Keskij escrita por YumeNoNanda


Capítulo 9
Que Chorem Os Paralelepípedos




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[Centro de algum lugar perto da mina. 15h. (antes da noite cair para Frime e Pedro) P.O.V. da Nat]

– Nhaaaaaaaaaaw! - eu dizia enquanto me espreguiçava. Meu casaco cinza-amarelado estava um pouco largo demais, e isso é bastante confortável, ao ponto de me fazer ficar com sono e preguiçosa.

– Af. Por que eu ainda ando com você?! - Dake me atiçou, pela milésima vez naquele dia. Estávamos em uma área parcialmente deserta da cidade. Cadê a porcaria da mina que os professores indicaram? Poxa, é tão difícil assim manter a turma junta?

– Por que eles nos dividiram em duplas? - eu parei de andar e escorei na parede com sombra. De vez em quando passava um carro por aquela rua cheia de paralelepípedos, o céu estava nublado e, meus tênis, estranhamente limpos.

– Ué. Pergunte a eles. - Dake riu, parando para se escorar ao meu lado. - Estou cansado, cara, nem mapa nos deram. Só seguir em frente não adianta merda alguma.

– Parece que nunca acaba. - eu olhei para a direita (estávamos seguindo essa direção) e o fim da rua acabava numa curva. Sempre era assim, pelo menos até agora. Sempre curvas. - Será que estamos andando em círculos?

– Provavelmente. Que acha de corrermos para ir mais rápido? Ganhamos tempo e, ainda, conseguimos descansar mais que os outros! - ele sorriu e puxou minha mão, me fazendo ficar atrás dele enquanto corríamos. Ele me segurando pelo pulso.

Parecia que tinham se passado umas meia hora - e nada. A mesma rua sem graça, as casas velhas e abandonadas do lado esquerdo, nossa parede de pedras que fazia uma pela sombra do lado direito... até que, em algum momento, o número casas do lado esquerdo foram diminuindo...e tivemos uma vista da cidade. Eu parei aos poucos, puxei a barra da camiseta de Dake enquanto olhava pasma para aquela visão: uma vasta imensidão de gramas e arbustos estavam à esquerda, e, a cidade com casas e carros, à direita; a cidade era cercada por montanhas marrons e verdes, chovia. Simplesmente, o caminho que estivemos percorrendo esse tempo todo não existia.

[ 16h - Em algum lugar próximo à mina - Clare e Vitor - P.O.V. de Vitor]

Acho que nunca ri tanto na vida. Sempre isolado e com má reputação, aquela garota me fez um arco-íris hoje.

Durante todo o percurso que caminhamos, não vimos nada anormal: uma cidade comum, com pessoas que não se comunicavam muito, cercada de montanhas (aliás, parecia não haver saída. Achei algo anormal.) e com um ar pesado - mas Clare iluminou tudo. A voz dela era tão alegre, e seu cabelo parecia um sol naquele céu nublado - e cidade, também. Conversamos bastante sobre várias coisas, e eu começo a desconfiar que ela sabe da queda que eu tenho pela Frime.

– Ah... quando chegamos?! - ela parou de caminhar um pouco, sentou no meio-fio da calçada e procurou uma garrafa d'água na mochila. Eu me sentei ao seu lado, pensativo.

– Breve, cara, breve. Espero. Sei lá. - fecho os olhos e espero ela terminar a pausa para o descanso.

Depois de um tempo mais caminhando, começa a chover e escurecer. A chuva foi ficando mais forte e, a rua, deserta. Escorria água pelas ruas e eu tive certeza que estávamos subindo mais ou menos uma montanha, só que ela era povoada. Bem, com casas velhas, e não com as pessoas que estavam nas ruas detrás. Parei um pouco para refletir, a água escorrendo meus fios de cabelo, a mochila começando a molhar.

– VEM, VITOR! - Ela puxou uma maçaneta de uma casa à direita, abrindo-a. Lá dentro estava com pouca luz, mas muita, se levarmos em consideração a noite que vinha. Ela puxou a mangá da minha blusa, e eu entrei rapidamente. Fechamos a porta e eu dei uma melhor examinada no local: móveis bons demais para uma casa que parecia podre por fora. Tateei as paredes procurando um interruptor, achei e acendi. Era uma casa normal. Ouvi o barulho lá fora se intensificar - não seria tão cedo que sairíamos dali.

– Poxa, como querem que cheguemos à mina desse jeito? Estamos perdidos, com fome, fodidos e por aí vai. - ela resmungou enquanto adentrava a casa. - VITOR! - ela veio correndo de lá de dentro. Eu me levantei do braço do sofá, atônito.

– Oi! Oi? - ela puxou meu pulso e caminhamos até um quarto. Ela acendeu a luz e, de novo, era um quarto normal: mas parecia novo demais, despovoado. Sem tempo de abrir o guarda-roupas ou inspecionar tudo, ela me puxou mais forte e ofegante até a janela que ficava na parede da cama de casal. Subimos nela e, por mais que a situação não permitisse, foi constrangedor. Eu corei, e ela continuava aflita. Abriu as cortinas e eu pude ver através da janela de vidro, já estava tendo um ataque quando ela escancarou tudo:

Não havia uma luz. Um sinal de vida. Só árvores monótonas e silhuetas de morros atrás, cercando tudo.

Estamos presos - e isso não é um bom lugar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! *O* Comentem! :> Semana que vem tem mais~~



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