Visão Percy:

Eu tinha acabado de acordar de mais um cochilo breve, e ao meu lado estava Annie. Uma bela visão por sinal. Eu acredito que tínhamos resolvido o episódio passado e que estava tudo certo entre nós. Ela parecia meio impaciente. Eu não sabia ao certo o que fazer. Annabeth parecia estar um pouco melhor, mais ainda precisava descansar. Ela tinha ficado acordada boa parte da noite e já eram três da manhã. Seus olhos estavam vermelhos de tanto serem esfregados e de uma noite mal dormida.

–-- Annie está tudo bem com você? Pergunto um pouco preocupado. Ela respira fundo e resolve falar.

–-- Está tudo bem... Eu acho. Não se preocupe Jackson.

Ela responde com aquela cara tensa desviando o olhar de mim enquanto isso, ela mexia incessantemente no cabelo. Eu a conhecia o suficiente para saber que quando ela fazia isso algo estava errado e ela não estava nada bem. Realmente eu estava a conhecendo melhor que até sabia de algumas manias suas: como desviar o olhar e ao mesmo tempo mexer no cabelo. E o principal, quando está nervosa sem perceber chama a pessoa pelo sobre nome. E esse caso julguei que ela estava extremamente tensa e preocupada, já que estava fazendo tudo isso ao mesmo tempo. Isso era engraçado, mais me ajudava a entendê-la melhor sem perguntar nada. Na verdade eu achava isso muito lindo isso e ia usar essa fraqueza dela a meu favor. Realmente Annie não era boa para mentir. Na verdade era péssima.

–-- Tem certeza Annie? Tentei sondá-la mais uma vez esperando que ela fosse franca comigo e não me escondesse nada.

–-- Sim, porque a pergunta? Ela continuava a mexer nos cabelos, porém com mais rapidez. Eu não sabia se dava risada ou a abraçava. Eu estava mesmo era encantado com tudo isso. Só pelos seus atos tinha uma ideia do que se passava por aquela cabecinha loira cheia de neurônios.

–-- Bem... Não é o que perece.

–-- Como assim? Eu já te disse que está tudo bem... Agora eu via que ela não sabia o que dizer. Eu tinha colocado ela contra parede com essa sua fraqueza agora se encontrava bem mais aparente, isso ser difícil ela me esconder algo. Olho para ela um segundo e vejo seu rosto ficar vermelho e sem ação, acredito que ela queria mesmo era se esconder de mim. Resolvo parar de brincar com a situação, até porque ela estava bem envergonhada e eu não queria a ver ficar pior, apesar de ficar muito linda assim. E era bem capaz que eu não resistisse e tentasse agarrá-la por ali mesmo. Isso não ia ser nada legal, eu realmente estava preocupado com ela.

–-- Me desculpe eu não queria te constranger. Tudo bem se não quiser falar.

–-- Mais eu não entendo como você sabe? Eu não te disse nada.

–-- Como assim?

–-- Bem se você está insistindo é porque tem algum motivo.

–-- Bem Annie você não é boa para mentir. Você próprio se denuncia.

–-- O que você quer dizer com isso?

–-- Sabe o lance do sobrenome?

–-- O que tem aquilo?

–-- Isso só se confirmou mais uma vez agora. Sei que está escondendo alguma coisa de mim, porque quando você está nervosa desvia o olhar e mexe nos cabelos. E bem o resto você já sabe.

–-- Sério? Ela falou surpresa, pelo jeito nem ela sabia disso.

–-- Sim. Falei dando um sorriso maroto. Não sei se era possível, mais ela conseguiu ficar mais vermelha que antes agora colocava uma de suas mãos no ombro esquerdo. Devia estar bastante tensa com a situação.

–-- Relaxa Annie, acredito que só eu saiba disso. Não vou contar pra ninguém está bem?

–-- Tudo bem eu acho.

–-- Mais me fala o que está te afligindo?

–-- Eu estou preocupada com o meu pai Percy.

–-- Eu entendo, mais o que você pretende fazer?

–-- Uma coisa que já devia ter feito logo depois da cirurgia. Percy você me ajuda a fugir do hospital?

Eu realmente estava chocado com o que ela tinha acabado de me dizer. Eu nunca ia imaginar um romano quebrando regras, ainda mais uma filha de Atena ou Minerva tanto faz. Eles costumam ser tão certinhos e sistematizados que isso nunca passou pela minha cabeça.

–-- Não sei não Annie. Acho meio perigoso alguém que está se recuperando de uma cirurgia sair assim repentinamente. Pode acontecer alguma coisa. Você ainda está sob observação.

–-- Eu sei Percy, mais eu não vou me sentir bem aqui sabendo que tem pessoas atrás do meu pai e o Jason também está no hospital e logo me encontrará.

Annabeth tinha razão, só que eu tinha receio de que algo desse errado. Ela ainda estava se recuperando da operação e os cuidados tinham que ser dobrados. Eu tinha de convencê-la a esperar pelo menos mais um dia.

–-- Annie vamos esperar pelo menos mais um dia até que você se sinta melhor.

–-- Não Percy. Ninguém vai esperar que me recupere para pegar meu pai. Todo tempo é precioso. Se você não quiser me ajudar tudo bem eu te entendo, mais eu vou. Ela falou se levantando da cama. Estava mais forte que antes, mais ainda respirava com certa dificuldade. Em seguida a vejo arrancar com rapidez a seringa que estava na sua veia e retirar o tubo de soro.

–-- Ei, espere Annabeth. Eu vou com você.

Tinha mudado de ideia, não podia deixá-la sair por ai na madrugada com o braço enfaixado depois de uma cirurgia.

–-- Você está falando sério? Ela pergunta surpresa.

–-- Sim, nos somos amigos não é?

–-- Somos mais, eu não quero colocar outro amigo nos meus problemas. Eu já perdi pessoas de que gostava muito, por motivos idiotas e banais.

Nessas horas ela já estava derrubando algumas lágrimas, eu não queria vê-la assim. Eu tinha estranhado sua reação com minha pergunta, mais tinha entendido como Annie funcionava dando muito valor a família e amigos. Eu adorava isso nela, se importando mais com os outros do que com banalidades e futilidades. Ela resolve se sentar na maca abaixando a cabeça para que eu não a visse chorar. O que não tinha adiantado muito. Me aproximo devagar e percebo que estamos na mesma posição de nosso primeiro beijo o que me deixava super descontrolado e com mais vontade de tela pra mim. Um flash do dia anterior invade a minha mente me fazendo aumentar mais ainda o impulso de ficar ao seu lado. Levanto devagar o seu rosto para que olhe diretamente para mim, mais quando vejo seus olhos fico na duvida do que fazer. Seus olhos cinza estavam bem mais escuro que o normal no caso quase preto. Eles aparentavam estar em conflito com sigo mesmo e demonstravam medo e insegurança como eu nunca imaginei vir partindo de Annie. Eu sabia que eram tempos difíceis no acampamento e principalmente na vida dela, mais seu olhar tinham um desespero grande de partir o coração. Eu não entendia muito bem.

Eu já não aguentava mais ficar parado em frente Annabeth e não fazer nada. Ela podia estar mal mais eu estava aqui para ajuda-la, e ia tentar provar isso mais uma vez. Vou aos poucos enxugando algumas de suas lágrimas. Aproveito para acariciar seus rosto e vejo que ela não me impedia, porém estava com seu rosto vermelho demonstrando estar hiper acanhada com a situação. Ela só ficava mais linda desse jeito e isso era um perigo para mim, estava com um sério risco de não poder controlar meus atos. Ver ela daquele jeito fez meu coração acelerar como nunca e não resistir. Eu tinha que tentar mais uma vez. Aproveito que estou com uma das mãos em seu rosto e coloco a outra com delicadeza em sua fina cintura a fim de diminuir a nossa distância que já era pequena. Eu estava próximo de beijá-la, porém percebo que ela vira seu rosto um pouco para o lado oposto. Sem entender continuo meu ato, porém beijo apenas o canto da sua boca o que me deixa mais louco e com um gostinho de quero mais.

Vou me afastando devagar sem entender do porque ela tinha recuado mesmo que de leve e de forma quase imperceptível ao meu beijo. Se é que essa palavra existe. Tinha sido um meio beijo, rápido, mais cheio de vontade e carinho que eu sentia por ela. Dessa vez era eu quem estava nervoso. Não queria que nada desse errado esse era meu momento ou melhor nosso momento, mais algo tinha acontecido. Ela tinha penas recuado alguns milímetros e isso não indicava que não tivesse gostado, tinha algo nisso e eu ai sondá-la. Percebo seus olhos cinza dobrarem de tamanho. Ela me puxa para baixo nos deixando quase arrastados no chão.

–-- Annie o que aconteceu? Pergunto curioso.

–-- Shiii, Jackson. Não faça barulho. Ela me repreende. Fico quieto na maior agonia sem saber o que fazer, mais acompanho cada gesto seu.

Depois de alguns segundos parados no chão Annie resolve se levantar. Eu queria respostas e por isso ia perguntar o que fosse necessário para entender o porquê dela ter recuado ao meu beijo. Porém, dessa vez ela mesmo se adianta para iniciar a conversa.

–-- Me desculpa Percy, eu não queria quebrar o clima... Sabe.

–-- Sem problemas. Falei me roendo por dentro, eu queria mesmo era que tudo tivesse dado certo o momento estava bem propicio.

–-- Bem... Eu não queria que tivesse terminado assim. Sinceramente me desculpe. Ela estava com uma cara de culpada. É que o Jason apareceu fazendo ronda na janela ele está me procurando e pelo visto já foi liberado.

–-- Eu não sabia que esse canalha estava solto. Ele tinha acabado com o meu melhor momento a sós com Annie. Ele me paga. Falei com raiva e um pouco alto de mais. Em seguida vejo Annie rindo da minha cara um pouco mais relaxada.

–-- Tudo bem Percy ele já foi embora. Agora eu vou me trocar para nós sairmos desse hospital.

Estava esperando impacientemente por Annabeth que demorava a sair do banheiro. Realmente não sabia como ia reagir com ela se outro momento desse acontecesse novamente. Annie era bastante tímida e provavelmente não iria sair por dando em cima de mim descaradamente, mais já tinha admito gostar de estar comigo o que já me fazia um homem feliz. Mais eu sabia que para conseguir fisgar o coração da minha romana favorita tinha ir devagar e aos poucos conquistando um espaço em sua vida.

Quando a vejo sair fico de boca aberta, e provavelmente devia estar babando mais que um cachorro sem dono. Ela vestia uma camisa roxa do exército romano, já que devia estar em combate e assim se camuflava no meio da multidão. Estava com duas das casas de botões desabotoadas mostrando seu colar de coruja e formando um pequeno e singelo decote. Ela estava com um calça jeans colada ao corpo que mostrava suas curvas. Isso não ia dar certo. Não sei se ela sabia mais camisa, botão tudo isso me remetia ao nosso primeiro dia no hospital. E ela usando essa roupa me lembrava de que eu adorava desabotoar botões de camisa, principalmente se fossem os dela. Realmente ela estava brincando com o perigo. Lógico que essa não era sua intenção, mais ela tinha juntado elementos que tiravam total minha concentração que nunca tinha sido meu ponto forte.

Seus cabelos loiros estavam amarrados em rabo de cavalo desajeitado, com algumas mexas soltas, dando um ar mais despojado menos militar. Ela provavelmente devia ter tido que cortar o cabelo, agora não sabia o que ela tinha inventado para ficar com suas madeixas loiras porque cortar esse cabelo devia ser considerado um crime contra beleza. Para finalizar usava um par de botas pretas e segurava um boné dos Yankes na mão.

–-- Ei Percy. Jackson. Acorda. Se vai ficar ai me olhando ou vamos embora? Ela pergunta discretamente.

–-- Me desculpe Annie. Eu não podia evitar ela estava realmente incrível.

–-- Tudo bem, mais acho que vamos ter que fugir pela janela sem que nenhum segurança nos veja. O que você acha tem alguma outra ideia?

–-- A sua ideia é boa, mais eu desço primeiro para me certificar de que esta tudo certo lá em baixo ok? Se sabe que estamos no segundo andar não é?

–-- Sim, eu já planejei tudo. Alguém pula da janela em direção a árvore mais próxima vai descendo conforme for achando espaço beleza?

–- Ok me parece bom o seu plano. Vamos seguir ele.

Sigo em direção à janela e abro até o fim. Percebo que estamos a uma altura de no mínimo uns quatro metro e meio do solo. Era uma altura boa e podia fazer um bom estrago. Me dependurei no parapeito da janela e olho para baixo procurando a melhor opção para pular. Logo encontro a árvore de que Annie havia falado e dou um salto em direção a ela. Em apenas alguns segundos estou em terra firme.

Olho para cima e vejo uma pessoa miudinha devido a minha distância da sala. Era Annie pronta para pular. Ela vai pulando e descendo os galhos com uma mobilidade incrível, ela demonstrava bastante flexibilidade. Assim nos dois já nos encontrávamos em solo. Faço um sinal para descansarmos e ficamos ali encostados na árvore para descansar um pouco vendo a luz do luar.