Tormenta escrita por Glória San


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não me responsabilizo se alguém sair desta página com um alto nível de açúcar no sangue. A fanfic é dedicada a Mogami Lizzy, uma super fofa; num é muito bonitinho não, mas dá pra ler. Acho. Enfim, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/539710/chapter/1

Capítulo Único

Hum... ok. Shuhei Hisagi nunca, em hipótese alguma, imaginou que sua vida pudesse ser vista de forma tão simples, limpa e, acima de tudo, patética. Por quê? Ora, qual o idiota que se martiriza durante 100 anos por uma mesma coisa? É certo que o tenente da nona divisão o faz, pedras nele. Mas, afinal, qual é essa tormenta tão grande assim? Agora, pode rir, ninguém vai lhe julgar. O imbecil é muito - qual o termo para tornar isso o menos pejorativo possível? - imbecil.

Desde criança, quando foi salvo de um hollow que iria lhe devorar a vida, alimentava uma admiração que deve um dia ter sido considerada saudável. Mas, veja bem, não foi assim para sempre - apesar de ser este o seu maior desejo. Logo quando se tornou um adolescente, a maldita admiração pareceu ter sofrido uma grave metamorfose e se transformado em outra coisa, algo muito mais forte. Algo que consumia, corroia, machucava. Algo que o fazia sangrar e arder de vergonha apenas por desconfiar do que era. Essa... coisa tomou conta de seu ser de tal forma que fez uma tatuagem! Uma tatuagem! Não que se arrependa, pelo contrário. É que de vez em quando, acaba pensando em como chegou a esse ponto. Ao ponto de marcar na pele o que precisava.

Precisava de Muguruma Kensei.

É, ele sabe o quanto é patético, você não precisa esfregar na cara dele. Depois de descobrir o que sentia, queria apenas destruir essa emoção tão... ridícula e ao mesmo tempo tão encantadora. E esse é o melhor jogo de palavras que ele poderia usar, mesmo que pareça muito vago e, ao mesmo tempo, extremamente exagerado. Por um tempo que pode ser considerado longo, tentou negar o que sentia de forma quase desesperada. Tentava se enganar, mentindo para si mesmo sobre o fato de ser apaixonado por alguma mulher. E foi mais de uma vez. Até que estava quase conseguindo se enganar totalmente no fingimento de ser apaixonado por Matsumoto. Ele queria ter se apaixonado, queria mesmo! Mas, nem tudo é como planejamos.

A confusão se alastrou pela Seireitei e, na batalha de inverno, pode finalmente rever o dono de seus mais puros ou mais pecaminosos pensamentos: o homem que o salvou quando ainda era uma criança e que permitiu, em parte, que ele se tornasse quem é no momento, Kensei Muguruma, seu atual capitão. Ele, mesmo sabendo o que Tousen Taichou – ainda não perdeu essa mania, a de chamá-lo de Taichou – fez, conseguia entender que Hisagi não conseguiria esquecer o antigo capitão. Nunca.

Porém, apenas ele e Komamura Taichou se lembram de Tousen com algum carinho. Parece que os outros shinigamis simplesmente se esqueceram das coisas boas que o mesmo fez, apenas lembrando-se da sórdida traição. E, podia perceber, recebia um olhar torto por isso, de todos. Com exceção de Muguruma Taichou. O que era ruim, de certa forma. Isso só fazia com que o pobre fukutaichou se apaixonasse ainda mais. É. O maldito sentimento era paixão. Demorou muito para perceber, até demais.

Se dependesse de Hisagi, jamais contaria algo como isso para alguém. Sequer deixaria o sentimento minimamente estampado na própria face ou pior, nos próprios olhos. O que achariam todos? Que era um nojento pervertido? O que teria pensado Tousen Taichou? E, aí morava o problema. Tousen Taichou acharia que o melhor a fazer era seguir o coração. Tá. O que diabos isso quer dizer? Que deveria simplesmente se declarar para o homem? Meio impossível, na verdade. Não impossível por distância e todo o mais, impossível por coragem. É. Hisagi poderia ser considerado um covarde. Não que se sentisse bem com isso, é que... o que Muguruma Taichou iria pensar? Coitado, ele dá importância demais para a opinião alheia. Teria que tomar uma decisão e rápido, caso não quisesse enlouquecer. Sabia onde estaria o homem que procurava.

...

Kensei estava observando os shinigamis do esquadrão treinando. Ora, veio dali, afinal. Sentia-se parte daquele esquadrão, até mesmo quando foi exilado. Uma mão encostou-se com leveza em um de seus ombros e, mesmo sabendo que não existia perigo, ficou alerta. Sabia quem estava ali.

– Oe, Hisagi.

– Muguruma Taichou... Podemos conversar? – Com aquela expressão urgente, quem poderia negar?

...

Estavam ambos sentados em uma parte gramada e deserta do 9° esquadrão. Shuhei estava claramente apreensivo, deixando Kensei curioso para saber o que o moreno tinha a dizer.

– Eu tomei uma decisão. – Hisagi disse finalmente.

– E qual seria?

– Eu quero... – Uma coisa enorme parecia ter se alojado em sua garganta. Porém, obrigou-se a continuar.– transferência do esquadrão. – Kensei demorou um pouco para processar o que estava havendo ali.

– Quê?

– Por motivos pessoais. – Completou.

– Posso saber os motivos? – Ok, vou te contar: Kensei estava se segurando para não explodir e falar alguma besteira.

– Eu me apaixonei pela pessoa errada. – Confessou, hesitante.

– Por quem? Por alguma garota de outro esquadrão? Está indo para ficar perto dela? – Aos olhos de Hisagi, ele parecia genuinamente curioso.

– Ah, não. Mas eu bem queria que fosse.

– É um homem? – Sinceramente? Muguruma Kensei não estava se reconhecendo.

– Também. O que piora tudo.

– Pode dizer quem é?

– Eu não me atreveria a tanto.

– Por quê?

– Porque não tenho chances nessa relação existente apenas em minha cabeça.

– Já falou com o cara? – Tentou não torcer os lábios com nojo. Não da situação ou da opção de Hisagi, mas sim de ser Hisagi. Como não pensar no garotinho que salvou há muito tempo? Mesmo que fosse uma mulher, ainda seria estranho... Mas, é claro, isso é apenas uma preocupação paternal, certo?

– Não diretamente.

– Qual o motivo disso?

– Eu sei que ele não vai contar pra ninguém, é que... ele é importante demais para eu pôr tudo a perder por algo sem futuro.

– E o que a transferência tem a ver com isso?Hisagi, você é um tenente. Não pode desistir assim do seu cargo, por uma simples paixão.

– O problema não é esse. Além disso, o senhor pode encontrar bons candidatos a tenente em qualquer parte.

– Eu quero que você seja meu tenente. Por que você iria querer que transferência?

– Ele é daqui.

– Quem? – Insistiu novamente.

– Quer saber? – Hisagi finalmente colocou cem anos de sofrimento para fora, assustando tanto a si mesmo quanto ao outro. – Eu não vou mais ficar quieto. Eu sempre fui perdidamente apaixonado por essa mesma pessoa, desde que era uma criança. Apenas não queria enxergar. – A confissão vinha tanto para os dois. – Eu não posso mais suportar esconder isso. Eu amo o senhor, Muguruma Taichou. – Vendo a falta de reação do outro, pensou que esteve certo quando escondeu esses sentimentos por tanto tempo. Suspirou enquanto levantava.

– Quem disse que não pode ser correspondido?– O homem de cabelos cinza finalmente parecia ter superado o choque inicial, dando um sorriso de lado.

– E pode? – A pergunta soou estúpida e esperançosa aos seus próprios ouvidos.

– Quem sabe? – Kensei também se levantou, aproximando-se perigosamente de Hisagi. Os lábios se encostaram levemente, apenas um selinho, até um deles aprofundarem o toque. Foi melhor do que Hisagi um dia já sonhou. Quando se separaram, sorria como um idiota.

– Eu sempre quis saber como seria.

– Eu sempre quis saber a origem dessa tua tatuagem.

– Está obvio agora?

– Sim. – Ele beijou a bochecha do outro, onde estava a bendita tatuagem. – Com certeza.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tormenta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.