Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 68
Escolhas | Mabelle e Christian


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!! Faltam 37 minutos para acabar, mas ainda é quinta, ainda é dia de RDC.
Meu projeto era escrever esse capítulo durante os feriados, masss. No primeiro (semana passada) fiquei escrevendo um MALDITO resumo de biologia para um blog. E nesse de agora (prolongado aqui) fui para a casa dos meus avós e minha mãe está louca para me fazer sair de casa (mesmo eu dizendo que tenho que estudar, já que minhas provas começam semana que vem). E EU TAMBÉM ASSISTI A RIVERDALE. SOCORRO, AMEI. Me sinto muito culpada por ter feito isso quando deveria estar estudando/escrevendo RDC. Mas, enfim, deu tudo certo e consegui escrever tudinho.
Ah, outra coisa. FINALMENTE ACABEI 13REASONS WHY. Sou o Clay (retardatário) olhando essa série hehehe
Bom, vou deixar vocês com o capítulo, cheio de revelações (para os personagens, mas enfim) e escolhas (como já diz o título).
xoxo ♥ ACE
PS: Se vocês encontrarem allguma palavra errada, por favor, me avisem. O computador do meu avô não tem a letra "q", então eu tenho que ficar substituindo e algo pode ter sido deixado para trás.



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O Palácio de  Klitgården era consideravelmente menor que Amalienborg. Seus corredores de cores pastéis pareciam ser minúsculos comparados com os que existiam na capital, ainda mais pelo fato de não estarem penduradas em suas paredes as tão características pinturas — que foram deixadas para trás na mudança. Ali tudo parecia mais triste, e Mabelle não sabia se era por conta da morte de Isabella ou porque todos se sentiam desconfortáveis naquele local completamente novo.

A única coisa que alegrava, mesmo que minimamente, a estadia da Familia Real e seus agregados era a presença do mar, com toda sua tranquilidade e, ao mesmo tempo, força. Sua coloração azul escura e as ondas que quebravam no horizontes acalmavam a todos, dando uma sensação de paz que há muito não sentiam. A jovem Selecionada poderia ficar horas sentada em uma das janelas, exatamente como fazia naquele momento, para observar toda aquela beleza da natureza.

A sala em que se encontrava praticamente ficava em segundo plano quando comparada à paisagem do lado de fora, já que, apesar de não sair dos padrões monárquicos, não tinha todo o luxo que Mabelle conhecera nas outras residências dos Governantes. Dois grandes sofás cinza, com algumas almofadas coloridas com temas florais e geométricos ocupava quase toda a parte iluminada do local, inclusive o ponto logo abaixo da grande janela onde a Selecionada se encontrava. Em um outro canto, ao qual a luz natural quase não chegava, existia uma pequena estante com alguns livros e duas poltronas amarelas aparentemente muito confortáveis e também um abajur feito de madeira. Pelo chão se estendia um grande tapete felpudo crepe, que fazia aquele cômodo ter ainda mais a aparência de uma casa de família.

Mabelle se sentia bem ali, como se tivesse voltado ao seu lar, em Aarhus.  Lá, ela costumava andar pela praia com seu pai e sua irmã, ou, simplesmente — no inverno — , observar as ondas se quebrando do conforto da sala de estar, enquanto bebia um incrível chá preparado pela mãe. Marcos ficava horas pintando a mesma paisagem das mais diversas formas, com as mais diversas cores, sendo elas fiéis à realidade ou não.  A filha mais nova sempre achou impressionante todo o amor que ele tinha pela arte, toda a dedicação que colocava nela, e até mesmo levou isso para sua vida e para sua grande paixão, o Ballet.

Depois da morte de Denise, sua irmã, nove anos antes, as coisas nunca mais foram as mesmas. Uma tristeza contida tomou conta de todos os dias da família. A dança de sua mãe e a pintura de seu pai se tornaram apenas fontes de renda, e não mais uma extraordinária visão de mundo. A vida dos Dumont mudou completamente e aqueles inocentes momentos de intimidade não eram mais frequentes.

A porta do cômodo, então, foi aberta subitamente, acordado Mabelle de seus devaneios. Na entrada, que não era muito distante do sofá, uma figura masculina apareceu. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados, mas sua camisa azul estava lisa de tão bem passada. A garota não conseguia ver a face de maneira nítida, mas sabia que poderia ser uma pessoa, Alexander. E, notando por sua expressão corporal, ele estava nervoso. Muito nervoso.

— Desculpe-me por atrapalhar — ele disse, ainda parado abaixo da patente da porta. — Estou me habituando a esse Palácio ainda. Estava procurando… Na verdade, não sei.

Ele suspirou.

— Tudo bem, pode ficar aqui…— ela afirmou, ajeitando sua posição. — Não irei me importar

Com essas palavras, o rapaz se aproximou do local onde se encontrava a menina. Ele se sentou na ponta do segundo sofá, logo no limite com o outro, apoiando a cabeça nas mãos. Dessa forma, seus olhos ficavam na linha do dos dela, o que possibilitava que ela percebesse como ele estava abatido.

   Eles não trocaram nenhuma palavra por alguns minutos. Mabelle tentava achar a maneira certa de começar uma conversa sem ofendê-lo e deixa-lo ainda mais triste. Demorou, porém, para que isso ocorresse, e, mesmo assim, ela pensava que as palavras que escolhera eram adequadas.

— Como você… Está lidando com tudo isso? Com a morte de sua irmã e tudo mais?  — ela questionou com preocupação e empatia, visto que sabia o que era perder alguém tão próximo assim.

— Estou tentando permanecer o mais forte possível, porque minha família precisa disso agora — ele respondeu, ajeitando sua posição. — Ainda mais que agora Ingrid foi para a Noruega, e Henrik, para o Império Latino-Americano. Meus pais, que antes tinham 5 filhos alegres em casa, agora só têm dois. Isso os deve estar matando por dentro.

Ele olhou para ela e suspirou. Ela, então, decidiu não falar mais nada. Ele não queria tocar no assunto, e ela não queria pressioná-lo.

— Mas eu me sinto culpado. Sinto que deveria me desculpar a todas vocês, Selecionadas, por colocá-las em uma situação de tanto risco. Depois que Bella faleceu… Vi que não poderia mais proteger ninguém, por mais que queira. — Ele fez uma grande pausa. — E, nesse pouco tempo, criei um afeto muito grande por vocês, não consigo mandá-las embora e, ao mesmo tempo, não quero vê-las machucadas, tanto física quanto psicologicamente. Parece que, mantendo vocês aqui, eu estou…

O Príncipe não terminou a frase. Era a primeira vez que ele falava de algo tão profundo para Mabelle, e era claro que ele estava aflito. Percebendo isso, ela foi para o canto do sofá e colocou sua mão sobre a dele, reconfortando-o de uma forma pura e suave.

— A culpa não é sua. Você não poderia prever o que aconteceria a sua irmã ou a Ulrika — ela afirmou. — Não deixe que isso o perturbe.

— Eu posso, porém, escolher o que acontece com a minha vida, com a competição. Se eu tivesse escolhido, nada disso teria acontecido. — Ele olhou para o teto, colocando as mãos na cabeça. — Os discursos nunca teriam sido feitos. Ulrika estaria em casa e não no hospital. Isabella estaria conosco, provavelmente ainda em Amalienborg. Tudo seria diferente. Era só uma escolha.

— Achar uma esposa entre 35 garotas não é tarefa fácil. Três semanas, um pouco mais, talvez, não é o suficiente para desenvolver um sentimento tão forte — Mabelle o encorajou com um leve sorriso no rosto.

Mais uma vez, ele ficou em silêncio e olhou para a garota, como se quisesse saber mais. Ela, por outro lado, pensou em tudo que ocorreu naquele período de competição, desde a inspeção de saúde, no primeiro dia, todas as provas e, finalmente, a maneira como Alexander tratava cada uma das meninas.

— Mas, se você quiser um conselho, diria que você deveria olhar mais a sua volta, perceber o que você realmente sente sobre cada uma das meninas — ela aconselhou. — Para ser bem sincera, acho que todos nós já sabemos, basta você abrir seus olhos.

 

***

Por conta do reduzido tamanho do novo Palácio, Juliane e Christian precisavam dividir um pequeno escritório. De um lado, ficavam os pertences dela, com cores chamativas e lembranças que ela trazia de sua terra natal. Do outro, as dele, que eram bem mais simples, sendo o único contraste nos tons pastéis dos móveis as fotos da esposa e de todos os cinco filhos. Nelas, eles sorriam, abraçavam-se e sentiam todo o amor que tinham um pelo outro, coisa que agora nunca mais aconteceria. A partir daquela semana, uma das partes, que servia sempre para alegrar até os climas mais pesados, estaria ausente, sem possibilidade de voltar.  

Esse fato, que abalava a família de uma forma arrasadora, estava muito presente naquela sala, não apenas por conta das duas pessoas ali presentes — os pais em estado de luto —, mas, também, por suas atividades. De sua mesa, Christian conseguia observar os papéis com os quais a esposa trabalhava. Eram todos relacionados à Isabella. Todos os documentos dela, registros midiáticos oficiais da Coroa, fotos íntimas, boletins escolares, certificados, ficha médica, cadernos, alguns objetos que estavam em seu quarto, certidão de nascimento e, o mais chocante e que todos tentavam evitar: a certidão de óbito.

Juliane claramente tentava controlar as lágrimas ao ver todas aquelas lembranças da filha. Cortava o coração do Rei vê-la assim. Desde que os dois se conheceram, mais de vinte anos antes, ela aparentara ser uma moça forte, que nunca chorava e reprimia suas emoções. O falecimento de Bella, porém, fora a gota d’água para que todas as suas mágoas transbordassem. Ela evitava sair do quarto e, até, falar com o marido. Ele, apesar de querer que a amada melhorasse, não insistia quando ela dizia que não queria sua companhia. Tentava confortá-la, é claro, mas nunca pressionando-a, assim como a equipe de psicólogos do hospital recomendara. O luto deveria ser sentido em seu tempo.

Sem querer encher sua mente com aqueles pensamentos melancólicos, Christian, então, voltou sua atenção para o próprio trabalho. Diversos papéis sobre a guerra estavam espalhados sobre a mesma, com notícias e cartas apavorantes. O Rei lia todos tentando manter a calma característica de um Soberano, apesar de estar — ele não poderia negar — com muito medo. Era sua própria maneira de se afastar de toda sua situação familiar. Precisava se ocupar com outra coisa além da tristeza, mesmo não gostando daquilo.

“Germânia leva mais uma de suas tropas a território grego, agora ameaçando as fronteiras e, consequentemente, impedindo que os suprimentos cheguem ao país. Muitas cidades do interior já declararam estado de calamidade por conta da grave crise, e essa situação logo chegará à capital, Atenas, também.” Dizia um dos relatórios que  tinha como comentário manuscrito, muito provavelmente incluído pela prima de Juliane, Ariadne, a qual estava controlando todo seu país com uma força que antes não existia em seu frágil corpo: “O povo está se rebelando. Logo teremos, além de uma guerra com a Turquia, uma guerra civil. Existem grupos republicanos, que alegam que a Coroa gasta dinheiro protegendo a si mesma.”

Apesar de ser um assunto importante, Christian mal conseguiu pensar sobre ele. Antes que conseguisse raciocinar, Alexander apareceu à porta, com a face repleta de preocupação. O homem estranhou, porém não falou nada, apenas esperou que o filho se aproximasse, com cautela, de sua mesa. O rapaz, então, sentou em uma das cadeiras de couro em frente ao pai, encarando-o por muito tempo. Ainda sem palavras. Ainda em um silêncio misterioso. E tudo parecia mais estranho do que já estava.

Juliane, percebendo a movimentação no outro lado da sala, olhou confusa para os dois mas, ao notar a expressão do menino, se levantou, ficando de pé ao lado do marido.

— O que o traz aqui? — questionou Christian, curioso.

— Eu tomei uma decisão — respondeu Alexander, olhando para as mãos.

Mais uma vez, foi possível escutar o som da brisa marítima batendo nas janelas por conta da falta de comunicação dos três nobres ali presentes. Juliane ergue as sobrancelhas.

— Sobre a Seleção?” — Juliane se pronunciou, depois de um longo tempo absorvendo o que acabara de ser dito pelo rapaz, erguendo as sobrancelhas.

Ele suspirou, alternando o olhar entre o pai e a mãe.

— Eu gosto de todas as meninas que ainda estão na competição, e até de algumas que já saíram, de formas diferentes. Todas são tão belas por dentro e por fora. Todas têm qualidades que admiro muito, por mais que não tenha tido a chance de dizer isso a elas — ele admitiu e mordeu o lábio inferior de forma apreensiva. — A força que elas têm para continuar na competição, mesmo com todas as provas e, mais importante ainda, com a Guerra, é incrível. Diferente de você, mamãe, acho que todas têm condições de suportar o cargo de Princesa.

A Rainha faz uma expressão duvidosa, não acreditando no que o Príncipe. Desde o início, ela não aceitara bem a ideia da Seleção e esperava — secretamente — que nenhuma das garotas fosse escolhida. Por ela, a competição se estenderia por meses e meses, até que o povo se acalmasse e ela pudesse escolher, sem a pressão de agradar às grandes massas, uma pretendente aceitável para seu herdeiro. Chris, que assistia a toda a raiva da esposa de perto,   achava até engraçado.

— Mas…— ela tentou incentivar o filho a continuar.

— Hoje uma delas me fez pensar sobre meus verdadeiros sentimentos. Os sentimentos que eu deveria ter por minha futura esposa. Há uma, apenas uma, que faz com que meu coração bata mais forte, que faz com que até os dias mais obscuros se tornem claros — ele explicou. — Ela me faz vivenciar algo novo a cada conversa. Às vezes é amizade, às vezes é a proteção como a de um irmão mais velho, às vezes é fascinação, às vezes é um amor suave e às vezes é uma paixão ardente. Ela é tudo em uma só.

Os pais só observaram, deslumbrados, seu filho. Ambos nunca acreditaram que ele pudesse realmente se apaixonar naquelas circunstâncias. Ele sempre fora um menino muito tímido, que não se relacionava com as outras crianças de sua classe, a não ser Alicia, que conquistara seu coração de uma maneira muito pura. A Seleção, com certeza, estava sendo um desafio para ele, e estar finalmente gostando de verdade de uma daquelas plebeias era uma vitória.

— Eu não vou mentir para vocês agora, diferente do que eu fiz por muitos anos. Eu já estive apaixonado várias vezes. A primeira foi Alicia, ainda quando éramos muito novos. Era um amor infantil, uma amizade que nutrimos até hoje. Depois veio Alba, com a qual me relacionei por vários verões na Instituição Nova-Europa. Era uma paixão ardente, não conseguíamos ficar algumas horas sem o toque um do outro — ele contou, colocando as mãos suadas de nervosismo sobre a mesa do pai. — Nesse meio tempo, surgiu Serena, pela qual tive uma pequena atração no começo, mas, depois, seu amor se tornou parte de mim, como o amor que sinto pelos meus irmãos. E, por fim, veio o amor suave com uma moça que não posso revelar agora. Sofremos juntos, rimos juntos, tudo. Mas agora…

— Espere aí… — Juliane pediu, incrédula com as revelações. — Você está nos contando que teve casos? Casos sérios? Como não sabíamos disso? Por que não disse isso antes?

— Isso não vem ao caso nesse momento, querida — Christian interveio, tentando manter a calma apesar de estar surpreso e irritado com seu herdeiro também. — Deixe o menino falar, depois conversamos sobre isso.

Ela pareceu aceitar, cruzando os braços na frente do corpo.

— Mas agora, mesmo nesse pouco tempo de convivência, mesmo nunca tendo disso isso em voz alta, que essa menina é uma junção de todos esses amores anteriores. — Ele passou a mão pelos cabelos. —  Não pensem que essa é uma decisão precipitada, porque refleti por muitas horas. Revivi todos os momentos, desde a primeira vez que vi minhas pretendentes e tudo ficou mais claro. Ela é minha escolha.

Chris sorriu, e Alexander puxou o ar antes de falar o nome dela e terminar seu discurso.


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Notas finais do capítulo

ACABA ASSIM MESMO, FAÇAM SUAS APOSTAS!!!
hehehehehe
O próximo capítulo sai (se tudo der certo) daqui duas semanas, no dia 04/05. Nossa, já estamos quase em maio!!! Socorro, como passa rápido!
Até lá!
xoxo ♥ ACE



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