A Personagem escrita por Nands


Capítulo 9
Samantha


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessu.
Aqui está, Lady Vérity, o capítulo da Sam que eu prometi. Espero que gostem...
Beeijos ;)



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SAMANTHA

Se você pretende fazer uma mega festa na sua casa, aí vai uma dica: contrate uma equipe de limpeza especializada em “limpeza de desastres naturais como, por exemplo, furacões adolescentes com pizza, gelatina de vodca e muita energia para gastar fazendo bagunça”.

Estou falando sério, quando finalmente achei que poderia ir para o meu quarto e tirar uma soneca decente, encontro pratos com pizza e copos descartáveis espalhados em cima da minha cama. Quero dizer, tudo bem se quiser vir comer pizza e beber no meu quarto, mas poderia pelo menos ter a decência de fingir que não fez isso.

– Maria! – gritei – pode arrumar o meu quarto primeiro?

A mulher gordinha veio correndo para o quarto, ajuntou os “restos de festa”, retirou os lençóis e as cobertas e colocou novas, limpas.

– Depois eu limpo melhor, imagino que você queira descansar, Sam. – falou a mulher.

– Sim, obrigado, Maria. – ela já ia saindo do quarto quando a chamei – Ah, e nada de comentários com os meus pais sobre isso. Sobre tudo isso, ok?

A mulher deu uma risada e confirmou com a cabeça.

– Não se preocupe com isso. – falou.

Ah, Maria, sempre salvando minha vida e cuidando de mim, desde... bom, desde que eu me lembro, pois ela era minha babá na infância. Ela que me dava comida quando meus pais estavam muito ocupados fazendo qualquer merda mais importante que a sua própria filha.

Meus pais são advogados. Estudaram juntos desde o colegial, porém, eles se odiavam naquela época. Os dois são de famílias ricas e os dois foram pra Harvard. Ai você me pergunta: o que eles estão fazendo nessa cidadezinha microscópica? Até hoje não consegui descobrir. Aparentemente, eles gostam daqui, gostam da calmaria e gostam das pessoas daqui.

Aparentemente.

Eles começaram a namorar quando estavam coincidentemente juntos em Los Angeles, minha mãe defendia uma empresa e meu pai outra, que estava sendo processada pela empresa defendida pela minha mãe. (Só pra constar, minha mãe ganhou o caso).

Então foi assim, brigaram, brigaram, brigaram, brigaram mais um pouco, depois começaram a namorar, eu nasci e eles continuaram a brigar. Sinceramente, não sei como ainda não se separaram. Talvez porque vivem viajando e, de tempos em tempos, “tiram folga” um do outro, ficando vários dias fingindo que o outro não existe. Parecem duas criancinhas mimadas.

Eles são duas criancinhas mimadas.

Eu não sei exatamente o que acontece entre eles, só sei que eu desisti de tentar entender. Eles viajam, me deixam dinheiro mais do que necessário e eu me viro sozinha (mas com a ajuda da Maria de vez em quando), como sempre fiz.

Enfim, eu não me importo muito com isso, não mais.

Tirei as roupas que estava usando desde a noite passada, deixando-as no carpete macio do quarto, e coloquei um camisetão para dormir. Deitei na cama e dormi instantaneamente, só levantei de lá quase três horas depois, quando ouvi meu celular tocar.

– Alô? – falei, no “modo-zumbi”.

– Sam? – ouvi a voz de alguém que parecia bem familiar, mas meu sono não deixava identificar quem era.

– Hum...

– Sam, acorda! – falou a voz.

– Quê? – falei, então percebendo que era a voz de Eduardo. O garoto riu.

– Eu liguei pra falar da Jam...

– Hum, fale.

– Ok, aparentemente ela foi num psicólogo, porque, segundo a mãe dela, conversar com alguém sobre a falta de vontade de comer poderia ajudá-la.

Demorei alguns segundos para processar a informação.

– Isso é ótimo! – falei, por fim, sem muita emoção. – Talvez ela finalmente comece a melhorar.

– É, é... eu só não tenho certeza se foi por isso que ela foi lá.

– O que você quer dizer com isso? – perguntei com a voz arrastada.

– Eu não sei... que talvez ela esteja nos escondendo algo?

– Olha só Edu, a Jamie é nossa amiga há séculos, se ela está escondendo alguma coisa, ela tem um bom motivo, não fique tão preocupado.

– Ok. – ele disse de uma maneira estranha.

– O que foi? – perguntei percebendo que ele sabia de alguma coisa.

– Eu tive um sonho estranho com ela.

– Ihh – falei de um jeito malicioso – Já não foi o suficiente o que aconteceu noite passada, você teve ainda que sonhar com ela?

Ele riu.

– Para alguém que acabou de acordar até que você está bem afiada.

Dei uma risada sem emoção: estava cansada e queria voltar a dormir.

– Eu nasci afiada, Du.

Fizemos um pequeno silêncio.

– Sam, você já sonhou algo como uma voz de um homem aparentemente familiar falando com você sobre...sobre a Jamie?

Assustei-me com a pergunta. Engoli em seco e respondi com uma voz despreocupada.

– Na verdade não, Dudu. Vem cá, quanto você bebeu? – ele riu – Edu, não se preocupe com ela, na hora certa ela vai contar o que está acontecendo. Agora, vê se relaxa, ok?

– Ok – ele disse, respirando fundo.

– Ok. – repeti. Ficamos em silêncio por um tempo e eu quase peguei no sono. – Ok, Dudu, eu vou voltar pro meu sonho com o meu querido Dean Winchester, você deveria fazer o mesmo.

– O quê? – ele perguntou – Sonhar com o Dean Winchester? – ele riu.

– Olha, cada um com as suas preferências, mas o Dean é MEU. Você pode ficar com o Sam se quiser, ou talvez o Castiel. – nós rimos – Mas eu estava falando mesmo em ir dormir.

– É, eu vou mesmo dormir.

– Ótimo. – respondi e, sem tchau nem nada, desliguei o telefone e deitei de novo na cama.

Quase pude imaginar o Edu me xingando pela minha “falta de delicadeza inacabável” por desligar sem falar um tchau e, como se ele lesse meus pensamentos, ou como se fosse pra me punir, ele ligou de volta 15 segundos depois de eu desligar.

– Que foi? – falei.

– Tudo bem, vamos dormir então, tchau Samantha, boa...

– Idiota – falei rindo e desliguei o telefone. Ele ligou de novo em menos de vinte segundos, atendi dizendo: - Tchau, Eduardo Collins, tenha bons sonhos. Uma boa noite para o senhor. – desliguei novamente e, dessa vez, ele não ligou de volta, mesmo assim, resolvi colocar o celular no modo silencioso.

Deitei minha cabeça no travesseiro, mas não pude deixar de pensar no que Edu dissera: “Sam, você já sonhou algo como uma voz de um homem aparentemente familiar falando com você sobre...sobre a Jamie?”. Eu tinha mentido, já tinha, sim, sonhado com a tal voz que o garoto havia descrito. Mas como poderia ele ter o mesmo sonho que eu? Como poderia a voz ter falado de Jamie para nós dois? Como poderia ser a mesma voz? Isso era, no mínimo, um tanto quanto estranho. Resolvi que falaria com o garoto num outro dia, em outra oportunidade.

Demorou algum tempo, mas, como estava exausta, depois de afastar os pensamentos da cabeça, consegui finalmente dormir.


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