Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 78
Recomeço | Mabelle e Christian


Notas iniciais do capítulo

Hoje é quinta, hoje é dia de RDC!
É isso mesmo que vocês estão vendo! Estou de volta depois de 9 meses de sumiço. Como sempre, peço desculpas pela demora. E espero que alguém ainda esteja por aqui hahaha
Com essa história toda do coronavírus, agora estou em casa de quarentena, e minhas aulas online vão até amanhã. Depois disso, estarei de férias. E espero ter inspiração suficiente para escrever o tanto quanto eu quero.
Falando em coronavírus, espero de corações que todos vocês estejam bem, na medida do possível. Se puderem, fiquem em casa. Sejamos fortes que isso vai passar. Enquanto isso, desliguem um pouco as notícias tristes (que, não sei vocês, já estão me deixando louca) e leiam esse humilde capítulo. Ele vai nos levar para um tempo melhor, o Natal (100% fora de época, mas quem se importa?), em um mundo sem o vírus. Desejo que, nesse momento, essa atualização seja um alívio em momentos difíceis.
Espero que gostem
xoxo ♥ ACE



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Voltar para Copenhague era quase como voltar para um sonho ou, pelo menos, para uma realidade já muito distante. Quando saíra da capital do país, algumas semanas antes, tudo era caos. A Guerra, por mais que já amenizada, ainda afetava o povo dinamarquês das mais diferentes maneiras. A garota finalmente percebeu como aquele conflito mudara seu mundo quando chegou a sua cidade natal, Aarhus. Por mais que nada tivesse sido destruído — por conta da rendição precoce da Germânia — a vida na segunda maior cidade da Dinamarca parara. O charmoso centro, antes lotado de turistas, estava vazio. Seus vizinhos, sempre tão simpáticos e alegres, estavam trancados em suas casas, com as janelas e portas trancadas. O teatro onde costumava se apresentar perdera a alegria. Em casa, ela descobriu, seus pais passaram a viver rodeados pelo medo de um futuro incerto. As semanas que sucederam sua chegada foram como um pesadelo que nunca parecia terminar. Agora, Amalienborg, em toda sua imponência, fazia Mabelle esquecer-se de tudo que ocorrera.

Diferente de quando deixara o local algumas semanas antes, o pátio do Palácio, assim como a construção em si, estava coberto por uma fina camada branca que aumentava a cada segundo com o cair suave dos flocos de neve. Em frente aos grandes portões de entrada, encontrava-se um pequeno grupo de pessoas que se protegia embaixo de um toldo. Suas vestes negras, que completavam a paisagem cinzenta e triste, representavam uma das mais obscuras consequências da guerra: a morte da querida Princesa Isabella. Assim como o país demoraria para curar-se das feridas do conflito, a Família Real precisaria de tempo para se recuperar dessa perda. E Mabelle sabia que, depois desse torturante período de luto — como acontecera com sua família após a morte de Denise — nada voltaria ao normal. Para eles, o mundo agora tinha outras cores, mais escuras e tristes.

A antiga Selecionada, porém, não estava ali para relembrar as dores do passado. A final, nada que ela fizesse agora seria suficiente para trazer Isabella de volta à vida. Ela estava ali para celebrar um futuro cheio de esperanças. Afinal, estariam celebrando o Natal, data em que todos, do norte ao sul do país, esqueciam-se dos sofrimentos do ano para comemorar o nascimento do Salvador. Glorificavam, acima de tudo, a vida. Assim, quando saiu do carro, fez o possível para transmitir apenas energias positivas com seu sorriso. E não poderia ter sido recebida de melhor forma.

Laryssa, parada logo ao lado de Alexander em frente aos portões do Palácio, sorria diretamente para a Selecionada recém-chegada. Seus belos olhos azuis brilhavam de alegria. Ah, como Mabelle sentira falta daquela garota. Quando deixara Copenhague, temera que a ruiva não conseguiria sobreviver à Corte sozinha. As despedidas foram difíceis. Na medida que as últimas Selecionadas saíam do Palácio, uma por uma, deixando para trás quartos vazios e meses de memórias, mais preocupada Belle ficava. No dia em que partiria para Aarhus, enquanto arrumava sua mala, a garota só conseguia pensar na amiga. Será que se adaptaria à vida de Princesa? Será que seria realmente bem recebida pelos nobres como membro oficial da família?

Mesmo sendo ainda cedo para respostas concretas, Mabelle já notava o quanto Laryssa se encaixava naquele meio. Apenas aquela primeira impressão já acalmava profundamente a antiga Selecionada e enchia seu coração de alegria. Assim, antes que a ruiva pudesse de fato dizer algo, Mabelle deu um passo à frente e a abraçou. Um abraço cheio de carinho e admiração.

 — Senti muito a sua falta — declarou a morena, afrouxando um pouco o abraço para poder olhar para a amiga. — Espero que tenha cuidado bem do meu afilhadinho.

Laryssa apenas riu — uma risada suave, porém contagiante — puxando Mabelle para mais um abraço apertado. Naquele momento, apesar do vento gélido de dezembro balançar seus cabelos e arrepiar seu corpo por inteiro, Belle não sentia frio. Era como se o toque de Lary a blindasse de tudo, criasse um pequeno mundo, quente e carinhoso, apenas para elas. Por alguns instantes, as duas meninas permaneceram assim, apenas aproveitando a presença física uma da outra. Infelizmente, porém, elas não poderiam se dar o luxo de fugir completamente do ambiente nobre em que estavam, sendo logo interrompidas por uma voz masculina.

— Ficamos muito felizes por você ter aceitado nosso convite, Mabelle — o Príncipe falou, fazendo com que as duas antigas Selecionadas se afastassem. — Sabemos que o Natal é uma data a se comemorar em família, e é uma honra tê-la aqui com a nossa esse ano.

— Ah, Alexei, a honra é minha. — Belle sorriu. — Sua família me acolheu tão bem tanto aqui em Copenhague quanto em Skagen, nunca poderia recusar o convite depois de tudo o que vivi com vocês. Considerem minha presença aqui como um agradecimento.

Os dois sorriram um para o outro. Mabelle, então, virou a atenção mais uma vez para Laryssa, que sorriu para a amiga. Com um suspiro alegre, ela continuou seu caminho pela fila de nobres.

Posicionadas logo ao lado do futuro casal Real estavam Hannah, Sybbie e Althea, que por mais que não fossem membros oficiais da Realeza Dinamarquesa, acompanharam a Família a Skagen e agora permaneciam como convidadas em Copenhague. As duas princesas gregas, que não proferiam uma sequer palavra em dinamarquês, brincavam uma com a outra enquanto riam baixinho. Ambas trajavam grandes casacos azul-escuros, e seus cabelos dourados eram escondidos por toucas de lã da mesma cor. Por não saber falar grego, Mabelle apenas sorriu para as garotinhas, que pararam sua brincadeira para retribuir o gesto da antiga Selecionada.

— É muito bom ver a senhorita sem o estresse das eliminações nos rondando — Lady Hannah disse assim que Mabelle voltou sua atenção para ela. — E, bom, sem o estresse de estar refugiada em uma cidade remota também.

— Digo o mesmo, Lady Hannah. — A Selecionada fez uma breve reverência, mesmo não sendo o ato necessário frente à baixa nobreza. — A senhora nos fez sofrer durante a competição.

Ambas riram, confidentes. Mabelle lembrou-se de quando, em Skagen, já muito mais relaxada por conta do fim não-oficial da Seleção, ela se permitiu conhecer melhor a Família Real. A irmã da Rainha, sempre muito rígida durante a competição, foi a primeira a se aproximar das Selecionadas. Naquelas semanas, quando a brisa marítima corria de leve pelos salões do Palácio, Hannah juntava-se às meninas  para tomar um chá ou apenas conversar. A dama narrava suas aventuras na Germânia, sua rebeldia ao contrariar sua família, recusando várias propostas de casamento — sendo deixada, nas palavras dela, literalmente, para tia dos vários filhos de suas cinco irmãs mais velhas — e suas viagens pelo mundo para conhecer os sobrinhos. Por sua vez, as Selecionadas contavam também diversas histórias de suas simples vidas como plebeias. Dentre todas, as que mais causavam risadas eram as de Kristal, que detalhavam toda sua saga no mundo do teatro e, eventualmente, da televisão. Eram momentos de alegria em meio à tensão extrema causada pela morte de Isabella e pela Guerra. Agora, passadas algumas semanas desde que Mabelle deixara Amalienborg,  Hannah parecia muito mais relaxada e feliz, e Belle não via a hora de poder criar mais memórias divertidas com ela.

— É muito bom revê-la, lady Hannah — a Selecionada disse finalmente. — Nesses poucos dias que estaremos aqui, podemos achar alguns minutos para tomar um chá todas juntas novamente.

Ela, então, se despediu da irmã mais nova da Rainha com um sorriso, seguindo seu curto caminho até os Reis e a Princesa Saphira. Cordialmente, antes mesmo de olhar para suas Majestades, a garota se curvou em uma graciosa reverência. Ao levantar, deparou-se com a Rainha, que sorria abertamente para a jovem. Em Skagen, Belle também tivera a oportunidade de conhecer Juliane um pouco melhor, por mais que ela estivesse em uma das piores fases de sua vida após a morte de Isabella. Mesmo que raros, os momentos que a monarca passava com as Selecionadas no norte da Dinamarca eram tranquilos e até, Mabelle poderia dizer, educativos. Ela sabia muito sobre história e política, e era maravilhoso ouvir sua voz animada ao explicar algum conceito complexo. Belle retribuiu o sorriso, logo voltando-se para o Rei. Christian segurava a mão de Saphira, que se escondia do frio em um grande casaco cor de malva.

— Agradecemos muito a sua presença, Mabelle. — O Rei, inesperadamente, estendeu sua mão livre para a garota, que a apertou. — As outras meninas já devem estar chegando. O trem de Holstebro atrasou, então Emory demorará mais que o previsto. Se for o seu desejo, a senhorita pode entrar e se acomodar. Terá tempo de conversar com as demais Selecionadas no jantar.

— Muito obrigada, Majestade, porém prefiro esperar — ela respondeu com um sorriso. — E agradeço muito pelo convite. É uma bênção passar essa data tão importante com sua família.

— Nós é que somos afortunados por tê-la aqui — afirmou a Rainha com um sorriso discreto. — Com certeza, nosso Natal será muito mais feliz com sua presença.

— Você vai adorar as danças que fazemos na véspera! — Saphira finalmente se pronunciou, surgindo de trás de seu pai. — Você é bailarina, não é mesmo?

— Sou sim, obrigada por lembrar. — Mabelle sorriu, se aproximando da garotinha. — Acho que você vai amar algumas danças que minha família faz. Posso ensiná-la, se quiser.

Os pequenos olhos azuis de Saphira brilharam de alegria. 

— Mas sem se esforçar muito, não é mesmo, filha? Temos que cuidar de sua saúde — Juliane repreendeu, fazendo com que a jovem Princesa suspirasse frustrada. — Mais uma vez obrigada, Mabelle. Espero que a senhorita aprecie as celebrações. 

Mabelle deu um último sorriso aos Reis e à Princesa mais nova, se preparando para ocupar o seu lugar ao lado de Laryssa. Antes que pudesse fazê-lo, porém, deparou-se com uma figura inesperada ao fim da fila. Said trajava um sobretudo cinza-ardósia que cobria o seu corpo até o joelho. Um grande cachecol preto envolvia seu pescoço, a um triz de esconder seu belo sorriso. Sua pele cor de cuia parecia um tanto pálida comparada a quando chegara em Amalienborg quase três meses antes, provavelmente por conta da escassa vitamina D nos países escandinavos. Isso, porém, não o deixava menos bonito. Meses antes, o rapaz e a Selecionada se deram bem nas celebrações do aniversário de Henrik, mas Mabelle não esperava encontrá-lo outra vez. Para ser sincera, em meio à tensão da Guerra e da mudança, Belle até esquecera que ele estava morando na Dinamarca por conta de seus estudos.

— Parece que a Guerra está prestes a terminar oficialmente — o Príncipe falou, antes que Selecionada pudesse se pronunciar. — Logo mais Rabat estará pronta para recebê-la.

— Parece que o convite ainda está de pé, então. — Mabelle mordeu o lábio inferior. — Pensei que você esqueceria.

— Salimah só fala sobre isso em suas cartas — ele riu, e a garota o acompanhou. — Não vê a hora das “belas damas dinamarquesas” nos visitarem.

— Pode dizer a ela que eu ainda quero muito conhecer meu país e suas artes — ela disse. — Um novo ano se inicia em um pouco mais de uma semana. Serão 365 chances para esse encontro acontecer.

— Ficaremos honrados. 

Ele pegou a mão dela com muita delicadeza, logo depositando um beijo respeitoso em seu dorso. Mabelle sorriu, ao mesmo tempo tímida e surpresa com a ação do Príncipe. Ele retribuiu o gesto, soltando a mão da garota. Após alguns segundos em uma intensa troca de olhares, Mabelle finalmente voltou para seu lugar na fila. 

— Bom, parece que você sairá da Seleção com um Príncipe, afinal — Laryssa debochou da amiga. — Só que não o da Dinamarca.

— Não me venha com essa agora, mocinha. — Mabelle revirou os olhos e depois entrelaçou o braço com o da outra garota. — Não vejo a hora de rever Maeli, Emery, Kristal e Mayrelles.

***

Pela primeira vez desde que a Família Real voltara a Copenhague, o grande salão de convivência de Amalienborg era preenchido por conversas animadas e risadas. Em um canto, perto da grande lareira, Juliane conversava com os pais e a tia de Laryssa — que fixaram moradia temporária na capital — enquanto bebericava um copo de vinho. A Rainha sorria. Sua face não trazia preocupação, tão presente nas semanas anteriores. Seus cachos loiros caiam em seus ombros, cobertos pelo tecido bordô de seu vestido, delicadamente. Desde a morte de Isabella, Juliane não se deixara relaxar. Estava sempre em tensão, sempre preocupada com algo. A angústia da mulher, é claro, não havia desaparecido, estava lá, apenas mascarada pela alegria momentânea. Apesar disso, Christian se alegrava ao ver a esposa feliz, mesmo que por apenas uma noite.

O Rei, por sua vez, depois de ser abandonado pela filha caçula — que agora com la futura cunhada e o irmão mais velho em um sofá no lado direito da sala — estava sentado em uma poltrona ao lado da árvore de Natal, pensativo. Aquele item tão tradicional no período natalino já fora testemunha de muitos momentos familiares. Os primeiros natais de todas as cinco crianças. A animação deles ao correrem até a árvore, na manhã do dia 25, ainda de pijamas, para abrirem seus presentes. A alegria de toda a família quando se reunia ao redor da árvore para colocar seus respectivos enfeites. Naquele ano, apesar de estar rodeada por mais pessoas, a árvore presenciaria um Natal diferente. Das cinco crianças que costumavam se amontoar em sua volta, apenas duas estariam lá. Isabella andava com os anjos. Ingrid decidira não voltar da Noruega — as memórias seriam muito doloridas. Henrik também não retornara, permanecendo no Império Latino-Americano, já que sua volta não era considerada segura. Para Christian, não havia coisa pior do que ser obrigado a passar uma data tão importante longe de seus maiores amores.

O Soberano da Dinamarca olhou, melancólico, para os dois pequenos enfeites de Natal que segurava. Tradicionalmente, a família se reunia ao redor da árvore no dia 23 para prepará-la para as comemorações dos dias seguintes. Uma de cada vez, as crianças da família se aproximavam da árvore, pendurando suas respectivos bonequinhos de porcelana — que eram feitos à imagem deles — em meio a outras tantas decorações. Era difícil, para Christian, ver as miniaturas de Isabella, Ingrid e Henrik em suas mãos naquele momento. Ao olhar para aqueles pequenos enfeites, que pareciam tanto com seus filhos, a saudade aumentava. Desejava, do fundo de seu coração, que pudessem estar novamente juntos. Queria ver, uma última vez, as gêmeas andando até a árvore juntas para posicionar seu bonequinho conjunto nela, sorrindo. Queria ver os cinco filhos abraçados em frente à lareira. Queria ter o poder de voltar no tempo e resgatar aqueles preciosos momentos que haviam sido perdidos para sempre.

Mas, no momento, tudo que podia fazer era lembrar-se de todos os instantes felizes da família. Era olhar para aquelas miniaturas e recordar-se do amor que sentia por seus filhos. E o amor que eles, com certeza, sentiam por ele. 

Antes que o Rei pudesse se afundar ainda mais em seus pensamentos, a caçula da família, vendo que o pai estava sozinho, correu até ele. Apesar da insistência da mãe, a menina não aceitara usar o tradicional suéter de Natal da família — que era usado todos os anos desde o reinado de Erik X — adotando um visual mais moderno. A Princesinha trajava um macacão comprido rosa-claro de alças largas, com uma camisa preta de mangas longas por baixo. Seu cabelo estava preso em duas tranças holandesas, que caíam sobre seus ombros. Era incrível como a menina lembrava sua irmã mais velha, Isabella, que logo que começou a ter suas próprias ideias, começou a desafiar tradições, enfurecendo Juliane. Por mais que os gritos e as discussões fossem frequentes na época, sem dúvidas irritando todos os outros residentes do Palácio, Christian não poderia negar que sentiria falta daquilo. Sua filha do meio, divertida e animada, querendo fazer tudo a sua vontade, deixara uma saudade infinita. E, ao ver Saphira seguindo os passos da irmã, o Rei não poderia deixar de sorrir. Bella ainda vivia nos pequenos detalhes.

— Quando vamos montar a árvore, papai? — questionou a Phinny, aconchegando-se no colo do pai. — Logo mais temos que ir para o culto!

— Se todos estamos prontos, podemos fazer isso agora mesmo. — Ele sorriu para a pequena menina, passando a mão por suas costas magras. — Vá chamar sua mãe, seu irmão e nossos outros convidados, por favor.

Radiante, a menina beijou a bochecha do Rei, logo saindo de seu colo para ir até a mãe. A Rainha, que ainda conversava com a família de Laryssa, sorriu para a filha mais nova antes de se levantar. Rapidamente, as duas nobres conseguiram reunir todos os presentes no salão em volta da árvore. As Selecionadas, incluindo a Escolhida de Alexander, se aconchegaram todas juntas em um dos sofás à esquerda de Christian. Já Alexei e Phinny, como de costume, sentaram-se no chão, abraçados — o Príncipe mais velho, mesmo já com 19 anos, insistia em sentar-se sempre assim com a irmãzinha. A família Mercer escolheu um dos sofás à direita de Christian, logo ao lado do que era ocupado por Juliane, Hannah e as duas Princesas gregas. Com certeza, era o maior público que aquela árvore já tivera.

— Todos os anos, nossa família decora a árvore de Natal no dia 23 de dezembro. É uma cerimônia importantíssima para nós, trazida à Dinamarca pela mãe de Christian, a Rainha Amalia, que não pôde se fazer presente hoje. Esse ano, atipicamente, estamos realizando essa cerimônia no dia 24, para que vocês pudessem presencia-la — explicou Juliane, dirigindo-se, principalmente às Selecionadas e à família Mercer. E, tomando o lugar da sogra, olhou para o filho mais velho. — Alexander, você pode começar?

O Príncipe se aproximou da árvore, colocando seu bonequinho de porcelana em um galho na metade dela. Logo em seguida, Saphira fez o mesmo, porém trazendo consigo mais dois bonequinhos que pegara com o pai. Com calma, ela posicionou, primeiro, a sua miniatura ao lado da decoração da avó — que, por mais que não pudesse estar ali, mandara a esfera bordada por sua mãe, a qual trazia um significado enorme para toda a família. Depois, colocou a de Henrik no outro extremo da árvore, onde se encontravam outros enfeites antigos da família. Por fim, ficou na ponta dos pés, tentando ao máximo colocar a miniatura conjunta de Isabella e Ingrid perto do topo. Por conta de sua altura típica de uma menina de apenas 8 anos de idade, não conseguiu, frustrando-se. Divertindo-se com a determinação da irmãzinha, Alexander se aproximou dela. Assim, com a ajuda do irmão, que a levantou pela cintura, a pequena Princesa finalmente conseguiu colocar a miniatura perto da estrela dourada no último galho da árvore. Bem como a alma de Isabella, agora a sua bonequinha de porcelana também estava próxima das estrelas.

— Como diria minha mãe, fizemos um ótimo trabalho — comentou o Rei, assim que sua filha mais nova colocou seus pezinhos no chão novamente. — Mas acho que falta um adereço para que essa árvore fique realmente completa. Saphira, venha aqui.

Prontamente, a pequena foi até o pai, olhando-o com curiosidade. O homem, então, colocou a mão em um canto da poltrona em que sentava, tirando dali mais um boneco de porcelana. Longos cabelos ruivos e olhos azuis cintilantes se destacavam na pequena estrutura, praticamente criando mais um ponto luminoso no recinto. Ao reconhecer a figura, Saphira sorriu para o Rei, animada. Baixo o suficiente para que ninguém mais pudesse ouvir, ele sussurrou no ouvido da filha, que — se é que era possível — sorriu ainda mais.

A pequena menina, então, dirigiu-se ao sofá onde as Selecionadas se encontravam. Parando-se em frente às garotas, ela estendeu os braços, revelando em suas mãos, posicionadas em forma de concha, a bonequinha de porcelana. Não havia dúvidas à imagem de quem aquela miniatura havia sido feita. E vendo o quanto aquele pequeno ornamento se assemelhava a ela, a Escolhida olhou, confusa, para o Rei.

— Laryssa, querida. Em breve você será oficialmente parte da família, e nós não poderíamos ser mais gratos por sua entrada em nossas vidas — o homem declarou. — É de nosso desejo comum que você se sinta bem-vinda. 

Atônita, Laryssa abaixou os olhos para admirar, mais uma vez, sua miniatura.

— Majestade, eu não sei o que dizer… — Ela falou, nervosa, ainda olhando para o ornamento.

— Não precisa dizer nada — afirmou a Rainha. — Esse é nosso presente. E esperamos que, por muitos anos, você possa se juntar a nós para colocá-lo na árvore.

Com as palavras da futura sogra, Laryssa sorriu. Saphira, que ainda estava em frente à futura cunhada, então, segurou o seu braço, a guiando até a árvore. Com calma e graciosidade, a menina mais velha posicionou sua miniatura em um dos galhos, ajeitando-a com carinho. No momento que ela se afastou, o Rei pôde perceber que, coincidentemente ou não, a figura de Laryssa estava agora ao lado da de Alexander, completando a composição da árvore tão perfeitamente que parecia que sempre estivera ali. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Larryssa sendo aceita na família. Todo mundo junto novamente (ai como eu queria estar com toda a minha família agora...). Saphira sendo uma fofa.

Gostaram da volta das Selecionadas, mesmo que só brevemente?
Pessoalmente, eu estava com saudades de escrever sobre elas. Pensando um pouco no início da fanfic, vejo que não dei a devida atenção que elas mereciam. Andei recemendo alguns reviews nos capítulos iniciais dizendo que a parte das Selecionadas ficou um tanto confusa/embolada. E concordo. Em 2014, eu não tinha muita noção de como conduzir a história e acho que fui um tanto ambiciosa demais ao colocar tantos personagens. Acabei me perdendo. Estou pensando em aproveitar o tempo dessa quarentena para revisar algumas coisas. Talvez reescrever alguns capítulos. Alguma sugestão?


Ah, falando em mudanças: mudei um pouco o formato dos títulos. Antes, costumava usar um travessão para separar o nome do capítulo dos narradores. Agora, estou colocando uma linha (assim | ). Sim, fiquei muito tempo trocando isso em todos os 77 capítulos postados. O que acharam? Acham melhor assim ou como estava antes?

Espero de coração que todos estejam bem.
Até o próximo capítulo (que eu espero escrever logo!)
xoxo ♥ ACE



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