Fazia tempo que o garoto não dava uma treinada, logo estaria acumulando gordura e começaria a aparentar o peso que realmente tinha.

May amou Ken naquele instante. Quase pulou no colo dele, dando-lhe um abraço e um beijo no rosto, mas ainda tinha juízo e guardava tanto desgosto pelo garoto, que preferiu sorrir, apenas.

—ótima ideia, Ken! — Falou. Sua ideia maléfica já estava toda na mente.

Usaria esta batalha como revanche, encheria o gordinho de pancada.

+++

FECHADO. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: DAS 9:30 ÀS 23:00 era o que dizia o painel que estava ao lado da porta da sala cuja as paredes externas eram brancas e sem graça.

— Ótimo! — murmurou o garoto — está fechado. Acho melhor irmos para o quarto e tentarmos dormir. Quem sabe não conseguimos.

—Ou podemos estudar! — Falou Jen com empolgação.

May olhou com desprezo para ambos.

—Como vocês dois desistem fácil de ideias incríveis! — Falou a loura. — É preciso ter fé, mas também é preciso por a mão na massa!

—Não entendi... — Expôs Ken, mas May não se impressionou com isso.

—Vamos abrir essa porta e usar a sala, oras!

—Mas o horário de funcionamento é só até às 23!

—Kentin... — May estava quase irritada com a inocência do garoto — não é uma placa que irá me parar. Afinal, é uma placa, não um policial armado contra seres humanos com poderes sobrenaturais.

—Mas isso é contra as regras! — Avisou o garoto.

—As regras foram feitas para serem quebradas. — Jen falou baixo o suficiente para que ninguém ouvisse, mas não obteve muito sucesso.

Ken calou-se. May chutou a porta uma vez, mas não deu em nada. Chutou pela segunda, terceira, quarta vez consecutiva, sem nenhum sucesso.

—Não seria mais fácil se você simplesmente apertasse o botão de “Abrir” ali do lado, May? — Jen perguntou toda inocente.

O sangue correu pelas bochechas da garota, como se fossem explodir feito bexigas cheias de ar.

O interior da sala era estranho. Totalmente branco, com algumas coisas nos rodapés. Um painel se encontrava ao lado da porta. Nele era possível ver tais coisas escritas:

“Arena: ESCOLHER

Número de lutadores: ESCOLHER

Número de rodadas: ESCOLHER

Duração: ESCOLHER ”

—Acho que devemos escolher. — Disse May em voz alta, para si mesma. Clicou no ícone ao lado de Arena e uma listra explodiu no ar. Vários locais estavam listados. — Qual desses vocês querem?

— Acho que seria legal se fosse numa floresta! — Jen pediu. May selecionou.

Marcou que seriam três lutadores. Uma rodada.

—Por quanto tempo vocês aguentam?

—Acho bom não por muito. — Pediu Ken — já que estamos aqui clandestinamente, é melhor não abusarmos da sorte!

Jen concordou. May cedeu.

+++

Os três estavam em uma floresta, que parecia estar localizada no litoral — um pequeno litoral, já que era possível atravessar com apenas um pulo.

Números da cor branca estavam pairando acima deles. 3. 2. 1. Um apito soou, dando inicio a batalha.

Kentin correu para bem longe daquela clareira. Jen resolveu permanecer e enfrentar Miley. Ambas estavam ali, sem sequer ativar os seus poderes para fazer algo mais emocionante. A menor partiu para cima, tentando dar um chute de esquerda na barriga da maior, porém a loira conseguiu agarrar a perna, antes que tocasse nela, e lança-la para longe. Jen caiu próxima a um tronco. Ralou os joelhos e cotovelos, mas a ardência ainda parecia ser pouca. Levantou-se normalmente e partiu para cima, outra vez. May tentou pará-la com um chute, mas a menor abaixou-se e agarrou uma das pernas com força, empurrando-a para o chão. Sentou na barriga da maior, para impedir que ela se levantasse. Ergueu as mãos e se preparou para um belo soco. Nada por parte de Jen foi realmente feito, afinal, May conseguiu inverter as posições. Quando estava prestes a começar um coquetel de socos, sentiu algo tentando furar a pele, para fazer o mesmo com a carne. Seus olhos comprimiram e sua aura foi ativada no mesmo instante. Todo o seu corpo estava sendo protegido pela aura agora e sua pele estava bem mais dura do que qualquer pele anormal que haja por aí. Olhou para o lado e viu que uma agulha grande escarlate estava ali, tentando penetrar no corpo. Mais uma investida da agulha, mas dessa vez o impacto foi tão grande, que ela se quebrou e virou líquido. Era Jen usando a sua mutação. May se afastou. Não podia ficar perto da garota que conseguia mover o sangue, pensou talvez ela pudesse mover o sangue das artérias e veias, fazendo com que ela ficasse imobilizada, continuou May com sua paranoia. A menor criou uma espada com o sangue, e uma armadura para os braços também. Proteção nunca é demais.

Ken estava correndo pela floresta como se sua vida dependesse disso. A vegetação estava arranhando sua roupa e sua pele. Deixando-o mais cansado ainda. Até que ele decidiu parar ao ouvir barulhos estranhos em sua frente. Andou mais um pouco, com uma velocidade bem lenta, tomando total cuidado por onde pisava. Afastou algumas folhas que ousavam atrapalhar a sua visão e viu. May e Jen estavam ali, batalhando em sua frente. Ele andou em círculo esse tempo todo?, pensou o garoto. Não é possível. A não ser que a arena seja assim: você ande para o mais longe possível e volte para onde os outros participantes estão, te impossibilitando de ficar escondido por toda a arena, fazendo com que ganhe a batalha.

Jen estava segurando a espada e batendo com força nos braços desprotegidos de May, que pareciam ser feitos de ferro ou rocha, já que a maior não demonstrava reações quando ambos se impactavam. A loira revolveu afastar um pouco mais a garota, dando-lhe um chute na barriga. Por pouco, quase acertou a pele, mas Jen conseguiu ser rápida o bastante para revestir o local com sangue e endurece-lo. O impacto foi forte o bastante para empurrar a garota para trás. Para que não se distanciasse muito, Jen fincou a espada no chão.

Nesse meio tempo May percebeu que ambas estavam sendo vigiadas por Ken. Criou uma esfera de energia e lançou-a na direção do mestiço. Ken se assustou quando foi pego por ela. Uma onda de choque percorreu todo o seu corpo, deixando-o paralisado. May se aproximou rapidamente e sorriu maliciosamente. Era como se o caçador estivesse lambendo os lábios antes de abocanhar a caçar.

Mas não houve tempo para fazer mais alguma maldade com o garoto. Jen a atacou por trás, quase a pegando de surpresa. A espada bateu com força nas costas da loira e se desfez. May virou-se para ver o que tinha acontecido. Ah é claro, ainda tem ela. Andou dois passos e começou a juntar energia em sua mão. Jen se viu quase morta ali mesmo, porém a espada quebrada seria a sua salvação. Viu que pedaços estavam ali pela areia ainda e decidiu fazê-las líquidas e movê-las até as pernas de May, solidificando-as ali, impedindo May de se mover. A maior olhou para os empecilhos que estavam em sua perna e simplesmente forçou um pouco mais, fazendo toda a obra de Jen ser inútil e se quebrar facilmente. A menor começou a se arrastar pela areia, para obter uma distancia legal da maior.

May andava em passos tranquilos, mostrando o quão calmo e autoritário era. Era visível ali que o nível de ambas era bem grande. Um passo a mais e May quase desabou, sentiu um peso enorme em suas costas e dois braços agarrarem firme o seu pescoço. Era Ken. O garoto estava apertando o pescoço da garota, mas não parecia estar sendo um grande incômodo, já que May simplesmente jogou a mão para trás e tirou-o dali. Porém, esses segundos foram essenciais para que Jen conseguisse se levantar e se distanciar. Ken também correu para longe da maior. Estavam os três agora, Ken numa ponta, Jen na outra e May no meio. Ambos se preparando para atacar. Jen criou duas espadas com o sangue. Ken fechou bem o punho e se preparou para dar a quantidade mais elevada de socos possíveis. May simplesmente respirou e endureceu mais ainda a sua pele, sendo possível ver que escamas estavam grudadas na pele.

Que nojo, pensou Jen. Ken já achou a coisa mais irada possível. Os dois da ponta estavam se comunicando através dos olhares e, quando Ken viu que estava na hora de partir para cima, ambos foram. May estava se preparando para receber o impacto dos dois lados. Jen apertou mais forte o punhal de suas espadas, deixando as pontas dos dedos brancas. Kentin forçou mais os dedos, como se pudesse fundi-los com a palma da mão.

Chegaram perto, mas não atacaram. Algo interrompeu a simulação, fazendo com que uma onda de choque passasse levemente por todo o local, afastando os três garotos o mais rápido possível. Toda aquela floresta que estava ali tinha dado lugar ao branco da sala de batalha. Na porta, estava a única pessoa que você desejaria não encontrar numa hora dessas: a diretora do colégio.

—E, mesmo assim, vocês continuam teimando em me desafiar? — Perguntou ela. Os três estavam em silêncio. Kentin estava soando frio, May e Jen com a cabeça abaixada. — O que deu em vocês? Respondam!

—Me desculpe diretora! — Começou May. — A culpa foi minha e—

—Para falar a verdade — interrompeu Ken— a culpa foi minha. Eu quem deu a ideia de dar uma passadinha pela sala de batalhas!

A mais velha olhou para eles. May estava desesperada, Ken estava com o rosto sem nenhuma expressão e Jen ainda observava o chão. A mais velha não queria dar a pior bronca da vida deles, afinal, ela estava adorando saber que tinha alunos como eles. Pensou em sorrir, mas tudo isso seria estranho para os três.

—Vocês não leram o aviso sobre o horário de funcionamento? — Perguntou, gostaria de saber mais sobre eles.

— Lemos, mas placa nenhuma impede alguém de fazer o que quer. — Disse Jen, olhando para ela.

A diretora não aguentou. Nem ela estava entendendo o motivo, mas se sentia orgulhosa. Teve de sorrir.

—Eu já tive a idade de vocês, eu entendo vocês. — Falou ela, calma. — Claro, eu não vivia em uma academia rígida como essa e nem podia mostrar os meus poderes para os outros, mas adorava aprontar.

May sorriu.

—A senhora já viveu com os humanos? — Os olhos dela estavam brilhando.

—Já! E ainda vivo. Vocês pensam que são o que? — Falou ela, toda dócil. Já tinha se esquecido de que estava ali para dar-lhes uma bronca por tudo o que estavam fazendo. — Mas, crianças, vocês devem ser mais cautelosos. Estão aprontando demais, isso pode ser ruim para os estudos.

—Tiramos notas boas! — Falou Jen.

—E lutar sempre é bom para aquecer! — Complementou Ken.

—Não só lutar, mas como roubar comida da dispensa e fazer festas também, não? E nem me diga em ficar perambulando por aí depois do horário automático em que as portas se trancam. — Falou ela, deixando todos de queixo caído. Como ela sabe sobre essas coisas? — Eu sou a diretora daqui, vocês sabem. Mas, diferente de outras diretoras, estou conectada ao colégio. Tudo o que acontece por aqui, eu sei, eu vejo. Não sou tão humana assim como vocês. —Disse e, para comprovar isso, ergueu a manga de sua camiseta. O seu braço tinha uma coloração metálica, não por ser pintado assim ou qualquer coisa do gênero, mas por que era um braço metálico. —Não só o meu braço, como minhas pernas e parte do meu rosto é metálico. Fruto de eu conseguir fazer algumas coisas que o povo que mora no oriente não conseguia... Mas isso não vem ao caso agora.

—Por quê? — May começou. — Por que você está nos revelando essa coisa?

A maior bufou de alívio.

—Eu tenho uma proposta para vocês. — Disse por fim.

+++

—E qual seria essa? — Perguntou Ken. Agora ele estava totalmente interessado no assunto. Os três já tinham se esquecido de que o objetivo original deles estarem ali era para levar uma bronca devido às traquinagens que estavam fazendo. O sono? Estava sendo completamente ignorado.

—Já que vocês gostam dessas coisas mais... Radicais do que simplesmente estudar e aprender a se portar como pessoas normais, eu gostaria que vocês tivessem uma aula extra, mas uma aula que ninguém pode saber que vocês têm. — Disse ela, fazendo com que os olhos deles se esbugalhassem e com que um sorriso surgisse nos rostos de May e Ken.

—Nós topamos! — Falaram os dois em conjunto. Jen ainda não acreditava, achava que a diretora estava tirando uma onda com a cara deles.

—Bem, então gostaria de pedir para que amanhã, depois das aulas, vocês me encontrassem no pátio principal, os três. — Falou ela. — Irei explicar melhor tudo isso lá, pois hoje já está tarde. Irei liberar as portas por questão de segundos. Sejam rápidos em voltarem para os seus quartos e durmam bem para estarem dispostos!

—Ok! — Falaram os três em conjunto.

+++

May foi a primeira a chegar ao local. Estava ainda com o uniforme escolar, já que nem tinha voltado para o seu quarto para descansar um pouco. Depois de um bom tempo ali, May pôde avistar Ken e Jen vindo. Ambos estavam com uma camiseta branca lisa, Jen com um short jeans e tênis esportivo e Ken com uma bermuda azul, usando chinelos.

—Olhando vocês dois, acho que irei passar calor! — Disse May, abrindo o terno do uniforme, ficando somente com a camisa branca e fina que usavam por baixo.

+++

O quarto branco estava sendo preenchido por somente cinco pessoas. Bem, talvez quatro pessoas e meio, mais meio robô.

Ken, Jen e May estavam de frente para a diretora, que estava explicando para eles o que precisava ser da consciência deles.

—Os três estão mais do que cientes de que, após três detenções, ou três advertências nesse colégio, será obrigatório que o aluno faça uma missão, pagando pelas coisas erradas, correto? — Perguntou a diretora, com toda a autoridade de um sargento, os recrutas eram os três alunos. Eles responderam e Jen levantou uma de suas mãos, esperando a permissão para falar:

— Mas e May? Ela não recebeu três advertências como eu e Ken. Para falar a verdade, nós praticamente nem recebemos uma terceira advertência...

—May recebeu três advertências, já você e Ken, quatro, se contarmos com a detenção... — Cortou a diretora. — Colar chiclete no cabelo dos colegas de classe e chegar todos os dias atrasado para a aula. Roubar o conteúdo da dispensa, fazer uma festa clandestina, não respeitar o toque de recolher, usar indevidamente os apetrechos que disponibilizamos. Essas são as coisas que levam vocês três a deverem uma missão para o colégio. Sem contar que não estou levando em consideração o fato de a senhorita Miley ter chutado diversas vezes a porta da sala de batalhas quando se tem um botão vermelho escrito “abrir” ao lado da porta...

Jen assentiu com a cabeça, para ela a resposta estava clara e longa até demais. May sentiu-se envergonhada por tamanha burrice, Ken simplesmente queria que elas terminassem logo a conversa que não era de seu interesse.

—Como a senhora sabe sobre isso? — May perguntou, estava com a face mais vermelha do que tomate.

—Sou a diretora desse colégio, é meu dever saber de tudo o que se passa por entre essas paredes, por isso, decidi me conectar com ele de uma maneira forte, com que eu possa ver e ouvir tudo o que acontece entre essas paredes. —Disse séria, como se ela se orgulhasse disso. Era visível que ela queria ser considerada a melhor diretora.

May se sentiu mais envergonhada ainda. Ninguém havia contado isso para a diretora, ela mesma tinha visto a garota chutando a porta. Segundo os seus irmãos, isso era um ato do tipo mais sujo e irracional de animais — era como eles consideravam os humanos que não portavam alguma habilidade sobre-humana. May simplesmente os considerava humanos, se considerando algo sobre disso.

—Continuando... Vocês devem uma missão e, até que vocês descubram qual é, passarão por uma semana de treinamento aqui, nessa sala. Não sei se perceberam, mas ela é levemente diferente de todas as outras. Tentem pular e entenderão do que estou falando. Vamos! — Os três alunos pularam. Era como se o corpo deles estivessem mais pesado, ou como se houvesse uma barreira não muito acima deles, pois quase não saíam do chão. — Há mais pressão aqui, é como se a gravidade daqui fosse mais forte, puxando com mais força vocês para o centro. Isso fará com que vocês desenvolvam melhor o corpo de vocês, e suas habilidades também. Eu trouxe uma professora, que ficará responsável pelo treinamento de vocês. — A diretora virou-se, para mostrar quem era a professora. Uma mulher tímida, assim que viu que os três a observavam com curiosidade, corou-se e preferiu se esconder atrás da diretora. — Vamos lá! Se apresente sem frescura! Eles serão os seus mais novos alunos.

A moça saiu de trás da diretora revelando longos cabelos avermelhados que estavam bagunçados feito um ninho de bomba na cabeça dela. Os olhos pretos eram acompanhados de fortes olheiras, o corpo era voltado para frente. Sua roupa aberta caía mais do que devia, devido a sua magreza. Ela sorriu, mostrando uma fileira de dentes brancos e perfeitamente alinhados.

—O-olá! — Gaguejou, era como se ela não praticasse muito o ato de falar, tomando total cuidado e analisando cada frase antes de proferi-las. — S-sou a professora M-Me-Meltran. Pr-Prazer.

Os três sorriram sinceros e se apresentaram devidamente para a professora. Após ver que tudo estava se normalizando, a diretora precisou sair do local para voltar com as suas tarefas.

—B-bem, e-eu irei ensiná-los sobre l-luta corporal... — A professora não conseguia se sair muito bem, não estava nem conseguindo olhar no rosto das crianças.

—Luta corporal? — May se manifestou com brilho nos olhos — eu sou boa nisso, talvez possa dar uma ajudinha, se você quiser claro — a garota estava realmente empolgada para ajudar, demonstrar as suas habilidades para os dois e, talvez, deixar Ken de queixo caído.

—O-ok — Disse, tentou olhar para May e encontrou os olhos brilhantes da garota, que a deixou mais tímida ainda. Sentiu o sangue correr, deixando-lhe as bochechas da cor vermelha — t-talvez você possa l-lutar co-comigo!

May se sentiu menosprezada. Lutar com essa moça que nem falar consegue direito? Ela só podia estar tirando uma onda com a cara deles, mas mais ainda com a cara dela. Tentou ser educada e aceitou a proposta.

Ambas estavam no meio da sala, uma de frente para a outra. Jen estava ao lado de Ken, ambos se preparando para assisti-los.

May resolveu dar o primeiro golpe. Foi para cima correndo, com a mão fechada, pronta para acertar um soco na cara da moça e terminar logo com isso. Ao se aproximar, não encontrou nada. Era como se Meltran nunca estivesse ali. Sentiu uma pontada nas costas, desequilibrando-a. Antes de cair no chão, seus cabelos foram puxados, fazendo a loira ficar pendurada. Em questão de segundos, ela estava sendo jogada em direção à parede do outro lado da sala.

O rosto da garota acertou com força a parede branca e fria. O nariz estava doendo, certamente deveria ter deixado um rastro de vermelho ali na parede, onde ele tocara. Não demorou muito para que ela sentisse um par de pés pressionando o seu corpo contra a parede. Isso fez com que ela cuspisse sangue.

Mas que raios! De onde essa mulher tirou toda essa agressividade?

Quando sentiu suas costas livres, caiu sobre o chão, impossibilitada de se levantar para continuar a atacar. A loira tinha sido humilhada na frente de quem menos tinha desejado.

Ken correu até ela, se agachou ao seu lado e virou-a de barriga para cima.

— Quer ajuda para se levantar? — Perguntou, preocupado.

Jen ainda estava olhando impressionada para a moça.

May abriu os olhos. A barriga, o nariz, as costas, praticamente tudo estava dolorido. Mas nada disso a irritava tanto quanto o ato do garoto. Ele era fraco, não tinha que ajuda-la a se levantar, se ao menos fosse Jen, que era forte o suficiente para que a loira pudesse ser outra pessoa com ela, mas não. Ele insistia em irritá-la.

Pôs-se em pé, sem a ajuda do menino. Bateu nas roupas para que toda a sujeira caísse no chão. Um passo para frente e viu tudo obter um tom escuro. Recuou.

—Você realmente está bem? — Perguntou o garoto novamente.

—Cale a boca, seu merda! — Disse. Os olhos estavam se enchendo de lágrimas. — Eu não preciso da sua ajuda!

May estava se sentindo a pior pessoa do mundo. Sua visão se estabilizou poucos segundos depois. Estavam todos olhando para ela, com um olhar de pena. Eu não preciso da pena de vocês! May resolveu optar em não continuar sendo humilhada ali. Já tinha levado uma bela surra de uma mulher totalmente estranha que nem falar conseguia, agora, para ajudar, tinha a pena do garoto mais fraco do colégio, Ken! E ainda estava chorando na frente de todos eles! May saiu correndo, tentando esconder suas lágrimas, tentando esconder toda a sua humilhação.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acharam? A partir do capítulo sete o número de palavras irá diminuir para que a leitura não fique tão pesada assim!
(O próximo capítulo já está pronto!)
Abraço e até a próxima postagem!